31 março 2022

A ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE

Comentário do 1⁰ tópico da  LIÇÃO 01: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus

Neste primeiro tópico, veremos por que este discurso de Jesus é chamado de Sermão do Monte e trataremos dos aspectos geográficos deste monte. Falaremos resumidamente sobre os tópicos deste sermão, pois o estudaremos mais detalhadamente, nas lições seguintes. Falaremos também a respeito dos destinatários do Sermão do Monte. 


1- Por que Sermão do Monte? A designação "Sermão do Monte" foi aplicada primeiro por Agostinho de Hipona, por volta de 400 d.C., em seu comentário em latim, sobre os capítulos 5 a 7 de Mateus. Mateus declara que "Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos". (Mt 5.1).


Não se sabe ao certo, onde está situado este monte, se seria o mesmo monte que se visita atualmente e é chamado de "o Monte das Bem aventuranças", que é a escarpa do Mar da Galiléia, a sudoeste de Cafarnaum, onde há uma igreja católica atualmente. Deduz-se, no entanto, que este monte fica na Galiléia, nas proximidades de Nazaré, Cafarnaum e Caná da Galiléia, pois foi ali que o Senhor Jesus iniciou o seu ministério. 


Enquanto Mateus diz que Jesus "subiu a um monte", Lucas diz: "E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus discípulos…" (Lc 6.17a). Os céticos apontam contradição no texto bíblico. Segundo o comentário bíblico de William Hendriksen, Jesus teria proferido o seu discurso em um planalto, numa superfície plana e, posteriormente, desceu e curou vários enfermos na parte de baixo.


Outros teólogos, no entanto, dizem que trata-se de dois discursos, sendo um no monte, relatado por Mateus e outro na planície, relatado por Lucas, onde Jesus repetiu algumas partes do primeiro. O Pr. Osiel Gomes, no Livro de apoio ao trimestre, argumenta que "boa parte do que consta em Mateus não aparece em Lucas. Enquanto em Mateus encontram-se 107 versículos, Lucas menciona somente 30 destes, além do fato de que há 47 versos de Mateus que não tem qualquer ligação com Lucas."


2- A estrutura do Sermão do Monte. Alguns estudiosos entendem que a designação "sermão" é descabida para estes discursos de Jesus. Estes discursos de Jesus no monte, cobrem um grande número de temas e num único sermão, proferido de uma só vez, dificilmente aconteceria isto. Por esta razão, alguns sugerem que Jesus fez vários discursos sobre vários temas e não um único sermão. 


A estrutura destes discursos de Jesus se divide em cinco temas principais:


a) As Bem-Aventuranças (5.3-12). São oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que são mansas, misericordiosas, humildes de espírito, limpas de coração, choram, têm fome e sede de justiça, são pacificadoras e perseguidas. Observando estas virtudes podemos notar que elas são idênticas ao Futuro do Espírito Santo. Logo, só podem esboçá-las, aqueles que nasceram de novo. Falaremos mais sobre as bem-aventuranças no próximo tópico.


b) Sal e luz (5.13-16). As figuras do sal e da luz, usadas por Jesus neste texto, mostram que o cristão é diferente do mundo, assim como a luz é oposta às trevas. Entretanto, está intimamente relacionado com as pessoas, assim como o sal se mistura aos alimentos, dando-lhes sabor e preservando-os. Este será o assunto da nossa próxima lição. 


c) Jesus é o cumprimento da Lei (5.17-48). Nesta seção do Sermão do Monte, o Senhor Jesus explica que Ele não veio abolir a Lei, mas sim cumpri-la. A palavra grega "plerosai", traduzida por "cumprir" neste texto, significa "encher" ou completar. Isso indica que Jesus veio completar a lei, não abolir. O Mestre aponta para as interpretações equivocadas da lei, por parte dos escribas e fariseus, que valorizavam apenas o legalismo e o exterior. Os temas abordados são: homicídio, adultério, divórcio, juramentos, retaliação e amor ao próximo. Estudaremos este assunto em detalhes na lição 3. 


