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23 novembro 2021

ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS

 

Éfeso era uma das mais importantes cidades do Império Romano. Era a segunda maior cidade do Império romano. Por ser uma cidade portuária estar em conexão com as estradas para várias cidades, Éfeso se tornou um importante centro comercial. Havia também nesta cidade vários armazéns e um anfiteatro com capacidade para vinte mil e cinco pessoas. Entretanto, a construção que tornava Éfeso uma cidade mundialmente conhecida, era o templo dedicado à deusa Ártemis, conhecida por Diana no império romano. 

Paulo esteve em Éfeso pela primeira vez, em sua segunda viagem missionária, acompanhado do casal Priscila e Áquila. Ali, Paulo disputava com os  judeus sobre as Escrituras. Os judeus em Éfeso receberam bem o Evangelho e rogaram a Paulo que demorasse mais um pouco ali. Mas, devido a um compromisso que tinha em Jerusalém, Paulo deixou Priscila e Áquila em Éfeso e seguiu viagem. Este casal conheceu Apolo, um judeu de Alexandria, eloquente e poderosos nas Escrituras, que conhecia apenas o batismo de João. O casal de missionários o orientou sobre o Evangelho ele se tornou um importante pregador e companheiro de Paulo. 

Depois, em sua terceira viagem missionária, Paulo retornou a Éfeso, Ali, ele encontrou um grupo de doze cristãos, que haviam crido na mensagem pregada por João Batista, provavelmente, pregada em Éfeso por Apolo. Estes cristãos nada sabia a respeito do Espírito Santo. Paulo lhes ensinou sobre a doutrina do Espírito Santo e, impondo-lhes as mãos, foram batizados no Espírito Santo, falaram em línguas e profetizaram (At 19.1-7). Nesta ocasião, Paulo permaneceu em Éfeso por três meses, pregando ousadamente a Palavra de Deus na sinagoga  (Atos 19:23-41). Durante este período, ferrenhos opositores, liderados pelo ourives Demétrio, se levantaram contra a equipe, irritados por causa dos prejuízos causados aos fabricantes de ídolos, em virtude das muitas conversões. 

1. O ponto de partida. A Igreja em Éfeso cresceu e foi avivada pelo ensino bíblico. Paulo permaneceu ali por três anos, ensinando a Palavra de Deus. Por isso, esta Igreja se tornou uma referência na doutrina, sendo elogiada por Jesus, por suas boas obras, trabalho árduo e perseverança e por desmascarar os falsos apóstolos (Ap 2.2.3).

Devido ao longo período que Paulo permaneceu em Éfeso, ele fundou ali, uma escola de preparação de obreiros, para ensinar aos que tinham vocação para o ministério. Evidentemente, não era uma escola nos moldes de hoje, com materiais didáticos e instalações adequadas e não possuíam ainda o Novo Testamento como temos hoje. 

2. Paulo e o despertamento de novas vocações. O ministério de Paulo era muito intenso. Ele viajava por todo o mundo pregando o Evangelho, ensinando e visitando Igrejas. Ele não podia ficar muito tempo em um lugar ensinando uma Igreja. Sendo assim, Paulo se preocupou em formar novos obreiros para dar continuidade ao seu trabalho, principalmente porque ele sabia que teria que partir de Éfeso e que não voltaria mais. Por onde passava, Paulo investia em novos obreiros e formou vários companheiros de ministério, entre eles estão Timóteo, Sópatro, Segundo, Trófimo (At 20.4), Tíquico (Ef 6.21,22: Cl 4.7:2 Tm 4.12; Tt 3.12), Tito, Aristarco (CL 4.10), Filemom, Gaio e tantos outros. 

Paulo tinha um cuidado e carinho especiais com cada um deles, como podemos notar no tratamento dado por ele a Tito, Timóteo e Filemon nas Epístolas. Não era uma relação de ‘chefe e subordinado’, como se vê em muitos lugares. Paulo os chamava de “meu filho” e conhecia o perfil de cada companheiro. 

A obra de Deus não pode parar. É preciso recrutar e preparar novas lideranças para dar continuidade ao trabalho. As lideranças mais experientes devem ajudar, compreender e ensinar aos mais novos. Os pastores precisam formar novos pastores; os regentes devem formar novos regentes; os superintendentes e professores, da mesma forma.

