28 fevereiro 2024

PRESSUPOSTOS BÍBLICO-DOUTRINÁRIOS DO BATISMO

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: O Batismo - A primeira Ordenança da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES 


No primeiro tópico, falaremos sobre os pressupostos bíblico-doutrinários do batismo. Falaremos do erro de considerar o Batismo como um sacramento e a origem deste desvio doutrinário na Igreja. Depois veremos que o Batismo não é um sacramento e sim, uma ordenança de Cristo à Sua Igreja. Por último, veremos que o Batismo deve ser apenas a pessoas adultas, ou jovens que tenham alcançado a idade da razão, pois o Batismo está relacionado à Fé em Cristo. 

1. O Batismo visto como sacramento: a origem de um erro. Um dos primeiros erros em relação ao batismo é considerá-lo como um sacramento, ou seja, um ritual sagrado, que transmite graça aos participantes. A palavra sacramento é desconhecida de muitas pessoas no meio evangélico. Ela deriva do latim sacramenntum e diz respeito a um ritual ou sinal sagrado, através do qual os que dele participam, recebem algum tipo de graça espiritual. Este ensino teve início com o bispo Agostinho de Hipona, que viveu entre 354 e 430 d. C. A Igreja Católica Romana e até algumas Igrejas Protestantes seguem esta tradição agostiniana. Entretanto, não há nenhum fundamento bíblico para afirmarmos que o Batismo em si transmita ao fiel algum tipo de benção espiritual.  

A importância do batismo em águas está no fato da pessoa crer em Jesus e manifestar publicamente esta fé, de forma simbólica, através do batismo, como veremos no próximo tópico. O batismo não é um ritual para a salvação. Ele é uma prática ordenada por Jesus àqueles que nele creram. Primeiro a pessoa crê e depois é batizada, não o contrário. Se uma pessoa creu em Jesus de todo o coração e não houve possibilidade de ser batizada, será salva, como aconteceu com o ladrão que se arrependeu na cruz. Mas o fato de alguém ser batizado não faz dele um salvo. 

2. O Batismo não é sacramento mas ordenança de Cristo. Se por um lado há aqueles que dizem que o batismo é um sacramento, como vimos acima, por outro lado, há os que acham que ele é desnecessário ou opcional. Também não é assim. Não há nenhuma menção na Bíblia ao batismo como ritual místico, capaz de transmitir algo a quem dele participa. Entretanto, a Bíblia nos o batismo como uma ordenança do Senhor Jesus à Sua Igreja, a ser ministrada aos que creram nele.  

Quando falamos em ordenança nos referimos a algo que foi ordenado pelo Senhor Jesus e que deve, obrigatoriamente , ser praticado. O Senhor Jesus estabeleceu duas ordenanças à sua Igreja que são: o Batismo em águas e a Ceia do Senhor, que estudaremos na próxima aula. Estas ordenanças devem ser vistas apenas como memoriais e símbolos, não como rituais capazes de trazer benefícios espirituais aos participantes. 

No conhecido texto de Mateus 28.19, que menciona a Grande comissão de Jesus à Sua Igreja, após a Sua ressurreição, lemos o seguinte: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Vemos claramente neste texto, que o batismo deve ser ministrado àqueles que creram em Jesus e foram feitos discípulos dele. Portanto, primeiro fazemos discípulos, depois batizamos. 

O mesmo Jesus que mandou fazer discípulos, mandou também batizar. No Evangelho segundo Marcos também, a ordem para batizar aparece depois da ordem para pregar o Evangelho: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado.” (Mc 16.15,16). Da mesma forma, o apóstolo Pedro, em seu discurso no Dia de Pentecostes, disse aos seus ouvintes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38).

3. O Batismo deve ser administrado aos adultos. O terceiro pressuposto bíblico em relação ao batismo é que ele é uma prática destinada aos adultos, ou a pessoas que tenham alcançado a idade da razão e creram em Cristo. O mesmo Agostinho, que ensinou que o batismo é um sacramento, também ensinou o pedobatismo ou batismo infantil. A Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Anglicana e alguns segmentos do protestantismo seguem esta prática, mas o fazem por razões diferentes. 

