Mostrando postagens com marcador Arminianismo.. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arminianismo.. Mostrar todas as postagens

22 agosto 2023

A CRIAÇÃO DO SER HUMANO

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma visão bíblica do corpo)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, discorreremos sobre a criação do ser humano. Inicialmente, veremos como se deu a origem da raça humana. Deus formou o corpo humano do pó úmido da terra e deu-lhe um espírito. Depois, falaremos da constituição do ser humano. O homem é um ser tricotômico, formado por três partes: espírito, alma e corpo. Por último, falaremos da queda e restauração do ser humano. Todos os seres humanos, sem exceção, foram afetados pelo pecado e necessitam de uma restauração, que somente o Espírito Santo é capaz de fazer. 


1- A origem da raça humana. Os naturalistas insistem em reduzir o ser humano à condição de mero animal, que evoluiu de outra espécie e dizem que não passa de um mamífero, como outro qualquer. Atualmente, alguns vão mais além e dão mais valor aos animais e às árvores que aos seres humanos. Entretanto, a Bíblia nos apresenta o ser humano como a coroa da criação de Deus, o único ser vivo criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27). 


Deus formou o homem do pó úmido da terra, soprou em suas narinas e deu-lhe o espírito. Deus não fez isso com nenhum animal. Antes de criar o homem, Deus criou todo o Universo, possibilitando todas as condições para o homem viver nele. Por último, Deus criou o homem para dominar sobre as demais criaturas (Gn 1.26,27). 


2- A constituição do ser humano. Na lição passada falando sobre a visão bíblica de gênero, discorremos sobre as três constituições do ser humano: constituição biológica, constituição moral e constituição da sexualidade. Vimos que o homem é um ser tricotômico, formado por espírito, alma e corpo. 


O espírito é a parte imaterial, cujas faculdades são a fé e a consciência. É a parte do ser humano que é capaz de responder a Deus e sem Deus, ele está morto. A alma é a sede do intelecto, das emoções e das vontades do ser humano. Por último, o corpo é a parte material do ser humano, que é formada do pó da terra e se tornará em pó novamente, após a morte. 


O espírito e a alma são distintos, mas inseparáveis. O corpo, sem a alma e o espírito está morto. A teologia chama esta tríplice composição do ser humano de tricotomia. Alguns teólogos defendem que o homem é formado por apenas duas partes, uma material (o corpo) e outra imaterial (espírito/alma), que eles chamam de dicotomia. Nós da Assembleia de Deus, no entanto, defendemos a tricotomia (1 Ts 5.23).


3- Queda e restauração humana. Com a entrada do pecado no mundo, todos os seres humanos, sem exceção, herdaram uma natureza corrompida e pecaminosa. Sendo assim, todas as áreas do nosso ser foram afetadas pelo pecado. Somente por meio do sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário, o homem pode ser restaurado da queda, mediante a fé nEle. 


O Espírito Santo convence o homem da sua condição de miserável pecador e o conduz a Cristo. Entretanto, Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio e permite que este aceite ou rejeite esta restauração. Aqueles que aceitarem, serão restaurados pelo Espírito Santo e se tornarão novas criaturas. Mas, os que não quiserem, não serão restaurados. 


Este é um dos principais pontos de divergência entre os calvinistas e arminianos. Os calvinistas, também chamados de monergistas, afirmam que Deus determinou de antemão quem seria salvo e quem não seria. Dizem que o ser humano na queda foi totalmente corrompido e perdeu completamente o livre arbítrio na queda. Sendo assim, não tem a prerrogativa de escolher. Os arminianos, por sua vez, dizem que na queda, o homem realmente teve a sua natureza corrompida e não tem condições de, por si mesmo, crer em Cristo. O Espírito Santo capacita-o para crer, concedendo-lhe o que os teólogos chamam de Graça preveniente, que é uma preparação operada pelo Espírito Santo para que o ser humano caído possa entender a Salvação. Entretanto, Deus lhe dá o direito de receber ou rejeitar a salvação. Esta é a posição defendida pela Assembléia de Deus. 


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 109-120.

PEARCEY, Nancy. Ama Teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 20 21, p.36

12 outubro 2021

SAULO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO


Usando a conversão de Saulo como exemplo, falaremos da conversão como uma doutrina bíblica, que faz parte da soteriologia, ou Doutrina da Salvação. A conversão tem início no arrependimento e promove uma mudança geral no ser humano. Houve uma mudança radical na vida de Saulo. De perseguidor violento, implacável e movido pelo ódio, após o encontro com Jesus, Saulo passou a submeter-se totalmente à vontade de Deus. (Gl 2.20a).