3. Paulo, um mestre inspirado. Paulo recebeu a doutrina cristã diretamente do Senhor Jesus, por meio de revelações e por inspiração do Espírito Santo. Além disso, Paulo tinha profunda comunhão com o Senhor. Era um homem de oração e que ouvia o Senhor falar com ele nas prisões e nos momentos difíceis. Tinha muitas experiências para repassar aos obreiros mais jovens. Ele se tornou uma inspiração para os seus filhos na fé. 

Todos nós, de alguma forma influenciamos a alguém, seja para o bem, ou para o mal. Em tudo o que fazemos na Igreja tem alguém nos olhando e pode se espelhar em nós, principalmente os novos convertidos. A pergunta que fica é: Que tipo de influência temos sido? Se os novos obreiros olharem para nós, se tornarão melhores ou piores? Escrevendo a Timóteo, Paulo disse coisas do tipo: Sejas exemplo para os fiéis, em tudo te dá por exemplo. Escrevendo aos Coríntios, ele disse: Sede meus imitadores (1 Co 11.1). Tenhamos cuidado para que as nossas palavras e atitudes não escandalizem os nossos filhos na fé e novos crentes. 


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Pb. Weliano Pires


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD. Ed. 1, 2021.

BALL, Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 83.  

LOURENÇO, Stelio Rega. Paulo e Sua Teologia. Editora Vida. pag. 42-46.    

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 413.      


21 outubro 2021

UMA VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO


Paulo teve uma visão do Cristo ressurreto, no caminho de Damasco. O esplendor daquela visão, fez ele cair por terra e ficar cego por três dias. O Senhor o encaminhou a Damasco pois, lá lhe seria dito o que ele deveria fazer. Enquanto isso, o Senhor apareceu também a Ananias e o enviou ao encontro de Saulo. O Senhor Jesus falou claramente para Ananias que a vocação ministerial de Saulo seria entre os gentios. Esta vocação para o apostolado mudou radicalmente a vida de Saulo. A partir daquele momento, ele passou a viver exclusivamente para Cristo.


1. Saulo viu o esplendor glorioso do Cristo ressurreto (At 9.3-6). Saulo viu, claramente, o esplendor de Jesus ressurreto e glorificado e caiu por terra. Em seguida, ouviu a sua voz gloriosa, perguntando-lhe, porque o perseguia. Saulo não conhecia a voz de Cristo e naturalmente perguntou quem era. O Senhor Jesus se identificou e lhe disse que seria “duro para ele, recalcitrar contra os aguilhões”. Esta expressão é uma linguagem figurada, para explicar para Saulo, que ele havia sido dominado. A palavra "recalcitrar" significa “confrontar” ou “resistir”. "Aguilhão" é uma espécie de espeto de ferro, bronze, ou prata, usado pelos carroceiros, para prenderem o gado que puxava a carroça. Quando o boi era muito bravo, ficava se debatendo contra os aguilhões e acabava se ferindo. Como um "boi selvagem", Saulo estava lutando contra algo que para ele era errado. O Senhor Jesus, então, lhe ensinou que não adiantaria ele lutar contra aquele “aguilhão”, pois era mais forte do que ele. 

Esta visão colocou por terra toda a valentia e orgulho do perseguidor. Agora, ele estava cego e atemorizado diante do Senhor da Igreja, a quem ele, sem saber, estava perseguindo. Ao ver a glória do Cristo ressurreto e contemplar o seu imenso poder, Saulo se entregou a ele e perguntou, humildemente, o que o Senhor queria que ele lhe fizesse. Agora dominado pelo Senhor, Saulo foi enviado a Damasco para ser discipulado e batizado. 


