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02 dezembro 2023

Em defesa da vida, contra a cultura da morte

Para a sociedade pós - moderna, que promove a cultura da morte, a vida perde a importância, dando lugar ao bem-estar e à suposta felicidade. Como cristãos, rejeitamos toda e qualquer cultura ou ideologia que atenta contra a vida humana, em qualquer etapa.

WELIANO PIRES


A vida humana é uma dádiva de Deus. No ato da criação do homem, Deus o formou do pó da terra. Em seguida, soprou em suas narinas e, assim, o homem passou a ter vida (Gn 2.7). Deus deu a vida ao ser humano, com a capacidade de se reproduzir. Mas, a nova vida gerada é um também um ato criativo de Deus e pertence a Ele: "Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz." (Sl 36.5).

A ideologia progressista promove através da cultura, da educação, da política, da economia e até por meio do poder judiciário a cultura da morte. Esta cultura maligna procura dessacralizar a vida de todas as formas, ferindo a Ética Cristã, que defende que a vida é sagrada em qualquer fase, pois pertence a Deus e cabe única e exclusivamente a Ele decidir sobre ela. 

Neste projeto ideológico da cultura da morte, a vida perde a importância, dando lugar ao bem-estar e à suposta felicidade. Neste plano egoísta, estimula-se a chamada eugenia, que é o conceito de que só os fortes e perfeitos devem sobreviver. Eugenia é a seleção dos seres humanos com base em suas características hereditárias com o objetivo de 'melhorar' as gerações futuras. Esta palavra tem origem grega e significa "bem nascido". 

Há dois tipos de eugenia: a eugenia negativa e a positiva. A negativa propõe que pessoas com alguma "limitação", doença hereditária, ou mesmo pessoas de etnias diferentes como judeus, negros, ciganos e outras, não se reproduzam, para "melhorar" as futuras gerações. Esta aberração chegou a ser constitucional nos Estados Unidos. A eugenia positiva, por sua vez, consiste em aplicar a teoria da seleção natural, de Charles Darwin, aos seres humanos. Com isso, busca promover a reprodução de pessoas consideradas "aptas" a se reproduzirem. 

Na Alemanha, Adolf Hitler tinha a ideia maligna de raça superior, chamada ariana, e não se limitou a esterilizar pessoas de raças consideradas inferiores para não se reproduzirem, mas colocou em prática o extermínio em massa de várias etnias como os judeus, ciganos, negros, etc. Hitler tinha em mente a idéia de "purificar" a sociedade alemã, de seres indesejáveis como deficientes pacientes esquizofrênicos, epiléticos, paralíticos e psicopatas. Para isso, elaborava listas destas pessoas e as transferia dos hospitais para os centros de eutanásia, onde eram mortos através da inalação de gases tóxicos. 

A cultura da morte atual, de forma dissimulada, promove também a eugenia, através do descarte de bebês que tenham um diagnóstico de que apresentarão algum problema crônico de saúde como microcefalia, anencefalia e outros. Promovem também a eutanásia, que é a prática colocar fim à vida de pessoas portadoras de doenças incuráveis e prolongadas, para evitar o sofrimento do paciente, a pedido do próprio paciente ou da família. Alguém pode achar que a comparação com o nazismo é desproporcional, mas, a idéia é a mesma, eliminar seres humanos indesejáveis, considerados obstáculos aos projetos egoístas e desumanos. 

A sociedade pós-moderna, que é totalmente anticristã e busca desconstruir os valores judaico-cristãos, criou-se também a ideia de que o ser humano deve ter autonomia absoluta sobre o próprio corpo. Nessa perspectiva, alegando a laicidade do estado e os direitos individuais, defendem a legalização das drogas, da prostituição, da eutanásia, do suicídio, da mutilação, do aborto, e de pesquisas com células tronco embrionárias que depois são descartadas.

Os defensores destas liberdades criaram o slogan "meu corpo, minhas regras", como defesa da liberdade de fazer o que quiserem com o corpo, inclusive decidir sobre a própria sexualidade e a vida. Ocorre que, mesmo sendo livre para fazer as suas escolhas, o ser humano não é dono do próprio corpo para profaná-lo e destruí-lo como quiser. O corpo humano foi criado por Deus e recebeu dele o fôlego de vida. Nós não escolhemos as características genéticas, a família onde nascemos, quando nascemos ou quando iremos morrer. Logo não somos donos do corpo.   