Na Bíblia, no entanto, vemos o batismo sendo administrado apenas aos adultos. Não há nenhum caso de batismo infantil nas Escrituras. João Batista realizou batismos no Rio Jordão, recomendando antes o arrependimento. O próprio Jesus foi batizado aos 30 anos de idade. Os apóstolos, que deram continuidade ao ministério de Jesus, também batizaram. Mas não há registros na Bíblia de que eles batizaram crianças. 

Em Samaria, o diácono Filipe pregava e aqueles que creram na mensagem pregada, eram batizados:  “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.” (At 8.12). Filipe batizou também o oficial da rainha da Etiópia, depois que ele creu em Jesus (At 8.36-38). Da mesma forma, o apóstolo Pedro pregou na casa do Centurião Cornélio e todos os que creram, foram batizados (At 10.44-48). Depois de recomendar ao carcereiro de Filipos que, para ser salvo, ele deveria crer no Senhor Jesus Cristo, Paulo batizou todos os que creram  (At 16.31-34). 

Em nenhum destes episódios é mencionado o batismo de crianças. Alguém pode argumentar que estas pessoas foram batizadas na idade adulta, porque durante a sua infância, os seus pais não eram cristãos. Entretanto, cristãos como Atanásio, Basílio, Clemente de Alexandria, Hipólito, Gregório de Nissa, Crisóstomo, Jerônimo e o próprio Agostinho, mesmo sendo filhos de cristãos, não foram batizados na infância.


REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.569,570).

27 fevereiro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9: O BATISMO — A PRIMEIRA ORDENANÇA DA IGREJA

Ev. WELIANO PIRES 

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada estudamos sobre a prática da disciplina na Igreja. A prática da disciplina é bíblica e se encontra no Novo Testamento. No passado, por não entenderem o propósito da disciplina cristã e a usavam como instrumento de ameaça e punição para impor os seus caprichos e opiniões. Isto não significa que a disciplina não tenha base bíblica ou que não seja necessária. A disciplina na Igreja tem um tríplice propósito: corrigir comportamentos incompatíveis com a vida cristã, afastar o pecado do seio da Igreja e zelar pelo bom testemunho da Igreja.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

No primeiro tópico, falamos da necessidade da disciplina bíblica. Vimos que Deus é Santo e isso é uma das razões principais da necessidade da disciplina na Igreja. Vimos também que a Igreja é santa, pois Deus exige santidade do Seu povo. Por último, falamos das consequências da falta de disciplina em uma Igreja. 

No segundo tópico, falamos do propósito da disciplina bíblica. Vimos que a disciplina tem como propósito: manter a honra de Cristo, pois quando o pecado é tolerado no seio da Igreja, Cristo é desonrado perante o mundo; frear o comportamento pecaminoso, pois o pecado é contagioso e se não contido, contamina toda a Igreja; e não tolerar o pecado no seio da Igreja. 

No terceiro tópico, falamos das formas de disciplinas bíblica: a disciplina bíblica como forma de correção, que contribui para o crescimento espiritual e formação do caráter cristão; a disciplina como forma de restauração da pessoa que caiu em pecado, mas se arrependeu; e a disciplina como forma de exclusão daqueles que vivem na prática do pecado e recusam-se a deixá-lo. 


LIÇÃO 9: O BATISMO — A PRIMEIRA ORDENANÇA DA IGREJA

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre o batismo que é a primeira das duas ordenanças de Cristo à sua Igreja. O batismo foi praticado por João Batista, por Jesus e por seus discípulos. Junto com a ordem de pregar o Evangelho a toda criatura, Jesus ordenou também o batismo. Através do batismo, o crente testemunha, publicamente, a sua identificação com Cristo e mostra, simbolicamente, que morreu para o mundo e nasceu para Deus. Assim como outras doutrinas e práticas do Cristianismo, o batismo também sofreu desvios quanto à sua finalidade, forma e fórmula. Portanto, nesta lição, mostraremos o que a Bíblia, que é o nosso manual de fé e prática, ensina sobre o batismo. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

No primeiro tópico, falaremos sobre os pressupostos bíblico-doutrinários do batismo. Falaremos do erro de considerar o Batismo como um sacramento e a origem deste desvio doutrinário na Igreja. Depois veremos que o Batismo não é um sacramento e sim, uma ordenança de Cristo à Sua Igreja. Por último, veremos que o Batismo deve ser apenas a pessoas adultas, ou jovens que tenham alcançado a idade da razão, pois o Batismo está relacionado à Fé em Cristo. 

