24 fevereiro 2021

Lição 09 – Vivendo o Fervor Espiritual

Crédito da imagem: Editora CPAD


TEXTO ÁUREO:

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.” (Ef 5.18)


VERDADE PRÁTICA:

“Ser cheio do Espírito pode se referir tanto ao batismo no Espírito Santo como também à vida plena no Espírito.”


HINOS SUGERIDOS: 153, 155, 556  da Harpa Cristã


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Efésios 5.15-20


15 – Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

16 – remindo o tempo, porquanto os dias são maus.

17 – Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.

18 – E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,

19 – falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,

20 – dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO


Na semana passada, estudamos sobre o nosso compromisso com a Palavra de Deus. Vimos que a Bíblia é nosso único manual de fé e doutrina e que não baseamos as nossas crenças em opinião humana ou nas emoções. Estudamos o princípio da Reforma Protestante "Sola Scriptura", que indica a autoridade suprema da Bíblia nas questões de fé e conduta para a vida cristã. 

Falamos sobre o zelo para com a boa doutrina e que os nossos credos e confissões de fé não são frutos da opinião humana. Eles são fundamentados obrigatoriamente na Palavra de Deus.

Por último, vimos os cuidados que devemos ter em relação aos modismos que surgem no meio da Igreja e como estes devem ser combatidos por meio da apologética cristã. 


Na lição desta semana, vamos falar sobre o fervor espiritual. No primeiro tópico, estudaremos a importância da devoção pela oração e leitura da Palavra, viver sábio e aproveitamento consciente do tempo, como sinais de uma vida de fervor espiritual. 


No segundo tópico, trataremos do viver cheio do Espírito em oposição à vida em contendas, confusão e devassidão. Em Efésios 5.18, Paulo exorta os crentes a “encherem-se do Espírito, e não se embriagarem com vinho”, mostrando que uma coisa é oposta à outra.


Por último, trataremos a respeito da vigilância contra a frieza espiritual. A frieza espiritual paralisa o crente e, consequentemente, o leva à degeneração moral e até à morte espiritual. Um dos requisitos exigidos para o exercício do diaconato em Atos 6 é “ser cheio do Espírito Santo”. O apóstolo Paulo nos mostra três características de alguém que é cheio do Espírito Santo: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e de submissão. Veremos no terceiro tópico, os detalhes de cada uma delas. 


I – A IMPORTÂNCIA DA DEVOÇÃO PELA PALAVRA E ORAÇÃO


A vida devocional é fundamental para a sobrevivência espiritual do crente.  Assim como o corpo físico necessita de boa alimentação e exercícios físicos para estar saudável, com o nosso espírito acontece a mesma coisa. O crente que não pratica as disciplinas da vida cristã, esfria na fé e pode até morrer. 


1. Devoção. A palavra devoção vem do latim “devotio” e significa dedicação às coisas religiosas; culto especial a um santo; práticas religiosas. Os católicos usam muito esta palavra em relação aos santos. Quando alguém segue a um determinado santo, dizem que é devoto dele. Do ponto de vista evangélico, devoção é o apego, dedicação e zelo às coisas de Deus. A nossa devoção se evidencia na nossa dedicação à oração, jejum, leitura e meditação na Palavra de Deus. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que a nossa devoção não se torne motivo de auto exaltação como faziam os fariseus.  

2. A oração e a Palavra. A oração e o estudo da Palavra de Deus são indispensáveis ao crente. Os dois devem caminhar juntos e um não substitui o outro. Por meio da oração, o crente fala com Deus, adorando, agradecendo e intercedendo por si e pelos outros. O senhor Jesus é o nosso maior exemplo de oração. Mesmo sendo Deus, Ele viveu como ser humano nesta terra e, como tal, orava constantemente ao Pai. O estudo da Palavra de Deus, por sua vez, nos torna sábios e prudentes (2 Tm 3.15; Sl 119.100). Através da Palavra de Deus, Ele fala conosco. Jesus disse que é a Sua Palavra que testifica dEle (Jo 5.39). Oração sem Palavra de Deus se torna fanatismo e conduz o crente às heresias, por falta de entendimento. Por outro lado, estudo bíblico sem oração se torna intelectualismo vazio e sem comunhão com o Espírito Santo. 3. O viver sabiamente (v.15). O apóstolo Paulo faz um contraste entre a vida sábia do cristão e a insensatez dos pagãos. No versículo 15, ele usa a palavra grega “asophos”, traduzida como “néscio”, que significa “tolo”, “sem juízo”. No versículo 17, Paulo usa a palavra “aphron” também traduzida como “néscio” e contrasta com aquele que não entende a vontade do Senhor. Sendo assim, viver uma vida sábia é viver segundo a vontade de Deus. O principal ponto destacado por Paulo para uma vida sábia neste mundo é “remindo o tempo”. 4. Remindo o tempo (v. 17). A Nova Versão Internacional (NVI) traduziu a expressão “remindo o tempo” por “aproveitando as oportunidades''. Remir pode significar comprar de novo, resgatar algo, ou aproveitar melhor. Nesse texto, este último faz mais sentido, pois, o apóstolo fala da razão pela qual devemos remir o tempo: os dias são maus.


Na língua grega existem três palavras para tempo: 

a. Chronos. Tempo cronológico (anos, meses, dias, horas, minutos e segundos); 

b. Kairós. Tempo propício, ou oportunidade; 

c. Aion. Tempo indefinido ou eterno. Este é o tempo de Deus. Ele não está sujeito ao tempo cronológico ou às ocasiões. Ele age quando quiser, pois, um dia para Ele é como mil anos e mil anos como um dia. 


Paulo usa a palavra "Kairós", indicando que o cristão deve “remir o tempo”, ou aproveitar as oportunidades para fazer algo para Deus e em prol dos perdidos. Escrevendo a Timóteo, no capítulo 4, versículo 2, Paulo recomenda que ele pregue a Palavra “em tempo e fora de tempo”. Ou seja, em tempo oportuno, com tudo planejado, ou de improviso, criando oportunidades para a evangelização. 


