Comentário do 2° tópico da lição 5: Como ler as Escrituras)
Os críticos do Pentecostalismo costumam nos acusar de valorizar mais a experiência do que a Palavra de Deus, ou colocá-la em pé de igualdade com ela. Entretanto, estas acusações não têm fundamento, pois o Movimento Pentecostal nasceu sob a égide das Escrituras e da oração. Não se deve confundir Pentecostalismo com Neopentecostalismo ou aberrações de pessoas que não conhecem a Palavra de Deus.
1. Autoridade da Bíblia. Na lição 1, estudamos sobre a autoridade da Bíblia. Vimos naquela lição que a Bíblia é de origem divina. Ela é a revelação escrita que Deus fez de Si mesmo à humanidade. Falamos também sobre autenticidade e supremacia das Escrituras. Portanto, ao lermos as Escrituras, a primeira coisa que devemos ter em mente é que ela tem autoridade absoluta, pois é a inerrante, infalível e inspirada Palavra de Deus.
Quando falamos de autoridade, devemos lembrar que somente Deus tem autoridade absoluta, pois Ele é o Criador de todas as coisas e, portanto, o Soberano do universo. Toda autoridade no Céu e na Terra pertence a Ele. Se alguém possuir alguma autoridade, ela foi concedida por Deus. Ao interrogar Jesus e ver que ele não lhe respondia, Pilatos indagou:
– Não respondes a mim? Não sabes que tenho autoridade para soltar-te, ou para mandar crucificar-te? (Jo 19.10)
Jesus lhe respondeu:
– Nenhuma autoridade terias contra mim, se não fosse concedida por meu Pai. (Jo 19.11).
Portanto, a Palavra de Deus tem autoridade absoluta e não pode jamais ser questionada, relativizada ou desobedecida. Quem faz isso, peca contra Deus.
2. A iluminação do Espírito Santo. O segundo pressuposto pentecostal para ler a Bíblia é a doutrina da iluminação do Espírito Santo. Nós pentecostais cremos que a Bíblia é a revelação escrita de Deus, produzida mediante a inspiração do Espírito Santo de Deus. Portanto, para se compreender esta revelação, precisamos da iluminação do Espírito Santo. A Bíblia não é um livro humano, para ser entendida somente através do intelecto humano na academia.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios declarou: "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." (1 Co 2.14). Então, sendo a Bíblia a revelação de Deus, só é possível compreendê-la, mediante a ação do Espírito Santo em nossa mente.
Entretanto, é preciso destacar que a iluminação do Espírito Santo para compreendermos as Escrituras não se trata de uma nova revelação ou nova inspiração divina. A Palavra de Deus é completa e suficiente. O Espírito Santo nos ajuda a compreender aquilo que já foi revelado. Paulo escreveu que "ainda que um dos apóstolos ou mesmo um anjo anunciasse outro Evangelho, além daquele que ele havia anunciado, deveria bater considerado anátema." (Gl 1.8).
3. O valor da experiência. Somos chamados de pentecostais, porque acreditamos que aquilo que aconteceu com os discípulos no dia de Pentecostes, é válido para os nossos dias. Cremos na atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. A base para a nossa crença, no entanto, não é a experiência ou uma nova revelação, como fazem algumas seitas, mas a própria Bíblia: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39).
As doutrinas bíblicas devem ser vivenciadas pela Igreja de Cristo. O Cristianismo não é uma religião de discursos filosóficos e moralistas. O Espírito Santo passa a morar naqueles que crêem Jesus e opera os milagres na vida deles: o novo nascimento, a santificação, o Fruto do Espírito e concede dons espirituais, visando aquilo que for útil: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” (1 Co 12.7).
As experiências ou mesmo os dons espirituais, no entanto, não podem ser equiparados à Palavra de Deus. Os dons espirituais podem e devem ser julgados pela Igreja (1 Co 12.10; 14.29; 1 Jo 4.1). Mas, a Palavra de Deus tem completa autoridade sobre a Igreja e não pode jamais ser julgada ou questionada. Os verdadeiros pentecostais interpretam as experiências ou manifestações espirituais à luz das Escrituras e não o contrário. Toda e qualquer experiência, milagre ou manifestação espiritual que não estiverem de acordo com as Escrituras devem ser rejeitados.
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 481.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, págs..46,48.
REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.
Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.
Pb. Weliano Pires