2. Uma vocação inevitável para o apostolado entre os gentios. No testemunho posterior de Paulo, sobre o seu encontro com Ananias, ele diz: “E ele [Ananias] disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo, e ouças a voz da sua boca”. (At 22.14). Fica claro, então, que Deus havia designado de antemão a Saulo para fazer a Sua vontade. Mas, qual era a vontade de Deus na vida de Paulo? Deus havia escolhido Paulo para ser o apóstolo do gentios, conforme Paulo inicia dizendo nas Epístolas aos Romanos (Rm 1.1); aos Coríntios (1 Co 1.1; 2 Co 1.1); Aos Gálatas (Gl 1.1); Aos Efésios (Ef 1.1); Aos Colossenses (Cl 1.1); e a Timóteo (1 Tm 1.1; 2 Tm 1.1). Em todos estes textos, Paulo esclarece que ele é apóstolo do Senhor, não pela vontade dos homens, mas, pela vontade de Deus. 

Conforme estudamos no 2º Trimestre de 2021, quando falamos sobre o ministério de apóstolo, os requisitos principais para ser apóstolo eram: ter visto o Senhor Jesus e ter sido enviado pessoalmente por Ele. Paulo não esteve com Jesus em seu ministério terreno. Mas, viu Jesus ressuscitado e recebeu o Evangelho diretamente do Senhor (Gl 1.6-24; 1Co 11.23), seja por inspiração para escrever as epístolas, ou por revelação direta. (2 Co 12.1-4). As credenciais do apostolado paulino eram as Igrejas que ele fundou e a sua identificação com Cristo nas perseguições. 


3. A vocação mudou o rumo da vida de Saulo. Conforme já falamos anteriormente, Saulo nunca mais foi o mesmo após o seu encontro com o Senhor Jesus. O perseguidor violento e implacável foi transformado em seu íntimo. A vocação ministerial começa no chamado e isso vem de Deus. A Igreja não chama ninguém para o ministério, ela apenas reconhece a chamada de Deus na vida de alguém. Esta chamada, como vimos no primeiro tópico, está relacionada à presciência de Deus. Ele chama antes da pessoa nascer, conhecendo de antemão o futuro. 

Depois da chamada vem a transformação. Mesmo sendo chamado para o ministério, o obreiro precisa primeiro ser transformado por Deus. Paulo foi vocacionado antes mesmo de nascer, para ser o apóstolo dos gentios. Mas, antes de ser apóstolo ele teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus e passou por uma mudança radical. Depois desta mudança na personalidade, Saulo passou por um período de capacitação e preparo, como veremos no próximo tópico. 

Deus ainda continua chamando obreiros para a sua Seara, que é grande e tem poucos trabalhadores (Mt 9.37). Mas, é necessário antes passar pela transformação no processo de conversão. Após a conversão, o crente deve orar a Deus para descobrir qual é a sua vocação no Reino de Deus. Na Igreja não existe esse negócio de ser apenas “membro de banco” ou apenas ficar em nosso cantinho. Deus não chamou ninguém para ficar parado. Segundo escreveu o Pr. Elias Torralbo, em seu livro “Vocação: descobrindo o seu chamado”, há algumas lições que devemos aprender em relação à chamada ministerial: 

1. O mérito não é de quem é chamado, mas de quem chama; 

2. A tarefa a ser realizada não pertence a quem foi chamado, mas a quem chamou; 

3. Não se trata de um peso, mas de um privilégio concedido pela graça divina.


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Pb. Weliano Pires


REFERÊNCIAS: 

1. TORRALBO, Elias. Vocação: Descobrindo o seu chamado. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.12,15.

20 outubro 2021

O PONTO DE PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO


Paulo foi vocacionado para ser apóstolo, antes do seu nascimento, pela vontade de Deus, conforme ele mesmo mencionou: "Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou para sua graça” (Gl 1.15).


1. Chamada e presciência divina. A vocação de Paulo para ser um apóstolo foi determinada pelo próprio Deus, com base na sua presciência. Esta palavra "presciência", segundo o Dicionário Teológico, publicado pela CPAD, vem do latim "praesentia" que significa ciência inata. Presciência é o atributo metafísico e incomunicável de Deus, através do qual Ele se faz eternamente presente no tempo e no espaço, conhecendo todas as coisas antecipadamente. 