II – A IMPORTÂNCIA EM MANTER-SE “CHEIO DO ESPÍRITO”

Não podemos confundir a expressão “foram cheios do Espírito Santo” do dia de Pentecostes (At 2.4) com o “enchei-vos do Espírito” de Efésios 5.18. Os discípulos no dia de Pentecostes foram cheios do Espírito Santo. Ou seja, eles receberam uma capacitação sobrenatural, para testemunhar com ousadia, do Evangelho de Cristo. Mas, aquela ação do Espírito foi uma única vez. Em Efésios 5.18, Paulo recomenda que os crentes não se embriaguem com vinho mas, encham-se do Espírito Santo, fazendo um contraste entre a vida de alguém embriagado e alguém cheio do Espírito. Esta seção de Efésios, que vai de 4.17 a 5.21, tem vários contrastes, entre o modo de vida dos crentes antes e depois de conhecerem a Cristo; o velho homem e o novo; as obras das trevas e as da luz; os néscios e os sábios; e os que se embriagam com vinhos e os que são cheios do Espírito.
1. “E não vos embriagueis com vinho” (v.18a). O vinho na Bíblia sempre aparece de forma negativa. Em Provérbios 23.31, o vinho é comparado ao veneno de uma serpente. Os sacerdotes e nazireus não podiam beber vinho ou bebida forte (Lv 10:8-10). Aos reis também não era recomendado beber vinho ou bebida forte, para não tomar decisões impensadas. (Pv 31.4; Isaías 28:7-8). Há também muitos relatos de pessoas que cometeram erros graves, por causa da embriaguez: Noé (Gn 9.20); Ló (Gn 19.33); Belsazar (Dn 5); etc. 

Paulo diz: “Não vos embriagueis com vinho em que há contenda…”. A palavra traduzida por contenda também significa devassidão e dissolução. Então, as atitudes de uma pessoa embriagada são incompatíveis com as de um cristão cheio o Espírito. Infelizmente, há teólogos liberais ensinando que não há problema em o crente consumir vinho e outras bebidas alcoólicas, desde que não se embriague. Eu, porém, não recomendo nenhum tipo de bebida embriagante, pois, além de causar diversos males à saúde, pode viciar e levar a pessoa ao alcoolismo. Um abismo chama outro abismo. 


2. “… Mas enchei-vos do Espírito” (v.18b). O tempo verbal de “enchei-vos”, denota uma ação contínua. Existem dois tipos de imperativos, na conjugação dos verbos gregos: O tempo aoristo, que indica uma ação única; e o tempo presente, que indica uma ação contínua. Por exemplo, em João 2, Jesus manda encher as talhas de água, usando o imperativo aoristo, indicando que as talhas seriam enchidas uma única vez, até completar. Paulo, no entanto, usa o imperativo no presente, exortando aos efésios que eles deveriam encher-se do Espírito, em uma ação contínua. A Obra do Espírito Santo é dinâmica e não automática, onde alguém recebe o batismo no Espírito Santo e estaciona. 


3. Não confundir com o batismo no Espírito Santo. Na lição 3, nós estudamos sobre ser cheio do Espírito Santo, fazendo referência ao batismo no Espírito Santo. Já vimos também que o batismo no Espírito Santo é diferente da entrada do Espírito Santo no crente, que ocorre no momento da sua conversão. Aqui, Paulo fala de alguém que já foi batizado no Espírito Santo, mas, necessita manter-se cheio do Espírito, contrastando com alguém que está embriagado com vinho e vive em contendas, confusões e devassidão. O crente cheio do Espírito Santo, tem em sua vida o Fruto do Espírito que se evidencia em nove virtudes: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. (Gl 5.22).


III – VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL


Na ocasião da escolha dos diáconos, em Atos 6, os apóstolos recomendaram a escolha de seis homens que tivessem “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”. Depois, nas recomendações para o episcopado e diaconato, em 1 Timóteo 3 e Tito 2, Paulo não traz a recomendação para que sejam cheios do Espírito Santo. Mas, ele coloca uma série de exigências, que são características de alguém que é cheio do Espírito Santo: Irrepreensível, de bom testemunho, não neófito, não avarento, não dado ao vivo, não espancador, moderado, marido de uma só mulher, honesto, apto para ensinar, etc. 

Como, então, saber se alguém é cheio do Espírito Santo? Pelas línguas que ele fala? pelo barulho que faz nos cultos? Paulo nos apresenta pelo menos três pontos a serem observados: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e a submissão.


1. Testemunho transbordante (v.19). A forma como alguém testifica de Cristo, seja através de cânticos, de pregações ou de diálogo com as pessoas, pode evidenciar se ele é cheio do Espírito Santo ou não. Jesus disse que a boca fala daquilo que o coração está cheio. (Mt 12.34). Alguém que está cheio do Espírito Santo tem uma linguagem sadia e fala sempre das coisas de Deus. É inconcebível alguém que se diz cheio do Espírito Santo falar palavrões, contar piadas imorais e viver zombando dos outros o tempo todo.  

2.  Dar graça em tudo (v.20). Toda reclamação ou murmuração contra Deus é injusta. Deus fez e faz por nós, muito mais do que nós merecemos. Alguém cheio do Espírito Santo será sempre grato a Deus por tudo, pois,, reconhece-se como um pecador remido, que estava morto em seus pecados e ofensas e foi salvo por Cristo. Paulo diz em 1 Ts 4.3: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1Ts 5.18). Quando vir algum crente que vive reclamando de tudo e ameaçando sair da Igreja por qualquer motivo, saiba que o tal não tem uma vida cheia do Espírito Santo.


3. Sujeição (v.21). A arrogância, soberba e auto exaltação são incompatíveis com um crente cheio do Espírito Santo. A Bíblia nos recomenda a sujeição uns aos outros (Ef 5.21); às autoridades constituídas (Rm 13.1); aos pais (Ef 6.1,2); ao esposo (Ef 5.22). aos patrões (Ef 6.5); aos pastores (Hb 13.17). A submissão é derivada da humildade. Quem não é humilde, jamais será submisso. Jesus é o nosso maior exemplo de submissão e humildade. Mesmo sendo Deus, Ele veio a este mundo e sujeitou-se aos seus pais terrenos, às autoridades e, principalmente, ao Pai. Em Mateus 11.29. Jesus nos diz para aprendermos dele, que é “manso e humilde de coração”. 


