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07 dezembro 2021

ORTODOXIA VERSUS HETERODOXIA


O tema da da lição desta semana é "o zelo do apóstolo Paulo pela sã doutrina." Para entendermos isso, precisamos compreender três palavras chaves neste título: zelo, sã e doutrina. 

A palavra "zelo" em hebraico é "qina". Ela aparece por quarenta e três vezes no Antigo Testamento e é usada tanto no bom sentido, significando “ardor ou ciúme”, quanto no mau sentido egoísta (Il Rs 10.16; 19.31; Sl 69.9; 119.139; Is 9.7; 37.32; 59.17; 63.15; Ez 5.13). No sentido positivo da palavra, Deus é mostrado na Bíblia como "Deus Zeloso" (heb. El qana) (Êx 20.5). Esta referência a Deus como "zeloso" é como um pai, que cuida dos seus filhos e enfrenta qualquer coisa para defendê-los. A palavra correspondente a "qina" no grego é "zelos" que significa ardor ou devoção e no sentido negativo, significa desconfiança ou inveja. 

A segunda palavra é "sã". Esta palavra  aparece nos escritos de Paulo como um adjetivo da doutrina (1 Tm 1.10; 2 Tm 4.3-4; Tt 2.1) e da linguagem do cristão (Tt 2.8), que deve ser "sã". A ideia, portanto, é de algo puro, santo, sagrado. 

Por último, temos a palavra “doutrina.” Existem duas palavras gregas traduzidas por doutrina: "didaskalia" e "didaquê". Estas palavras aparecem quarenta e oito vezes no Novo Testamento, referindo-se a um conteúdo ensinado ou ao próprio ato de ensinar. 

A palavra doutrina não é usada apenas no sentido teológico. Há doutrina no direito, na filosofia e em outras áreas do conhecimento. Quando falamos de doutrina, no sentido bíblico, há três tipos de doutrina, de acordo com a origem: De Deus, dos homens e dos demônios. 

 

1. Dois termos técnicos importantes. Para saber o tipo de doutrina que alguém está pregando, no sentido religioso, a teologia usa dois termos técnicos, que vamos defini-los neste tópico: ortodoxia e heterodoxia. Assim como acontece com a palavra doutrina, as palavras ortodoxia e heterodoxia também são usadas em outros ramos do conhecimento, como na economia, por exemplo. 

2.   Conceito de ortodoxia. Esta palavra deriva de dois termos gregos: "orthos", que significa "reto", "correto" e "doxa", que significa "crença". Portanto, a palavra ortodoxia significa "crença correta" ou conforme o padrão. A palavra ortodoxia não aparece na Bíblia. Ela começou a ser usada logo nos primeiros séculos da Igreja Cristã, para confrontar os falsos ensinos, principalmente os dos judaizantes e dos gnósticos. A Igreja Cristã precisou se posicionar sobre os Livros considerados canônicos e definir o seu credo. Foi publicado um documento chamado Didaché, também conhecido como "Ensino dos doze apóstolos". Este documento surgiu entre o final do séc. I d. C e início do séc. II d.C. e serviu de base para a refutação das heresias que surgiram nos primeiros anos da Igreja, após a morte da geração dos apóstolos. 

Do ponto de vista da Doutrina Cristã, uma doutrina só pode ser considerada ortodoxa, se ela estiver de acordo com aquilo que Jesus e os seus apóstolos ensinaram. Os católicos romanos colocam no mesmo patamar, a Bíblia, a tradição da Igreja e o magistério da Igreja. Sendo que este último, tem autoridade sobre os outros dois. Logo, não podem ser considerados ortodoxos, pois relativizam a Palavra de Deus e adotam doutrinas extra-bíblicas e até anti-bíblicas, com base em tradições humanas e supostas visões e experiências. Do lado protestante, também há Igrejas que seguiram o mesmo caminho, adotando visões, escritos de seus fundadores e experiências pessoais, como fontes de doutrinas. 