1. A conversão começa no arrependimento. Muitas pessoas não sabem o que é arrependimento. Pensam que apenas o fato de confessar que errou e pedir perdão significa que se arrependeu. É comum, quando assassinos são presos, os jornalistas perguntarem se estão arrependidos. Os mais cruéis dizem que não e que fariam tudo de novo. Mas há os fingidos, que choram e se dizem arrependidos. Entretanto, se fossem soltos, continuariam fazendo a mesma coisa. 

A palavra arrependimento no grego é "metanoeo", que significa mudança de pensamento, tristeza pelo pecado praticado e disposição interior para mudar. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa "metamorfose", que significa mudança na forma de ser. 

Se a pessoa não reconhece o pecado, não se entristece por ter pecado, ou não está disposta a mudar de atitude, não houve arrependimento. Às vezes, há apenas medo das consequências, ou fingimento para obter perdão. João Batista, Jesus e Pedro, iniciaram as suas pregações, conclamando o povo ao arrependimento. (Mt 3.2; Mc 1.15; At 2.38). 


2. A conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal. Após o encontro de Saulo com Jesus, no caminho de Damasco, ele nunca mais foi o mesmo. Saulo dialogou com o Cristo ressurreto e perguntou-lhe o que ele deveria fazer. A partir deste momento, iniciou-se o processo de transformação em seu interior. O arrogante e violento perseguidor, que torturava e aterrorizava as suas vítimas, após ser confrontado pelo Senhor, passou três dias orando, jejuando e aguardando as instruções sobre o que deveria fazer. Isto é a verdadeira conversão. 

Infelizmente, em nossos dias, algumas pessoas vem à Igreja com interesses egoístas, querendo que a Igreja atenda aos seus caprichos. Alguns que são famosos lá fora, querem chegar dando ordens e fazendo imposições à liderança da Igreja. Não abandonam as velhas práticas e não se submetem às orientações da Palavra de Deus. Não foi assim com Saulo. Ele aguardou as orientações do Senhor e quando Ananias chegou ele se submeteu às suas orientações. Saulo abandonou completamente a velha vida e passou a viver para Cristo. 


3. A conversão faz parte da doutrina bíblica da Salvação. A doutrina da salvação consiste em três aspectos: justificação, regeneração e santificação. Quando o homem ouve a Palavra de Deus e lhe dá crédito, imediatamente, ele é justificado, ou seja, ele é declarado justo diante de Deus, pelos méritos de Cristo. A partir daí, inicia-se o processo de regeneração, que é o novo nascimento ou a transformação da velha natureza. O Espírito Santo vai nos transformando diariamente, para sermos conforme o caráter de Cristo. Paralelo à regeneração, vem a santificação que é a separação de tudo que desagrada a Deus e a dedicação exclusiva a Ele.

Este processo tem início com o arrependimento. Se não houver arrependimento, não pode haver justificação, regeneração e santificação. A conversão, portanto, é uma manifestação externa da regeneração operada pelo Espírito no interior do homem, que implica em mudança de pensamento, vontade e ação, como veremos no próximo tópico. 


Sobre a questão da conversão, há um longo debate teológico. Há quatro pontos de vista diferentes sobre isso: Pelagianismo, semi-pelagianismo, calvinismo e arminianismo. Os dois primeiros são hereges e antibíblicos e os outros dois são considerados apenas divergências teológicas no meio evangélico. 


1. Pelagianismo. Doutrina ensinada por Pelágio, um monge do século IV d.C. Segundo Pelágio, os seres humanos nascem inocentes, sem a mancha do pecado original. Ele dizia também que Deus criou diretamente toda alma humana, livre do pecado. Pelágio acreditava que o homem que pecar, pode pelos próprio esforços, arrepender-se e ser salvo.

2. Semipelagianismo. Diferente de Pelágio, o semipelagianismo ensina que toda a humanidade foi manchada pelo pecado, mas não ao extremo de não podermos cooperar com a graça de Deus, com os nossos próprios esforços. 