Conhecendo o futuro antecipadamente, Deus chama quem Ele quer, com base não naquilo que a pessoa é ou fez, mas, naquilo que pode se tornar ou vir a fazer. Ananias, ao ser enviado ao encontro do perseguidor Saulo, evidentemente não entendeu e questionou ao Senhor: 

– Senhor, quanto tenho ouvido a respeito deste homem e quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém! 

Mas, o Senhor respondeu com base em seu conhecimento prévio do futuro, dizendo que aquele era um vaso escolhido para levar o Evangelho aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel. (At 9.15-16). O homem vê as aparências e as circunstâncias presentes. Mas Deus conhece as intenções dos corações e o futuro. Por isso, a liderança da Igreja deve orar ao Senhor, no momento de separar obreiros, para que o Espírito Santo mostre quem deve ser escolhido para o ministério e não escolher por critérios humanos. 


2. Um ministério na plenitude do Espírito.  O ministério apostólico de Paulo foi confirmado pela atuação poderosa do Espírito Santo, com pregações poderosas, curas, prodígios e maravilhas. No Livro de Atos vemos estas manifestações do Espírito na vida de Paulo, por onde ele passava. Em Listra, ele foi usado por Deus para curar um coxo de nascença (At 14.8-10); Em Pafos, o mágico Elimas, tentou atrapalhar a evangelização do procônsul e ficou cego, com as palavras de Paulo (At 13.8-11); em Filipos, expulsou o espírito maligno de uma jovem adivinhadora e as portas da prisão foram abertas com um terremoto (At 16.18,26). 

Deus fazia milagres extraordinários através de Paulo. Em Atos 19.11, a Bíblia relata que as pessoas levavam os seus lenços e colocavam sobre pessoas enfermas e elas eram curadas e os demônios saíam. Evidentemente, não podemos usar isso como justificativa para operar milagres usando objetos. Não era Paulo que usava lenços para curar ninguém. As pessoas pegavam os seus objetos e colocavam sobre os enfermos. Deus fazia milagre para mostrar o seu poder na vida de Paulo.


3. Deus mudou o nome de Saulo para Paulo?  Há uma polêmica envolvendo os nomes de Saulo e Paulo. Muitas pessoas insistem em dizer que Deus mudou o nome de Saulo para Paulo, mas isso não tem base na Bíblia. Deus mudou o nome de algumas pessoas em Israel: Abrão para Abraão (Gn 17.5; Jacó para Israel (Gn 35.10). Jesus também mudou o nome de Simão para Cefas (Pedro) (Jo 1.42). Isto acontecia, porque em Israel os nomes eram dados de acordo com as circunstâncias. 

Entretanto, isso não aconteceu com Paulo. O seu nome hebraico era Saulo (uma variação do nome Saul). Paulo (em latim Paulus) era o seu nome na cidadania romana. Então, após a conversão, ele usava o nome Paulo porque era o nome pelo qual ele era conhecido entre os gentios. 

Infelizmente, em nossos dias ainda há pessoas evangélicas que acreditam em maldição hereditária ou do nome e, por isso, querem mudar de nome. Mas toda maldição foi quebrada na Cruz e o salvo em Cristo não precisa se preocupar com isso. Evidentemente, há nomes que são constrangedores e, nestes casos, a própria legislação permite a mudança. Imagine um filho de um satanista, ter o nome de Satanás ou Belzebu! Se ele se converter pode pedir para mudar, para não carregar este nome constrangedor no meio do povo de Deus. 


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Pb. Weliano Pires


19 outubro 2021

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: PAULO, A VOCAÇÃO PARA SER APÓSTOLO



Na lição passada, falamos sobre a conversão extraordinária de Saulo de Tarso, que se deu no caminho de Jerusalém a Damasco, quando o Senhor Jesus foi pessoalmente ao seu encontro. Vimos que a conversão de Saulo foi um ato da Graça de Deus, pois, o Senhor tomou a iniciativa de ir ao encontro de um vil pecador, que perseguia e maltratava a Igreja do Senhor. Depois falamos sobre a conversão como uma doutrina bíblica, que é parte da Doutrina da Salvação e começa no arrependimento. Falamos sobre o conceito bíblico de arrependimento, que é a tristeza pelos pecados cometidos e a disposição em não mais os praticar. Por último, falamos sobre as três faculdades humanas que são transformadas pelo Espírito Santo na conversão: faculdade intelectual, faculdade das emoções e faculdade da vontade. 