3.   Conceito de heterodoxia. A palavra heterodoxia, por sua vez, também é formada de dois termos gregos: "héteros", que significa "outro de espécie diferente" e "doxa", que significa "opinião". Portanto, heterodoxia é uma opinião que se opõe a uma opinião ortodoxa. O primeiro escritor cristão a usar a palavra heterodoxia foi o Inácio, bispo de Antioquia, para se referir aos falsos ensinamentos, propagados pelos heresiarcas.


A Igreja de Cristo deve ser sempre ortodoxa, ou seja, as suas doutrinas obrigatoriamente tem que estar embasadas na Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Nenhuma autoridade da Igreja ou Instituição tem autoridade para criar novas doutrinas ou revogar as que já estão estabelecidas na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo deixou isso bem claro, quando escreveu aos Gálatas: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema". (Gl 1.8).


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Pb. Weliano Pires

REFERÊNCIAS: 

DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pag. 105-106.      

CABRAL, Elienai. O apóstolo Paulo, Lições da vida e ministério do apóstolo do gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 105.    

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 633-635.      

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 725-726.  

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 2039.    



25 novembro 2021

O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES


Paulo foi, sem dúvida nenhuma, o maior doutrinador da Igreja Cristã. A Epístola aos Romanos é um verdadeiro tratado teológico. Nas treze epístolas que escreveu, Paulo ensinou sobre as doutrinas do pecado, da salvação, de Cristo, do Espírito Santo, da Igreja, sobre o arrebatamento da Igreja, ressurreição de Jesus e dos mortos, etc. Mas, Paulo não deixou apenas um legado doutrinário. Ele deixou-nos também um legado apologético, que é a defesa da fé, contra seitas e heresias. Neste tópico veremos como Paulo advertiu os novos obreiros a respeito de dois grupos hereges do seu tempo, que eram os judaizantes e os gnósticos. 

1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos. 

a. Quem eram os judaizantes? Paulo pregava o Evangelho por toda parte. Quando chegava a uma cidade, logo procurava uma sinagoga e expunha, ousadamente, a mensagem da Cruz. Isso provocava a ira dos judeus e muitas vezes ele teve que fugir para não ser apedrejado. 

Alguns judeus se converteram, porém não queriam abandonar os rituais da Lei e queriam impor isso aos gentios, como requisitos para a salvação. Paulo se contrapôs corajosamente contra estes ensinos, defendendo que. Salvação é obra da Graça de Deus, mediante a fé em Cristo e não depende das obras da Lei. Nas Epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Colossenses podemos ver isso bem detalhado. 

Em nossos dias ainda há pessoas querendo "costurar o véu do templo" e exigir as práticas da Lei pela Igreja. O principal grupo que defende isso é a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eles pregam a guarda do sábado e a abstinência de vários alimentos. 

Há também os neopentecostais que não exigem que se guarde o sábado ou abstinência de alimentos, mas atribuem poderes a objetos e locais de Israel, praticam elementos do culto judaico e usam símbolos judaicos em seus templos. 

A Igreja Cristo não é um segmento do Judaísmo e não pertence a um povo. A Igreja é a Universal Assembleia, formada por judeus e gentios, unidos pela fé em Cristo. 

b. Quem eram os gnósticos? A palavra “gnóstico” deriva do termo grego “gnoses”, que significa conhecimento. É daí que vem as palavras portuguesas prognóstico e diagnóstico. Gnóstico, portanto, é a pessoa que adquire um suposto conhecimento especial e vive segundo esse conhecimento.

O Gnosticismo baseia-se, essencialmente, em duas premissas falsas: 

a. Dualismo em relação ao espírito e à matéria. Acreditam que a matéria é inerentemente má e que o espírito é bom. Partindo dessa premissa, acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum, pois a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas. Por causa desse entendimento equivocado, negam a encarnação de Cristo. Dizem que o corpo de Jesus era apenas aparente e que Ele não foi crucificado. Para combater esta heresia, o apóstolo João escreveu que "qualquer espírito que não confessa que Jesus veio em carne não é de Deus". (1 Jo 4.1). 

b. Conhecimento elevado ou uma “verdade superior", conhecida apenas por poucos.  Os gnósticos se consideravam pensadores com conhecimento profundo e tentavam explicar os mistérios relacionados à criação  e o mal. Este suposto conhecimento, que alegavam possuir, não vinha da Bíblia ou de estudos filosóficos, mas de um suposto plano místico e superior de existência. Por causa desta suposta profundidade de conhecimento, eles se opunham à simplicidade da fé cristã.

