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13 abril 2022

JESUS CUMPRIU TODA A LEI


(Comentário do 1º tópico da Lição 3: JESUS, O DISCÍPULO E A LEI)

Há uma longa discussão, desde os tempos de Jesus, sobre a relação dos discípulos de Jesus com a Lei Mosaica. Nesta questão, há dois extremos que o cristão deve evitar em relação à Lei: o antinomismo e o legalismo. O antinomismo procede da junção de duas palavras gregas, “anti”, que significa "contra", e “nomos”, que significa lei. Portanto, antinomismo significa literalmente “contra a lei.” Segundo os antinomistas, Cristo aboliu completamente o Antigo Testamento e o cristão está desobrigado de obedecer quaisquer princípios morais da lei. Confundem a liberdade cristã com a libertinagem. 

No outro extremo está o legalismo que cria regras para que o ser humano seja aceito por Deus, mediante o cumprimento delas. Normalmente, os legalistas se tornam soberbos e se acham merecedores das bênçãos de Deus, em virtude dos seus esforços, sacrifícios e méritos no cumprimento da lei e de doutrinas de homens. Em uma linguagem mais popular, no antinomismo nada é pecado. Já no legalismo, tudo é pecado.


1- Um compromisso com o passado. Jesus não veio a este mundo como um revolucionário a fim desconstruir aquilo que os antepassados construíram e estabelecer uma nova sociedade. Também não veio como anarquista, que contesta as leis e instituições existentes e quer viver fazendo o que bem entender. O próprio Jesus afirmou que não veio ab-rogar (anular ou abolir) a lei, mas veio cumpri-la. (Mt 5.17). 

A lei foi dada por Deus a Israel e era a Palavra de Deus. O Salmo 119 mostra a excelência da Lei do Senhor. Sendo Jesus o Filho de Deus, jamais iria se opor ou criticar a Lei que veio do próprio Deus. O que ele contestou foram interpretações equivocadas e legalistas dos mestres da Lei. Jesus nos ensina aqui a importância de respeitarmos a história e o legado de nossos antepassados, mantendo aquilo que eles fizeram de bom e corrigindo aquilo que erraram. Quem não valoriza a própria história está sujeito a repetir os mesmos erros do passado. Fica aqui um alerta aos cristãos mais jovens: respeitem o legado dos nossos pioneiros e procurem aprender com aquilo que eles nos deixaram. 


2- Jesus não veio destruir a Lei ou os profetas (Mt 5.17). A palavra Lei, “Torah” em hebraico aparece no Antigo Testamento como “instrução, ensino, lei, decreto, código legal, norma”. Esta palavra vem de um raiz, que significa “instruir ou ensinar”. A Torah incluía não apenas as leis religiosas de Israel, mas também as civis e penais. A Lei não se resume ao Livro de Levítico, como muitos imaginam. Ela é formada pelos cinco primeiros do Antigo Testamento, que nós chamamos de "Pentateuco", palavra de origem grega que significa "cinco vasos", uma referência aos estojos egípcios, onde eram guardados os rolos das Escrituras. 

Já a palavra profetas (heb. Nebiim) deriva da palavra Nabi (Profeta) com o plural (im). Esta parte do cânon judaico é formada de dois subgrupos: profetas anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e o livro dos doze, que contém os textos dos doze profetas menores da nossa Bíblia: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Portanto, expressão "a Lei e os Profetas", a usada por Jesus se refere a todo o conteúdo do Antigo Testamento. 

Os opositores de Jesus constantemente o acusavam de violar a Lei e as tradições dos anciãos. Aliás esta foi a principal acusação das autoridades judaicas para condená-lo à morte. Porém, os romanos não condenavam ninguém à morte por questões religiosas. Então, eles inventaram a acusação de que Jesus se declarava rei, o que configurava uma conspiração contra o imperador romano (Jo 18.33). 

Há várias interpretações sobre o cumprimento da Lei, que são heréticas e outras absurdas. Alguns dizem que Jesus era apenas um rabino judeu, que apenas deu continuidade à Lei e a explicou. Segundo esta interpretação, o Cristianismo seria obra de Paulo. Outros, interpretam erroneamente 1.17 e dizem que Jesus aboliu completamente a Lei e introduziu a Graça. O pior deles foi um herege do segundo século, chamado Marcion de Sinope, que reescreveu o Novo Testamento, eliminando todas as referências ao Antigo Testamento. Marcion cria que existiam dois deuses: um Deus iracundo e cruel, que era o Deus do Antigo Testamento; e o Deus mais alto, que seria o Deus do Novo Testamento. Com esse pensamento, ele rejeitava completamente o Antigo Testamento. Esta heresia ficou conhecida como "Marcionismo". Os discípulos dele chegaram ao cúmulo de modificar as palavras de Jesus nessa parte do Sermão do Monte e assim escreveram: Eu vim, não para cumprir a lei e os profetas, mas para aboli-los!”. Ora, Jesus disse exatamente o contrário disso! 


