07 fevereiro 2025

A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO

(Comentário do 2° tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai). 

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da heresia do subordinacionismo, que ensinava que o Filho era subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. Segundo o comentarista, esta heresia teve a sua origem em Orígenes, que viveu entre os anos 185 e 254 d.C. Falaremos também do subordinacionismo no período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., que condenou o Arianismo. Por fim, falaremos dos métodos usados pelos subordinacionistas, que assim como os arianistas, usavam textos que se referiam à humanidade de Jesus, isoladamente, para negar a igualdade entre Jesus e o Pai. 

1- Orígenes. Orígenes viveu entre 185 e 254 d. C. Era natural de Alexandria e foi um dos mais eruditos teólogos e escritores da Igreja Cristã no segundo século. É bem provável que tenha nascido em um lar cristão e recebeu uma boa formação religiosa de Clemente de Alexandria. Tinha também uma notável erudição filosófica vinda da escola do filósofo Amônio Sacas, considerado o pai do neoplatonismo. 

O seu estilo de vida era radical, tipo monástico: Dormia no chão, abstinha-se de comer carne  e beber vinho, tinha apenas um casaco e não possuía sapatos. Alguns estudiosos dizem que Orígenes, em uma atitude radical, interpretando literalmente o texto de Mateus 19.12, Orígenes chegou a castrar-se para “tornar-se eunuco para Deus”.

Apesar deste radicalismo, que o levou a interpretar literalmente um texto bíblico que tem sentido figurado, Orígenes junto com Filo e Clemente de Alexandria desenvolveram o chamado método alegórico de interpretação bíblica. Segundo este método, por trás dos textos bíblicos haveria também um “sentido espiritual”, ou seja, o que está escrito seria insuficiente para revelar os “mistérios” por trás do texto. 

Orígenes exerceu grande influência na teologia cristã em seu tempo e foi uma figura bastante controversa. Os seus escritos eram usados pelos defensores do Arianismo a favor desta heresia. Por outro lado, os opositores do Arianismo também usavam os seus escritos contra a heresia arianista. Segundo o comentarista afirma na lição, a heresia do subordinacionismo teve origem em Orígenes. Entretanto, alguns especialistas dizem que ele não defendia isso. Os seus críticos é que interpretaram mal os seus escritos e o acusaram de ser um defensor do subordinacionismo. 

Conforme explicou o comentarista, o subordinacionismo é um ensino herético que, apesar de não negar a divindade de Cristo, afirma que Ele seria um “deus de segunda categoria”, inferior ao Pai e que subordinado a Ele. Os primeiros a propagarem esta heresia foram os monarquistas dinâmicos, também chamados de adocionistas, que diziam que Jesus nasceu como um judeu comum e somente no batismo, foi adotado pelo Pai e recebeu poderes divinos. Posteriormente, o presbítero Ário de Alexandria também pregou esta heresia e com a sua habilidade a espalhou pelo mundo. 

2- No período pré-niceno. No período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, que foi realizado em Nicéia, no ano 325 d. C., o subordinacionismo surgiu com uma boa intenção. Os seus adeptos tinham em mente a preservação do monoteísmo. Entretanto, conforme estudamos na lição 04, quando falamos da doutrina da Trindade, o monoteísmo judaico não contradiz a Trindade. Nós não deixamos de ser monoteístas quando cremos na Trindade, pois cremos num Único Deus e não em três deuses. 

O efeito dessa tentativa equivocada de preservar o monoteísmo, acabou sendo o inverso, pois os subordinacionistas crêem em três deuses: o Pai, que é o Todo Poderoso; o Filho, que seria um deus inferior ao Pai e subordinado a Ele; e o Espírito Santo, que seria também inferior ao Pai e subordinado ao Filho. Isso não é monoteísmo, e sim, henoteísmo, que é a crença em um Deus supremo, sem negar a existência de outras divindades inferiores. 

É importante esclarecer que há dois tipos de subordinacionismo: o Subordinacionismo ontológico e o Subordinacionismo funcional. O subordinacionismo oncológico afirma que Jesus é inferior ao Pai em essência, natureza e poder. Isso é heresia, pois não tem fundamento bíblico. Jesus é Deus assim como o Pai, da mesma substância e natureza. Já o subordinacionismo funcional diz que Jesus subordinou-se ao Pai no Plano da Salvação e seu exerce função diferente neste aspecto. Isso é bíblico e não torna o Filho inferior ao Pai. 

3- Métodos usados pelos subordinacionistas. O método usado pelos subordinacionistas é o mesmo de Ário e de várias seitas. Pegam textos isolados da Bíblia, ignorando o devido contexto ou atribuindo-lhes um sentido diferente do sentido original, para fundamentar as suas heresias. Nas lições que estudamos sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, vimos que Ele é plenamente humano, que Ele coexiste eternamente com o Pai e o Espírito Santo e que Ele é plenamente Deus. Nesta lição vemos que Ele é Deus, mas não é inferior ao Pai. 

Conforme explicou o comentarista, somente Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele é Deus e sempre existiu junto com o Pai e o Espírito Santo. Mas, Ele se fez humano, sem deixar de ser Deus, pois se Ele é Deus não pode deixar de sê-lo. Por outro lado, ele não deixou de ter um corpo após a sua ressurreição, como dizem as Testemunhas de Jeová. Ele ressuscitou em um corpo glorificado. Somente o Filho tomou a forma humana. O Pai e o Espírito Santo continuam sendo Espírito e não podem ser vistos por ninguém.


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.
Os Pais da Igreja. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2005, pág. 51. 
CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica. RIO DE JANEIRO: CPAD, 199, p. 23. 

05 fevereiro 2025

A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai). 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da relação do Filho de Deus com o Pai.  Veremos conceito de filho no pensamento judaico, com os exemplos de filho do homem, filhos dos profetas, filhos de Belial, etc. Na sequência, falaremos do significado teológico de “ser filho” na Bíblia, que não significa necessariamente filiação biológica, mas, igualdade de natureza e de substância. Por último, veremos o significado da expressão “o Filho de Deus”, em relação a Jesus, que é o tema predominante no Evangelho segundo João. 

1- Ideia de filho. O conceito de filho no pensamento judaico dos tempos bíblicos era muito diferente da nossa cultura ocidental. Em português, a palavra filho se refere apenas a um filho biológico ou adotivo. Os demais descendentes não são chamados de filhos. São netos, bisnetos, tataranetos, etc. Na cultura hebraica não era assim. Ser chamado de filho de alguém, não significava necessariamente ser gerado ou adotado por esta pessoa. Jesus, por exemplo, foi chamado de Filho de Davi, Filho do Homem e Filho de Deus. 