CONCLUSÃO


Aprendemos nesta lição o que significa ser cheio do Espírito Santo. O fervor espiritual é característico de quem pratica a sua devoção diária através da oração e meditação na Palavra de Deus e vive constantemente cheio do Espírito Santo. O viver cheio do Espírito Santo consiste em viver sábio, aproveitando as oportunidades, sendo grato a Deus por tudo e considerando os outros superiores a si mesmo. 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos, SP


REFERÊNCIAS: 

Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2021.

Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2021.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Romanos – Apocalipse. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.451).

GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e testemunhando com poder. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.43-44.


19 fevereiro 2021

Estudo da Lição 8: Comprometidos com a Palavra de Deus


 

LIÇÃO 8: COMPROMETIDOS COM A PALAVRA DE DEUS

 

21 de Fevereiro de 2021

TEXTO ÁUREO:

“[…] Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” (Lc 11.28)

VERDADE PRÁTICA

"A autoridade divina da Bíblia deriva de sua origem em Deus, e isso por si só encerra a suprema autoridade das Escrituras como plena e total garantia de infalibilidade."

HINOS SUGERIDOS: 259, 499, 506 da Harpa Cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 2 Timóteo 2.14-19; 2 Pedro 1.20,21; 2 Timóteo 2.14-19

14 – Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.

15 – Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16 – Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.

17 – E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;

18 – os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.

19 – Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.

2 Pedro 1

20 – sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;

21 – Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

INTRODUÇÃO

Na semana passada, estudamos sobre a liberdade e reverência no culto a Deus. Vimos o conceito do culto pentecostal e o equilíbrio que deve haver entre a liberdade e a reverência no culto; ressaltamos que o Senhor Jesus deve ser o centro da nossa adoração e da mensagem que pregamos; por último, vimos alguns aspectos da liturgia pentecostal e assembleiana.

Na lição desta semana, trataremos sobre o nosso compromisso com a Palavra de Deus. Nós, os evangélicos, genuinamente pentecostais, diferente do que nos acusam os cessacionistas, temos a Bíblia como nosso único manual de fé e doutrina. Nós não baseamos as nossas crenças em opinião humana ou nas emoções. Seguimos o princípio da Reforma Protestante "Sola Scriptura", que indica a autoridade suprema da Bíblia nas questões de fé e conduta para a vida cristã. 
Estudaremos sobre o zelo para com a boa doutrina. Os nossos credos e confissões de fé não são frutos da opinião humana. São fundamentados obrigatoriamente na Palavra de Deus.
Por último, trataremos dos cuidados que devemos ter em relação aos modismos que surgem no meio da Igreja e como estes devem ser combatidos por meio da apologética cristã. 

I – A AUTORIDADE DA BÍBLIA
A Reforma Protestante, no Século XVI, pode ser resumida em cinco pilares: Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Scriptura (Somente a Escritura) e Soli Deo Glória (Somente a Deus a Glória). Na lição de hoje, destacaremos um destes pilares, o “Sola Scriptura”.

1. Sola Scriptura. A Igreja medieval havia abandonado a suficiência das Escrituras e estava contaminada por vários ensinos e práticas do paganismo: pregavam a salvação mediante obras e sacrifícios; vendiam indulgências e relíquias; criaram supostos mediadores entre Deus e a humanidade; restringiram o uso das Escrituras ao Clero; criaram a doutrina do Purgatório, um suposto lugar intermediário entre o Céu e o Inferno; Deram à tradição o mesmo valor e até mais do que a Escritura, etc. Diante deste quadro desolador, os reformadores Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvino, e outros reafirmaram o princípio bíblico de que somente a Escritura tem autoridade para doutrinar a Igreja (Sola Scriptura). 
Ainda hoje, muitas religiões que se dizem cristãs, dão a outros escritos, profecias, tradições, a palavra dos seus líderes, experiências sobrenaturais, etc. a mesma autoridade da Bíblia. Os adventistas consideram os escritos de Ellen G. White, como o espírito da profecia e dão a eles o mesmo valor das Escrituras. “CREMOS QUE:… Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e que os seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação para os Adventistas do Sétimo Dia… NEGAMOS QUE: A qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas. (Revista Adventista, fev. 1984, pág. 37). 
Os Mórmons, fazem o mesmo com o Livro de Mórmon; os Católicos dizem crer na Bíblia, mas a consideram inferior à tradição e ao magistério da Igreja; as Testemunhas de Jeová, adulteram a tradução da Bíblia para adequá-la às suas crenças. Além disso, consideram a palavra do corpo governante indiscutível.
Não podemos, de forma alguma aceitar isso. A Palavra de Deus é inerrante, infalível, inspirada pelo Espírito Santo e, portanto, suficiente para o fundamento da nossa fé. Paulo disse que, "mesmo que um dos apóstolos, ou mesmo um anjo, boa anunciar outro Evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." (Gl 1.9). 
2. Nossos fundamentos. Para os verdadeiros pentecostais, a Bíblia sempre foi o seu manual de fé e conduta. Os inimigos do Movimento Pentecostal costumam nos acusar de cremos num "Cânon aberto", ou seja na ideia de considerar as profecias e revelações como tendo autoridade igual à Bíblia, mas isso não procede. Nós cremos que a Palavra de Deus está completa. Não necessitamos de novas revelações doutrinárias. As profecias são para a exortação, edificação de consolação da Igreja, não para doutriná-la. 

3. Não somos deístas. O deísmo acredita na Onipotência e Soberania de Deus, mas rejeita a sua imanência. Ou seja, acredita que Deus criou o Universo, estabeleceu leis físicas e morais para que funcionasse e se ausentou dele. Nós, os pentecostais, não somos deístas, somos teístas. Cremos na autoridade e suficiência das Escrituras. Isso não significa que Deus tenha deixado de se comunicar com o seu povo, através das Escrituras. Ele fala também, através dos dons espirituais, sonhos e visões. Entretanto, nenhuma experiência ou manifestação espiritual está no mesmo patamar da Bíblia. 