Na lição desta semana falaremos sobre a vocação ou chamada de Paulo para ser apóstolo. Paulo faz questão de enfatizar em suas epístolas que ele era apóstolo não por vontade de homem algum, mas do próprio Senhor Jesus. 


No primeiro tópico, veremos que o passo inicial para a chamada ministerial de Paulo tem base na presciência divina. Conhecendo o futuro antecipadamente e conhecendo os corações, Deus escolheu Paulo para ser apóstolo, antes que ele nascesse (Gl 1.15). Falaremos também neste primeiro tópico, sobre a ação plena do Espírito Santo no ministério apostólico de Paulo 


No segundo tópico, falaremos da efetivação da chamada apostólica de Paulo, pelo Cristo ressurreto. Conforme vimos na lição passada, Paulo teve uma visão de Cristo após a sua ressurreição, já glorificado. Com o esplendor daquela visão, ele caiu por terra e ficou três dias sem enxergar. O Senhor o encaminhou a Damasco para aguardar as instruções e, simultaneamente, encaminhou Ananias ao seu encontro, deixando claro para Ananias que a vocação ministerial de Saulo seria entre os gentios. Esta chamada mudou radicalmente a vida de Saulo, transformando-o no apóstolo dos gentios e maior missionário de todos os tempos, na história da Igreja. 


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a preparação ministerial de Paulo. Paulo não foi a Jerusalém para ser formado pelos demais apóstolos e separado por eles para o apostolado, A sua chamada foi feita diretamente por Jesus e o seu preparo também. Diferente do colégio apostólico, Paulo não conviveu com Jesus e não passou pelo treinamento que eles passaram, andando com o Mestre por três anos. Então, o Senhor o enviou para o deserto da Arábia, onde ele era totalmente desconhecido. Distante das sinagogas e da filosofia grega, Paulo passou a depender completamente de Deus e teve revelações profundas do próprio Jesus, sobre o Evangelho que deveria pregar: “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” (Gl 1.11,12). 


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Pb. Weliano Pires



18 outubro 2021

Lição 04: Paulo, a Vocação para ser Apóstolo


TEXTO ÁUREO:

Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser Apóstolo de Jesus Cristo.” (1 Co 1.1)


Verdade Prática:

"Deus chama pessoas para realizar grandes feitos no reino divino."


Hinos Sugeridos: 16, 93, 600 Harpa Cristã


LEITURA DIÁRIA


Segunda – Gl 1.15 

Um chamado pela presciência de Deus

Terça – At 9.15-16 

Paulo O Vaso Escolhido de Deus.

Quarta – At 9.17; 1 Co 14.18 

Paulo na dimensão do Espírito

Quinta – At 22.14 

Deus o escolhe de antemão para fazer a sua vontade.

Sexta – Ef 1.1 

Paulo, separado para ser Apóstolo.

Sábado – Gl 1.17-18 

A escola do deserto na Arábia


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 9.15-22; Gálatas 1.11-18


Atos 9


15 - Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.

16 - E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.

17 - E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.

18 - E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado.

19 - E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco.

20 - E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus.

21 - E todos os que o ouviam estavam atônitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?

22 - Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo.


Gálatas 1


11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 - Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.

14 - E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.

15 - Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,

16 - Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,

17 - Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.

18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.


OBJETIVOS GERAL:

  • Revelar que Deus vocacional atualmente os crentes para sua obra.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Salientar o ponto de partida para a vocação de Paulo;

  • Enfatizar que a vocação de Paulo foi efetivada pelo Cristo ressurreto;

  • Relacionar a vocação de Paulo com aprendizado no deserto


INTERAGINDO COM O PROFESSOR


Antes de o apóstolo Paulo exercer sua vocação, ele passou por um aprendizado no deserto. O deserto lhe ensinou mais sobre Jesus, onde o apóstolo pôde reavaliar-se diante de Deus, mediante suas crenças e convicções. Ele podia agora confrontá-las com a revelação da Graça de Deus em Cristo. Ainda no deserto, ele pode refletir sobre a simplicidade, dominar suas paixões instintivas e, por meio da solidão, aprender a depender de Deus. 

