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05 janeiro 2023

O AVIVAMENTO E A PALAVRA DE DEUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 02: O avivamento no Antigo Testamento)

Este terceiro e último tópico é uma continuidade do tópico anterior, onde falamos a respeito da relação entre o avivamento e o ensino bíblico. A Palavra de Deus é o nosso parâmetro em todas as ações e doutrinas da Igreja. É ela que estabelece o padrão das manifestações espirituais, que devem ser com ordem e decência (I Co 14.40). O verdadeiro avivamento não consiste em emocionalismo e atitudes bizarras. Falaremos também neste tópico, sobre o cuidado que devemos ter com o formalismo. Se por um lado é preciso ter cuidado com as meninices e bizarrices nas manifestações espirituais, no outro extremo está o formalismo, que é o apego exagerado às regras, tentando limitar ou controlar a atuação do Espírito Santo (I Ts 5.19,20). 


1- A Palavra de Deus corrige. Muitas pessoas, do meio pentecostal e neopentecostal, pensam que não deve haver nenhum limite ou organização nos cultos. Estas pessoas agem por impulsos e emoções e dizem que é o Espírito Santo que está mandando. Nesta perspectiva, fazem todo tipo de bizarrice e bagunça durante os cultos: correm, rodopiam, pulam, fazem aviãozinho, sapateiam e caem; interrompem as pregações para profetizar; várias pessoas profetizam ao mesmo tempo, sem ninguém entender nada; falam em línguas o tempo todo, inclusive durante a pregação sem que haja interpretação; e não se preocupam se há pessoas não evangélicas no culto, nem com o barulho ensurdecedor. Chamam isso de “reteté de Jeová” e, quem ousar discordar destas práticas, é tido como frio, geladeira e até blasfemo. Um fato comum nesse meio é que, normalmente, estas pessoas não gostam de cultos de ensino, Escola Dominical e cursos teológicos. Também são insubmissos à liderança da Igreja e, quando são contrariados, abrem outra Igreja para concorrer e até proferem maldições contra os que lhe opõem.


Eu fui criado em um ambiente pentecostal e sempre fui da Assembléia de Deus. Sou de um tempo em que a Assembléia de Deus era conhecida por ser uma Igreja que orava e buscava os dons espirituais. Todos os nossos cultos começavam com um período de oração e ninguém levantava, antes do pastor tocar o sininho e dizer amém. Havia, no mínimo, um culto de oração por semana e as vigílias eram frequentes. Batismo no Espírito Santo, salvação de almas e demônios sendo expulsos eram coisas rotineiras em nossos cultos. Havia também profundo respeito e reverência pelas coisas de Deus, principalmente pelos pastores. Ninguém da Igreja ousava afrontar um pastor e desobedecer às suas ordens, mesmo quando eram exageradas e sem fundamento bíblico. 


Sempre fui pentecostal e, como tal, sempre participei de cultos de oração, círculo de oração e fui batizado no Espírito Santo em uma vigília, aos 12 anos de idade. Já vi muitas manifestações do Espírito Santo em nossos cultos, como as citadas acima. Entretanto, o que eu não via em nosso meio era o chamado “reteté”. Na Assembléia de Deus de antigamente, não havia ninguém pulando, rodopiando, caindo no chão, profetizando várias pessoas ao mesmo tempo e outras coisas que vemos atualmente. 


Uma coisa interessante que eu quero destacar aqui, é que durante todo o tempo que pertenço à Assembléia de Deus, tenho observado que os crentes mais sérios que eu conheço, que tem vida de oração e temor a Deus, não fazem estas coisas. Em contrapartida, os crentes mais carnais e tribulosos que eu conheço gostam dessas coisas e vivem no meio desses movimentos do reteté. 