A palavra filho em hebraico é “ben” e a correspondente em aramaico é “bar”. Por isso, alguns nomes em hebraico tem o prefixo ben: Benjamim (Filho da mão direita ou da felicidade) , Benoni (Filho da aflição), Ben-Hadade (filho de Hadade), etc. Em aramaico, há também vários nomes com o prefixo bar: Barjonas, Bar Jesus, Bartolomeu, Bartimeu, Barnabé, etc. Estas palavras possuem vários significados de acordo com o contexto e podem significar não apenas um filho biológico ou adotivo.

Filho na Bíblia pode significar uma ascendência, como por exemplo: Filhos de Amon, filhos de Abraão, filhos de Israel, etc. Em outros casos, filhos significa discípulo ou aluno, como no caso dos alunos das escolas de profetas, que são chamados de “filhos dos profetas”. Isso não significa que os profetas eram os seus pais. Em alguns casos, a palavra filho indica uma qualidade boa ou má da pessoa: Filho da sabedoria, filho de Belial, filho da luz, filho das trevas, filhos do trovão, etc. Por fim, há os casos em que filho significa identidade de natureza, como na expressão filho do homem, que é bastante usada no Livro de Ezequiel, para se referir ao profeta Ezequiel, e nos Evangelhos, para se referir a Jesus, destacando a sua condição humana. 

No grego há vários termos traduzidos por filho. A palavra teknon significa um filho adotivo ou um filho por consideração. É neste sentido que somos chamados de filhos de Deus em João 1.12. A palavra grega huios é equivalente ao hebraico ben e ao aramaico bar e tem vários significados. Temos ainda o termo monogenes que significa um filho único. Tanto no hebraico, como no aramaico e no grego, a ideia de filho não denota inferioridade e sim identidade com o pai, seja em sentido biológico ou figurado. 

2- Significado teológico. No sentido teológico ser filho significa igualdade de natureza e de substância. No Credo de Nicéia ficou definido que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são da mesma substância (Gr. Homoousios). Evidentemente, o concílio de Nicéia não criou esta doutrina, como acusam os hereges. O que os bispos fizeram foi usar um termo técnico, para definir uma verdade que a Bíblia revela. 

Quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus, significa que Ele é igual ao Pai em essência e poder. Em vários discursos de Jesus, Ele demonstrou isso claramente e os seus ouvintes entenderam o que Ele quis dizer. Por isso, quiseram apedrejá-lo, pois entenderam que Ele estava se igualando a Deus (Jo 5.18). Se não fosse isso, Jesus teria dito: “Vocês entenderam errado. Eu não estou dizendo que sou igual a Deus”. 

3- O Filho é Deus. A expressão “Filho de Deus” expressa a divindade de Jesus, assim como a expressão “Filho do homem” revela a sua humanidade. Não vamos falar da divindade de Cristo aqui, pois este foi o assunto da lição passada e nós vimos que na Bíblia há abundantes comprovações de que Jesus é Deus. Ele não é um “deus” inferior como ensina o Arianismo. Ele é igual ao Pai, mas não é o Pai como ensina o Unicismo. 

Em João 3.16, foi usado o termo grego “monogenes”, para se referir a Jesus como o Filho Unigênito de Deus. Isto significa que Ele é o único do gênero. Não existe nenhum filho de Deus como Jesus. Aqueles que crêem em Jesus recebem o direito de serem filhos de Deus (Jo 1.12). Mas não são filhos como Jesus, que é igual ao Pai. Os judeus entenderam isso e consideravam que era uma blasfêmia, Jesus declarar-se Filho de Deus.


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.


03 fevereiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: O FILHO É IGUAL COM O PAI

Ev. Weliano Pires 

A partir da lição 03, quando estudamos a Encarnação do Verbo, iniciamos o assunto da Doutrina de Cristo, chamada de Cristologia, e seguiremos neste tema até à lição 8. Na lição 04, falamos da Doutrina da Trindade, que é um pouco mais abrangente, mas também está relacionada a Cristo. Na lição passada falamos da divindade de Cristo e da heresia do Arianismo, que negava esta doutrina e dizia que Jesus foi a primeira criação de Deus. Em cada uma destas lições, vimos também as heresias correspondentes a elas. 
Esta lição é uma continuidade do tema estudado na lição anterior. Além de mostrar que Jesus é plenamente Deus, como vimos na lição passada, a Bíblia nos mostra que Ele é igual ao Pai e ao Espírito Santo. Com base no texto de João 10.30, onde Jesus disse: “Eu e o Pai somos um”, falaremos da igualdade entre o Pai e o Filho. 
Durante o ministério terreno de Jesus, várias vezes os judeus tentaram apedrejá-lo, quando Ele dizia que era Filho de Deus, o que eles consideravam ser uma blasfêmia, pois entendiam, que isso significa ser igual a Deus. Nos primeiros séculos da Igreja Cristã, surgiu uma heresia chamada subordinacionismo, que embora cresse na divindade de Jesus, ensinava que Ele é um deus secundário, subordinado ao Pai.

I – A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI

No primeiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da relação do Filho de Deus com o Pai.  Veremos conceito de filho no pensamento judaico, com os exemplos de filho do homem, filhos dos profetas, filhos de Belial, etc. Na sequência, falaremos do significado teológico de “ser filho” na Bíblia, que não significa necessariamente filiação biológica, mas, igualdade de natureza e de substância. Por último, veremos o significado da expressão “o Filho de Deus”, em relação a Jesus, que é o tema predominante no Evangelho segundo João. 

II – A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO

No segundo tópico, falaremos da heresia do subordinacionismo, que ensinava que o Filho era subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. Veremos que, apesar do monarquianismo dinâmico e o Arianismo terem defendido esta heresia também, a sua origem está em Orígenes, que viveu entre os anos 185 e 254 d.C. Falaremos também do subordinacionismo no período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., que condenou o Arianismo. Por fim, falaremos dos métodos usados pelos subordinacionistas, que assim como os arianistas, usavam textos que se referiam à humanidade de Jesus, isoladamente, para negar a igualdade entre Jesus e o Pai. 

III – COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE

No terceiro, mostraremos como o subordinacionismo se apresenta atualmente. Falaremos desta heresia no contexto islâmico, que negam que Jesus é o Filho de Deus, pois consideram isso uma blasfêmia. Os muçulmanos reduzem Jesus a um mero profeta, inferior a Muhammad. Na sequência, veremos como esta heresia se apresenta através das Testemunhas de Jeová, que ensinam que Jeová é o Deus Todo-poderoso e Jesus, que é um deus menor, apenas poderoso.  

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.

01 fevereiro 2025

Oitenta anos da minha mãe


Hoje, primeiro de fevereiro 
Para mim, é um dia especial
Dia de alegria descomunal
Lembra-me o amor verdadeiro
Sacrificial e desinteresseiro
Da mulher que me concebeu 
Com muito amor me recebeu
Cujos braços me carregaram 
Oitenta anos já se passaram 
 
Do dia em que mamãe nasceu 
O casal Quinca de Neco e Maria 
Na fazenda Riacho dos Cavalos 
Com dificuldade e sem regalos
Lutavam pelo pão de cada dia
Tinham um filho e muita alegria
Eis que um fato novo aconteceu 
Pois Maria novamente concebeu 
Os parentes, muito se alegraram
Oitenta anos já se passaram  
Do dia em que mamãe nasceu
 
Veio a primeira filha do casal 
Maria Eunice, vulgo Nicinha 
As suas avós Lica e Zefinha
Com alegria e amor sem igual 
Agradeciam a bênção divinal
Com os avós paternos cresceu 
A quem considerou e obedeceu
Os tios e tias sempre a amaram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu
 
Nicinha cresceu em dificuldades 
Vivendo em extrema pobreza 
Não conhecia luxo nem riqueza
Às vezes passava necessidades
Trabalhava desde a menoridade
A sua mãe também muito sofreu
Aos quarenta e dois anos morreu 
E os seus filhos se espalharam
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Nicinha contraiu o casamento 
Com seu primo José de Iaiá
Que era bem conhecido por lá
Homem de bom comportamento 
Sério e trabalhador a contento
Zé, à preguiça nunca se rendeu 
Muitos percalços na vida sofreu
Em terras alheias eles moraram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Cinco filhos, Deus deu ao casal
Quatro meninos e uma menina 
Criados no trabalho e disciplina 
Num ambiente puro e natural 
O leite vinha direto do curral
O seu terreno Deus lhes deu
Vários anos a família ali viveu 
Depois para a cidade mudaram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu
 
Os seus filhos foram criados 
Nos ensinamentos do Senhor 
Desenvolvendo a fé e o amor
Na vida foram encaminhados 
E por todos muito respeitados 
Um duro golpe a vida lhe deu 
Foi quando a sua filha faleceu
Os corações se dilaceraram 
Oitenta anos já se passaram  
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Os anos foram se passando 
Os filhos cresceram e casaram
Alguns, para longe se mudaram
A saudade sempre maltratando 
Mas, os netos foram chegando 
Até um bisneto Deus já lhe deu
Relembro tudo o que aconteceu
As lembranças boas que ficaram
E as tristezas que a maltrataram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 

(Weliano Pires) 
 

31 janeiro 2025

IMPLICAÇÕES DO ARIANISMO NA ATUALIDADE

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: Jesus é Deus).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos das implicações do Arianismo na atualidade. Inicialmente falaremos das adulterações do texto bíblico feitas na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, versão usada somente pelas Testemunhas de Jeová, com o objetivo de adequar a Bíblia às suas heresias. Na sequência, falaremos de alguns movimentos religiosos orientais que são panteístas e também negam a divindade de Cristo. Por último, falaremos de outros grupos religiosos da atualidade que também negam a divindade de Cristo, especialmente o Islamismo e as religiões reencarnacionistas.

1. A Tradução do Novo Mundo. Um dos movimentos religiosos da atualidade que mais se assemelham ao Arianismo são as Testemunhas de Jeová. O fundador desta religião foi Charles Taze Russell, que nasceu no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1854. Russell era presbiteriano, mas incomodado com a doutrina do tormento eterno para os ímpios, simpatizou-se com o Adventismo, com o qual tinha muitos pontos doutrinários em comum. Entretanto, não demorou muito e Russell rompeu também com o Adventismo e fundou um grupo denominado “Estudantes da Bíblia”. Posteriormente, o grupo passou a se chamar Testemunhas de Jeová. Eles se autodenominam assim por causa da defesa que fazem do nome de Jeová, como sendo o nome próprio de Deus. 

As Testemunhas de Jeová são um grupo religioso heterodoxo, que propagam várias doutrinas contrárias à ortodoxia bíblica. Evidentemente, não iremos tratar de todas as heresias ensinadas por eles aqui, por questão de espaço e tempo. Em relação ao tema desta lição eles são unitaristas, pois defendem que somente o Pai é Deus, que Jesus Cristo foi a primeira criatura de Deus e que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas é a força ativa de Jeová. 

Conforme vimos no primeiro tópico, há muitas provas irrefutáveis na Bíblia de que Jesus é Deus. Mesmo com interpretações forçadas e equivocadas da Bíblia, como fazia o Arianismo, fica muito difícil negar que Jesus é Deus, sem negar a Bíblia. Por causa disso, a Sociedade Torre de Vigia, que é a editora oficial das Testemunhas de Jeová, resolveu criar a sua própria versão da Bíblia, chamada de Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. Nesta versão foram alterados vários textos bíblicos, para adaptá-los às crenças da organização. 

Nos textos onde há menção ao Espírito Santo, todos foram colocados com iniciais minúsculas e onde havia a expressão “do Espírito Santo”, foi substituído por “de Espírito Santo”, para reforçar a crença de que Ele não é uma pessoa. Os textos que comprovam a divindade de Cristo também foram alterados e alguns excluídos. No texto de João 1.1, onde diz: “... E o Verbo era Deus”, acrescentaram o artigo indefinido “um”, que não existe no texto grego, e colocaram a palavra “deus” com “d” minúsculo, para transmitir a ideia de que Jesus não é Deus igual ao Pai. Da mesma forma, onde os textos bíblicos dizem: “Grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13); e: “nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.1), acrescentaram a palavra “do”, que também não existe no texto grego, para negar que o texto afirma que Jesus é Deus. 

O texto de 1 João 5.20, diz: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” Não tendo como negar que este texto afirma com todas as letras que Jesus é Deus, simplesmente o retiraram da Tradução do Novo Mundo. 

Há muitas outras palavras que  foram alteradas para não mostrar a divindade de Jesus. A palavra adorar, por exemplo, quando se refere a Jesus, foi modificada para “prestar homenagem”. Na verdade esta versão é uma interpretação tendenciosa da Sociedade Torre de Vigia, com várias alterações dos textos bíblicos e não uma tradução da Bíblia. 