No segundo tópico, falaremos do símbolo e do propósito do batismo. Veremos que o Batismo por imersão é um símbolo da união do crente com Cristo, por meio da Sua morte e ressurreição. Depois veremos que o propósito do Batismo é o testemunho público de fé em Cristo. Por último, que no Batismo não há espaço para indecisões, pois aqueles que, de fato, creram em Cristo, desejam ser batizados. 

No terceiro tópico falaremos da fórmula e o método do batismo. Falaremos da fórmula trinitariana do Batismo, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme Mateus 28.19. Depois falaremos da fórmula herética de batismo, praticada pelos unicistas que dizem que deve-se batizar apenas em Nome de Jesus. Por último, do método bíblico de batismo que é por imersão, pois não há nenhum fundamento bíblico para batismo por aspersão ou efusão. 

REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.569,570).

22 fevereiro 2024

AS FORMAS DE DISCIPLINA BÍBLICA

(Comentário do 3º tópico da Lição 08: A disciplina na Igreja).


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos das formas de disciplina bíblica. Veremos a disciplina bíblica como forma de correção, que contribui para o crescimento espiritual e formação do caráter cristão. Depois falaremos da disciplina como forma de restauração da pessoa que caiu em pecado, mas se arrependeu. Por último falaremos da disciplina como forma de exclusão daqueles que vivem na prática do pecado, escandalizando o Evangelho e recusam-se a abandonar as práticas pecaminosas. 


1. A disciplina como modo de correção (Hb 12.7). Em todos os segmentos da sociedade, cresce a ideia do relativismo moral, segundo o qual, não há certo ou errado e tudo é relativo. O que é certo para uns, pode ser não ser para outros e vice-versa. No mundo atual, dominado pelo politicamente correto, as palavras correção e repreensão não são vistas com bons olhos.


Os pais são desestimulados de corrigir os seus filhos. Os “especialistas” querem colocar filhos e pais no mesmo patamar. Nessa perspectiva, dizem que os pais devem debater com os filhos, para saber se eles concordam ou não com as medidas a serem adotadas. Por causa disso, se os pais forem um pouco mais enérgicos, os filhos ameaçam chamar o Conselho Tutelar e até a Polícia. 


Nas escolas, acontece a mesma coisa. Colocam professores e alunos no mesmo nível. Os professores, que sempre foram autoridades em sala de aula, hoje precisam tomar cuidado com a maneira de falar, para não constrangerem os alunos. Qualquer fala mais enérgica vira bullying, assédio e o professor pode ser punido. 


Eu estava lendo a opinião de uma especialista em educação, sobre correção de provas e, ao falar sobre corrigir provas com caneta vermelha, ela escreveu: "Essa cor carrega uma conotação negativa exatamente por ter sido usada por diversas gerações de docentes apenas para chamar a atenção para os erros. Ela assusta e leva o aluno a uma ansiedade desnecessária". 


Infelizmente, esse tipo de pensamento também chegou às Igrejas. Antigamente, o pastor da Igreja era a autoridade na Igreja e podia repreender os crentes por um comportamento errado, inclusive publicamente. Isso era visto como zelo e cuidado para não escandalizar o Nome do Senhor. Atualmente, até para repreender alguém em particular, precisa ter muito cuidado para não ser processado. 


Há crentes querendo ser mais misericordiosos do que Deus. Estas pessoas acham que repreender ou corrigir o erro de alguém é falta de amor. Quando um pastor repreende alguém que está no erro, muitas pessoas dizem que ele não tem misericórdia e que está jogando a pessoa para fora da Igreja. 


A Bíblia, no entanto, ensina que a correção e a repreensão são necessárias. Paulo escrevendo a Timóteo disse que “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, e para instruir em justiça. O escritor da Epístola aos Hebreus escreveu: Deus corrige o que ama e açoita ao que recebe por filho.” (Hb 12.7). 


Todos nós erramos e precisamos que alguém nos corrija, para não permanecermos no erro. Quem corrige é porque ama: “Porquanto o SENHOR corrige a quem ama, da mesma forma que o pai repreende.” (Pv 3.12). Quem não corrige e não se importa em ver o outro persistir no erro, não o ama: “Quem não corrige os filhos mostra que não os ama; quem ama os filhos se preocupa em discipliná-los.” (Pv 13.24 NVT).