Para os gnósticos havia três tipos de pessoas no mundo:

a. Os instruídos, ou espirituais, que naturalmente eram eles mesmos;

b. Os cristãos comuns, em quem se equilibram matéria e espírito;

c. Os pagãos, ou materiais, nos quais o espírito é subjugado pela matéria.

Sobre a pessoa de Jesus, os gnósticos ensinavam que ao ser batizado, Jesus teria recebido um "eon", que eles consideravam ser uma entidade superior, que fez dele um enviado de Deus, capaz de levar os homens à verdadeira “gnose”, o evangelho da redenção através do conhecimento.

O gnosticismo teve origem em várias seitas religiosas anteriores ao cristianismo, mas nos primeiros séculos da era cristã, misturou-se com o próprio cristianismo. Posteriormente, foi declarado como pensamento herético. Alguns defendem que há um gnosticismo pagão e um gnosticismo cristão. O fato é que o pensamento gnóstico é absolutamente incompatível com a fé cristã. 

Sobre o Gnosticismo, podemos dizer que:

(a) Ele é racionalista. Busca responder perguntas que estão fora das Escrituras e das testemunhas apostólicas, com suposições que não tem nenhum fundamento bíblico.

(b) Ele é místico, pois busca a identificação e a absorção com o divino.

(c) Ele é mitológico, pois emprega um sistema de mitologia para expressar a verdade, substituindo a verdade bíblica.

O pensamento gnóstico ainda está presente na atualidade em diversas sociedades secretas, em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde realizam sessões e divulgam suas doutrinas. Está presente até em Igrejas que se dizem evangélicas, mas pregam estas premissas gnósticas.

2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19). Paulo se preocupava antes de qualquer coisa, em agradar a Deus e praticar aquilo que ensinava. Qualquer coisa diferente disso é hipocrisia. O grande problema dos fariseus não era o que eles ensinavam e sim, a distância abissal entre o ensino e a prática. 

Escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo,  Paulo falou: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja bem a Palavra da verdade". (2 Tm 2.15). O primeiro compromisso do obreiro não é com a obra de Deus e sim com Deus. Antes de ser um pregador e ensinador, precisamos ser salvos e comprometidos com Deus. É a Deus que servimos e não aos homens ou instituições. Pedro e João, quando foram convocados a prestar esclarecimentos perante o Sinédrio, foram advertidos a não mais ensinar no Nome de Jesus. Diante desta advertência, eles responderam: "Mais importa obedecer a Deus que aos homens. Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido". (At 4.19,20). 

Com relação ao trabalho de um obreiro, ele deve ter em mente três princípios:

  • Ele está a serviço de Deus e não dos homens; 

  • Ele deve servir a Deus, com humildade, considerando que diante de Deus nada somos;

  • Ele não deve esperar facilidades por estar servindo a Deus, pois todos os que querem servir a Deus neste mundo, enfrentarão lutas, tribulações e perseguições.


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Pb. Weliano Pires


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pag. 1019-1021. 

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 619.    

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 1043-1047.    

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 440-441.    

LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 410-412.    

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD 2006, pp.871, 1103.


27 janeiro 2019

O esvaziamento dos cultos de ensino nas Assembleias de Deus

Os cultos de ensino ou de doutrina são uma característica das Assembleias de Deus no Brasil, desde a sua fundação. No início da denominação, não havia cursos teológicos. Por isso, um dos cultos da semana era destinado ao ensino da Palavra de Deus. No culto de ensino, iniciava-se com um período maior de oração, cantava-se um ou dois hinos e durante uma hora ou mais, o pastor trazia um estudo bíblico para a Igreja.