Os Adventistas do Sétimo Dia não negam diretamente a divindade de Jesus e declaram que crêem na Trindade, mas dizem que Jesus e o Arcanjo Miguel são a mesma pessoa. Isso equivale a negar a divindade de Cristo e a sua igualdade com o Pai, pois o arcanjo Miguel é criatura em lugar algum das Escrituras é chamado de Deus. Jesus é Deus, Eterno, Criador, igual ao Pai. 

2. Os movimentos orientais. As religiões orientais, em sua grande maioria, não são cristãs. No Oriente Médio, o Judaísmo e o Islamismo são monoteístas, mas não crêem na divindade de Cristo, nem o aceitam como salvador. Em outras partes do Oriente há outras religiões como o hinduísmo e as religiões africanas que são politeístas. Estas têm uma infinidade de deuses e mediadores, portanto, não crêem em Cristo como o Filho de Deus e Mediador entre Deus e a humanidade. 

Aqui neste subtópico o comentarista trata a respeito das religiões orientais que são panteístas monistas. O que isso significa? A palavra panteísmo vem de dois termos gregos: pan (tudo) e theos (Deus). É a crença de que tudo é Deus e Deus é tudo. Os panteístas não crêem em um Deus pessoal, mas em um energia cósmica que está presente na natureza. São chamados de monistas porque acreditam que Deus e a natureza são uma coisa só. 

Como exemplo destes movimentos religiosos orientais, o comentarista mencionou o Hare Krishna, que é uma seita do hinduísmo bastante confusa, que não daria para explicá-la aqui. Este grupo crê em um deus lendário chamado Krishna. São reencarnacionistas, seguem uma rigorosa dieta ascética e vegetariana, têm várias proibições e exigências e adotam o sistema de castas na sociedade. Com relação ao tema desta lição, não acreditam que Jesus é Deus, nem tampouco no seu sacrifício expiatório. Ensinam que Jesus foi apenas uma das muitas reencarnações de Krishna. O Budismo e outros movimentos orientais também têm posição semelhante sobre a Pessoa de Jesus. 

3. Outros grupos. Há muito mais grupos religiosos que têm ensinos contrários à divindade de Cristo. Neste subtópico, o comentarista cita o Islamismo e as religiões reencarnacionistas. O Islã é uma religião monoteísta, fundada em Meca, na Arábia Saudita, por Abul Al-Qasim Muhammad ibn Abd Allah ibn Abd Al-Muttalib ibn Hashim, ou simplesmente Muhammad, que viveu entre 571 E 632 d. C. É popularmente conhecido como Maomé, mas os seus adeptos não gostam que o chamem por este nome. Os muçulmanos, como são chamados os seguidores do Islã, aceitam Jesus como um profeta de Alá, inferior a Muhammad, mas jamais como Filho de Deus e divino. 

O Judaísmo, por sua vez, crê que apenas Yahweh é Deus e não aceita Jesus nem como profeta ou Messias. Dizem que Ele era um impostor que se apresentou como Filho de Deus e por isso foi morto. Eles ainda estão aguardando a vinda do Messias, mas não crêem que Ele será divino. Para os judeus o Messias será um enviado de Deus como Moisés, que virá para restaurar o povo de Israel política e religiosamente. 

As religiões reencarnacionistas são muitas e há muitas diferenças entre elas. Mas elas têm em comum a crença na reencarnação e em entidades ou espíritos, que se comunicam com o mundo material. Todas estas religiões negam a divindade de Jesus, a sua ressurreição e a eficácia do seu sacrifício para a salvação. O Espiritismo Kardecista e a Legião da Boa Vontade até se apresentam como cristãos, mas de cristãos eles não tem nada, pois negam ou distorcem as verdades fundamentais da fé cristã.


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.43.
ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2004, pp.52,88,89.

30 janeiro 2025

A HERESIA QUE NEGA A DIVINDADE DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 5: Jesus é Deus)

Ev. Weliano Pires

No segundo tópico, falaremos da principal heresia que negava a divindade de Cristo nos primeiros séculos da Igreja, que era chamada de Arianismo. Traremos informações históricas sobre o presbítero Ário de Alexandria, que abalou os fundamentos da Igreja com esta heresia e tinha muitos seguidores. Na sequência falaremos das explicações de Ário e seus seguidores para negar a divindade de Cristo. Por fim, mostraremos as explicações bíblicas para as controvérsias do Arianismo.

1. Arianismo. Conforme mencionou o comentarista, os ebionitas foram o primeiro grupo a negar a divindade de Cristo. O título Ebionitas deriva, provavelmente, do termo hebraico Ebiyonim, que significa “pobres”, que nos primórdios da Igreja era um conceito honroso. Os ebionitas eram um grupo de judeus convertidos ao Cristianismo, porém eram judaizantes e não criam na divindade de Jesus. Para eles, Jesus de Nazaré era o Messias, mas não criam em seu nascimento virginal, nem tampouco que Ele era preexistente e divino. Para os ebionitas, Jesus era um judeu piedoso e um mestre inigualável, mas era do mesmo nível dos demais profetas de Israel. 

Depois dos Ebionitas, surgiram os chamados monarquistas dinâmicos, dos quais falamos na lição passada. Esta heresia foi desenvolvida por Teodoto de Bizâncio, com o objetivo de resguardar a Unidade de Deus. Os monarquistas dinâmicos ensinavam que somente o Pai é Deus e que Jesus nasceu como um homem comum. Somente após o batismo, Ele teria recebido o Espírito Santo para operar milagres. Pouco antes da crucificação, o Espírito Santo teria se retirado dele e Ele morreu como um homem comum. 

A heresia mais forte que negava a divindade de Jesus, sem dúvida nenhuma, foi o Arianismo. Esta heresia recebeu este nome por ter sido difundida por Ário, presbítero de Alexandria, que enfrentou Alexandre, bispo de Alexandria, e foi excluído da comunhão da Igreja. Ário dizia que Jesus foi a primeira criatura de Deus e depois todas as coisas foram criadas. Ário era um pregador eloquente e popular e, por isso, alcançou muitos seguidores. 

O bispo Alexandre convocou um sínodo para excluir Ário da comunhão da Igreja por causa desta heresia. Apesar de ter sido excluído, Ário não se deu por vencido e a polêmica continuou. O imperador Constantino, então, convocou os bispos para discutirem o assunto no Concílio de Nicéia, em 325 d.C. Ário não pôde comparecer, porque não era bispo.

