(Comentário do 1º tópico da Lição 10: As profecias despertam e trazem esperança).
O profeta era alguém que recebia uma mensagem de Deus, por inspiração, revelação, ou visão para transmiti-la ao povo. O primeiro a ser chamado de profeta na Bíblia foi Abraão (Gn 20.7). No Novo Testamento descobrimos que o primeiro profeta foi Enoque, o sétimo depois de Adão, que viveu muito antes de Abraão (Jd 14).
1- Os profetas e a profecia. Segundo o Dicionário Vine, publicado pela CPAD, a palavra grega usada para profecia é ‘propheteia’, que significa “descrição antecipada da vontade de Deus, quer com referência ao passado, quer do presente ou futuro.” (Gn 20.7; Ap 1.19 ). Os profetas no Antigo Testamento não eram adivinhos, ou apenas pessoas que previam o futuro, como muitos imaginam. O ministério profético consistia em transmitir a mensagem de Deus ao povo de Israel e até a outras nações. Esta mensagem poderia ser sobre o futuro, ou denúncias contra o pecado e advertências.
Em hebraico há três palavras usadas para se referir a profeta:
a. Nabi. Alguém que proclama uma mensagem recebida; um porta voz, mensageiro, ou anunciador. Esta palavra aparece mais de 300 vezes no Antigo Testamento. A palavra aparece também na forma feminina para se referir a Mirian, Hulda, Noadias e à esposa do Profeta Isaías.
b. Chozeh. Significa uma pessoa que tem visões. É traduzida como vidente. Nos dias do profeta Samuel, os profetas eram chamados de “Chozeh” (vidente) e eram consultados, para saber a vontade de Deus, antes de tomar decisões.
c. Roeh. Também significa vidente, com o sentido de alguém que faz previsões sobre o futuro.
Estas três palavras aparecem em 1 Crônicas 29.29: “Os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente (roeh), e nas crônicas do profeta (nabi) Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente” (Chozen).
No antigo Testamento havia três tipos de profetas:
a. Profetas literários ou canônicos. São os que deixaram as suas profecias escritas.
b. Profetas não literários. São os que profetizaram, mas não escreveram, ou os seus escritos se perderam.
c. Profetas cúlticos. São aqueles cujas profecias estavam ligadas ao culto. (2 Cr 29.21-24). Em alguns salmos aparece esta categoria de profeta.
O nosso estudo nesta lição se refere apenas aos profetas literários, denominados “profetas maiores” e “profetas menores”. Os profetas em Israel no período da monarquia eram pessoas que tinham acesso ao palácio e eram requisitados nas mais diversas situações para transmitir a Palavra de Deus. Em casos de reis ímpios, muitos deles foram perseguidos, presos e até mortos, quando a mensagem de Deus em sua boca denunciava e condenava as ações dos reis.
2 - Os profetas Isaías e Jeremias.
a. Isaías. O profeta Isaías, filho de Amós, profetizou no reino do Sul, durante quatro reinados: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1). O Seu nome significa “Salvação de Yahweh”. O seu livro contém 66 capítulos e o tema central é salvação. Isaías profetizou por cerca de 60 anos, entre os anos 740 e 680 a.C. Durante este período, houve dois acontecimentos marcantes: o Reino do Norte foi levado para o cativeiro da Assíria em 722 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C., fazendo duras ameaças ao rei Ezequias.
O alcance profético de Isaías é muito vasto. Isaías profetizou bem antes do cativeiro babilônico e profetizou sobre a queda da Babilônia e sobre o futuro de outros reinos do Oriente Médio. Profetizou também sobre o retorno dos Judeus do cativeiro, citando o imperador persa Ciro, cem anos antes do seu nascimento.
Isaías é chamado de profeta messiânico, pois, foi o que mais falou sobre a vinda do Messias, sobre o seu nascimento virginal, os seus sofrimentos (Is 7.14); a sua descendência de Davi (11.1); os seus sofrimentos (53.4-9); e seu ministério de libertação (61).
b. Jeremias. O profeta Jeremias era sacerdote de Anatote e filho de Hilquias. Foi chamado por Deus, ainda muito jovem, para ser profeta, em 626 a.C. Profetizou no Reino do Sul, durante os reinados de Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, nos dias que antecederam o cativeiro e durante o cativeiro. Sofonias e Habacuque foram seus contemporâneos no início do ministério e Daniel no final.