d) Os atos de justiça (6.1-18). Nesta seção o Senhor fala sobre as esmolas, a oração e o jejum. O Mestre contrasta a prática judaica destes atos, que faziam isso publicamente, com o objetivo de serem vistos e se auto justificarem. Jesus explica que a esmolas devem ser feitas discretamente; a oração deve ser também deve ser um diálogo entre o crente e Deus, sem a necessidade de se mostrar e tendo o perdão aos ofensores como condição para se obter o perdão de Deus; o jejum, por sua vez, deve feito secretamente, sem mostrar-se contristado para as pessoas não perceberem. 


e) Declarações de sabedoria (6.19-7.27). Nesta seção final do Sermão do Monte, o Senhor apresenta temas variados, mostrando um modo de vida sábio: a prioridade do ajuntamento de tesouros no Céu, em contraste aos tesouros passageiros deste mundo; a candeia do corpo que são os olhos; ninguém pode servir a dois senhores; a inútil ansiedade sobre o que comer, beber e vestir; o pré julgamento sobre os pecados alheios; a recomendação para não entregar as coisas de Deus aos zombadores e profanos; a recomendação para insistir na oração, pois Deus é bom e sabe dar coisas boas aos seus filhos; a regra áurea: trate os outros da forma que gostaria de ser tratado; as figuras que ilustram o bem e o mal: os dois caminhos, duas portas, os dois frutos e os dois fundamentos. 


3- A quem se destina o Sermão do Monte? Há muitas discussões e controvérsias sobre a destinação e aplicação dos princípios ensinados por Jesus nestes discursos. Muitos dizem que este padrão é muito elevado e serviria apenas para mostrar a insuficiência humana em cumpri-los. Outros dizem que estes ensinos, por sua elevação, estão restritos a pessoas especiais que vivem isoladas e buscam a perfeição. Há ainda os que dizem que estes ensinos estão relacionados ao futuro e são destinados aos súditos do Reino milenial de Cristo. Uma das piores distorções deste sermão é aplicação dele ao chamado "evangelho social". Segundo os adeptos desta teoria, o Sermão do Monte não se refere a um padrão de santidade, mas apenas a uma questão humanitária de assistencialismo aos necessitados. 

Inicialmente, o sermão foi direcionado aos discípulos de Jesus que estavam com Ele naquele momento (Lc 6.20). Depois, Jesus o direcionou à multidão (Mt 7.27). Entretanto, o sermão é um padrão de santidade que se destina a todos os que nasceram de novo. Pelos esforços humanos, ele é inatingível. Somente mediante a ação do Espírito Santo é que o ser humano se torna nova criatura e produz estes frutos (Gl 5.16,22).


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 15-21.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. pág. 342.

ROBERT H. MOUNCE. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Baseado na Edição Contemporânea de Almeida. Editora Vida Nova. pág. 48-49.

SPROUL, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pág. 57-58.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 9-10.

TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pág. 368-369.


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Pb. Weliano Pires

29 março 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 01: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus


Graças a Deus, após estudar o primeiro trimestre falando sobre a Supremacia das Escrituras, nos aprofundando mais sobre a Doutrina das Escrituras Sagradas, iniciamos agora um novo trimestre de estudos bíblicos. Desta feita, estudaremos o famoso Sermão de Jesus, conhecido como Sermão do Monte, ou Sermão da Montanha. Este sermão representa a essência dos ensinos de Jesus.


No ano de 2001, portanto, há 21 anos, estudamos este sermão em nossa Escola Bíblica Dominical, comentado pelo renomado pastor e escritor, Geremias do Couto, com o tema: Sermão do Monte: A transparência da vida cristã. Na ocasião, o pastor Geremias do Couto apresentou este sermão como "as vigas mestras dos ensinos de Jesus", e "um ideal de vida de todos quantos desejam sinceramente praticar o cristianismo bíblico."


Agora, a CPAD retorna a este importantíssimo tema, com  comentários  do renomado pastor Osiel Gomes, que é escritor, comentarista de Lições Bíblicas em outros trimestres, conferencista e líder da Assembleia de Deus, em Tirirical (São Luís/MA).