2. A disciplina como forma de restauração (Gl 6.1). Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo disse: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” (Gl 6.1). A palavra traduzida por “encaminhai” neste texto, no grego é katartizo, como nos explicou o comentarista. O sentido original aqui é restaurar. 


No texto de Mateus 4.21, lemos que Jesus viu “Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes…” A palavra traduzida por consertando é katartizo, a mesma usada por Paulo em Gálatas 6.1, que foi traduzida por “encaminhar”. Portanto, o que Paulo quis dizer é que, quando alguém que está fraco for surpreendido em alguma falta, aqueles que são espirituais devem “restaurá-lo” com mansidão. A Nova Almeida Atualizada traduz o texto assim: “... restaurem essa pessoa com espírito de brandura.”


O problema das disciplinas nas Igrejas antigamente é que, além de serem exageradas e em muitos casos sem nenhum fundamento bíblico, o objetivo era apenas punir e até humilhar a pessoa. Não é isso que estamos defendendo aqui, quando falamos de disciplina. O objetivo da disciplina em primeiro lugar é restaurar a pessoa e não excluir. A correção é necessária, como vimos acima, mas o objetivo é a restauração. 


Antes de falarmos em disciplina na Igreja, precisamos primeiro avaliar à luz da Bíblia se, de fato, o ato praticado é pecado. Eu conheci uma jovem que foi suspensa da comunhão da Igreja por cortar as pontas do cabelo. Depois disso, ficou oito meses esquecida e sem tomar a Ceia. Quando o pastor foi substituído, o novo pastor perguntou por que ela estava disciplinada. Ao ouvir o motivo, ele achou um absurdo aquela situação e a colocou em comunhão novamente. 


Casos assim eram comuns e muitos pastores até se orgulhavam disso. O mesmo acontecia com alguns pais que, espancavam os seus filhos publicamente, por motivos fúteis ou por acusações de outras pessoas. Em muitos casos, nem sabiam se eles realmente tinham culpa. Primeiro batiam, para depois perguntar. Ainda contavam vantagem para os outros, querendo mostrar que na casa deles não tinha moleza. 


3. A disciplina como modo de exclusão (1 Co 5.13).  Se as palavras correção e repreensão não são bem vistas pelo politicamente correto, pior ainda ainda é a palavra exclusão. O que está em alta é a inclusão. Claro que há inclusões que são necessárias e louváveis, como no caso de inclusão de pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais, surdos, mudos, etc. Mas o termo inclusão é usado principalmente em relação a comportamentos que a Bíblia condena. Há até igrejas chamadas de “inclusivas”, que aceitam homossexuais como membros e fazem casamento entre pessoas do mesmo sexo. 


No caso da Igreja, muitas pessoas são totalmente contrárias à ideia de exclusão. Argumentam que o papel da Igreja é buscar os pecadores e nunca excluir. O caso bíblico mais citado para justificar essa tese, é da mulher adúltera, que os fariseus levaram o caso a Jesus para que Ele esse o seu parecer. 


Jesus abaixou a cabeça e começou a escrever na terra. Depois, ergueu a cabeça e disse que aquele que não tivesse pecado, atirasse a primeira pedra. Em seguida, abaixou novamente e voltou a escrever na terra. Acusados pela própria consciência, foram saindo um por um, começando pelos mais velhos, ficando só Jesus e a mulher (Jo 8.1-9). 


Erguendo a cabeça novamente e vendo que todos haviam saído, Jesus perguntou à mulher onde estavam os seus acusadores e se ninguém a havia condenado. Ela respondeu que ninguém a condenara, e Jesus respondeu que Ele também não iria condená-la. (Jo 8.10). 


Há uma frase dita por Jesus no final, que as pessoas a omitem ou duturpam (Jo 8.11). Dizem que Jesus disse à mulher: Vai-te em paz. Mas, em momento algum Jesus disse isso. O que Ele falou foi: Vai-te [não disse em paz] e não peques mais (Confira em Jo 8.11). 