3. Calvinismo. Doutrina ensinada pelo teólogo e reformador francês, João Calvino, que é resumida em cinco pontos, denominados pelo acrônimo TULIP, referentes às iniciais desses pontos em inglês:

a. Depravação total. Como resultado da queda de Adão, toda a raça humana foi afetada e é incapaz de salvar-se, inclusive de decidir se quer ser salvo. 

b. Eleição incondicional. Deus, na eternidade passada, elegeu algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação.

c. Expiação limitada. Deus determinou que Cristo morreria apenas pelos eleitos. Todos a quem Deus elegeu e por quem Cristo morreu, serão salvos.

d. Graça irresistível.  Aqueles a quem Deus elegeu, Ele chama a si mesmo através da graça, sem que o homem possa recusar.

e. Perseverança dos santos. Aqueles a quem Deus elegeu e atraiu a Si mesmo através do Espírito Santo irão perseverar na fé. (Uma vez salvo, salvo para sempre). 


4. Arminianismo. Sistema de Teologia formulado por Jacob Armínio, teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. Armínio também apresentou seu sistema em 5 pontos:

a. Capacidade humana, Livre-arbítrio. Embora todos sejam pecadores e incapazes de se salvarem a si mesmos, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece (por meio da Graça Preveniente).

b – Eleição condicional – Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo, com base em sua presciência.

b. Expiação ilimitada – Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;

c – Graça resistível – Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;

d – Decair da Graça.  Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.


Nós da Assembleia de Deus seguimos o ponto de vista arminiano. Algumas pessoas confundem calvinismo com cessacionistas. Mas não é a mesma coisa. Há calvinistas que são pentecostais, como a Igreja Presbiteriana Renovada e há arminianos que não são pentecostais, como as Igrejas Batistas tradicionais.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas. 


Pb. Weliano Pires


11 março 2021

Lição 11 – Compromissados com a Evangelização

 

FOTO: EDITORA CPAD

14 de março de 2021.

TEXTO ÁUREO:

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19)

VERDADE PRÁTICA:

”A nossa responsabilidade para a salvação de todos os seres humanos, mediante o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, nos torna servo de todos.”

HINOS SUGERIDOS: 18, 80, 119 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Marcos 16.14-20.


14 – Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.

15 – E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

16 – Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17 – E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18 – pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

19 – Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.

20 – E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!


INTRODUÇÃO


Na semana passada estudamos sobre a cura divina nos dias de hoje. Falamos a respeito da cura divina na Bíblia, abrangendo os aspectos da saúde pública do povo de Israel, as bases bíblicas para a prevenção de doenças e as muitas curas realizadas no Ministério de Jesus aqui na terra, movido pela compaixão que Ele tem pelo sofrimento das pessoas. 


Falamos também sobre a cura divina como parte da salvação, tendo como base a profecia de Isaías 53.4 e a interpretação de Mateus sobre o cumprimento desta profecia, quando Jesus curou muitos enfermos. (Mt 8.16,17). Isso mostra que a salvação e a cura divina caminham juntas.


Por último, falamos sobre a cura divina e os desafios dos dias atuais. Vimos que as enfermidades têm causas diversas e que os crentes também adoecem.


Na presente lição falaremos a respeito do nosso compromisso com a evangelização do mundo. A evangelização é um compromisso da Igreja com Deus e deve ser tratada como prioridade por ela. 


No primeiro tópico da lição desta semana veremos que a evangelização não é um detalhe ou uma alternativa para a Igreja. A evangelização é uma ordem de Jesus para a Sua Igreja: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". (Mc 16.15). Veremos ainda no primeiro tópico o significado do Evangelho, Jesus como o único Salvador e a Igreja como a agência exclusiva e legítima da evangelização. 


No segundo tópico abordaremos a questão do alcance da Obra expiatória de Cristo. Abordaremos as teses calvinista e arminiana, explicando o significado de expiação limitada e ilimitada. 


No terceiro e último tópico veremos os desafios da Igreja atual na evangelização local, onde ela está situada, e também sobre as missões nacionais e transculturais. Tanto a Igreja do primeiro século, quanto o Movimento Pentecostal iniciado na Rua Azuza nos Estados Unidos, eram muito atuantes na evangelização local e nas missões transculturais. 


I. A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE


Jesus estabeleceu a sua Igreja com uma tríplice missão: Adorar a Deus, evangelizar o mundo e edificar os santos. A missão de evangelizar os perdidos deve ser a prioridade da Igreja de Cristo. Sem a evangelização, a Igreja perde a sua razão de ser. Não se trata de proselitismo religioso, ou desrespeito às outras religiões. A evangelização é a busca dos perdidos para levá-los a Cristo. Sem Cristo, as pessoas estarão eternamente perdidas. Não podemos ficar inertes diante desta triste realidade.