O deserto que Paulo experimentou pode trazer profundos aprendizados para os nossos próprios desertos, quando os experimentamos quer na vida cotidiana, quer no ministério dado por Deus.


INTRODUÇÃO


Nesta lição, estudaremos a respeito da vocação de Paulo para santo apostolado. Veremos o ponto de partida de sua vocação e sua escola de formação no deserto da Arábia. Assim, teremos uma visão geral de como Deus usa o tempo e a circunstância para formar o ministério útil para o reino de Deus.


PONTO CENTRAL: Deus chama para sua obra.


I - O PONTO DE PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO


1. Chamada e presciência divina. A vocação de Paulo foi estabelecida segundo a presciência de Deus. Ele mesmo confirma esse fato aos Gálatas, quando escreve: ”mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou para sua graça” (Gl 1.15). O apóstolo experimentou uma completa transformação por meio do encontro com Cristo, e foi vocacionado por Ele para uma grande obra. O livro de Atos atesta para uma chamada presciente quando nosso Senhor diz Ananias: ”Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei o quanto deve padecer pelo meu nome.” (At 9.15-16). Assim, Paulo foi batizado no Espírito Santo, batizado nas águas e teve sua visão recuperada (At 9.18).


2. Um ministério na plenitude do Espírito.  Depois de passar pela experiência do Novo Nascimento, Paulo recebeu a plenitude do Espírito, isto é, ele foi batizado no Espírito Santo (At 9.17). Nesse sentido, no livro de Atos revela que o ministério do apóstolo dos gentios recebeu uma unção especial do Espírito Santo. Foi o ministério marcado por pregação poderosa, curas, sinais, prodígios e maravilhas. Com o Ministério do apóstolo, aprendemos que não podemos fazer a obra de Deus sem a atuação do Espírito Santo. Ele é que confirma a palavra e a obra.


3. Deus mudou o nome de Saulo para Paulo?  Na Bíblia, vemos ocasiões em que Deus mudou o nome de pessoas (Abrão para Abraão [Gn 17.5]; Jacó para Israel [Gn 35.10]), como Jesus alterou o nome de Simão para Pedro (Mc 3.16; Jo 1.42). Entretanto, isso não se deu com o nome do apóstolo Paulo. Não há qualquer menção disso na Bíblia. O que explica a mudança de ênfase do nome de Saulo para Paulo é a origem do apóstolo. O nome “Saulo” (aportuguesado de ‘Saul’) é de origem judaica; já “Paulo” (aportuguesado  de Paulus, em latim), da sua cidadania Romana. Como o Ministério do apóstolo buscava alcançar os gentios, o nome Paulo foi naturalmente usado no trabalho missionário e, consequentemente, nas Escrituras canônicas.


SÍNTESE DO TÓPICO I

O ponto de partida para a vocação de Paulo foi a presciência divina e a pessoa do Espírito.


SUBSÍDIO PEDAGÓGICO


Parece que no passado havia uma percepção maior a respeito de jovens, e de muitos outros irmãos que entregavam a sua vida a Cristo, que desejavam por uma vocação na obra de Deus. Muitos se planejavam para ir aos seminários a fim de aperfeiçoarem-se para servir melhor na obra de Deus. Muitos obreiros relatam não perceber essa mesma disposição com o mesmo sentimento de outrora. Claro que isso não significa que não haja pessoas sendo vocacionadas, pois Deus as chama em qualquer tempo. Nesse sentido, promova uma reflexão a respeito das vocações por meio das seguintes indagações: Você se sente vocacionado por Deus para alguma obra? Em algum momento de sua vida, você ignorou ou tem ignorado esse chamado? O que você poderia fazer para aperfeiçoar-se melhor na obra de Deus? Você deve promover essa reflexão como introdução ao tema desta semana, ressaltando sempre que Deus chama pessoas para a sua obra.


II - UMA VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO


1. Saulo viu o esplendor glorioso do Cristo ressurreto (At 9.3-6). Não foi uma miragem, nem uma ilusão de ótica, mas Saulo viu realmente o Cristo ressurreto, a quem ele perseguia (At 9.17). Essa visão gloriosa ofuscou seu orgulho ante às autoridades judaicas e foi definitiva para a vida daquele que, mais tarde, seria um embaixador de Cristo entre os gentios.