II – ZELO PELA DOUTRINA
A Igreja Primitiva, além de evangelizar, fazia apologética cristã, ou seja a defesa das doutrinas fundamentais do Cristianismo. Apologética é a disciplina da teologia que trata da defesa das doutrinas bíblicas, contra as distorções e os ataques dos adeptos das seitas. 

1. Ensino ou instrução. É muito comum, as pessoas confundirem doutrina, com costumes de um povo, ou regras de uma denominação. São coisas diferentes. Doutrina significa literalmente, ensino ou instrução. Doutrinas bíblicas, portanto, são os princípios fundamentais da fé Cristã, que estão na Bíblia. 
As doutrinas bíblicas são universais e atemporais. Ou seja, são válidas em qualquer local e época. Aquilo que foi estabelecido como Doutrina para a Igreja do primeiro século, continua valendo para a Igreja do Século XXI.
Os costumes, por sua vez, são locais e temporais. O costume de um país não pode ser imposto a outro. Os costumes de uma época também não são válidos para outra época. Por exemplo, as roupas e o estilo de cabelo que se usavam no início da Assembleia de Deus, não são os mesmos de hoje. 
As regras ou normas de uma denominação também variam de acordo com o estatuto, a forma de administração e época. Por exemplo, as Igrejas episcopais são diferentes das presbiterianas e das congregacionais. Desde que não contrariem os princípios bíblicos, não há nenhum problema em serem diferentes. 

2. O conteúdo da fé. Quando lemos a Bíblia, percebemos que ela fala sobre diversos assuntos. No Antigo Testamento temos: Lei, história, poesia e profecia. Em nossa Bíblia, seguindo a ordem da versão grega Septuaginta, os assuntos estão nesta ordem e não na ordem cronológica. No Novo Testamento temos: A vida e Obra do Senhor Jesus (Evangelhos) História da Igreja (Atos dos Apóstolos), Epístolas e revelação (Apocalipse). Além disso, temos as linguagens literal, figurativa e profética. Há também assuntos que foram escritos para Israel, em um determinado período e não para a Igreja. 
Diante disso, ao longo da sua história, a Igreja estabeleceu, com base na Bíblia, o nosso credo e a nossa confissão de fé. O credo é um breve resumo dos pontos principais que nós cremos. A confissão de fé, por sua vez, é um documento oficial criado pela Igreja, com uma abrangência maior que o credo, como forma de defender as doutrinas bíblicas. 

3. A nossa confissão de fé e a Bíblia. Tanto o credo, como a nossa declaração de fé não são de autoria particular, ou a opinião de algum líder da Igreja. Todos os pontos doutrinários precisam estar fundamentados na Palavra de Deus, interpretada corretamente, seguindo as regras da hermenêutica bíblica. 
Na Bíblia não temos um credo completo ou uma declaração de fé, com todos as doutrinas, como temos hoje. Mas, temos declarações de vários pontos da Fé Cristã, em textos diferentes, que foram juntados posteriormente pela Igreja de forma sistemática, para facilitar o entendimento. 

III – CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS
Modismo significa literalmente aquilo que está na moda. Da mesma forma que ocorre com os estilos de roupas, no campo teológico também surgem novas modas e inovações. 
O comentarista cita alguns modismos que surgiram nos anos 80 e 90, como o dente de ouro, o Movimento G-12, o cai-cai e a febre dos anjos. 
No final dos anos 90, em algumas Igrejas em Goiânia, os seus adeptos afirmavam que os seus dentes cariados eram transformados em dentes de ouro. Depois, essa onda desapareceu e não se ouviu falar mais. 
O Movimento G-12 foi fundado pelo pastor colombiano César Castellanos e implantado no Brasil pelo apóstolo Renê Terra Nova e outros. Este movimento consistia em encontros secretos, onde havia regressão psicólogica para libertação. São adeptos também da evangelização através de Grupos de 12 pessoas chamados de células. Muitas Igrejas tradicionais na época aderiram ao movimento. 
O movimento dos anjos também foi um modismo dos anos 90, principalmente, nós EUA, na Assembleia de Deus de Boston, liderada pelo Pastor Ouriel de Jesus. Era anjo aparecendo para todo lado e falavam mais em anjo que no próprio Jesus. Infelizmente, em muitas campanhas e vigílias, esta prática ainda é muito comum. 
Nos EUA também surgiu a prática de soprar e as pessoas caírem. O pastor Benny Hinn é um dos principais adeptos dessa prática. Há muitas outras práticas exóticas que surgem de tempos em tempos e depois desaparecem. 
O que precisamos nos perguntar, quando aparece algum modismo é se isso tem base bíblica e se isso contribui de alguma forma para a pregação do Evangelho ou se glorifica a Deus. 

2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado”. O obreiro deve ser um homem de Deus e não um homem do povo. É a Deus que devemos procurar agradar e ser aprovado por Ele. Já no tempo dos apóstolos, a Igreja enfrentava as heresias dos judaizantes e dos gnósticos e os maus obreiros. Um líder da Igreja não pode ser covarde e medroso, nem fazer aquilo que o povo quer, a fim de ganhar popularidade. O obreiro deve ser fiel ao Senhor e à sua Palavra, custe o que custar. 

3. Como obreiro que não tem de que se envergonhar. Literalmente, obreiro é alguém que trabalha em uma obra. Nos tempos bíblicos, seria um trabalhador do campo. No sentido figurado é alguém que trabalha no Reino de Deus, especialmente os que exercem algum ministério. 
Paulo recomenda a Timóteo, que se apresente a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar. A conduta de um obreiro precisa ser ilibada e estar de acordo com aquilo que ele prega. O que envergonharia um obreiro diante de Deus? Se ele for um mentiroso, hipócrita, cínico, preguiçoso e não fizer aquilo que Deus mandou. 

4. Que maneja bem a palavra da verdade.  A palavra manejar no grego é "orthoroméo". Literalmente significa cortar em linha reta. Paulo a usa em sentido figurado, para fazer referência ao ensino correto das Escrituras. Ensinar corretamente a Palavra de Deus é estudá-la, interpretar corretamente e ensiná-la à Igreja sem distorcer, manipular, acrescentar ou diminuir nada. O obreiro de ensinar a Palavra de Deus como Ela é, usando linguagem sadia e boa educação. Não devemos jamais usar o púlpito da Igreja para atacar ninguém, jogar indiretas, fazer política ou se autopromover. Quem maneja bem a Palavra da Verdade prega somente o que a Bíblia diz. Isso vale também para o professor da Escola Dominical. Devemos nos ater ao assunto da lição e não ficar falando coisas que não convém, ou que não estão relacionadas ao tema. 