1. O Evangelho. A palavra Evangelho traduz o termo grego "euangelion", que por sua vez, é formado por duas palavras gregas: "eu", que significa "bem" ou "bom" e "angelia", que significa notícia ou novidade. Então, Evangelho quer dizer "Boa notícia" ou "Boas novas". Entre os gregos, a palavra era usada para se referir à recompensa que o portador de uma boa notícia recebia. Depois passou a ser usada para se referir à própria notícia. Com relação ao Evangelho, no sentido bíblico, trata-se da mensagem de Jesus Cristo, que veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10).


2. O único Salvador do mundo.  Um dos pilares da Reforma Protestante era "Solus Christus". Isso significa dizer que Jesus Cristo é o único Salvador. Sem Ele, não há possibilidade de salvação. Ninguém será salvo pelas obras, sofrimento, pobreza ou por pertencer a uma religião. Somente Cristo pode salvar o pecador.


A mensagem do Evangelho tem duas dimensões:

a) O mundo está irremediavelmente perdido, tratando-se de uma única pessoa ou de toda a humanidade. Não existe um único ser humano que não seja pecador ou que possa salvar-se. (Rm 3.23). 

b) Jesus Cristo é o único Salvador e mediador entre a humanidade perdida e Deus, que é absolutamente santo e não pode aceitar o pecado. (João 14.6; At 4.12; 1 Tm 2.5). Portanto, não podemos falar de um Salvador, sem antes falarmos do pecado e da necessidade que a humanidade tem de ser salva dos seus pecados. 


3. Uma agência legítima. A Igreja foi comissionada por Jesus, para dar continuidade ao trabalho que Ele iniciou, divulgando a Sua Mensagem ao mundo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). A Igreja do primeiro século, inicialmente, não entendeu esta missão e ficou apenas em Jerusalém, após a descida do Espírito Santo. Mas, Deus permitiu que lhe sobreviesse intensa perseguição. Os discípulos tiveram que fugir e saíram pelo mundo anunciando o Evangelho por toda parte. 

Saulo de Tarso perseguia duramente a Igreja de Cristo, arrastando homens e mulheres pelas ruas e levando-os à prisão. Mas, ele teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus no caminho de Damasco e se converteu ao Evangelho de Cristo. A partir daí, tornou-se o maior missionário do Cristianismo, pregando com grande entusiasmo o Evangelho. Ele sentia-se devedor de pregar o Evangelho e disse: "Ai de mim, se não anunciar o Evangelho". 

A Igreja atual precisa despertar e voltar-se para a sua verdadeira prioridade, que é a evangelização do mundo. Não fomos chamados para dominar o mundo, fazer política, ou resolver problemas sociais das pessoas. Podemos e devemos ajudar aos necessitados, mas, a nossa prioridade tem que ser a salvação da humanidade através da pregação do Evangelho. Jesus disse: "De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?"


II – JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS


Desde o início do século XVII, após a reforma protestante, surgiram divergências entre os calvinistas e arminianos. Os calvinistas são os que seguem as teses do teólogo francês João Calvino e os arminianos, são os seguidores das teses defendidas pelo teólogo holandês Jacob Armínio. Os principais pontos de divergência são: a soberania de Deus e o livre-arbítrio humano; a possibilidade de resistir ou não à Graça de Deus; eleição condicional e incondicional; perseverança dos santos e possibilidade de perder a salvação; e o alcance da Obra de Cristo. Por quem Cristo morreu? Por todos, ou somente pelos eleitos? Se Cristo morreu por todos, por que todos não são salvos? É sobre este último ponto que vamos tratar neste tópico da lição desta semana. 


1. A nossa teologia. O comentarista da nossa lição, Pr. Esequias Soares, procura neste ponto, desvincular a teologia assembleiana dos teólogos reformadores, argumentando que a nossa teologia é fruto do estudo sistemático das Escrituras, principalmente nas nossas Escolas Bíblicas Dominicais (EBD) e Escolas Bíblicas de Obreiros (EBO) desde os primeiros anos da Assembléia de Deus. Diferente de outras denominações, a nossa Igreja não possuía seminários teológicos e havia muita relutância de alguns pastores mais antigos ao estudo teológico em seminários ou escolas teológicas. Entretanto, no que tange à doutrina do pecado e à doutrina da salvação, a Assembléia de Deus sempre se identificou com o arminianismo. 