Nesta lição, como de costume, estudaremos três tópicos:


No primeiro tópico falaremos sobre a estrutura do Sermão do Monte. Veremos por que este discurso de Jesus é chamado de Sermão do Monte e os aspectos geográficos deste monte. Faremos também um pequeno resumo sobre os tópicos deste sermão, pois o estudaremos mais detalhadamente, nas lições seguintes. Por último, falaremos a respeito dos destinatários do Sermão do Monte. 


No segundo tópico, veremos as bem-aventuranças e o caráter cristão. Discorreremos sobre as definições grega e hebraica da palavra traduzida por "bem-aventurado". Falaremos também sobre a definição e o caráter do Reino de Deus. Por último veremos quem são os súditos do Reino de Deus, com base nas qualidades descritas por Jesus no Sermão do Monte. 


No terceiro tópico veremos que somos bem-aventurados. Veremos neste tópico que o salvo em Cristo vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo.


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Pb. Weliano Pires


25 março 2022

É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13:  A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ)

O mundo hoje está cada vez mais digital e as pessoas querem respostas rápidas para tudo. Quando querem saber de alguma coisa, recorrem ao Google e perguntam o que querem, sem se dar sequer ao trabalho de digitar. Apertam o microfone, falam o que querem saber e o site de pesquisas fornece várias opções, sejam endereços, definições, reportagens, etc. 


Antigamente, as pessoas iam às bibliotecas municipais e abriam os livros para fazerem as suas pesquisas. Outros tinham em casa uma Enciclopédia Britânica, para pesquisar sobre vários assuntos. As notícias, os classificados e as publicações em geral, eram feitos em jornais e revistas impressas. Então, naturalmente, as pessoas eram forçadas a ler. Quem não lia, ficava desatualizado e desinformado.


Com o advento da internet, muitas destas publicações foram para a web e, portanto, é possível ler muito mais. Entretanto, com a facilidade dos vídeos, podcasts e fotos, muitos perderam o interesse pela leitura e querem tudo pronto. Infelizmente, muitas pessoas na atualidade não gostam ou tem preguiça de ler. Quando publicamos um texto com mais de cinco linhas, a maioria das pessoas não lêem. Até um certo ex-presidente da República e ex-presidiário, em entrevista no passado, confessou que não gosta de ler, “porque é muito preguiçoso”


Esta preguiça de ler e a busca por respostas prontas e curtas, também chegaram ao meio evangélico. Muitos evangélicos atualmente usam a Bíblia apenas nos templos. Mesmo assim, é possível perceber que alguns nem abrem a Bíblia durante as leituras e pregações. Um número muito grande de evangélicos, inclusive pastores, nunca leram a Bíblia inteira. O resultado disso é trágico. Há um analfabetismo bíblico enorme em nosso meio. A prática da leitura bíblica deve ser um exercício diário para o cristão. Isso, claro, deve ser feito com disciplina, devoção e estudo. 


1 - A leitura e a disciplina cristã. Quando se fala em disciplina no meio evangélico, muitos imaginam que seja castigo ou punição, pois há a disciplina no sentido de suspensão da comunhão da Igreja. Mas, não é neste sentido que estamos falando aqui. 


A palavra disciplina vem do latim "disciplina'' que significa instrução, ensino e educação que uma criança recebia de um mestre. Mas, tem vários significados. Segundo o dicionário Michaellis, disciplina significa também: um regime de submissão às normas ditadas pelos superiores; observância estrita das regras e regulamentos de uma organização civil ou estatal; comportamento exemplar; área de conhecimento ensinada ou estudada em uma faculdade  ou colégio; obediência às normas convenientes para o bom andamento dos trabalhos; mortificação imposta por má conduta.


Em provérbios, por exemplo, a palavra disciplina é usada com o sentido de correção e repreensão, principalmente, em relação aos filhos: “Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo”. (Pv 13.24). Entretanto, a palavra disciplina no contexto que estamos estudando aqui, está relacionada a ordem, obediência a regras e abnegação. Neste sentido, a disciplina se refere a alguns princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa.