No caso do aborto, não é o corpo da mãe que está em discussão e sim, um novo ser que está em seu ventre. Matar um ser humano não é, nem pode ser, uma decisão da mulher. O novo ser humano que foi gerado não é uma extensão do corpo da mãe e não tem culpa das circunstâncias que o levaram a ser gerado. Portanto, não pode pagar com a vida pelas decisões erradas de outrem.

A palavra aborto deriva do latim “abortus”, que é a junção de de dois termos latinos “Ab”, que significa "privação', e “ortus” que significa "nascimento". Portanto, aborto é significa literalmente a privação ou impedimento do nascimento. O aborto pode ser espontâneo, ou seja, por causas naturais e acidentais, que independem das ações humanas. Mas, pode ser também provocado por meios de substâncias abortivas ou instrumentos perfurantes, com o intuito de interromper o processo de gestação. O aborto provocado, independente das circunstâncias, é um dos assassinatos mais covardes, pois a vítima além de ser inocente, não tem nenhuma chance de se defender. 

No Brasil, o aborto provocado ainda é considerado crime. O artigo 124 do Código Penal prevê pena de detenção, de um a três anos, para quem "provocar aborto em si mesma ou consentir que outra pessoa o provoque". No caso do aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, o artigo 125 prevê pena de reclusão, de três a dez anos. Já o artigo 126 prevê pena de um a quatro anos, para quem  provocar aborto com o consentimento da gestante. O código penal de 1940 coloca como exceções apenas os casos de gravidez proveniente de estupro e quando há risco para a vida da mãe. 

Já houve várias tentativas de descriminalização do aborto, por iniciativa de parlamentares de esquerda. Mas foram rejeitadas pelo Congresso Nacional. Entretanto, em 2012 o Supremo Tribunal Federal, extrapolando as suas prerrogativas constitucionais, mudou a lei e permitiu o aborto de bebês anencéfalos. Depois, em 2016, a primeira turma do STF, de novo resolveu legislar e decidiu que aborto nos primeiros três meses de gestação, não deve ser considerado crime. Esta decisão, no entanto, valeu apenas para o caso julgado naquela ocasião. Há outro pedido do PSOL, para descriminalização do aborto no STF, aguardando julgamento. 

A posição da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) é totalmente contrária ao aborto em quaisquer circunstâncias. Em audiência pública, realizada em 2020 no STF, o pastor Douglas Roberto de Almeida representou a CGADB e afirmou categoricamente que "legalizar o aborto é legalizar o assassinato de um ser indefeso e inocente no ventre da mãe”. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico, quando trataremos da sacralidade da vida e da posição cristã a esse respeito. 

Quando falamos que defendemos a vida e, por conseguinte, somos contra o aborto, os defensores desta prática dizem que um embrião ou feto não é uma vida, é apenas um amontoado de células no útero da mãe. Por causa disso, há muitas discussões filosóficas, jurídicas, religiosas e biológicas sobre o início da vida humana. Alguns acham que o direito à vida deve ser concedido apenas após o nascimento e aos que podem ter “uma vida digna”. 

O que é a vida? Quando ela começa? Paula Gabriella Ribeiro Dorigatti de Alencar, em um artigo denominado "O direito à vida - Âmbito jurídico", dá a seguinte definição resumida para vida: 

É o processo pelo qual os seres vivos são com uma parte, ao lapso de tempo entre a concepção e a sua morte, é uma entidade que nasceu e ainda não morreu, e é isto que faz com que este ser esteja vivo." 

Sobre o início da vida, não há dúvida de que ela começa na concepção. PAULO GUSTAVO GONET BRANCO, diz em seu livro Curso de Direito Constitucional, publicado pela Editora Saraiva

“O elemento decisivo para se reconhecer e se proteger o direito à vida é a verificação de que existe vida humana desde a concepção, quer ela ocorra naturalmente, que in vitro. O nascimento é um ser humano. Trata-se, indisputavelmente, de um ser vivo, distinto da mãe que o gerou, pertencente à espécie biológica do homo sapiens. Isso é bastante para que seja titular do direito à vida – apanágio de todo ser que surge do fenômeno da fecundação humana”. 


Do ponto de vista bíblico, que é o que mais interessa a nós, os cristãos, a vida tem início no momento da fecundação. Falando ao profeta Jeremias, o Senhor disse: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta." (Jr 1.5). Na mesma linha de pensamento, o salmista diz no Salmo 139.15,16: "Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia."