O bispo Alexandre não tinha tanto conhecimento e foi assessorado pelo notável diácono Atanásio, que posteriormente foi nomeado bispo e foi um dos grandes teólogos da Igreja. Neste Concílio, que deu origem ao Credo de Nicéia e maioria esmagadora dos bispos condenaram o Arianismo. Dos mais de 300 bispos que compareceram, somente 22 deles foram a favor do Arianismo. 

2. Suas explicações. Ário e os seus seguidores citavam textos bíblicos fora dos respectivos contextos e manipulavam o sentido dos textos, buscando apoio para as suas crenças. Este método de leitura da Bíblia é chamado de “eisegese”. Consiste em ler a Bíblia, com ideias pré-concebidas, buscando apoio no texto bíblico para as próprias ideias. É diferente da exegese, que consistem em analisar os textos bíblicos, considerando o seu contexto e o sentido original para, então, fazer a devida aplicação. 

O comentarista nos apresentou aqui alguns textos usados pelo Arianismo, para dizer que Jesus foi criado e que não era Deus. O primeiro texto está em Provérbios 8.22, que em versões mais antigas foi traduzido assim: “O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos”. Ário usava este texto, junto com o texto de 1 Coríntios 1.24, que diz: “mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” Com isso, concluía que o texto de Provérbios 8.22, que fala da sabedoria, se refere à “criação” de Jesus. 

O segundo texto usado por Ário era Colossenses 1.15 que diz: “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. Ário entendia que a expressão “o primogênito da criação” significa que Jesus foi o primeiro a ser criado. Os arianistas criaram até uma frase que eles cantavam dizendo: “Houve um tempo em que o Filho não existia”. 

O terceiro texto usado pelo Arianismo e mencionado pelo comentarista, é João 17.3, onde o Senhor Jesus diz ao Pai em oração: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Com base nestas palavras de Jesus, concluem que somente o Pai é Deus e que Jesus Cristo é apenas um ser criado, que foi enviado pelo Pai ao mundo. No próximo subtópico, apresentaremos as explicações para cada um destes textos bíblicos. 

3. Como solucionar a controvérsia? No texto de Provérbios 8.22, em primeiro lugar, é preciso considerar o contexto. O capítulo 8 de Provérbios é um texto poético, que fala da sabedoria e não da Pessoa de Cristo. Aplicar um texto que se refere à sabedoria à Pessoa de Cristo, altera o sentido original do texto bíblico. Aliás, muitos crentes fazem isso, neste mesmo capítulo, no versículo 17, que diz: “Eu amo os que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.” Muitas pessoas se valem deste texto para defender a oração pela madrugada, dizendo que “a fila é menor”. Mas, o texto não se refere a buscar a Deus e sim, buscar a sabedoria. Além disso, não existe fila para buscar a Deus, pois Ele é onipresente e pode atender a todos ao mesmo tempo. 

Em segundo lugar, como bem explicou o comentarista, a palavra hebraica qānâ, traduzida na Septuaginta e nas versões antigas por “criou”, significa também possuir, obter, ou adquirir. É diferente do verbo bārā’, usado em Gênesis 1.1, que significa criar do nada, ou trazer à existência algo que não existia. O verbo “possuir”, se aplica melhor ao texto de Provérbios 8.22, pois, mesmo em relação à sabedoria, não é possível imaginar que houve um tempo em que ela não existia. Isso seria admitir que houve um período em que Deus não era sábio, pois a sabedoria ainda não existia. 

O terceiro texto mencionado é Colossenses 1.15, que diz o seguinte: “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. A palavra grega traduzida por primogênito aqui é “prototokos”, que significa primogênito, primeiro ou chefe. Evidentemente, em relação a Cristo, não significa que Ele foi o primeiro a ser criado, como dizem os arianistas. Significa que Ele tem a primazia sobre a criação, pois tudo foi criado por Ele e para Ele, como está bem explicado nos versículos seguintes. 

Por último, o comentarista menciona o texto de João 17.3, que também era usado por Ário, para dizer que Jesus não é Deus. Neste texto, Jesus disse ao Pai: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Aqui, Jesus está usando uma linguagem judaica para exaltar ao Pai como Único Deus Verdadeiro, mas não está negando a sua divindade. Basta ler todo o capítulo 17 de João, para ver que Ele se coloca em igualdade com o Pai, como no versículo 5: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. O próprio Deus usou o profeta Isaías para dizer: “...A minha glória não darei a outrem” (Is 48.11). Se Jesus não fosse Deus, como iria pedir que o Pai o glorificasse?! 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.43.
ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2004, pp.52,88,89.

29 janeiro 2025

A DOUTRINA BÍBLICA DA DIVINDADE DE JESUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 05: Jesus é Deus) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, estudaremos a doutrina bíblica da divindade do Senhor Jesus. Analisaremos vários textos bíblicos que mostram claramente que Jesus é Deus como João 1.1; Jo 20.28; Fp 2.6; Cl 2.2; Tt 2.13; 2 Pe 1.1 e 1 Jo 5.20). Diante de tantos textos que afirmam que Jesus é Deus, não há como negar esta verdade, sem negar ou deturpar as Escrituras. Na sequência, veremos que os atributos absolutos ou exclusivos de Deus são atribuídos a Cristo, em vários textos bíblicos. Isso também prova que Jesus é Deus. 

1. Jesus é Deus. Na lição passada, quando estudamos sobre a doutrina da Trindade, vimos que as Escrituras mostram claramente que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Não são três deuses, mas um Único Deus, que subsiste em três pessoas. Entre os textos bíblicos estudados que comprovam que o Filho é Deus, vimos que Ele é chamado de Deus e de Senhor. Na ocasião, não entramos em detalhes sobre a divindade do Filho, porque o assunto seria estudado nesta lição. 

No Antigo Testamento não temos muitas informações a respeito da Pessoa do Filho de Deus, pois isso só foi revelado no Novo Testamento. Deus usou os profetas para falar sobre a sua vinda e revelou muitos detalhes do seu nascimento (Is 7.14; Mq 5.2) e sobre os seus sofrimentos, morte e sepultura (Sl 22; Is 53). Os próprios profetas não tinham ideia de quem, de fato, era a pessoa do Messias. Mas algumas afirmações do Antigo Testamento, que não foram compreendidas pelos judeus, foram explicadas no Novo Testamento. O profeta Isaías, por exemplo, mencionou alguns títulos do Messias que deixam claro que Ele é Deus, como “Pai da Eternidade” e “Deus Forte” (Is 9.6). No Salmo 45.7, o salmista declara: “O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade”. O escritor da Epístola aos Hebreus, inspirado pelo Espírito Santo,  cita este texto e diz que esta afirmação se refere ao Filho: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. (Hb 1.8).