Dois meses após a fundação da Assembléia de Deus, foi realizada a primeira aula da Escola Dominical em Belém-PA e em 1930 foi lançada a Revista Lições Bíblicas pela CPAD. Foram criadas também as Escolas Bíblicas de Obreiros (EBO) para ensinar sistematicamente a Palavra de Deus aos obreiros.
Estes trabalhos de ensino sempre foram muito bem frequentados. Era uma exigência para os candidatos ao ministério, a participação nos cultos de ensino e na Escola Dominical.

Infelizmente, nos últimos anos, esta realidade vem mudando. Tanto os cultos de ensino como a Escola Dominical estão cada vez mais vazias. Em muitos lugares, até mesmo obreiros não frequentam os cultos de ensino e Escola Dominical. Como consequência, temos cada vez mais, crentes raquíticos, sem firmeza espiritual e que abraçam ventos de doutrinas e inovações teológicas.

A meu ver, algumas razões contribuem para este esvaziamento:

1. Deturpação da mensagem do Evangelho. Em muitos púlpitos não se prega mais o Verdadeiro Evangelho de Cristo. Com o objetivo de ser politicamente correto e não espantar o povo, muitos pregadores pregam 'outros evangelhos", como a teologia da prosperidade, a confissão positiva, o triunfalismo, etc. Isso, evidentemente, traz para a Igreja, pessoas com outros interesses, que não é renunciar tudo e seguir a Cristo e sim, obter vantagens pessoais. Esse tipo de pessoa não se interessa em conhecer a palavra de Deus, porque esta contrasta os seus interesses escusos.

2. Pessoas com "comichão nos ouvidos". Existem pessoas que estão sempre em busca de novidades e revelações. Estas pessoas acham o ensino bíblico antiquado e procuram 'coisas novas'. Andam de campanha em campanha, buscando 'profetadas' e 'revelamentos'.

3. Despreparo para o ensino bíblico. Se por um lado, muitos crentes não se interessam em aprender a Palavra de Deus, por outro lado, muitos pastores e professores de Escola Dominical, não tem a mínima condição de ensinar, pois, também não aprenderam. A Bíblia diz que os bispos e presbíteros devem estar "aptos para ensinar". Mas, há pastores e professores que nunca leram a Bíblia toda e não se preparam para ensinar. No tempo destinado ao ensino da Palavra de Deus contam histórias e falam coisas indevidas.

4. Uso de linguagem inadequada. Há pessoas que até possuem conhecimento bíblico para ensinar, mas, usam linguagem vulgar e grosseira, que machuca os ouvintes. Ninguém gosta de ouvir pessoas que são grosseiras no falar e inconvenientes. Já vi muitos casos de pessoas que arrumaram confusão, por causa de palavras e exemplos usados durante a pregação. Púlpito não é lugar para indiretas, zombarias, ou piadas.

5. Extrapolação do horário. Via de regra, os cultos na Assembleia de Deus devem terminar às 21:00. Com os avisos, às vezes passam alguns minutos. Mas, alguns pastores quando estão pregando, esquecem do horário, principalmente, nos cultos de ensino, onde o tempo destinado à mensagem deve ser maior, por se tratar de ensino e ser necessário uma exposição mais abrangente. Ora, se precisam de mais tempo para ensinar, deveriam cantar menos, aproveitar mais o tempo e não extrapolar o horário do final culto. Já vi pastores estenderem a mensagem até às 21:40. Ora, se para de pregar às 21:40 ou mais e ainda vai dar avisos e orar, o culto vai terminar próximo das 22:00. Alguns irmãos moram longe, dependem de ônibus ou vão a pé e no dia seguinte, precisam acordar cedo. Sendo assim, preferem não ir ao culto a sair antes do término.

Conclusão

Precisamos ensinar a Palavra de Deus à Igreja e trazer de volta os crentes aos nossos cultos de ensino e Escola Dominical. Para isso, precisamos nos preparar para ensinar, ser prudentes no falar e fazer bom uso do tempo. Um bom livro de homilética pode nos ajudar. 

Pense nisso!

Pb. Weliano Pires

VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...