Neste caso acima, os fariseus estava tentando Jesus, a fim de acharem motivos para o condenarem à morte. Qualquer resposta que Ele desse, seria acusado. Se dissesse que a mulher não deveria ser condenada, seria acusado de violar a lei mosaica, que exigia que os adúlteros fossem apredejados. Se dissesse que deveriam apedrejá-la, seria a acusado se ir contra os seus próprios ensinos, pois ele pregava o amor, a misericórdia e o perdão. 


Jesus sempre tratou casos diferentes de forma diferente. Ele tratava o pecador arrependido com misericórdia, como foi o caso de Zaqueu. Mas os escribas e fariseus que eram maquiavélicos e hipócritas, Ele tratava com rigor. No capítulo 23 de Mateus, Jesus os repreendeu duramente, acusando de serem hipócritas, cruéis e fingidos, que tavam fardos pesados para o povo, mas não queriam tocar neles nem com o dedo mínimo. 


Quando falou do pecado de um irmão contra nós, Jesus estabeleceu uma sequência de atitudes da parte ofendida: Primeiro, repreender o ofensor em particular e tentar convencê-lo do erro; se ele não ouvir, a repreensão deve ser feita com duas ou três testemunhas; se ainda assim, ele não ouvir o caso deve ser levado à Igreja; se não ouvir à Igreja, deve ser considerado como gentio e publicano, ou seja, não deve ser considerado mais como irmão (Mt 15.17). 


O apóstolo Paulo também falou do caso de um membro da Igreja de Corinto que mantinha um relacionamento incestuoso com a própria madrasta. Neste caso, ele ordenou que o “o iníquo fosse tirado do seio da Igreja” (1 Co 5.13). Era um caso gravíssimo, que manchava a santidade da Igreja. O apóstolo disse que nem as pessoas de fora praticavam uma imoralidade daquele tipo. Em casos em que a pessoa não aceita a correção e recusa-se a deixar o pecado, a disciplina tem que ser aplicada como forma de exclusão, para preservar a Igreja. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.

PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466. 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,511.

21 fevereiro 2024

O PROPÓSITO DA DISCIPLINA BÍBLICA

(Comentário do 2º tópico da Lição 08: A disciplina na Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do propósito da disciplina bíblica. O primeiro propósito da disciplina é manter a honra de Cristo, pois quando o pecado é tolerado no seio da Igreja, Cristo é desonrado perante o mundo. O segundo propósito é frear o comportamento pecaminoso, pois o pecado é contagioso e se não contido, contamina toda a Igreja. O terceiro propósito da disciplina é não tolerar o pecado no seio da Igreja. A liderança de uma Igreja não é responsável diante de Deus pelo pecado das pessoas, mas será responsabilizada por tolerá-las no seio da Igreja, como parte dela (Ap 2.20). 

1. Manter a honra de Cristo. A Igreja foi incumbida por Jesus da responsabilidade de pregar o Evangelho a toda criatura. Esta pregação não consiste apenas no discurso, mas também no testemunho de vida de cada cristão. As pessoas não olham apenas para o que nós pregamos. Olham principalmente para o que nós fazemos. 

No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Se por um lado, Deus é glorificado quando praticamos boas obras, o oposto também é verdadeiro. Se dizemos que somos seguidores de Cristo e continuamos no pecado, Deus é blasfemado por nossa causa. 

As nossas boas obras autenticam a nossa pregação. O mundo está cheio de hipócritas com discursos bonitos e vida libertina, absolutamente incompatíveis. A Igreja do Senhor não pode ser assim. Se um membro da Igreja insiste em permanecer no pecado, a Igreja tem a obrigação de aplicar a disciplina para manter a honra de Cristo e ter autoridade para continuar pregando o Evangelho. 

2. Frear o comportamento pecaminoso. Um pequeno furo em uma barragem, começa passando um pouco de água, mas se não for fechado, vai crescendo até romper a estrutura da barragem. Da mesma forma, uma pequena infiltração de água em uma parede pode gerar um desabamento. São problemas que começam pequenos, mas tendem a crescer e gerar um desastre enorme, se não forem contidos. 

Uma fruta podre contamina toda a caixa, se não for retirada do meio das outras. Da mesma forma, uma ovelha rebelde pode levar todo o rebanho a se dispersar. há ainda o caso de uma doença contagiosa, que contamina outras pessoas. Há vários tipos de doenças que a pessoa infectada precisa ser isolada, como é o caso da tuberculose, sarampo rubéola, covid-19 e muitas outras. 