O Novo Testamento não deixa dúvidas da divindade de Jesus. O texto mais claro sobre a divindade de Jesus, obviamente, é João 1.1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. No versículo 14, do mesmo capítulo, João esclarece que o Verbo é Jesus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” Nestes dois versículos, vemos claramente quatro verdades fundamentais e inegociáveis sobre a Pessoa de Jesus: 

a) A preexistência de Jesus (No princípio era o verbo). Aqui não é uma referência ao início da criação em Gênesis 1.1 e sim, à eternidade passada, onde Pai, Filho e Espírito Santo sempre existiram. 

b) A distinção entre Jesus e o Pai (O Verbo estava com Deus). Deus aqui é o Pai. Jesus estava com o Pai, mas Ele é outra Pessoa e não o Pai, como dizem os unicistas. 

c) A divindade de Jesus (O Verbo era Deus). Jesus sempre existiu, junto com o Pai e não é o Pai. Mas Ele é Deus. Não outro deus, mas o mesmo Deus. Esta Verdade ficou tão difícil de negar que as Testemunhas de Jeová alteraram este versículo, como veremos no terceiro tópico. 

d) A humanidade de Jesus (O verbo se fez carne). Como Deus, Jesus é preexistente e sempre existiu. Mas, Ele tomou a forma humana e se tornou um corpo humano, como vimos na lição 3. 

Além do texto de João 1.1, o comentarista menciona vários textos do Novo Testamento que deixam muito claro que Jesus é Deus. O primeiro deles é João 20.28. Depois de comprovar que Jesus havia realmente ressuscitado, Tomé declarou: “Senhor meu, e Deus meu”. Os que negam a divindade de Jesus, costumam argumentar que Tomé teve apenas uma reação de admiração, como muitos fazem atualmente dizendo: Meu Deus! Mas, isso não tem nenhum fundamento, pois Tomé era um judeu e os judeus não usam o nome de Deus em reações de admiração. O que Tomé fez foi chamar Jesus de “Senhor” (Gr. Kyrios) e “Deus” (Gr. Theós). Estas duas palavras os judeus só aplicam a Deus e não as usam em vão. 

No texto de Filipenses 2.6, na Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), o apóstolo Paulo disse o seguinte, referindo-se a Jesus: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”. A Nova Versão Internacional (NVI) traduziu assim: “Que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se”. Em outro texto citado, o apóstolo Paulo declara: “E a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.13). Ainda em Colossenses 2.9, Paulo escreveu: “Porque nele [em Jesus] habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Nestes versículos, Paulo afirma claramente que Jesus é Deus. 

O apóstolo Pedro, em sua saudação, na segunda Epístola, declarou: “...aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”. (2 Pe 1.1). Em sua primeira Epístola, o apóstolo João também deixa muito claro que Jesus é Deus: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1 Jo 5.20). Não há como negar que a Bíblia afirma a divindade de Jesus, lendo um texto como este. A não ser que se altere a Bíblia, ou exclua estes versículos, como alguns fazem. 

2. Seus atributos absolutos. Deus possui dois tipos de atributos ou qualidades que fazem parte da Sua essência: 

a) Os atributos comunicáveis. São aqueles que Ele possui plenamente, mas compartilha até certo ponto com as suas criaturas. Por exemplo: Amor, bondade, santidade, benignidade, etc. Evidentemente, nenhuma criatura possui estes atributos na mesma proporção que Deus, pois Ele é perfeito em tudo. 

b) Os atributos incomunicáveis. São características exclusivas de Deus que nenhuma de suas criaturas as possui, nem mesmo os seres espirituais: Autoexistência, Eternidade, Onipotência, Onisciência, Onipresença, Unicidade, Imutabilidade e Soberania. 

Além das muitas afirmações diretas do Novo Testamento de que Jesus é Deus, vemos também alguns atributos que são exclusivos de Deus sendo atribuídos a Jesus Cristo. Por exemplo, a Bíblia nos mostra claramente que Jesus é eterno, quando diz: “Ele estava no princípio com Deus” (Jo 1.1). Além deste versículo, Jesus disse em João 8.58: “Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu sou.” Os judeus entenderam claramente o que Ele estava dizendo e pegaram em pedras para apedrejá-lo. 

Vemos ainda na Bíblia que Jesus é Onipotente, ou seja, Ele é o Todo-poderoso: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8). Ele também é Onipresente, pode estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo: “...E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mt 28.20). Jesus também é Onisciente, pois Ele conhece todas as coisas: “Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” (Jo 2.24,25). Há muitos textos também que mostram que Jesus conhecia os pensamentos das pessoas, como em Mateus 9.4: “Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, questionou: “Por que cogitais o mal em vossos corações?”. 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus.| RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.43.
ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2004, pp.52,88,89.

27 janeiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 5: JESUS É DEUS



Ev. Weliano Pires

Nesta lição falaremos a respeito da divindade do Senhor Jesus, que nos foi revelada no Antigo e no Novo Testamento. No Antigo Testamento, mais de setecentos anos antes de Cristo nascer, o profeta Isaías profetizou que Ele seria chamado “Emanuel”, que traduzido é “Deus conosco”. O mesmo profeta falou que um dos seus títulos seria “Deus forte”. O apóstolo foi enfático ao afirmar que “o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Além disso, em vários textos bíblicos os atributos exclusivos de Deus são atribuídos ao Senhor Jesus, uma prova inequívoca de que Ele é Deus.

Veremos ainda nesta lição, as heresias que negavam esta verdade bíblica. Os primeiros a negar que Jesus é Deus foram os ebionitas, um grupo de judeus convertidos ao Cristianismo, que creram na mensagem de Jesus, mas diziam que Ele era apenas um homem bom, mas não era divino. Depois vieram os monarquistas dinâmicos, também chamados de adocionistas, que diziam que Jesus era um homem comum, filho de José e Maria, que foi adotado por Deus no batismo e recebeu poderes divinos. 

Por fim, em 318 d.C. surgiu o Arianismo, propagado pelo presbítero Ário de Alexandria, que ensinava que Jesus foi a primeira criatura de Deus e houve um tempo em que Ele não existia. Devido à habilidade e influência deste presbítero, esta heresia se espalhou e foi foi convocado o Concílio de Nicéia em 325 d.C, onde mais de trezentos bispos se reuniram para discutir o assunto e o Arianismo foi condenado. 

