(Comentário do 1⁰ tópico da lição 3: a inerrância da Bíblia)
Neste primeiro tópico, falaremos sobre as definições dos termos inerrância e infalibilidade. Apesar de parecerem sinônimos, dada a relação que há entre ambos, há diferenças entre eles. Muitos até consideram redundância, afirmarmos que a Bíblia é inspirada, inerrante e infalível. De fato, se cremos que a Bíblia foi inspirada por Deus, isso deveria ser suficiente para acreditarmos que ela não pode conter erros ou falhas, uma vez que, Deus, o Seu autor, não pode cometer erros ou falhas. A necessidade de reafirmarmos que a Bíblia é inspirada por Deus, inerrante e infalível, se dá devido à insistência de alguns, em afirmar que é possível crermos em um livro que é infalível em suas profecias, mas que contém erros históricos e científicos ou contradições.
1. O conceito de Inerrância bíblica. A definição de inerrância é, segundo a etimologia da palavra, aquilo que é incapaz de errar, ou de estar errado. Em relação à Bíblia, quando afirmamos que ela é inerrante, significa que ela não falha, não erra e é a verdade em tudo quanto afirma. Nos textos bíblicos originais não há qualquer erro, seja histórico, geográfico, doutrinário, espiritual, moral ou científico. Também não há qualquer contradição nos textos bíblicos. A razão para isso é óbvia, pois, como já foi dito, o autor da Bíblia é Deus e Ele não erra e não falha.
2. A Bíblia reivindica a sua inerrância. Diferente da palavra inspiração, que aparece explicitamente na Bíblia, a palavra inerrância não consta nos textos sagrados. Entretanto, a ideia de que a Palavra de Deus é absolutamente verdadeira e não contém erros, está presente em vários textos bíblicos:
a. A Palavra de Deus é pura e provada. Significa que ela é sem mistura e aquilo que foi inspirado por Deus, não foi adulterado pelos escritores sagrados na transcrição:
"Toda palavra de Deus é pura. Escudo para os que nele confiam. Não acrescente nada às suas palavras, para que ele não o repreenda, e você seja achado mentiroso." (Pv 30.5,6). "A palavra do Senhor é provada” (SI 18.30).
b. A Palavra de Deus é perfeita. Uma coisa perfeita é aquilo que não possui defeitos, erros ou falhas. “O caminho de Deus é perfeito e a palavra do Senhor, refinada” (2 Sm 22.31). "A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices." (Sl 19.7)
c. A Palavra de Deus é a Verdade. Na oração de Jesus pelos discípulos, Ele afirmou que a Palavra de Deus é a Verdade. Ele não disse que ela contém algumas verdades, ou que é parcialmente verdadeira. Algo que é a Verdade, evidentemente, não pode conter nenhum erro: "Santifica-os na Verdade. A tua Palavra é a Verdade" (Jo 17.17).
d. A Palavra de Deus é inalterável e não falha. Jesus, no Sermão do Monte, afirmou que nada se omitirá da Lei até que tudo se cumpra. Para isso, ele usou a seguinte expressão: “...Nem um jota ou um til se omitirá da lei.” (Mt 5.18). Essa afirmação de Jesus mostra claramente a infalibilidade das Escrituras. Nas línguas hebraica e grega não existem o jota nem o til. No hebraico tem o "Yod" e no grego o "Iota''. O Yod é a menor letra do alfabeto hebraico. A palavra traduzida por "til" significa "pequeno chifre" e é uma referência a um sinal que há no final de outra letra hebraica, que parecia um pequeno chifre de carneiro. Isto significa que a Palavra de Deus, como é descrita pelos autores da Bíblia, não tem erro nenhum, até mesmo em seus mínimos detalhes e é totalmente digna de confiança.
3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia. Conforme vimos acima, a Bíblia é inerrante porque é totalmente isenta de erros. Mas ela é também infalível. Isso significa que as suas palavras se cumprem integralmente. As profecias bíblicas vem se cumprindo com riqueza de detalhes, como vimos na lição 1, quando falamos das evidências internas de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
A infalibilidade das Escrituras também é reivindicada pela própria Bíblia. O profeta Isaías, usado por Deus, disse que a Palavra de Deus não volta vazia, mas, cumpre aquilo para o qual foi destinada: "Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei". (Is 55.11). Deus falou também ao profeta Jeremias, que "Ele vela por Sua Palavra para cumpri-la". (Jr 1.12). O Senhor Jesus também falou: "Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar". (Mt 24.35).
Na história da Igreja, dois acontecimentos marcaram as discussões sobre a infalibilidade e a inerrância das Escrituras:
O primeiro deles foi a Declaração sobre as Escrituras na Aliança de Lausanne, em 1974. Esta declaração afirmou que "a Bíblia é inerrante em tudo o que afirma." Esta declaração, no entanto, deu margem para alguns teólogos dizerem que 'tem coisas que estão na Bíblia, mas não foram afirmadas por ela' e, portanto, não são inerrantes.
O segundo acontecimento foi a Declaração de Chicago, em 1978, do Concílio Internacional de Inerrância Bíblica. Esta declaração foi resposta, de uma convenção com aproximadamente trezentos estudiosos da Bíblia, à Declaração de Lausanne. A resposta da Declaração de Chicago, em resumo, foi a seguinte: “A Escritura na sua inteireza é inerrante, e está livre de toda a falsidade, fraude ou logro. Negamos que a infalibilidade e inerrância da Bíblia limitam-se aos temas espirituais, religiosos ou redentores, excluindo-se as asseverações nos campos da história e das ciências”.
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. págs. 61, 63,67-68).
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
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Pb. Weliano Pires