Sendo Deus o doador da vida, Ele proibiu expressamente na Lei mosaica, que o ser humano tirasse a vida. O sexto mandamento diz: “Não matarás” (Êx 20.13).  Deus valoriza tanto a vida, que Ele determinou que, aquele que matar uma pessoa deve ser punido com a morte: "Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado." (Gn 9.6). "E quem matar a alguém certamente morrerá." (Lv 24.17). Na mesma Lei que Deus deu o mandamento para não matar, Ele ordenou também que, aquele que matasse deveria ser morto. 

A vida humana é inviolável em qualquer fase. O primeiro dos direitos da pessoa humana é  direito à vida, pois sem ele, os demais não farão nenhum sentido. Do que adiantaria alguém ter direito à liberdade, ao trabalho, à propriedade, etc., se não estiver vivo para desfrutar destes direitos? Portanto, antes de falarmos em direito das mulheres, direito à liberdade, direito de decidir, precisamos falar sobre o direito à vida que o bebê que está no ventre da mãe deve ter. 

A posição da Igreja Cristã, em qualquer tema, será sempre fundamentada na Palavra de Deus, que é o nosso manual de doutrina e conduta. Como vimos acima, a Bíblia deixa claro que Deus é o autor da vida e que ela começa na fecundação. Portanto, defendemos que a vida é sagrada e inviolável desde a sua concepção. Por conseguinte, rejeitamos toda e qualquer cultura ou ideologia que atenta contra a vida humana, em qualquer etapa dela, desde a fecundação até à morte natural, deve ser combatida pela Igreja Cristã. 

Nós, os cristãos, somos radicalmente contrários ao aborto em qualquer circunstância. Numa gravidez, os abortistas vêem apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi fecundado no ventre da sua mãe, e foi também um embrião e um feto. Somos igualmente contrários à eutanásia, à eugenia, ao suicídio, à tortura e a qualquer tipo de atentado à vida humana. Quem pratica ou apoia estas coisas, não pode ser considerado cristão. 

Ninguém se engane, Deus irá requerer todo sangue inocente que foi derramado na terra. Muitos assassinos escaparam dos flagrantes, ou se beneficiarem de brechas das leis e escaparam da punição das leis humanas. Mas não escaparão da Justiça de Deus, no juízo final, quando todos os ímpios serão julgados e condenados pelo Justo Juiz. Ali não haverá propinas, habeas corpus, prescrição de penas, e chicanas ou filigranas jurídicas para absolver assassinos. 


Weliano Pires é evangelista da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos-SP; bacharel em teologia, articulista, blogueiro evangélico e professor da Escola Bíblica Dominical. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 60-71.

ANDRADE, Claudionor de. As novas Fronteiras da Ética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 70-71

LIMA, Elinaldo Renovato. Ética cristã: Confrontando as questões do nosso tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.138-39.

https://adalagoas.com.br/noticias/15482/voce-conhece-o-posicionamento-das-assembleias-de-deus-sobre-o-aborto. 

O direito à vida - Âmbito Jurídico - Educação jurídica gratuita e de qualidade: www.ambitojuridico.com.br

BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p.445.

28 outubro 2020

Lição 5: O lamento de Jó

 


Data: 01 de Novembro de 2020.

TEXTO ÁUREO:
“Porque antes do meu pão vem o meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água” (Jó 3.24).

VERDADE PRÁTICA:
“O sofrimento pode nos levar a situação de extrema angústia, mas não devemos perder a esperança no agir de Deus.”

HINOS SUGERIDOS: 256, 271 e 578 da Harpa Cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 3.1-26.

1 — Depois disto, abriu Jó a boca e amaldiçoou o seu dia.
2 — E Jó, falando, disse:
3 — Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!
4 — Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz!
5 — Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; negros vapores do dia o espantem!
6 — A escuridão tome aquela noite, e não se goze entre os dias do ano, e não entre no número dos meses!
7 — Ah! Que solitária seja aquela noite e suave música não entre nela!
8 — Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para fazer correr o seu pranto.
9 — Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha; e não veja as pestanas dos olhos da alva!
10 — Porquanto não fechou as portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira.
11 — Por que não morri eu desde a madre e, em saindo do ventre, não expirei?
12 — Por que me receberam os joelhos? E por que os peitos, para que mamasse?
13 — Porque já agora jazeria e repousaria; dormiria, e, então, haveria repouso para mim,
14 — com os reis e conselheiros da terra que para si edificavam casas nos lugares assolados,
15 — ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata;
16 — ou, como aborto oculto, não existiria; como os crianças que nunca viram o luz.
17 — Ali, os maus cessam de perturbar; e, ali, repousam os cansados.
18 — Ali, os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do exator.
19 — Ali, está o pequeno e o grande, e o servo fica livre de seu senhor.
20 — Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo,
21 — que esperam o morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos;
22 — que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura?
23 — Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?
24 — Porque antes do meu pão vem o meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água.
25 — Porque o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu.
26 — Nunca estive descansado, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.