CONCLUSÃO

A Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e prática. Todas as nossas ações e ensinos, como Igreja do Senhor, devem ser pautadas pelas Escrituras. Nenhuma opinião humana, escritos, revelações, tradição, costumes ou modismos podem estar acima da autoridade da Bíblia. Brademos como os reformadores: Sola Scriptura!


Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP

REFERÊNCIAS: 

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.15, 27, 28.



12 fevereiro 2021

Estudo da Lição 07: Cultuando a Deus com liberdade e reverência


 

Lição 7: Cultuando a Deus com liberdade e reverência

14 de Fevereiro de 2021

TEXTO ÁUREO:
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.24)

VERDADE PRÁTICA:
“A adoração em espírito diz respeito à posição espiritual do adorador, isso quer dizer que o que vale diante de Deus é como adorar, não onde adorar.”

HINOS SUGERIDOS: 124, 243, 543 da Harpa Cristã

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Coríntios 14.26-32

26 – Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 – E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 – Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 – E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30- Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 – Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 – E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

INTRODUÇÃO

Nós não somos adeptos de um formalismo absoluto em nossos cultos, onde tudo é previsível. Evidentemente, temos a nossa liturgia e elementos que são previsíveis durante o culto, como oração, leitura devocional, os hinos da Harpa, apresentação dos grupos de louvor, pregação da Palavra de Deus, oração final e bênção apostólica. Temos até manuais de liturgia, para auxiliar os dirigentes dos cultos a realizarem um culto com equilíbrio e aproveitamento do tempo. Mas, deve haver liberdade na adoração e culto a Deus. Os cultos pentecostais são dirigidos pelo Espírito Santo e não podem ser mecanizados. Entretanto, é preciso haver equilíbrio, pois, a Bíblia nos recomenda  reverência, ordem e decência nos cultos. (1 Co 14.40).

Nesta lição veremos três pontos sobre a liberdade e reverência no culto a Deus:
1) O conceito do culto pentecostal e o equilíbrio entre liberdade e reverência;
2) O Senhor Jesus como o centro da nossa adoração e da mensagem que pregamos;
3) Aspectos da liturgia pentecostal e assembleiana.

I – O CULTO PENTECOSTAL: LIBERDADE E REVERÊNCIA

Infelizmente, há muitos crentes que acham que a sua cultura, gênero musical, tipo de roupa, etc. devem ser impostos ao mundo. A mensagem do Evangelho e os seus princípios, de fato, são universais e válidos em qualquer época e local. Entretanto os costumes, estilos musicais, linguagem, etc. variam de acordo com o tempo e local. Não é porque alguém gosta de música erudita, sertaneja, ou outro estilo, que este deve ser obrigatório nos cultos. 
1. A flexibilização cristã. Devemos ter reverência na forma de adorar a Deus. Porém, deve haver flexibilização da liturgia, de acordo com o ambiente em que estamos. Precisamos tomar cuidado para não introduzir elementos do culto judaico em nossos cultos, pois, estamos na Nova Aliança. Deve-se evitar também que os cultos sejam totalmente de acordo com os costumes antigos, ignorando a juventude ou priorizar somente a juventude, desprezando os mais velhos. 
2. O culto. A palavra culto vem do substantivo grego "latreia" e do verbo "latreuo" que significa “serviço ou adoração". A palavra correspondente em hebraico é ‘avodá’, que significa “culto ou serviço”. Tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento é dito que devemos cultuar somente a Deus (Ex 20.3; Dt 6.13; Mt 4.10). Os católicos, para tentar justificar o uso das imagens e dos inúmeros santos e padroeiros, dizem que há diferença entre adorar e venerar. Para explicar isso, usam três palavras: Latria, Dulia e Hiperdulia.
a - Latria. (Do Grego "latreuo", que significa adoração). Principal culto na Igreja Católica, seria a adoração a Deus.
b - Dulia (em grego: “douleuo”, que significa veneração). É o culto prestado a Deus, por meio de alguma mediação de santos. 
c - Hiperdulia (do grego: "hyper", acima de; e "douleuo", honra ou veneração). É o culto de adoração a Deus por meio da Virgem Maria, a quem o catolicismo dá um lugar eminente.
Entretanto, na Bíblia não há esta distinção e não há nenhum mediador entre Deus e a humanidade, além de Jesus Cristo. (1 Tm 2.15). A Bíblia proíbe o culto ou orações a qualquer pessoa, além de Deus.  (Ex 20.4; MT 4.10). 
3. A reverência no culto. O culto ao Senhor é um momento especial, em que separamos uma parte do nosso tempo para servi-lo, reconhecendo a sua divindade, majestade e senhorio. Portanto, não podemos nos ocupar com outras coisas, alheias ao culto ou fazer coisas incompatíveis com a sacralidade do culto ao Senhor.
Reverência, segundo o dicionário, é o respeito profundo por alguém ou algo, em função das virtudes, qualidades que possui ou parece possuir; consideração, deferência. Quando estamos cultuando a Deus, estamos falando com Ele e ouvindo-o falar conosco. Faria algum sentido, em um momento desse, tratarmos de coisas banais ou ficar em redes sociais falando de outras coisas? Seria razoável, alguém fazendo brincadeiras ou até paquerando durante o culto? Certamente, não. 
 