No primeiro tópico, estudaremos a doutrina bíblica da divindade do Senhor Jesus. Analisaremos vários textos bíblicos que mostram claramente que Jesus é Deus como João 1.1; Jo 20.28; Fp 2.6; Cl 2.2; Tt 2.13; 2 Pe 1.1 e 1 Jo 5.20). Diante de tantos textos que afirmam que Jesus é Deus, não há como negar esta verdade, sem negar ou deturpar as Escrituras. Na sequência, veremos os atributos absolutos ou exclusivos de Deus são atribuídos a Cristo, em vários textos bíblicos. Isso também prova que Jesus é Deus. 

No segundo tópico, falaremos da principal heresia que negava a divindade de Cristo nos primeiros séculos da Igreja, que era chamada de Arianismo. Traremos informações históricas sobre o presbítero Ário de Alexandria, que abalou os fundamentos da Igreja com esta heresia e tinha muitos seguidores. Na sequência falaremos das explicações de Ário e seus seguidores para negar a divindade de Cristo. Por fim, mostraremos as explicações bíblicas para as controvérsias do Arianismo. 

No terceiro tópico, falaremos das implicações do Arianismo na atualidade. Inicialmente falaremos das adulterações do texto bíblico feitas na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, versão usada somente pelas Testemunhas de Jeová, com um objetivo de adequar a Bíblia às suas heresias. Na sequência, falaremos de alguns movimentos religiosos orientais que são panteístas e também negam a divindade de Cristo. Por último, falaremos de outros grupos religiosos da atualidade que também negam a divindade de Cristo, especialmente o Islamismo e as religiões reencarnacionistas. 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.43.
ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2004, pp.52,88,89.

24 janeiro 2025

UNICISMO: UMA HERESIA ANTIGA NA ATUALIDADE

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Deus é Triúno). 

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos dos movimentos unicistas da atualidade que pregam contra a  Trindade. Inicialmente, o comentarista fala a respeito do problema de grupos que se autodenominam evangélicos pentecostais, mas que ensinam o Unicismo de forma sutil, e se infiltram em nosso meio, como o Grupo Voz da Verdade e a Igreja Tabernáculo da fé. Na sequência, faremos uma reflexão bíblica sobre pessoas que se converteram ouvindo músicas de grupos unicistas e outras que dizem sentir-se bem ao ouvi-las. Por último, falaremos da posição oficial da nossa Igreja sobre o Unicismo, apresentando o que diz a nossa Declaração de fé e o manifesto oficial da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil sobre o assunto. 

1. O problema. O Unicismo praticamente desapareceu, depois que Dionísio de Antioquia enfrentou Sabélio e combateu eficazmente as suas heresias. Por muitos séculos o Unicismo esteve sumido, mas, em 1913, esta heresia ressurgiu com John G. Schepp, que fundou a seita “Só Jesus”. Esta seita provocou muitas divisões nas Igrejas evangélicas na época da sua fundação e dentro dela mesma. Posteriormente, outras seitas unicistas surgiram com outros nomes. 

O Instituto Cristão de Pesquisas (ICP) elaborou uma lista com 15 seitas unicistas, mas o tempo e o espaço são insuficiente para falar de todas aqui. Por isso, vou mencionar somente as principais. 

a) Só Jesus. Fundada em 1913 por John G. Schepp, esta seita ensina que o batismo salva e que deve ser realizado somente em nome de Jesus. Esta seita surgiu a partir de uma pregação em uma reunião da Assembléia de Deus americana, feita por R. E. McAlister, que disse que os apóstolos batizavam em nome de Jesus. John G. Schepp, que era um dos seus ouvintes, entendeu que aquilo era uma “revelação de Deus”, sobre a fórmula batismal verdadeira. A partir daí fundou uma nova denominação e começou a pregar o Unicismo. Por causa desse tipo de coisa, precisamos ser criteriosos ao entregar o púlpito da Igreja para alguém pregar, ou a classe da Escola Dominical para alguém ministrar aula. 

b) Tabernáculo da fé. Foi fundada por William Marrion Branham, que negava a doutrina da Trindade e atribuía aos seus ensinos a mesma autoridade da Bíblia. Os seus seguidores o chamam de “profeta do século” e “mensageiro do Apocalipse”. Esta seita tem muitos adeptos em Goiânia e cantam hinos antigos muito bonitos. Muitos crentes compartilham os seus vídeos nas redes sociais e nem imaginam que se trata de uma seita. 

c) Testemunhas de Yehoshua. Esta seita foi fundada em 1997 em Curitiba/PR. Pregam contra o nome de Jesus, o qual dizem que é pagão. Dizem que o nome correto é Yehoshua. Entre outras heresias, pregam também contra a Trindade. 

d) Igreja Local. Fundada por Witness Lee, é conhecida por causa da sua publicação “Jornal Árvore da Vida”. Os seus adeptos se camuflam entre os evangélicos e negam ser unicistas, mas dizem que a divindade é uma única pessoa e isso é Unicismo. 

e) Voz da Verdade. Foi fundada em Santo André/SP, por Fuad Moysés, pai do líder atual, Pr. Carlos Moysés. Inicialmente, era uma Igreja Evangélica Pentecostal, mas o seu fundador foi influenciado por missionários unicistas americanos, que fundaram a Igreja Pentecostal Unida do Brasil. A Igreja Evangélica Voz da Verdade se tornou conhecida no Brasil por causa do grupo musical de mesmo nome, cujas músicas fizeram muito sucesso entre os pentecostais nos anos 80 e 90. Quando Fuad Moysés começou a pregar a doutrina unicista, a Igreja perdeu metade dos seus membros. 

Esta seita chegou a distribuir um CD em oposição à doutrina da Trindade e no site oficial da Igreja há vários textos combatendo e até zombando desta doutrina bíblica. Esta seita representa um perigo maior, principalmente para os jovens que gostam do seu estilo musical. Muitos não têm uma base bíblica sólida e podem se deixar levar pelo erro do Unicismo. 

2. Uma reflexão bíblica. Muitos crentes e até pastores que gostam muito desse grupo, pensam que isso é questão secundária e que não há problema em ouvirmos e cantarmos as suas músicas. O comentarista sugere que façamos uma reflexão bíblica sobre a seguinte questão: O que dizer de pessoas convertidas por meio do ministério dessas músicas unicistas? 