COMENTÁRIO

RELEMBRANDO A LIÇÃO ANTERIOR

Estudamos na lição passada, O DRAMA DE JÓ, com os seguintes pontos: 
  • A tragédia de natureza econômica: Jó foi atingido tanto na esfera comercial quanto na esfera do campo;
  • A tragédia de natureza familiar: Jó perdeu dez filhos em um só dia e, para piorar, a sua esposa o aconselhou a abandonar a fé em Deus e morrer;
  • A tragédia de natureza física e psicológica: Além de perder bens e familiares, a tragédia atingiu a saúde física e mental de Jó.

NESTA LIÇÃO ESTUDAREMOS: O LAMENTO DE JÓ

Veremos nesta lição os seguintes pontos: 

  • O início da parte poética do Livro de Jó, que começa no capítulo 3 e vai até ao capítulo 42 e versículo 6. 
  • No auge do seu sofrimento, Jó exprime de forma poética um profundo lamento, extravasando os seus sentimentos;
  • Jó, em profunda angústia, desejou a morte como uma forma de escapar dos sofrimentos terríveis a que foi submetido. Porém, jamais falou em suicídio, ou tentou fazê-lo. Ele desejou que Deus, o autor da vida tivesse evitado o seu nascimento.
  • A lição nos apresenta três perguntas do lamento de Jó: Por que nasci? Por que não nasci morto? Por que continuo vivo? 
  • O lamento de Jó representa as pessoas que estão em situações de desespero e  não veem nenhuma saída.

I. PRIMEIRO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NASCI? (3.1-10)

Este primeiro lamento de Jó revela o seu desejo de esquecer o dia em que ele nasceu. Embora esta pergunta não esteja registrada diretamente no lamento de Jó, analisando as suas palavras é possível perceber que foi isso que ele quis dizer. 
1. “Por que nasci?”. Jó não blasfemou contra Deus, conforme o inimigo sugeriu que ele faria. Também não atribuiu a Deus nenhuma falta. Mas, no auge do seu desespero, de forma poética, Jó amaldiçoou o dia do seu nascimento, questionando a razão de haver nascido, para sofrer tanto. O profeta Jeremias também, diante de intenso sofrimento, amaldiçoou o dia do seu nascimento. (Jr 20.14-18).
Em nossos dias também há muitas pessoas que diante do sofrimento desejariam nem tem nascido. Mas, é importante lembrarmos que Deus é o dono da vida. Cabe a ele decidir quem nasce. É por isso que somos radicalmente contra o aborto.
2. Que em lugar da memória viesse o esquecimento. Jó desejou que em vez de celebração pelo dia do seu nascimento, deveria haver esquecimento. Ele usa o estilo literário da poesia, para extravasar os seus sentimentos de profunda angústia. Os sentimentos de Jó, expressos neste lamento, mostram que ele estava em profunda depressão. É natural, em uma situação dessa, a pessoa perder a auto estima e perder a vontade de de viver. 
3. Que em vez da ordem viesse o caos. Jó utiliza a figura do tenebroso animal marinho, chamado leviatã, para expressar o momento terrível em que estava vivendo. É como se alguém despertasse este terrível animal e fosse por ele perseguido.
Em sua poesia, Jó deseja que Deus não tivesse feito aquele dia, pois, dessa forma, ele não teria nascido para sofrer tanto. 
O comentarista chama a atenção para o Novo Testamento, que nos mostra que nos momentos de angústia e aflição, devemos colocar os nossos lamentos perante o Senhor aos pés da cruz. Ele cita o caso de Maria, irmã de Lázaro, que disse a Jesus que “se Ele estivesse lá, o seu irmão teria morrido.” (Jo 11.32). Mas, é interessante lembrar que Jó não tinha esta compreensão e esperava em Deus somente nesta vida. O apóstolo Paulo disse que “se esperarmos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Co 15.19). 