A mesma coisa acontece com as práticas pecaminosas na Igreja. Se não forem contidas, irão se alastrar contaminar toda a congregação. A disciplina, nesse caso, tem o propósito de conter o pecado no seio da Igreja e evitar que ele cresça e influencie outras pessoas. 

3. Não tolerar a prática do pecado. Vivemos em uma geração de crentes, onde as pessoas não querem ser confrontadas em seus erros. Tem uma frase muito correta sobre isso, que diz: “Antigamente, quando as pessoas pecavam e eram repreendidas, mudavam o comportamento, hoje mudam de Igreja”. 

Muitos crentes hoje em dia, de forma equivocada, supervalorizam o amor de Deus, em detrimento da Sua Santidade e Justiça. É evidente que Deus ama, como ninguém jamais amou. Entretanto, Ele é Santo e Justo e não tolera o pecado. Amar não significa tolerar o erro e não repreender. Uma mãe que percebe que o seu filho pequeno está com um copo de veneno na para beber e não o repreender, não o ama! 

Quando se critica alguma prática pecaminosa e se repreende o infrator, a primeira coisa que algumas pessoas dizem é que não devemos julgar. Estas pessoas interpretam mal o texto de Mateus 7.1, que diz:"Não julgueis, para que não sejais julgados". Mas, que tipo de julgamento, Jesus estava proibindo? Se lermos os versículos seguintes, entenderemos. Neles, Jesus fala de alguém com uma trave no próprio olho, querendo tirar um cisco no olho do seu próximo. Portanto, o que Jesus proíbe é um hipócrita julgar, sem olhar para os próprios erros e se por a vasculhar a vida dos outros, procurando erros, para lhes pronunciar sentença de condenação. 

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, repreendeu-lhes, por tolerarem no meio da Igreja, uma pessoa que mantinha um relacionamento incestuoso com a mulher do próprio pai (1 Co 5.1,2). Da mesma forma, o Senhor Jesus repreendeu o pastor da Igreja de Tiatira, por tolerar que uma falsa profetisa enganasse a Igreja, levando os membros a se prostituir e comer os sacrifícios da idolatria (Ap 2.20). Não era o pastor que estava fazendo isso, mas tolerava que alguém fizesse. 

REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466. 
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,511.

20 fevereiro 2024

A NECESSIDADE DA DISCIPLINA BÍBLICA

(Comentário do 1º tópico da Lição 08: A disciplina na Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos da necessidade da disciplina bíblica. Veremos que Deus é Santo e isso é uma das razões principais da necessidade da disciplina na Igreja. Depois, veremos que a Igreja também é santa, pois Deus exige santidade do Seu povo. Isto significa separação ou consagração a Deus. Por último, falaremos das consequências da falta de disciplina em uma Igreja. 


1. Deus é santo. Deus é transcendente e, como tal, é infinitamente superior à sua criação. Ele não pode ser definido ou explicado em sua plenitude, pela compreensão humana. Portanto, só podemos conhecer Deus, até ao ponto que Ele se deu a conhecer. Com base na revelação que Deus fez de Si mesmo através da Sua Palavra, encontramos os seus atributos, que são qualidades do Seu Caráter, que nos ajudam a conhecê-lo. 


Há dois tipos de atributos ou características de Deus: 

a) Os atributos incomunicáveis. São atributos exclusivos de Deus, pois somente Ele possui: Asseidade ou Autoexistência, Unicidade, Imutabilidade, Eternidade, Onipresença, Onisciência, Onipotência, Soberania, Imutabilidade,

b) Os atributos comunicáveis. São atributos de Deus, que Ele os compartilha até certo ponto, com as suas criaturas: Sabedoria, santidade, amor, bondade, humildade, justiça, fidelidade, misericórdia, etc. Evidentemente, estes atributos no ser humano jamais estarão no mesmo nível de Deus, pois Ele é absolutamente Santo, Perfeito e Infalível. 


Um dos atributos comunicáveis de Deus é a Santidade. Deus é absolutamente santo em sua essência e caráter. Claro que nenhum ser humano, jamais atingiria o nível de santidade de Deus. Mas Deus compartilha até certo ponto, a sua santidade com o seu povo, e exige santidade daqueles que professam a fé nEle. A santidade de Deus é a prova cabal, da sua absoluta pureza moral. É o padrão a ser imitado pelo seu povo. 