3 - Jesus cumpriu e aperfeiçoou a lei (Mt 5.17). A palavra grega "pleroô, traduzida por "cumprir" neste texto significa "encher" ou completar. Isso indica que Jesus veio completar a lei, não abolir. Portanto, quando Jesus disse que veio "cumprir a Lei", isso vai muito além de obediência aos preceitos que a Lei estabelece. Nesta perspectiva, Jesus completou e aperfeiçoou a Lei. Ele é cumprimento das profecias referentes ao Messias. Jesus representa também a concretização das coisas que eram apenas símbolos, sombras e figuras no Antigo Pacto. Os sacrifícios de animais, por exemplo, apontavam para o sacrifício perfeito de Cristo no Calvário. Portanto, todos os rituais e cerimônias da Antiga Aliança que apontavam para Cristo, não são mais necessários na Nova Aliança, conforme nos mostra a Epístola aos Hebreus, nos capítulos 9 e 10.


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 53-56.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pág. 85.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pág. 33-34.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 193-194.


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Pb. Weliano Pires


20 janeiro 2022

O ANTIGO TESTAMENTO


(Comentário do 2⁰ tópico da lição 04: A estrutura da Bíblia)

O conteúdo da Bíblia hebraica é o mesmo do nosso Antigo Testamento, entretanto a ordem e a quantidade de livros são diferentes. As Escrituras hebraicas também estão organizadas por assunto, assim como a nossa. 


1. Os Livros do Antigo Testamento. A classificação dos livros do Antigo Testamento em nossa Bíblia não segue a ordem cronológica dos fatos, ou da data em que foram escritos. Estão classificados por assuntos, na mesma ordem da versão grega, chamada de Septuaginta. Os nomes dos livros também são a transliteração dos que contam nesta versão. Entretanto, a nossa Bíblia não incluiu os livros apócrifos, presentes na Septuaginta, pois eles nunca fizeram parte do Cânon Judaico. Os livros do Antigo Testamento na nossa Bíblia estão classificados em cinco grupos: 


a. Pentateuco. A palavra Pentateuco é a junção de dois termos gregos: "penta" (cinco) e "teucos" (vasilhas). É uma referência aos estojos onde se guardavam os rolos de papiro ou de pergaminho, utilizados como material de escrita, para protegê-los da deterioração. O Pentateuco é composto pelos cinco livros da Lei, escritos por Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Pentateuco conta a história da criação, a tentação e queda do primeiro casal, o dilúvio, os patriarcas, a escravidão dos Hebreus no Egito, a libertação liderada por Moisés, a jornada de 40 anos no deserto, terminando com a morte de Moisés.


b) Históricos. O grupo dos livros históricos é formado por 12 livros: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estes livros contam a história de Israel, desde a morte de Moisés, começando na chamada de Josué, passando pelo período dos juízes, instituição da monarquia, divisão do reino, cativeiro do Reino do Norte, cativeiro do Reino do Sul e retorno do cativeiro do Reino do Sul. 


c. Poéticos. Este grupo é composto por cinco livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Estes livros registram os cânticos, as poesias e os provérbios Israel. O livro de Jó, embora pareça histórico, pois registra a história do patriarca Jó, foi escrito no estilo literário mashal, o mesmo de Provérbios. 


d) Proféticos. São os livros que registram as profecias do Antigo Testamento. Este grupo está dividido em duas categorias: profetas maiores e profetas menores. Esta denominação não está relacionada à importância do profeta e sim à extensão do livro. 

  • Profetas maiores. Composto por cinco livros: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel;

  • Profetas menores. Composto por doze livros: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.