O apóstolo Paulo usa três exemplos para ensinar sobre disciplina: 

a. Um soldado, que sofre aflições em seu treinamento rigoroso (2 Tm 2.3); 

b) O lavrador, que espera pacientemente pelos frutos da lavoura  (1 Co 9.10); 

c) O atleta, que treina com abnegação e regras 1 Co 9.24).


Nas disciplinas espirituais temos a oração incessante (1 Ts 5.17); O exame das Escrituras (Jo 5.39); e a prática do jejum (1 Co 7.5). Estas disciplinas servem para nos fortalecer espiritualmente e enfraquecer a nossa natureza humana. Entretanto, não podemos usá-las de forma legalista para obter o favor de Deus ou de forma ascética. Também não podem ser usadas como forma de exaltação e promoção pessoal, pois isso é farisaísmo. 


2- A leitura e o aprendizado. A leitura diária da Bíblia é fundamental para a vida cristã. Esta leitura tem objetivos diferentes. Devemos ler a Bíblia para aprender o seu conteúdo, de forma devocional na medicação e como pesquisa em temas específicos. Somos discípulos de Cristo e o aprendizado é a base de todo discípulo, pois a própria palavra discípulo significa "aprendiz". A Bíblia tem todas as informações que Deus quis revelar ao ser humano. Paulo escrevendo a Timóteo, disse que "...as Escrituras o tornariam sábio para a salvação que há em Cristo Jesus". (2 Tm  3. 14,15). Jesus também falou para os saduceus: "Errais não conhecendo as Escrituras e o poder de Deus". (Mt 22.29). 


Não resta dúvidas de que ler a Bíblia é importante, pois, como já vimos durante este trimestre, a Bíblia é a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. É o único manual de fé e prática do cristão. Sendo assim, é indispensável a leitura constante das Escrituras. Entretanto, não basta ler. Na lição 5, estudamos o tema "Como ler as Escrituras". Vimos que é muito importante entender aquilo que lemos, pois, muitas heresias nascem da má interpretação ou distorções dos textos bíblicos.


A Bíblia foi escrita em um contexto muito distante e diferente da época em que vivemos. Por isso, é preciso interpretá-la corretamente, para a entendermos. Esta interpretação envolve a exegese e a hermenêutica, que são ferramentas muito importantes na interpretação de textos. A hermenêutica é a ciência da interpretação de textos e a exegese é uma das ferramentas desta ciência.


3- A leitura e o devocional. No Salmo 1 lemos que é "bem aventurado o homem que medita na Lei do Senhor de dia e de noite." A leitura devocional da Bíblia é diferente da leitura para o aprendizado e da leitura para pesquisa. O devocional é a adoração individual do crente que inclui oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. Não se trata do culto doméstico, ou culto de ações de graças em um lar. É um momento pessoal do crente com Deus, onde falamos com Deus, através da oração e ouvimos Deus falar através da Sua Palavra. 


O ideal é que este momento devocional seja feito no primeiro horário da manhã, quando ainda não falamos com ninguém e não fizemos outra coisa, para não correr o risco de esquecer. "De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando”. (Sl 5.3). Jesus disse que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Portanto, se enchermos o nosso coração diariamente com a Palavra de Deus será dela que falaremos mais no nosso dia a dia. 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

GANGEL, Kennneth O. & HENDRICKS, Howard G. Kenm. Manual De Ensino Para O Educador Cristão. Editora CPAD. 1 ed. 1999. págs. 307-310.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 1500.

GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. 3. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.22).

LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo. O testamento de Paulo à igreja. Editora Hagnos. pág. 97-98.


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Pb. Weliano Pires


23 março 2022

A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13:  A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ).

Muitos cristãos atualmente reclamam dos conteúdos antibíblicos e, muitas vezes imorais, que são ensinados nas escolas seculares. De fato, as escolas secundárias e as universidades estão cheias de ateus militantes e de professores com ideologias anti cristãs. Isso tem levado muitos dos nossos jovens a se afastar da Igreja e até a se tornarem ateus. Outros não se desviam, mas ficam envergonhados e silenciam as suas dúvidas.  