2. Por quem Jesus morreu? Há duas posições teológicas entre os protestantes ou evangélicos, para responder a essa pergunta: Há o pensamento dos calvinistas, que defendem a expiação limitada, e o pensamento dos arminianos, que defendem a expiação ilimitada. O que isso significa? vamos ver resumidamente, os textos bíblicos e os argumentos usados por cada um. 


a) Expiação limitada. Este é o pensamento dos calvinistas. Eles afirmam que Cristo não morreu por todos os pecadores, morreu apenas pelos eleitos. Ou seja, Deus teria escolhido antes da fundação do mundo, aqueles que iria salvar e enviou o seu Filho para morrer apenas por eles. Para defender esse ponto de vista, usam textos bíblicos como: Mateus 1:21 (salvará o seu povo dos seus pecados); Mt 20:28 (resgate de muitos); Mt  26:28 (o seu sangue é derramado por muitos); João 10:14 (deu a vida pelas suas ovelhas) etc. Nós assembleianos rejeitamos esta interpretação, pois, isso seria incompatível com o caráter amoroso de Deus e impõe limites à Obra de Cristo. Além disso, há vários textos bíblicos que nos mostram que Deus amou o mundo inteiro e que Cristo morreu por todos os pecadores, como veremos a seguir.  


b) Expiação ilimitada. Este é o ponto defendido pelos arminianos, inclusive pela Assembléia de Deus. Afirmamos que Cristo morreu por todos, mas, o seu sacrifício só se torna eficaz se houver fé e arrependimento da parte do pecador. Antes, precisamos entender o que significa expiação. Deus é justo e não pode deixar o pecado impune. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte”. (Rm 6. 23a). Mas, Deus também é riquíssimo em misericórdia e providenciou um meio, para que o pecador possa ser reconciliado com Deus, através do sacrifício de Cristo. Sendo assim, expiação significa o pagamento pelos pecados cometidos, que permite a reconciliação do homem pecador com Deus, que é Santo.

A expiação feita por Cristo na Cruz foi por todos, ou apenas por alguns? Vamos aos textos bíblicos que provam que Cristo morreu por todos: 

“Cristo é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2); 

“...Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29b); 

“Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens”. (Tt 2.11); 

“O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (1 Tm 2.6); 

“... Este pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (Jo 6.51). (grifos meus).


A Bíblia é clara em vários textos, afirmando que Jesus veio trazer salvação a todos (Tt 2.11), morreu por todos (1 Jo 2.2) e nos mandou pregar o Evangelho a todos (Mc 16.15). Mas, nem todos serão salvos, como afirmam os universalistas. Serão salvos apenas os que crerem em Jesus e o receberem como o seu único e suficiente salvador. (Mc 16.16; Jo 3.18). A salvação está disponível a todos, mas, somente os que quiserem serão salvos. 


III. EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL


Lendo as páginas do Novo Testamento, principalmente o Livro de Atos dos Apóstolos, que nos conta os primeiros passos da Igreja Cristã, podemos perceber que tanto o evangelismo pessoal, quanto as missões local e transcultural eram as atividades principais da Igreja. Logo após a descida do Espírito Santo, os discípulos “encheram Jerusalém com a Doutrina de Cristo” (At 5.30). Depois, surgiu intensa perseguição e eles foram dispersos por Samaria e outras cidades e continuaram o trabalho de evangelização onde chegavam. Após a conversão de Saulo, em uma reunião de oração, na Igreja de Antioquia, o Espírito Santo chamou Saulo e Barnabé para a obra missionária. A partir daí, o Livro de Atos passa a relatar as viagens missionárias de Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo pelo mundo. 


1. Evangelização.  Evangelizar é comunicar o Evangelho aos perdidos, seja por meio de palavras, ações sociais ou testemunho de vida. Para uma evangelização eficiente é preciso que se tenha método e organização. Hoje, em plena era digital, com todos os recursos audiovisuais, ainda há pessoas que acham que evangelizar é pregar sozinho no meio de uma praça, sem que haja ninguém ouvindo. A mensagem do Evangelho não pode ser mudada, mas, o método utilizado deve ser aprimorado, de acordo com o local e a época. 