2. As Escrituras hebraicas. Conforme já foi dito, embora o conteúdo das Escrituras Hebraicas seja o mesmo do Antigo Testamento que conta em nossas Bíblias, a organização, nomes dos livros e quantidade são diferentes. O Cânon hebraico é formado por três partes, denominadas pela sigla TANAK, que são as iniciais de cada uma destas partes: Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Ketubim (Escritos). A Tanak é formada por vinte e quatro livros: A Torah possui cinco livros, o Neviim oito e o Ketubim, onze.

a. Torah (Lei) Esta palavra no hebraico significa “instrução”, ou “ensinamento”. O texto da torah corresponde exatamente ao texto do Pentateuco. Entretanto, os títulos dos livros são diferentes. O nosso Pentateuco segue os títulos gregos da Septuaginta. A Torah judaica, no entanto, usa a primeira palavra de cada livro, como título. Por exemplo, a primeira palavra do livro do Gênesis, em hebraico é Bereshit (no princípio) e este é o título do livro. O título do Êxodo é Shemot (nomes), que é a primeira palavra do livro em hebraico. Levítico é Vayicrá (e chamou) Números é Bamidbar (No deserto) e Deuteronômio é Devarim (Palavras), que também correspondem às respectivas primeiras palavras de cada livro. 

b. Nebiim (Profetas). Deriva da palavra Nabi (Profeta) com o plural (im). Esta parte do cânon judaico é formada de dois subgrupos: profetas anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e o livro dos doze, que contém os textos dos doze profetas menores da nossa Bíblia: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias). 

c. Ketubim (Escritos): Esta seção reúne os livros de Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras (Esdras-Neemias) e Crônicas. 


2. Canonicidade do Antigo Testa­mento. Alguns critérios foram usados para reconhecer os livros canônicos do Antigo Testamento: 

  • O livro é autorizado – afirma vir da parte de Deus?

  • É profético – foi escrito por um servo de Deus?

  • É digno de confiança – fala a verdade acerca de Deus, do homem, etc.?

  • É dinâmico – possui o poder de Deus que transforma vidas?

  • É aceito pelo povo de Deus, para o qual foi originalmente escrito? 

  • É reconhecido como vindo de Deus? 

Em resumo, os requisitos necessários para um livro ser reconhecido como canônico seriam a inspiração divina, reconhecimento do povo de Deus e preservação pelo povo de Deus, como colocou o nosso comentarista. 


3. Particularidades do Antigo Testamento. O Antigo Testamento levou mais de mil anos para ser concluído. Os livros mais antigos foram escritos por Moisés, o legislador e libertador de Israel. O livro de Jó é considerado o mais antigo e é de autoria incerta. A tradição judaica diz que foi Moisés. Mas outros atribuem a Eliú, a Salomão e ao próprio Jó. O último livro a ser escrito foi o Malaquias, concluindo a inspiração do Antigo Testamento. 


O idioma usado na escrita do Antigo Testamento foi o hebraico, com alguns trechos em aramaico, um dialeto, que segundo a tradição judaica veio de Arã, filho de Sem e neto de Noé.  Este idioma deu origem à língua árabe. Após o cativeiro babilônico, o aramaico tornou-se a língua comum na região da Palestina. O hebraico antigo, usado nos primeiros livros do Antigo Testamento não possuía vogais. Era formado de 22 consoantes. 


Os primeiros materiais usados para escrever os textos bíblicos foram pedras, tábuas de barro, madeira, papiro e, por último, o pergaminho.


A primeira tradução do Antigo Testamento para outro idioma foi feita em Alexandria, durante o reinado de Ptolomeu II Filadelfo. Setenta anciãos judeus, em setenta e dois dias, traduziram as Escrituras hebraicas para o grego. Por isso, esta versão da Bíblia é chamada de Septuaginta (LXX). Além dos 39 livros do Antigo Testamento, esta versão incluiu também sete livros apócrifos, que não constam no Cânon Judaico. Depois o Pentateuco Samaritano foi traduzido para o grego e para o aramaico e Jerônimo traduziu o Antigo Testamento para o latim. Esta versão ficou conhecida como Vulgata. 


O Antigo Testamento é uma espécie de introdução ao Plano de Salvação de Deus. Embora seja em sua maioria, dirigido à nação de Israel, o Antigo Testamento nos fornece as bases para entendermos o Novo Testamento. Mostra também o governo de Deus e os seus princípios morais. O Antigo Testamento mostra também a nossa pecaminosidade e incapacidade de nos salvar através da lei. As suas figuras, tipos e profecias apontam para Cristo, o único Salvador e Mediador entre Deus e a humanidade. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. págs. 16-18; 19-20.    

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.    


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Pb. Weliano Pires


VENCENDO OS DIAS MAUS

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