Alguns evangélicos chegam até a defender que haja ensino religioso nas escolas. Entretanto, em virtude do estado brasileiro ser laico, não seria viável. Mesmo que fosse, teríamos problemas, pois seriam ensinadas outras religiões, como o catolicismo ou religiões africanas e não a Bíblia. 


As seitas compreenderam isso e investem pesado na doutrinação dos seus adeptos, para evitar perdê-los. No Islamismo, as crianças são doutrinadas desde a infância no Al Corão. Aprendem desde cedo a odiar Israel e o Ocidente. A Igreja Católica ensina desde muito cedo o catecismo às crianças. Antigamente ensinavam também nas escolas. O Mormonismo, as Testemunhas de Jeová, o Adventismo e outras seitas também doutrinam os seus adeptos desde os primeiros encontros, nos ensinos das suas organizações. 


Em seu livro VERDADE ABSOLUTA, a escritora cristã americana, Nancy Pearcey escreve: 

Se estiverem prevenidos e armados, os jovens pelo menos terão a chance de lutar quando forem a minoria entre os companheiros de classe ou colegas de trabalho. Educar os jovens a desenvolver uma mente cristã já não é opção; é parte indispensável do equipamento de sobrevivência. 


De fato, os nossos jovens vão para as escolas secundárias e universidades, como soldados desarmados e sem treinamento num campo de batalha. Para piorar, ainda existe a internet, com militantes ateus e desigrejados que combatem, respectivamente, a Bíblia e as Igrejas. As Igrejas evangélicas precisam despertar urgentemente para uma educação cristã eficiente, pois isso é uma questão de sobrevivência, principalmente para os jovens e novos convertidos.  


1- Conceito de Educação. A palavra “educação” deriva do substantivo latino “educatione”. O verbo em latim é “educare”. Este verbo em latim é formado pelo prefixo “e” (sair ou exportar) e “ducare” (conduzir, guiar). Portanto, “educar é conduzir o alguém para fora da ignorância.” No grego usa-se a palavra “paideia” com o sentido de “instrução”. Era uma referência tanto ao modo como à meta da educação na Grécia Antiga. 


Muito se fala atualmente em educação, como sendo a solução para os problemas sociais, como a miséria, os problemas ambientais, de saúde pública, da criminalidade, etc. Entretanto, vemos países com altos índices de alfabetização e conhecimento tecnológico, onde estes problemas não foram solucionados, ou são até piores do que em países, onde há muito analfabetismo. 


Vemos pessoas altamente cultas que são arrogantes, violentas e até praticam crimes. Há alguns anos, um jornalista famoso, que era diretor de um grande jornal, matou a tiros, pelas costas, a sua namorada, que era também jornalista. Há também casos de juízes, médicos, promotores, desembargadores, professores universitários, etc. que cometem crimes e se comportam de forma abominável. Isso nos leva à conclusão de que a educação secular não tem sido capaz de mudar o comportamento destas pessoas. 


2. Conceito de Educação Cristã. A educação cristã, segundo o Dicionário Teológico, o programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a entender o chamado do Evangelho de Cristo”. 


Sendo assim, a educação cristã difere da educação secular tanto na forma como no conteúdo. A educação secular na atualidade visa pura e simplesmente, transformar os educandos em seres produtivos para a sociedade, de forma utilitarista. 


A educação cristã, por sua vez, se fundamenta na revelação divina que é a Palavra de Deus, para conduzir o ser humano a ter relacionamento com o seu Criador e com o seu próximo. Jesus, é o nosso educador por excelência. A maior parte do seu ministério não consistia de curas e milagres, mas de ensino. As pessoas sempre o chamavam de "rabi", palavra aramaica que quer dizer mestre.  Jesus ensinava sempre que surgia oportunidade. Ele ensinava a poucos (Jo 3.3-21), ou a muitos (Mc 6.34); ensinava no Templo (Mc 12.35), nas casas (Mc 2.1,2), ou ao ar livre (Mt 5.1). Seus métodos eram os mais variados. Ele pregava sermões (Mt 5); usava ilustrações (Mt 5.13- 16); ensinava por parábolas (Mt 13.3), ou mesmo realizava um milagre para ensinar (Mt 12.9-13).