A santidade de Deus não pode conviver com o comportamento pecaminoso, pois este afronta o caráter santo de Deus. Falando sobre isso, o profeta Isaías escreveu: “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.” (Is 59.2). Se não fossem as infinitas misericórdias de Deus, todos nós seríamos consumidos por causa dos nossos pecados (Lm 3.22). Jesus Cristo, sendo Deus, tomou a forma humana e veio até nós, para nos reconciliar com Deus, através do Seu Sacrifício Expiatório (substitutivo).


2. A Igreja é santa. Em toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, é exigido santidade do povo de Deus: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv 20.7). O apóstolo Pedro faz a mesma advertência no Novo Testamento dizendo: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1:15,16). O escritor da Epístola aos Hebreus coloca a santificação como condição indispensável para alguém ver a Deus: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).


Quando falamos que é preciso ser santo, ou que somos santos, muitas pessoas acham que isso é arrogância ou presunção da nossa parte. Isto acontece, porque estas pessoas não sabem o que significa ser santo. Para os católicos, santo é uma pessoa que não tem pecado, ou que foi canonizada após a sua morte, por ter supostamente realizado milagres. Entretanto, o conceito de santidade na Bíblia não é este. 


O verbo hebraico “kadash” (santificar) e o substantivo “kadosh” (santo) significam “ser santo, ser santificado, santificar, ser posto à parte”. Esta palavra e os seus derivados são usados 830 vezes no Antigo Testamento. O conceito de “kadosh” no Antigo Testamento é separar algo ou alguém do uso comum para o serviço de Deus. (1 Sm 7.1). O correspondente grego de Kadosh é o termo “hagios”, que também significa separado do que é impuro, para pertencer exclusivamente a Deus. 


O Senhor Jesus é absolutamente santo e puro. Portanto, a sua Igreja também precisa ser santa e pura. Entretanto, nenhum de nós consegue por si mesmo se santificar. É o Espírito Santo quem produz santidade no crente. O nosso padrão de santidade é o Senhor Jesus e o Espírito Santo nos molda, tornando-nos parecidos com Cristo. 


O crente é santificado de três formas: Pela Palavra de Deus (Jo 17.17); pelo sangue de Cristo (Hb 9.12); e pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). Através da leitura e meditação na Palavra de Deus somos confrontados na nossa velha natureza e somos orientados a buscar o caráter de Cristo. O sangue [ou a morte] de Cristo pagou o preço da nossa e aplaca a ira de Deus, trazendo-nos paz com Deus. O Espírito Santo, por sua vez, opera em nós a transformação da nossa natureza e nos aproxima de Deus. 


3. Quando a igreja não disciplina. Conforme vimos acima, Deus exige santidade da Sua Igreja, pois Ele é Santo. Cada membro da Igreja deve ser santo, pois a Igreja é o corpo de Cristo e nós somos os seus membros, como disse o apóstolo Paulo (1Co 12.27). Nesta ilustração usada por Paulo, Cristo é a cabeça, a Igreja é um corpo e cada crente é membro desse corpo. 


No corpo humano todos os membros estão interligados entre si. Se houver uma contaminação em qualquer um deles, e não for devidamente tratada, isso pode se espalhar por todos órgãos e levará o organismo à morte. O próprio corpo possui um sistema imunológico para se defender de elementos estranhos que o prejudicam. 


Se a imunidade do corpo estiver baixa, ele não consegue fazer a defesa sozinho e necessitará de medicamentos para aumentar os anticorpos. Há também graus de infecções que os anticorpos são insuficientes para combater e o corpo necessita de antibióticos. Há ainda casos mais graves de infecções, que podem comprometer um membro do corpo, a ponto de não haver mais como combatê-la. Nesse caso, é preciso amputar o membro, para não contaminar o restante do corpo. 


Partindo desta ilustração do apóstolo Paulo, podemos compreender que o mesmo acontece com a Igreja. Se o pecado de um membro da Igreja não for tratado no início, isso pode contaminar a Igreja, tornando-a carnal e mundana,  ou até levá-la à morte espiritual. No terceiro tópico falaremos mais sobre isso, quando tratarmos das formas de disciplina bíblica.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.

PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466. 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,511

VENCENDO OS DIAS MAUS

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