II – O CENTRO DO CULTO PENTECOSTAL

Muitas pessoas fazem confusão entre Igreja e templo, ou entre Igreja e denominação. Embora, atualmente usamos o termo Igreja para se referir ao templo ou à nossa denominação, há diferença entre estas coisas. 
O termo Igreja, no grego é "ekklesia", que significa um grupo de pessoas chamadas para fora. Refere-se ao conjunto de pessoas que foram salvas por Jesus e pertencem a Ele. 
Entretanto, há duas dimensões da Igreja. Há a Igreja universal, [não a denominação liderada por Edir Macedo] que são os salvos de todos os lugares, em qualquer denominação. E, há também a Igreja local, que é uma congregação que se reúne num determinado lugar. 
1. O centro da nossa adoração. O centro do nosso culto é o Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Conforme já vimos em lições anteriores, os membros da Santíssima Trindade são iguais e habitam um no outro, em perfeita comunhão. Sendo assim, quando adoramos a qualquer um deles, estamos adorando a Deus.
Os adversários dos pentecostais costumam nos acusar de dar ênfase exagerada ao Espírito Santo, para com isso nos acusar de sermos "montanistas". 
O montanismo foi um movimento fundado por Montano, um profeta que se revelou na Frígia, por volta dos anos 155-160 e afirmava ser porta-voz do Espírito Santo. Segundo ele, em sua própria pessoa, se encarnara o "Paracleto" (Consolador) prometido em João 14,16; 16,7. 
As principais características do montanismo são a glossolalia [falar em línguas] e uma linguagem espiritual tendente ao êxtase e ao entusiasmo. Negavam a autoridade eclesiástica, pregavam o iminente fim do mundo e uma moral ascética rigorosa, com proibição do matrimônio e a prática rigorosa de esmolas que jejuns. 
2. Um culto vibrante no poder do Espírito. O modelo do culto descrito por Paulo, no capítulo 14 de 1 Coríntios, demonstra que há diferença entre os cultos nas sinagogas judaicas e o culto cristão. 
Nas sinagogas, somente os rabinos poderiam falar e não havia manifestações dos dons espirituais. O culto cristão na Igreja Primitiva não era formalista e entediante, onde apenas a liderança fala e as pessoas são meros expectadores. Os crentes em geral, podiam participar conforme o Espírito Santo lhes concedia. 
3. Característica pentecostal. O culto pentecostal, conforme o modelo descrito no Novo Testamento deve conter os seguintes elementos:
a) Oração. (1 Co 14.15). A oração deve ser o início do nosso culto e deve acontecer também durante o culto e no final dele. 
b) Cânticos. Em mais de um versículo, Paulo fala de hinos e cânticos espirituais durante o culto (Ef 5.18,19; Cl 3.16). Os louvores são uma parte importante do culto, onde exaltamos a Deus através da música. Entretanto, precisamos cantar hinos cristocêntricos e não antropocêntricos. 
c) Exposição da Palavra de Deus. Paulo diz que "quando vos ajuntais, cada um de vós… tem doutrina...". Isso se refere ao ensino da Palavra de Deus. É indispensável em nossos cultos, um período de leitura e exposição da Palavra de Deus. Uma Igreja sem o ensino bíblico, torna-se presa fácil dos falsos mestres. Não podemos substituir a Palavra de Deus por profecias e revelações. 
d) Manifestação dos dons espirituais. Em um culto pentecostal deve haver liberdade para a profecia, revelações do Espírito, variedade de línguas e operações de maravilhas. Entretanto, deve haver ordem e decência no uso dos dons espirituais. 

O apóstolo Paulo nos dá algumas recomendações nesse sentido:

a) As profecias devem uma por vez e devem ser julgadas pela Igreja;
b) As mensagens em línguas estranhas devem ser acompanhadas de interpretação;
c) Os portadores de dons espirituais não estão inconscientes e devem se controlar no culto público. 

4. Ofertas. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, as contribuições faziam parte do culto  (Dt 26.10; 1 Co 16.1,2; 2 Co 9.7). É até através das contribuições que a Igreja avança em sua missão de evangelização do mundo. Se não houver contribuições dos fiéis, não há como fazer isso. Entretanto, o objetivo do culto não pode se resumir a arrecadações. É lamentável quando líderes evangélicos destinam a maior parte dos cultos para arrecadar dinheiro, usando os mais diversos tipos de manipulação e distorção de textos bíblicos. 
  
III – COMO SE EXPRESSA A LITURGIA DE NOSSAS IGREJAS?

Cada denominação difere na forma de cultuar a Deus. Uns são mais formalistas, seguindo rigorosamente um modelo pré-estabelecido. Outros, no entanto, são totalmente espontâneos e não seguem critério algum. Na Assembléia de Deus, conforme o comentarista descreveu, temos vários tipos de cultos, com finalidades diversas. Embora todos os cultos sejam direcionados a Deus, os objetivos são distintos: temos os cultos públicos, onde o objetivo principal é a evangelização. Nestes, todos os elementos do cultos são direcionados à salvação de almas; cultos de jovens, onde há maior participação da mocidade, com o intuito de desenvolvê-los na obra do Senhor; cultos de missões, onde o objetivo é a conscientização missionária; cultos de doutrina, cujo objetivo principal é o ensino bíblico; e assim, sucessivamente. 
1. Nossas reuniões de adoração. Segundo ensinou o Pr. Antônio Gilberto, liturgia é o conjunto de elementos que compõem o culto cristão. Esta palavra vem do grego “leitourgia” e, inicialmente, significava qualquer serviço prestado à coletividade ou a uma pessoa. No Antigo Testamento, referia-se ao ministério dos sacerdotes ou aos atos realizados por eles durante o culto. 
Nos tempos apostólicos, os cultos eram praticamente informais e não havia um padrão a ser seguido, principalmente, porque eles não tinham templos e se reuniam nas casas, na maioria das vezes às escondidas, por causa das intensas perseguições. Entretanto, encontramos nas Epístolas citações sobre a leitura do texto bíblico, cânticos, orações, pregação, celebração da Ceia e invocação da bênção apostólica. 
Somente algumas décadas após o período apostólico, entre o final do primeiro e início do segundo século é que surgiram as formas de culto mais bem elaboradas, principalmente, por causa do crescimento da Igreja, visando também a beleza e harmonia no culto ao Senhor.  

Na Didaquê, um manual eclesiástico do início do 2º século, encontramos a seguinte orientação referente à ministração da Ceia do Senhor: 

“No tocante à eucaristia, dareis graças desta maneira – primeiramente sobre o cálice: ‘Damos-te graças, Pai nosso, pela santa vinha de Davi, teu servo, que nos deste a conhecer por meio de Jesus, teu Servo. A ti seja a glória eternamente’”. 