2. Uma vocação inevitável para o apostolado entre os gentios. Deus escolheu Saulo de antemão para fazer conhecer a sua vontade (At 22.14). Qual era a vontade dEle para Saulo? Torná-lo um embaixador de Cristo, um pregador do Evangelho (At 9.20). Não por acaso, as várias cartas do apóstolo às igrejas plantadas por ele eram assim identificadas: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus.” (Ef 1.1). O apóstolo não foi ordenado em Jerusalém, nem por uma comissão de apóstolos formada por Pedro, João e Tiago, ou por outros apóstolos de Cristo. O que prevaleceu foi a declaração de Jesus para Ananias, discípulo fiel de Cristo em Damasco: “Vá, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e reis, bem como diante dos filhos de Israel” (At 9.15). Ananias, com autoridade delegada pelo próprio Senhor Jesus numa visão, foi ao encontro de Saulo, na rua chamada Direita, e lá chegando, “impôs as mãos sobre Saulo” (At 9.17).


3. A vocação mudou o rumo da vida de Saulo. De perseguidor dos seguidores de Jesus, de personalidade tenaz e obstinada (At 9.1.1-6), Deus chamou Saulo e o transformou no apóstolo que seria o maior responsável pela expansão da Igreja no mundo gentílico. A operação da graça salvadora na vida de Saulo promoveu uma mudança radical em sua vida. Foi Jesus que o confrontou, o surpreendeu e o chamou pelo nome. Cristo ainda chama o ser humano para frutificar no Reino de Deus. É necessário um encontro real com Cristo. Quando isso acontece, Ele capacita o ser humano para o seu propósito. Assim aconteceu com Saulo.


SÍNTESE DO TÓPICO II


A visão gloriosa do Cristo Ressurreto mudou definitivamente o rumo da vida de Paulo.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO


“O Jesus ressurreto é quem aparece a Saulo (cf. 1 Co 9.1; 15.8) e lhe diz: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ (At 9.4). Essa pergunta é dirigida ao propósito imediato de Saulo destruir a Igreja. Atacar os discípulos de Jesus não é, como Saulo pensa, mera perseguição de pessoas que adoram de maneira herética. É um ataque contra o próprio representante divino, na pessoa do seu povo. […] De começo, Jesus não se identifica. Então o perseguidor pergunta: ‘Quem és, Senhor?’ (v.5). O termo de tratamento ‘Senhor’ usado aqui pode ser simplesmente um título de respeito. Mas há forte apoio para o entendermos no sentido cristão de ‘Senhor’ (cf. At 1.6, 24; 4.29; 7.59, 60; 9.10,13; 10.14; 11.8; 22.19). Saulo confessa que está falando com Ele como Senhor, reconhecendo que se dirige à pessoa divina. […] O Senhor exaltado se identifica como Jesus, a quem Saulo está perseguindo. Lá, na estrada de Damasco, o crucificado, revelado a Saulo na sua glória divina, o transforma” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus - Atos. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.674).


III- VOCAÇÃO DE PAULO E O APRENDIZADO NO DESERTO


1. A ida para o deserto. O ministério de Paulo precisava de uma preparação austera, silenciosa, de comunhão com Deus e de reflexão. Em vez de ir a Jerusalém para aprender com os apóstolos, ele afastou-se dos judeus nas sinagogas, onde posteriormente passou a apresentar Cristo. Paulo tomou o caminho da Arábia, a sudeste de Damasco, sob o domínio do rei Aretas (Gl 1.17,18; cf. 2 Co 11.32). O apóstolo preferiu viver em um lugar, na região desértica da Arábia, onde habitavam alguns grupos nômades e ele era totalmente desconhecido.