II. SEGUNDO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NÃO NASCI MORTO? (3.11-19)

Neste segundo lamento, Jó revela o seu desejo de ter sido abortado. Ele questiona porque os joelhos a parteira e os peitos que o amamentaram não falharam. A partir do versículo 11, Jó deixa de amaldiçoar e passa a reclamar. 
1. Descansando em paz. Diante de tantos sofrimentos e perdas, Jó desejou ter nascido morto, pois, teria sido poupado de tanto sofrimento. Os sofrimentos, muitas vezes nos impedem de raciocinar. Jó vivera muitos momentos bons e de felicidade, antes deste momento dramático em que estava vivendo. Ele foi feliz e fez muita gente feliz. Mas, o sofrimento o fez esquecer de tudo isso e desejar nem ter nascido. 
Embora Jó ainda não tivesse conhecimento da ressurreição dos mortos, ele tinha a concepção de que a morte seria um descanso para o seu imenso sofrimento. Muitas pessoas hoje, diante do sofrimento, também pensam a mesma coisa: É melhor morrer do que continuar sofrendo. Mas, é importante lembrar que a morte só é melhor se a pessoa que está sofrendo morrer com Cristo. Mesmo sofrendo muito, se a pessoa morrer sem Cristo, a sua situação será infinitamente pior. É importante lembrar que ninguém será salvo por causa do sofrimento. 
2. Livre de tribulações. Quanto mais aumenta o sofrimento de Jó, mais ele continua com o seu argumento de que se não existisse, seria melhor. A palavra hebraica traduzida por “natimorto”, ou “aborto oculto”, é “nephel” e refere-se a um aborto espontâneo e não um aborto provocado. Em momento algum, Jó defende a prática do aborto como forma de evitar o sofrimento. Ele desejou que Deus, como dono da vida, tivesse evitado que ele viesse ao mundo.
3. Uma realidade para o cristão. Ao contrário do que dizem os pregadores da teologia da prosperidade, o Novo Testamento nos ensina que nesta vida o cristão passa por muitas tribulações, aflições, perseguições e até morte por amor a Cristo. (João 16.33; Filipenses 4.11,12; 1 Timóteo 3.8,9). 

III. TERCEIRO LAMENTO DE JÓ: POR QUE CONTINUO VIVO? (3.20-26)

1. Vale a pena viver? No versículo 20, Jó pergunta "Por que se dá ao miserável e vida aos amargurados de ânimo?". A palavra hebraica "anel" refere-se a alguém atribulado pela miséria, a ponto de não conseguir realizar as suas atividades. Com isso, Jó estava dizendo que a sua vida se tornou insuportável. 
A vida é um dom de Deus. Cabe única e exclusivamente a Ele, decidir o dia de nascer e de morrer. Por isso, somos contra o aborto e a eutanásia. Não podemos aceitar a ideia de que a vida de quem sofre ou dos miseráveis deve ser interrompida. Deus está no controle de tudo e Ele sabe se momento certo de colocar fim em nossa casa existência terrena. 
2. Sem o favor de Deus? Jó pergunta também, "por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto e quem Deus o encobriu?". A palavra hebraica traduzida por caminho é "dereke" e refere-se ao caminho da sabedoria de Deus, que conduz à vida. Por isso, Jó não entendia o fato de Deus ter escolhido para ele o sofrimento. Ainda hoje, muitas pessoas fazem este questionamento: por que um Deus que é bom e ama o ser humano, permite o sofrimento?
3. Um caminho de sabedoria e maturidade. Nem sempre iremos compreender as ações de Deus e as suas razões. Mas, devemos confiar total e incondicionalmente nele. A fé é exatamente isso, a confiança inabalável em Deus, sabendo que Ele é fiel e sabe o que faz. 

CONCLUSÃO

Lamentar e chorar, diante do sofrimento não é falta de fé. Até Jesus chorou e ficou profundamente angustiado. Muitas pessoas tentam abafar o lamento, para não parecerem fracas diante das  adversidades. Mas, isso não faz bem ao corpo, nem à alma. 
Jó era um homem íntegro, justo, temente a Deus e que se desviava do mal. Mesmo assim, diante do sofrimento terrível que passou, ele fez um profundo e sincero lamento e Deus não o recriminou. Entretanto, em seu lamento, Jó não blasfemou e não tentou o suicídio. Ele desejou que Deus tivesse evitado que ele nascesse. Elias também, diante da perseguição implacável de Jezabel, desejou a morte. Mas, neste momento Deus o confortou.
Se você está sofrendo, clame ao Senhor. Busque o consolo de Deus que Ele nos ama e nos ampara nos momentos difíceis. Confiemos nele, pois, Ele sabe o que faz. 

Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembleia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP. 

REFERÊNCIAS
Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 
Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico
Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.34).


VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...