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07 junho 2022

NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO


(Comentário do 1º tópico da Lição 11)

No capítulo 7 do Evangelho segundo Mateus, Jesus inicia esta parte do Sermão do Monte dizendo: “Não julgueis,para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados,e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” (Mt 7.1,2). Os escribas e fariseus tinham por hábito julgar os outros, de forma dura, apontando as falhas e os defeitos dos outros, além daquilo que a própria Lei exigia. Isso era feito de forma maldosa, severa e sem qualquer resquício de misericórdia. 


Foi neste contexto que Jesus disse para não julgar. Esta passagem tem servido de subterfúgios para aqueles que querem viver no erro e não serem criticados. Os hereges também usam esse texto, para que as suas falsas doutrinas não sejam contestadas. Mas, será que Jesus proibiu qualquer tipo de julgamento? O crente não pode, então emitir a sua opinião ou parecer sobre nenhum tema, ou sobre condutas reprováveis e anti bíblicas? É sobre isso que trataremos neste tópico.


1- Aprendendo a se relacionar com os outros. Jesus resumiu os mandamentos da Lei em apenas dois: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento; E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.37,39). Em outro texto, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13.35). Isso demonstra que o Cristianismo é relacionamento com Deus e com o próximo.  


Não é fácil ter um bom relacionamento com as pessoas ao nosso redor. Isto porque as pessoas são diferentes, têm opiniões e culturas diferentes e não gostam de ser contrariadas. Enquanto concordamos com aquilo que as pessoas pensam, falam e fazem, somos bem vindos entre elas. Mas basta contrariar o senso comum, que logo viram a sua artilharia em nossa direção. Com Jesus não foi diferente. Os mestres da lei e as autoridades religiosas o odiavam, porque Ele pregava a Verdade e desmascarava a hipocrisia deles. 


A Igreja do Senhor é formada por pessoas que vieram de diferentes crenças, culturas e classes sociais. Não é de se esperar que um grupo assim seja totalmente homogêneo. Naturalmente, há divergências e temperamentos diferentes. Jesus não espera que sejamos perfeitos, pois Ele sabe perfeitamente que somos humanos, falíveis e limitados. Entretanto, a Palavra de Deus nos recomenda em vários textos que devemos viver em união e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos e como Cristo nos amou. (Sl 133.1; Mt 22.39; Jo 15.12). 


O ser humano é, por natureza, um ser social. Não fomos criados para viver isolados. O próprio Deus, quando criou o primeiro homem disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). O ser humano tem a necessidade de se comunicar, se relacionar e compartilhar a sua vida com os outros. Entretanto, isso não é tarefa fácil, devido à natureza humana caída, que se tornou pecaminosa e egoísta. A regra áurea  ensinada por Jesus para termos um bom relacionamento é: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7.12). 


Se seguirmos este princípio, tratando os outros da forma que gostaríamos de ser tratados e nunca fazendo aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem, temos boas chances de nos relacionarmos bem. Claro que há pessoas anti sociais, que por mais que façamos o bem, não conseguiremos ter paz com elas. Nesse sentido, o apóstolo Paulo nos recomenda: “Se possível, no que depender de vocês, vivam em paz com todas as pessoas.” (Rm 12.18). 


Muitas vezes, para haver paz é preciso haver distanciamento, como aconteceu com Abrão e Ló. (Gn 13.8,9). O cristão também não pode sacrificar a sua comunhão com Deus e a Verdade, em nome da paz. Sobre isso, Lutero disse: “A paz se for possível; a verdade a qualquer preço”. Isto significa que a verdade bíblica é inegociável, mesmo que seja em nome da paz. 


2- Ninguém deve ser julgado? Muitas pessoas, ao serem criticadas por um determinado comportamento ou ensino contrário às Escrituras, costumam se defender com o argumento de que Jesus disse para não julgar. Mas, que tipo de julgamento, Jesus estava proibindo? Se lermos os versículos seguintes, entenderemos. Neles, Jesus fala de alguém com uma trave no próprio olho, querendo tirar um cisco no olho do seu próximo. O que Jesus condenou foi a atitude de um hipócrita, que julga os outros, sem olhar para os próprios erros e se põe a vasculhar a vida dos outros, procurando erros, para lhes pronunciar sentença de condenação. 


Jesus não está condenando qualquer tipo de julgamento, como os dos magistrados, das autoridades da Igreja, o julgamento de falsos ensinos, de falsos profetas, ou de práticas manifestamente contrárias à Palavra de Deus. Ele mesmo alertou os seus discípulos em vários textos para serem cautelosos e prudentes, pois eles estavam indo como ovelhas para o meio de lobos. Os apóstolos também fizeram vários alertas à Igreja em relação aos falsos ensinos, aos falsos mestres, aos falsos apóstolos, etc. 


Não devemos ficar procurando erros em nossos irmãos, para lhes pronunciar sentenças, como se fôssemos juízes. Também não devemos julgar as intenções dos corações, pelas aparências, pois, não somos oniscientes como Deus, para conhecer o coração de outra pessoa. Entretanto, não podemos deixar de exercer o julgamento de atitudes, ensinos e profecias que contrariam a Palavra de Deus. A Bíblia nos recomenda a ser cautelosos e examinar (julgar) tudo e reter o bem.


3- O julgamento defendido por Jesus. Segundo o dicionário bíblico VINE, a palavra 'julgar' vem do grego 'krino' e significa separar, selecionar, escolher. Significa, portanto, determinar um erro e pronunciar sentença. A própria Bíblia nos manda julgar, em vários textos:

a) Julgar os que estão vivendo em práticas pecaminosas e não querem deixar o pecado: "Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo." (1 Co 5.12,13); 


b) Devemos julgar aquilo que é pregado, se está de acordo com as Escrituras: "Examinai tudo. Retende o bem." (1 Ts 5.21); "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." (Gl 1.8); 

c) Devemos julgar tendo como base a justiça de Deus, não a nossa: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça." (Jo 7.24); 

d) Devemos julgar a origem das manifestações espirituais na Igreja: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, porém, avaliai com cuidado se os espíritos procedem de Deus, porquanto muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." (1 Jo 4.1)

e) Devemos julgar as profecias: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” (I Co 14.29).

f) Devemos julgar litígios de irmãos na Igreja, para evitar que a causa seja levada à justiça: "Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Co 5.1-5); Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?" 

g) Devemos julgar os falsos mestres e falsos profetas: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores." (Mt 7:15). Seria impossível acautelar-nos e conhecer esses lobos disfarçados, sem julgá-los. 



REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 203-207.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2479.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 389.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 676-677.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 236.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico Mateus. pág. 282-284.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 530.

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.59,60


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