2. As lições do deserto. O apóstolo sabia que precisava aprofundar o seu conhecimento acerca de Jesus Cristo, pois seu caminho seria de confrontos com dúvidas, oposição e rejeição. Então, foi para o deserto da Arábia e ficou três anos aproximadamente, entre a sua conversão e o seu retorno a Jerusalém (Gl 1.17.18). Esse período serviu para Paulo reavaliar a si mesmo diante de Deus, suas crenças e convicções judaicas, confrontando-as com a revelação da graça de Deus em Cristo Jesus. Assim, Paulo se preparou para explicar sua vocação aos líderes da igreja em Jerusalém.


3. Mais lições do deserto. Saulo passou a usar seu nome romano Paulo, com o qual se tornou conhecido em seu ministério. Ao tomar o rumo do deserto para refletir e aprender, o agora Paulo foi despido de toda a filosofia e religiosidade legalista do judaísmo. No deserto, ele aprendeu que a simplicidade era a chave que abria a porta do cristianismo, que era preciso dominar suas paixões, substituindo-as pela alegria da salvação em Cristo. Ele também aprendeu que a imensidão do deserto esmaga o poder e a fraqueza do homem; agora ele só pode depender de Deus. Por isso, Paulo descobre também, na experiência do silêncio e da solidão no deserto, que as coisas de Deus são do modo como Ele quer e não como nós queremos. No deserto, Deus ensinou Paulo a ser o líder que Ele precisava para expandir o seu reino.


CONHEÇA MAIS


Presciência Divina


“[Do lat. praesentia, ciência inata] Atributo metafísico e incomunicável de Deus, através do qual Ele se faz eternamente presente no tempo e no espaço, conhecendo todas as coisas antecipada mente (1 5m 2.3; 1 Jo 3.20).” Para ler mais, consulte o “Dicionário Teológico", editado pela CPAD. p.303.


SÍNTESE DO TÓPICO III

A vocação de Paulo foi aperfeiçoada no deserto pelo qual o apóstolo passou durante três anos.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO


Identificando um Chamado


Possuir um “chamado” é ter sido convocado por Deus para o cumprimento de uma tarefa que, com base em sua autoridade, é Ele mesmo quem estabelece o que deve ser feito, como deve ser feito e por quem deve ser feito. Com base nisso, podemos destacar três lições:


1. O mérito não é de quem é chamado, mas de quem chama; 

2. A tarefa a ser realizada não pertence a quem foi chamado, mas a quem chamou; 

3. Não se trata de um peso, mas de um privilégio concedido pela graça divina. […] Quem chama passa a ser visto como infinitamente mais importante do que quem é chamado, e isso significa dizer que as razões, as formas e objetivos devem sempre girar, única e exclusivamente, em torno da Pessoa de Deus, o que é o Chamador”.

(TORRALBO, Elias. Vocação: Descobrindo o seu chamado. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.12,15).


CONCLUSÃO


A grande verdade que aprendemos nesta lição é que Deus não mudou seu método para vocacionar e chamar a quem Ele quer. Para isso, Ele usa experiências muitas vezes dolorosas no deserto da vida. É preciso aguçar a nossa sensibilidade espiritual para identificarmos o chamado de Deus para identificarmos o chamado de Deus para a nossa vida.


QUESTIONÁRIO


1 - Segundo a lição, em que a vocação de Paulo foi estabelecida? 

A vocação de Paulo foi estabelecida segundo a presciência de Deus.


2 - O que explica a mudança de ênfase do nome de “Saulo” para “Paulo”? 

O que explica a mudança de ênfase do nome de Saulo para Paulo é a origem do apóstolo


3 - Qual era a vontade de Deus para Paulo? 

A vontade de Deus para Paulo era torná-lo um embaixador de Cristo, um pregador do Evangelho (At 9.20).


4 - Do que o ministério de Paulo precisava? 

O ministério de Paulo precisava de uma preparação austera, silenciosa, de comunhão com Deus e de reflexão.


5 - Segundo a lição, cite algumas lições do deserto aprendidas por Paulo. 

No deserto, ele aprendeu que a simplicidade era a chave que abria a porta do cristianismo, que era preciso dominar suas paixões, substituindo-as pela alegria de salvação em Cristo. Ele também aprendeu que a imensidão do deserto esmaga o poder e a fraqueza do homem; agora ele só pode depender de Deus.


A PAZ NO PLANO DE DEUS

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