Há pelo menos quatro tipos de evangelização. Para cada um deles há métodos diferentes:  

a) Evangelização pessoal. É aquela que é feita mediante um diálogo com uma pessoa. Jesus usou este tipo de evangelismo com a mulher samaritana e com Nicodemos. 

b) Evangelização coletiva. É feita através de um discurso para uma platéia. Jesus também fez vários sermões para as multidões, pregando-lhes o Evangelho. 

c) Evangelização nacional. É feito percorrendo a nossa pátria de cidade em cidade, falando do Evangelho e plantando Igrejas. Jesus sendo judeu e vivendo como tal, falava no idioma da sua nação,  conhecendo bem o povo judeu e a sua cultura, Ele lhes comunicava a sua mensagem.  

d) Evangelização transcultural. Este modelo exige um pouco mais. Além de conhecer o Evangelho, nesse caso precisamos conhecer a cultura do outro país para onde estamos indo. Jesus também pregou a estrangeiros, como o servo do centurião romano, a mulher Siro-Fenícia e muitos samaritanos. 


2. As missões. Missão é a incumbência ou encargo de se executar algo, a pedido ou por ordem de outrem. No nosso caso, a missão é o trabalho de anunciar o Evangelho, que realizamos por ordem de Cristo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). Os apóstolos, na Igreja Primitiva, com poucos recursos e sob intensa perseguição dos judeus e dos romanos, se espalharam pelo mundo pregando o Evangelho. Existem vários tipos de missões: urbanas, rurais, escolares, em presídios, em hospitais, nacionais e transculturais. Para cada tipo de missão há diferenças no perfil do missionário, preparo, método e recursos utilizados.


3. Missões no Movimento Pentecostal. Os cristãos que foram impactados pelo poder do Espírito Santo, no chamado Movimento Pentecostal no início do século XX também se espalharam pelo mundo fazendo missões. Em 1910, dois jovens suecos que viviam nos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, foram direcionados pelo Espírito Santo para virem ao Brasil pregar o Evangelho. Sem conhecer o país, nem o idioma e com pouquíssimos recursos, eles desembarcaram em Belém-PA em 1910. Inicialmente, foram congregar na Igreja Batista. Mas, como eram pentecostais, foram expulsos e fundaram em 1911, a Missão da Fé Apostólica, que a partir de 1918 passou a se chamar Assembléia de Deus. 


4. Missões na Assembléia de Deus. Durante muito tempo, a Assembléia de Deus não se preocupava muito com o tema missões, embora tenha sido fruto de missões e, mesmo depois da sua fundação, teve o apoio de missionários americanos e suecos, como Bernard Johnson, Orlando Boyer, Eurico Bergstén e outros. Faziam apenas evangelização local e nacional. Nesse aspecto, trabalharam muito e levaram a mensagem pentecostal por todo o Brasil, principalmente em regiões pobres e excluídas. 

No final da década de 80, a Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil criou a EMAD (Escola de Missões das Assembléias de Deus) e a SEMADI (Secretaria de Missões da Assembléia de Deus). Na década de 90, houve em nossa Igreja um despertamento para a Obra missionária, na chamada década da colheita. O assunto missões passou a fazer parte dos cursos teológicos e em cada Assembléia de Deus, passamos a ter uma secretária de missões. A partir daí, aumentamos o número de missionários no Brasil e no exterior.  


5. O desafio hoje. Apesar de ter avançado bastante nos anos 80 e 90, a Igreja deu uma estacionada nos últimos anos, em relação à evangelização e às missões. Hoje há muitas pessoas querendo pregar para crentes nos templos e, principalmente, em congressos. Mas, o número de pessoas dispostas a evangelizar e fazer missões é muito pequeno. Jesus mandou os seus discípulos pregarem simultaneamente em Jerusalém (local), Judéia e Samaria (nacional) e nos confins da terra (transcultural). Precisamos avançar, pois há milhões de pessoas em todo o mundo, que nunca ouviram falar de Jesus. O desafio é enorme. Jesus disse que “a seara é grande e poucos são os ceifeiros”. (Lc 10.2). A voz do Senhor continua a ecoar: “A quem enviaremos e que há de ir por nós?” (Is 6.8). 


CONCLUSÃO


O número de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus ainda é muito grande. Sabemos pela Palavra de Deus que aqueles que morrerem sem Cristo estarão eternamente perdidos. Jesus nos salvou e nos comissionou para pregar o Evangelho a toda criatura. Esta é a principal tarefa da Igreja neste mundo. Tudo o que a Igreja fizer tem que contribuir de alguma forma para a evangelização e discipulado. 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


REFERÊNCIAS:


LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.

ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.360,361

AZA, Clímaco Bueno. Na Seara do Senhor. In: Mensageiro da Paz: Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal no Brasil. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.56,57.

VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...