A seguir, vinham as palavras a serem ditas sobre o pão partido e, por último, a belíssima oração de ação de graças, que assim começava: 

“Damos-te graças, Pai nosso, por teu santo nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e pela imortalidade que nos revelaste mediante Jesus, teu Servo. A ti seja a glória eternamente”.

Infelizmente, com o passar dos anos, foram incorporados à liturgia, elementos do paganismo, contrários às Escrituras, como as invocações a Maria e aos santos, a adoração aos elementos da Ceia, uso de velas, orações pelos mortos, etc. 

2. Culto pentecostal. Como mencionei anteriormente, no culto pentecostal deve haver equilíbrio entre a liberdade de cultuar a Deus, sem deixar de lado a ordem e decência recomendados na Bíblia. Na Assembléia de Deus todos têm liberdade para adorar a Deus e testemunhar nos cultos. Mas, deve-se seguir um modelo litúrgico organizado, que siga os princípios bíblicos, aproveite melhor o tempo e glorifique a Deus. Devemos nos atentar para os objetivos de cada culto, para não perdermos o foco. Não podemos, por exemplo, em um culto público, onde há várias pessoas necessitando ouvir a pregação do Evangelho, pregar mensagens para crentes ou ficar falando em línguas estranhas, pois, além das pessoas não entenderem nada ainda podem zombar das coisas de Deus. 

CONCLUSÃO

Embora o Novo Testamento não nos apresente um manual de liturgia, nas Epístolas paulinas encontramos princípios para um culto público com ordem e decência. Então, devemos nos equilibrar nesta questão: adorar a Deus com liberdade, sem esquecer a reverência, ordem e decência, conforme nos recomenda a Palavra de Deus. O culto pentecostal não é apenas um auditório onde uma pessoa fala e as outras apenas escutam. Todos podem participar da adoração coletiva, sob a direção do Espírito Santo. 

Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP

REFERÊNCIAS: 

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.144,145.
Matos, Alderi Souza de. LITURGIA: É MESMO NECESSÁRIA?. Texto publicado em: https://www.ipb.org.br/index.php/informativo/liturgia-e-mesmo-necessaria-4279




04 fevereiro 2021

LIÇÃO 6: SANTIFICAÇÃO: COMPROMETIDOS COM A ÉTICA DO ESPÍRITO

 



TEXTO ÁUREO:


“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hebreus 12.14)


VERDADE PRÁTICA:

“Santificação é especialidade do Espírito Santo; ela é instantânea e ao mesmo tempo progressiva, pois acompanha o crescimento espiritual do crente.”


Hinos sugeridos: 247, 363 e 455 da Harpa Cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:  1 Pedro 1.13-23


13 – Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,

14 – como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;

15 – mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,

16 – porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

17 – E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,

18 – sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais,

19 – mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,

20 – o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós;

21 – e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.

22 – Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro;

23 – sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. 


OBJETIVO GERAL:

Mostrar o quanto devemos estar comprometidos com a ética do Espírito.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Apresentar a santificação no Antigo Testamento;
  • Explicar a santificação no Novo Testamento;
  • Aplicar o exemplo de santificação à vida dos alunos.


INTRODUÇÃO


Na lição passada, estudamos o tema o fruto do Espírito: o eu crucificado.  Vimos nessa lição, o fruto do Espírito na vida do crente; a relação entre fruto do Espírito e os dons espirituais; e a oposição que há entre o Espírito e a carne.

Na lição desta semana, estudaremos o tema: Santificação: comprometidos com a ética do Espírito. Discorreremos nesta lição sobre a santidade no Antigo e no Novo Testamento e sobre a santidade na vida do crente.

Quando falamos de santidade, precisamos ter em mente, que somente Deus é santo em si mesmo, na sua essência e natureza. Portanto, ninguém pode ser santo por si mesmo, ou na mesma proporção que Deus é. Se andarmos no Espírito, Ele nos santifica e assim, refletiremos a Sua santidade em nosso modo de viver.


I. A SANTIFICAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Deus é absolutamente Santo, em seu caráter e essência. Nele não há trevas nenhuma. Deus é Santo em si mesmo, sem necessitar de nenhuma interferência externa. Deus não se mistura com o mal. Sendo assim, Ele exige que o seu povo seja também santo. (Lv 20.7). No Antigo Testamento há três palavras para tratar da santificação: Santificação, consagração e purificação. 

1. A santificação.  A santificação é a separação de tudo o que é impuro ou profano, para pertencer exclusivamente a Deus ou ao seu serviço. Em todo o Antigo Testamento, Deus faz questão de separar o seu povo das nações idólatras e os objetos e pessoas usadas no culto ao Senhor, das coisas imundas. Profanar as coisas de Deus é considerá-las comuns, não lhes dando o devido valor. 

O verbo hebraico “kadash” (santificar) ou o substantivo “kadosh” (santo) significam “ser santo, ser santificado, santificar, ser posto à parte”. Esta palavra e os seus derivados são usados 830 vezes no Antigo Testamento. O conceito de “kadosh” no Antigo Testamento é separar algo ou alguém do uso comum para o serviço de Deus.(1 Sm 7.1).

2. A consagração. A consagração é parte da santificação. Se por um lado, santificar é separar daquilo que é profano para o serviço de Deus, a consagração é a dedicação de pessoas, lugares ou objetos a Deus. Uma vez consagrado ou dedicado a Deus, não pode ser usado para outros fins. 

Embora sejam palavras distintas, santificação e consagração podem significar a mesma coisa em algumas partes do Antigo Testamento, dependendo do contexto. Por exemplo, em Êxodo 28.3, Deus ordena que se façam vestes para Aarão e seus filhos para santificá-lo, ou para consagrá-lo. 

3. A purificação.  O termo hebraico ‘tahor’, que significa “puro, limpo” derivado do verbo taher, “ser limpo, puro”, e “qadosh”, “santo”, do verbo qadash, pertencem ao mesmo campo semântico. Referem-se à santidade de Deus (Is 6.3; Hc 1.13) e às pessoas que se aproximam dEle e se purificam de toda sorte de pecado e idolatria (Sl 51.10; Ez 36.25).

A versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, traduziu a palavra “tahor” pela palavra grega “katharizo”, que significa “tornar limpo, limpar, purificar” e o verbo “kadash” por “hagiazo”, que significa “santificar ou consagrar”. O adjetivo grego “hagíos”, “santo”, traduz 20 palavras hebraicas do Antigo Testamento como kadash, kadosh, kodesh, entre outras. 


SÍNTESE DO TÓPICO I:

O Antigo Testamento mostra que a santidade de Deus se originou nEle mesmo, ela é a plenitude gloriosa de sua excelência moral.


II – A SANTIFICAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Diferente do que acontece no Antigo Testamento, no Novo Testamento inexiste o conceito de consagração e pureza rituais ou lugares e objetos sagrados. Entretanto, há também a exigência da santificação, como condição indispensável para se ver a Deus (Hb 12.14). 

1. Uma obra da Trindade. Nós cremos em um único Deus, que subsiste eternamente em três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estes três são um único Deus, iguais em substância, poder, majestade e atributos. Como vimos nas duas primeiras lições deste trimestre, os três atuam juntos na obra da redenção. A santificação é um dos aspectos da salvação, junto com a justificação e a regeneração e é uma obra da Trindade na vida do crente.

2. Natureza da santificação. A santificação no Novo Testamento é operada pelo Espírito Santo no interior do homem e tem duas dimensões: 

a) Santificação posicional. Acontece no momento em que o pecador aceita a Cristo como Seu salvador e é declarado santo. (1 Co 1.30)

b) Santificação progressiva. Acontece durante a nossa vida cristã, conforme nos entregamos a Deus e praticamos as disciplinas da vida cristã.

3. Uma necessidade.  A santificação não é uma opção na vida do cristão. É uma necessidade. Sem ela, ninguém verá o Senhor. (Hb 12.14). Quando recebemos a Cristo como salvador, somos justificados por Ele. A sentença de morte que havia contra nós é rasgada por Cristo. A nossa dívida é perdoada e somos declarados justos. Este aspecto da salvação é chamado de justificação. Depois disso, o Espírito Santo opera em nós o novo nascimento. Estávamos mortos em nossos pecados e ofensas e não teríamos condições de sozinhos, buscar a Deus. O Espírito Santo nos capacita a vivermos uma nova vida. Somos criados novamente em Cristo. Este aspecto da salvação é chamado de regeneração. Por último temos a santificação que é a separação de tudo que é impuro e dedicação exclusiva a Deus. Esta santificação é instantânea, na santificação posicional, mas, é também um processo, na santificação progressiva. 


SÍNTESE DO TÓPICO II

No Novo Testamento a santidade é a semelhança do caráter de Cristo.


III – A SANTIFICAÇÃO APLICADA AO CRENTE

A santificação não é uma obra humana. O Espírito Santo é quem produz santidade no crente. O nosso padrão de santidade é o Senhor Jesus. O Espírito Santo nos molda, tornando-nos parecidos com Cristo. 

1. A comunidade de Jesus.  Assim como a nação de Israel era considerada propriedade particular de Deus, a Igreja também é considerada Coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15); reis e sacerdotes de Deus (Ap 1.6) geração eleita, o sacerdòcio real, a nação santa, o povo adquirido (1 Pe 2.9). Sendo assim, da mesma forma que Deus exigiu santidade do povo de Israel, Ele exige que a sua Igreja seja santa. 

2. Uma vida santificada. Somos santificados de três formas: Pela Palavra de Deus (Jo 17.17), pelo sangue de Cristo (Hb 9.12) e pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). Através da leitura e meditação na Palavra de Deus somos confrontados na nossa velha natureza e somos orientados a ter o caráter de Cristo. O Espírito Santo, por sua vez, opera em nós a transformação e nos aproxima de Deus. O sangue [ou a morte] de Cristo pagou o preço da nossa e aplaca a ira de Deus, trazendo-nos paz com Deus. O caráter de Cristo não combina com ódio, inveja, discórdias, brigas, mentiras, palavrões, violência, falsidade, avareza e outras coisas desse tipo. A santificação nos torna parecidos com o estilo de vida de Cristo.


3. O que é ética? A palavra ética vem do termo grego “ēthos”, que significa “hábito”, “costume”. A Ética é definida pela filosofia como um conjunto de valores morais, que estabelecem as diretrizes que regulamentam a vida da humanidade em sociedade. Existem pelo menos três categorias de ética, com as suas respectivas subcategorias: Humanista, naturalista e religiosa. 

a) A ética humanista. Tem o ser humano como o centro de tudo. Dentro desta perspectiva, tudo aquilo que trouxer ‘benefício’ à sociedade deve ser aceito. Dentro desta ética estão o existencialismo, o utilitarismo e o hedonismo. 

b) Ética naturalística. Fundamenta-se nas leis da natureza e considera que tudo aquilo que é natural é bom. 

c) Ética religiosa. Tem como fundamento aquilo que a religião acredita ser moralmente correto, de acordo com os princípios da divindade que acredita. 


A ética cristã está nesta última categoria. Os princípios e práticas do que é certo e errado no Cristianismo estão baseados nas Escrituras Sagradas. Portanto, o que norteia o padrão de conduta do cristão é a Palavra de Deus. 


SÍNTESE DO TÓPICO III

O Espírito Santo é a fonte de santidade, segundo o padrão de Jesus Cristo. 


CONCLUSÃO


A santificação é a marca de uma vida na plenitude do Espírito. Ser santo é fugir de toda aparência do mal e ter um estilo de vida semelhante ao de Cristo. Entretanto, precisamos entender o conceito de santificação na Bíblia, para não a confundirmos com legalismo, isolacionismo, ritualismos, monasticismo ou ascetismo. 


Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP

REFERÊNCIAS: 

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

LENNOX, John C. Contra a Correnteza: A inspiração de Daniel para uma época de Relativismo. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.49-50.

GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e testemunhando com poder. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.60,61.

CONEGERO, Daniel. O que é étca cristã. https://estiloadoracao.com/o-que-e-etica-crista/


VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...