2- Objetivos da Educação Cristã. Após a ressurreição, o Jesus deu aos seus discípulos a chamada “Grande Comissão”: "Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19,20). 

Quando lemos este texto em português, parece que há uma  redundância, com o verbo “ensinar”. Mas são duas palavras gregas que foram traduzidas por ensinar: 

a. "Mathēteuō". Significa fazer discípulos, ou seja os discípulos foram comissionados a levar o ensino de Jesus àqueles que ainda não o seguiam, para que eles também se tornarem discípulos. É o que nós chamamos de evangelização. 

b. “Didaskalos”. Significa "instruir”, no sentido de transmitir aos novos discípulos as instruções que foram passadas pelo Mestre. É o ensino para os convertidos. Este ensino tem vários níveis. Inicia-se com aquilo que nós chamamos de discipulado. Depois temos as instruções na Escola Dominical, nos cultos de ensino e nos cursos teológicos. 

Percebe-se, então, que a tarefa da Igreja neste mundo consiste essencialmente no ensino. Primeiro, ela deve ensinar aos perdidos sobre a situação de perdidos em que se encontram e convidá-los a virem a Cristo (fazer discípulos). Depois que vierem a Cristo, a Igreja deve ensinar tudo o que o Senhor Jesus mandou (Aperfeiçoar os santos). 


O saudoso pastor Antônio Gilberto ensinava que a  Educação Cristã tem pelo menos três objetivos principais:

a. Ganhar alma para Jesus (2 Co 12.15);

b. Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão (G1 5.22); e

c. Treinar o cristão para o serviço do Mestre (2 Tm 2.15).


3- A capacitação dos alunos. Não basta ter bons professores e bons materiais didáticos para que haja aprendizado. É preciso preparar o aluno e qualificá-lo para aprender. Precisamos "ensiná-los a pescar" e não entregar-lhes o peixe frito. Na educação cristã, como já foi dito, o livro texto, ou a base do nosso estudo é a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Nós estudamos sobre ela durante este trimestre. Vimos que a sua origem é divina, que ela foi inspirada por Deus, que é inerente e infalível. Vimos também que o Espírito Santo  nos ilumina para compreendermos as Escrituras. Os nossos alunos precisam aprender a manusear a Bíblia e interpretá-la corretamente, através da exegese e hermenêutica. Entretanto, precisam ter vida devocional diária com Deus, através da oração, leitura e meditação na Palavra de Deus, como veremos no próximo tópico. 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Teologia da Educação Cristã. Editora CPAD. pág. 13-16

TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 263.

EDUCAÇÃO CRISTÃ. IBADEP - Instituto Bíblico das Assembleias de Deus no Estado do Paraná. 1 Ed Maio/2001.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pág. 358.

LOPES, Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 333-334

PEARCEY, Nancy. VERDADE ABSOLUTA: Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. 1 Ed.pág. 15. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006.


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Pb. Weliano Pires

22 março 2022

A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL - Parte 4


Parte 4 - O padrão ético e moral. 

Diferente das escolas seculares, que não ensinam moralidade, pois entendem que isso é relativo, um dos principais objetivos da Escola Dominical é ensinar aos seus alunos a ética cristã. Quando falamos de ética e moral, parecem termos sinônimos, devido estarem relacionados. De fato, são muito parecidos, mas há diferença entre eles.  


A palavra ética vem do grego “ethos”, que significa costumes ou hábitos. Já a palavra moral tem origem no latim “mos”, que significa “normas” ou “regras”. A ética se refere aos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral, por sua vez, é a prática dessa conduta ética. Não são a mesma coisa, porém, estão relacionadas. Em termos práticos, a ética seria a teoria e a moral a prática. Por exemplo, a ética de um certo grupo diz que ele deve ser verdadeiro. A moral seria os membros deste grupo não mentirem. 