O ministério durou cerca de quarenta anos. O seu nome significa “Yahweh estabelece”. É conhecido como o “profeta das lágrimas”, devido às suas lamentações pela dor do seu povo. Jeremias teve poucos amigos e enfrentou muitas lutas com falsos profetas, que entregavam mensagens de prosperidade, quando Deus falava de julgamento. Assim como Isaías, o ministério profético de Jeremias também foi muito abrangente, com profecias para várias nações. Jeremias também profetizou o retorno do cativeiro (Jr 50.19,20), a vinda do Messias como um renovo de Justiça (Jr 33.15) e escreveu o Livro de Lamentações descrevendo os horrores sofridos pelos judeus, quando os exércitos da Babilônia invadiram Jerusalém. São cinco poemas, onde os quatro primeiros são de tristeza e lamento e o quinto é uma oração com confissão de pecados e pedido de libertação e renovo.
Os profetas Isaías e Jeremias, não apenas profetizaram os julgamentos de Deus, mas anunciaram também o despertamento e a esperança. Isto nos mostra que Deus age com rigor contra os pecadores impenitentes, mas é misericordioso e compassivo e oferece esperança aos que se arrependem.
3- Os profetas Ezequiel e Daniel. Os profetas Ezequiel e Daniel profetizaram durante o cativeiro babilônico, no exílio. Ezequiel era um sacerdote, que foi levado para o cativeiro e Daniel era um jovem membro da alta nobreza de Judá, provavelmente pertencente à família real.
a. Ezequiel. O seu nome significa "sustentado por Deus". Era filho de Buzi e pertencia à classe sacerdotal em Jerusalém. Foi levado para a Babilônia por Nabucodonosor em 597 a.C. Na Babilônia foi chamado por Deus para o ministério profético, a fim de admoestar o povo no exílio, que continuava com o coração obstinado. A sua mensagem consistia em avisar ao povo da necessidade de arrependimento para a restauração e libertação do cativeiro. Ezequiel teve várias visões de Deus, sobre a situação de Israel no cativeiro e no futuro, como a famosa visão do vale de ossos secos, descrita no capítulo 37. Era chamado por Deus de "Filho do homem", uma referência à sua identificação com o seu povo. Ezequiel profetizou a restauração de Israel (Ez 34.1-39.29); a vinda do Messias como pastor e rei Ez 34.23,24); e como fonte de águas vivas (Ez 47.1,2).
b. Daniel. O seu nome significa "Deus é meu juiz". Era um jovem que fazia parte dos nobres de Judá e foi levado para a Babilônia, a fim de ser ensinado na cultura e ciência dos caldeus, para servir ao Palácio de Nabucodonosor. Logo que chegou à Babilônia, Daniel se notabilizou por sua fé em Deus e conduta diferenciada, abatendo-se de qualquer contaminação no exílio. Foi usado por Deus na interpretação dos sonhos de Nabucodonosor e na leitura e interpretação da Escritura que apareceu na parede de Belsazar.
Foi um dos três principais ministros do rei Dario e, por inveja dos seus companheiros, foi lançado na cova dos leões. Mas Deus o livrou da morte. Daniel estudou as profecias de Jeremias e entendeu que o cativeiro duraria 70 anos (Jr 25.11,12; 29.10). Ele, então, resolveu orar, reconhecendo o pecado do povo e pedindo misericórdia ao Senhor, com súplicas e jejuns. O Senhor respondeu a oração de Daniel e enviou o seu anjo para trazer-lhe as respostas. O inimigo se opôs ao anjo, tentando impedi-lo de responder ao profeta. Daniel continuou orando por 21 dias e Deus enviou o arcanjo Miguel para pelejar contra o inimigo e trazer a resposta a Daniel. Deus mostrou em visão a Daniel, as coisas que iriam acontecer, os impérios mundiais que iriam surgir, a vinda do Messias e fatos relacionados à Grande Tribulação e ao Milênio. O Livro de Daniel é considerado por estudiosos das profecias como “O Apocalipse do Antigo Testamento”.
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 2780; 2984; 3197-3199; 3367-3368.
SWIM, Roy E. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pág. 500.
ESCOBAR, Juan Carlos. Profetas e Visionários. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, pp.23,27).
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Pb. Weliano Pires