Pode ser que alguém seja tocado ouvindo tais músicas e se converta? Sim, claro. Há muitos testemunhos de pessoas que ouviram estas músicas e se converteram. Mas isso não serve para ratificar as suas heresias, ou abrir as portas para hereges em nossas Igrejas. Uma das especialidades do inimigo é se disfarçar de anjo de luz e imitar as coisas de Deus. Mas os seus objetivos são malignos e destruidores. 

O apóstolo João nos deixou uma recomendação muito importante neste aspecto: “Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.” (2 Jo 10,11). Isto é muito sério, pois quem promove este grupo e consome os seus produtos está financiando indiretamente as suas heresias. 

3. A posição oficial. Conforme vimos no primeiro tópico, a doutrina da Trindade é absolutamente bíblica e está fundamentada tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento. Os credos da Igreja Cristã formularam esta doutrina depois de analisar as Escrituras para se contrapor os heresiarcas. Por isso, a posição oficial da Assembléia de Deus no Brasil, desde a sua fundação, é contrária ao Unicismo, ao Unitarismo e ao Triteísmo. 

Em nossa Declaração de fé declaramos: “Cremos, professamos e ensinamos o monoteísmo bíblico, que Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas — o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto.”

A Convenção Geral das Assembleias de Deus lançou em 2023, um manifesto contra o Unicismo, que foi aprovado durante a 46ª AGO da entidade, realizada em Novo Hamburgo (RS). O referido manifesto traz uma ampla defesa bíblica da doutrina da Trindade, argumentação bíblica contra a heresia unicista e uma recomendação para que as Assembleias de Deus não convidem grupos unicistas e não cantem as suas músicas. Este manifesto da CGADB pode ser lido no link abaixo: https://cgadb.org.br/manifesto-contra-o-unicismo/. 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.162-63. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2016, p.1535.
Manifesto da CGADB contra o Unicismo: https://cgadb.org.br/manifesto-contra-o-unicismo

23 janeiro 2025

AS HERESIAS CONTRA A DOUTRINA DA TRINDADE

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Deus é Triúno)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos das duas heresias antigas contra a doutrina da Trindade que são o Unicismo e o Unitarismo. Veremos o que é o Unicismo, como ele era conhecido nos primeiros séculos da Igreja e quais foram os principais heresiarcas deste movimento. O comentarista não falou a respeito da heresia do Unitarismo, mas é importante explicar, pois há seitas na atualidade que ensinam esta heresia. Por último, apresentaremos as contestações bíblicas a estas heresias. 

1. O Unicismo. O Unicismo é uma heresia que defende que Pai, Filho e Espírito Santo são, na verdade, uma única pessoa que se manifestou de três modos diferentes. Segundo dizem, Deus era o Pai no Antigo Testamento, no Novo Testamento era o Filho e após a ascensão de Cristo, Deus é o Espírito Santo. Os principais propagadores desta heresia foram Noeto, Praxeas e Sabélio. 

Os primeiros nomes dados a esta heresia foram os seguintes: 

a) Monarquianismo. Vem de monarquia, onde o poder se concentra em uma única pessoa. Houve duas escolas dentro do Monarquianismo: o Monarquianismo Dinâmico, que afirmava que Jesus nasceu como homem comum, foi adotado pelo Pai e recebeu poderes divinos após o batismo, mas não era divino. Esta heresia também é chamada de Adocionismo; Havia também o Monarquianismo Modal, ou Modalismo, do qual falaremos abaixo. 

b) Modalismo. Vem de “modo”, porque os seus proponentes defendiam que Pai, Filho e Espírito Santo são modos diferentes de manifestações divinas e não três pessoas. 

c) Patripassionismo. Vem de duas palavras latinas “Patri” (Pai) e “Passus” (sofrimento). O Patripassianismo defendia que foi o Pai que sofreu na Cruz e não o Filho.

d. Sabelianismo. É o mesmo Modalismo e recebeu este nome, porque era propagado pelo bispo Sabélio de Ptolemaida. 

2. O Unitarismo. O comentarista citou, mas não explicou o que é o Unitarismo, porque ele será estudado na próxima lição, quando falaremos da divindade de Jesus. Por isso, eu vou apenas trazer uma explicação básica sobre esta heresia. O Unitarismo também nega a doutrina da Trindade e afirma que somente o Pai é Deus. Crêem que Jesus é o Filho de Deus, mas não é divino. Esta heresia é chamada também de Arianismo, pois foi defendida inicialmente pelo presbítero Ário de Alexandria. 

3. A verdade bíblica. A distinção entre as três pessoas da Santíssima Trindade está muito clara no Novo Testamento. O comentarista nos apresentou aqui uma série de referências bíblicas que comprovam que Pai, Filho e Espírito Santo são três pessoas distintas, embora não sejam diferentes e sejam um só Deus. As palavras “distinto” e “diferentes” parecem ser sinônimas, mas não são. Distinto significa que é outro, mas pode ser igual. Diferente significa outro que não é igual. Por exemplo, eu tenho duas canetas esferográficas, da marca Bic e da cor azul. Elas são distintas, pois são duas. Mas não são diferentes. 

A primeira distinção clara das três pessoas da Trindade pode ser percebida no batismo de Jesus: “E sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3.16,17). Nesta ocasião, o Filho estava sendo batizado no Rio Jordão, o Pai falou dos Céus e o Espírito Santo desceu sobre o Filho em forma corpórea de uma pomba. 

Temos também os casos das orações que Jesus fez ao Pai, principalmente, a Oração Sacerdotal em João 17, onde o Filho fala com o Pai deixando claro que são duas pessoas: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” (Jo 17.4,5). Jesus não estava falando consigo mesmo, mas com o Pai. Ele deixa claro que antes da fundação do mundo, o Pai e Ele eram duas pessoas, quando fala “a glória que tinha contigo”.

Nos discursos de Jesus, principalmente na promessa do envio do Consolador, Jesus menciona as três pessoas da Trindade: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.26). Jesus foi claro quando falou que Ele (o Filho) rogaria ao Pai (não a Si mesmo) e o Pai enviaria o Espírito Santo. Há muitas outras referências bíblicas que deixam claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas e não três modos diferentes de Deus se manifestar.


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 38.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.162-63. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2016, p.1535.
 

Introdução à Lição 4: Jesus — o Pão da Vida

Ev. WELIANO PIRES Na lição passada discorremos sobre a verdadeira adoração, com base no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana. Jesus seg...