Existem pelo menos três categorias de ética, com as suas respectivas subcategorias: Humanista, naturalista e religiosa. 

a) A ética humanista. Tem o ser humano como o centro de tudo. Dentro desta perspectiva, tudo aquilo que trouxer ‘benefício’ à sociedade deve ser aceito. Dentro desta ética estão o existencialismo, o utilitarismo e o hedonismo. 

b) Ética naturalística. Fundamenta-se nas leis da natureza e considera que tudo aquilo que é natural é bom. 

c) Ética religiosa. Tem como fundamento aquilo que a religião acredita ser moralmente correto, de acordo com os princípios da divindade que acredita. 


A ética cristã está nesta última categoria. Os princípios e práticas do que é certo e errado no Cristianismo estão baseados nas Escrituras Sagradas, que é o padrão de Deus. Este padrão permanece inalterado (Mt 24.35) e não podem jamais ser relativizados, revogados ou adaptados aos interesses humanos. Portanto, o que norteia o padrão de conduta do cristão é a Palavra de Deus e a Escola Dominical tem o dever de ser uma agência proclamadora e multiplicadora dos princípios da Palavra de Deus. 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 356.

TENNEY, MERRILL C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pág. 627-628.


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Pb. Weliano Pires


A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL - Parte 3


Parte 3 - A prática pedagógica. 

A palavra Pedagogia origina-se de dois vocábulos gregos: "paidós'' (criança) e "agogé" (condução). A junção destes dois termos, "paidagogos", era usada para designar um escravo da confiança do patrão, que era responsável por conduzir os seus filhos a um professor. 


A pedagogia começou a se desenvolver no século XIX e é a ciência do ensino. Antigamente, o curso de preparação para o magistério, que é um curso de nível médio, habilitava o professor para as séries iniciais do Ensino Fundamental, que era chamado de Ensino primário. Hoje é necessário ter licenciatura em pedagogia, que é um curso de nível superior.


Dentre os temas relacionados à educação, que são estudados na pedagogia destaca-se os seguintes: aprendizado de conhecimentos, métodos e sistemas pedagógicos, dificuldades de aprendizado, didáticas e práticas pedagógicas, conteúdos educacionais, o aluno no processo educativo e o papel do professor no processo educacional. 


Diferente do que muitos imaginam, uma boa pedagogia não é formada apenas por professores. As práticas pedagógicas envolvem: gestão escolar, professores, alunos, metodologia, material didático, avaliação e a relação professor-aluno. Portanto, não basta ter bons professores para que haja eficiência no ensino e na  aprendizagem. É preciso haver investimentos nas instalações, um bom currículo, preparação de professores, boa gestão e comprometimento de todos. 


No contexto da Escola Dominical, não é diferente. Infelizmente, em nossas Igrejas, não temos boas práticas pedagógicas, salvo raras exceções. Na gestão da Escola Dominical e preparação de professores, estamos muito aquém do ideal. Em muitas das nossas Igrejas, a Escola Dominical é tratada como algo secundário, que pode ser cancelada por qualquer motivo.


Muitos pastores sequer participam dela regularmente. Não há os investimentos mínimos necessários para o seu funcionamento. Os professores são voluntários, pois a Igreja, evidentemente, não tem condições de assalariá-los. Entretanto, muitos precisam bancar até o material que usam nas aulas. Na maioria das nossas Igrejas não há a preocupação de se construir salas, comprar lousas, data show, livros e outros equipamentos para se usar nas aulas. Em contrapartida, gasta-se um absurdo com cantores e pregadores, que muitas vezes distorcem a Bíblia para inflar os egos e arrecadar dinheiro.


Também não há investimentos na preparação de professores. Os cursos de aperfeiçoamento para professores, Seminários de Escola Dominical e Congressos são coisas raras que não chegam às periferias do Brasil. Muitos pastores ainda tem a ideia de que basta ser obreiro para ser um professor da Escola Dominical. Eu já conheci pastores e presbíteros que eram bons obreiros, mas não tinham nenhum preparo para ser professor. Entretanto, por serem obreiros eram colocados na função. Muitos deles davam aulas como se estivessem pregando. Outros apenas contavam histórias e testemunhos, sem nenhuma relação com o assunto da lição. 


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Pb. Weliano Pires


VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...