O meu primeiro pastor, por exemplo, hoje tem 83 anos de vida e, por causa de problemas de saúde, está impossibilitado de pastorear Igrejas. Ele nasceu no Evangelho e foi criado na Igreja Batista. Depois de adulto, ele creu na doutrina pentecostal e mudou-se para a Assembléia de Deus, há mais de 50 anos. Sempre foi um homem de oração e um missionário nato. Mesmo com poucos recursos e, sem ajuda do ministério, abriu vários trabalhos no interior de Pernambuco, onde eu nasci e cresci. Fundou, inclusive, a Assembléia de Deus na minha cidade natal e os meus pais se converteram através da pregação dele. Era dedicado à oração, fazia vigílias nas fazendas, falava em línguas e tinha revelações de Deus. Mas nunca vi ele com reteté, pula-pula, aviãozinho e coisas desse tipo. Da mesma forma, muitos pastores como o saudoso Pr. José Leôncio da Silva, presidente da Assembleia de Deus pernambucana, Pr. José Wellington, presidente do Ministério do Belém, Pr. Antonio Gilberto, o maior e doutrinador da Assembleia de Deus, e muitas mulheres de Deus dedicadas ao Círculo de Oração, que eu conheci, nunca os vi fazendo esse tipo de coisa. 


Quando vamos para a Bíblia, também não vemos nenhum registro desse tipo de manifestação. No Dia de Pentecostes, todos foram cheios do Espírito Santo e “falavam em línguas e profetizavam” (At 2.4). Em Samaria, na casa de Cornélio e em Éfeso, há também relatos de manifestação do Espírito Santo e o texto bíblico diz apenas que eles falavam em línguas e profetizavam (At 8.17; 10.44-46; 11.15; 19.6. Não há relatos de outros comportamentos que chamam de reteté atualmente. 


A Igreja de Corinto era uma Igreja onde havia muitas manifestações dos dons espirituais. Paulo, no início da primeira Epístola aos Coríntios, disse: "De maneira que nenhum dom vos falta…". (I Co 1.7). Entretanto, era uma Igreja carnal, que tinha em seu meio várias atitudes abomináveis como partidarismo, incesto, litígio entre irmãos, acepção de pessoas até no momento da Ceia, ostentação de dons espirituais, etc. Foi a esta Igreja que Paulo dedicou dois capítulos inteiros da primeira Epístola, para ensinar sobre os dons espirituais, os capítulos 12 e 14. No meio destes dois capítulos, Paulo dedicou o capítulo 13, para falar do amor. Faz parte do mesmo assunto pois, o texto bíblico original não possuía capítulos. 


No ensino de Paulo sobre os dons espirituais, ele citou nove dons que, para efeitos didáticos, são divididos em três categorias: 

  1. Dons de revelação: Palavra da sabedoria, Palavra da ciência ou do conhecimento, Discernimento de espíritos. 

  2. Dons de poder: Dons de curar, Dom da fé e Operação de maravilhas. 

  3. Dons de Elocução: Profecia, Variedade de línguas e interpretação. 


Depois de citar estes dons e fazer uma analogia entre os dons espirituais e fazendo uma analogia com o corpo humano, onde há uma diversidade de membros que trabalham em unidade pelo funcionamento do corpo, o apóstolo apóstolo falou: Buscai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente". (1 Co 12.31). Este caminho mais excelente é o amor, que ele o coloca acima dos dons (1 Co 13.1-3). 


No capítulo 14 de 1 Coríntios, Paulo retoma o assunto dos dons espirituais, falando como eles devem ser usados no culto. O apóstolo inicia dizendo que os crentes devem buscar todos os dons, mas, principalmente o de profetizar, pois quem fala em línguas fala apenas a Deus e edifica apenas o próprio espírito. Mas quem profetiza fala aos seres humanos para a edificação, exortação e consolação. Na sequência, ele traz as orientações sobre falar em línguas e profetizar durante o culto. É importante esclarecer que falar em línguas aqui é o dom de variedade de línguas e não o glorificar a Deus em línguas que é dado a todos os que são batizados no Espírito Santo. Paulo ensina que o dom de variedade de línguas só deve ser usado no culto se houver para interpretar. Se não houver, a pessoa deve se calar, ou falar consigo mesmo e com. Deus (I Co 14.27,28). Depois, ele fala sobre a profecia e dizem que todos podem profetizar. Mas isso deve ser feito, um após o outro para que todos aprendam e a Igreja deve julgar (I Co 14.29-31). O apóstolo cita também os elementos que devem compor um culto genuinamente pentecostal: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). Em seguida ele fala da postura das mulheres no culto, que refletia a cultura da época, enfatizando a submissão das mulheres aos maridos. Por último conclui dizendo que o uso dos dons espirituais deve ser feito com ordem e decência (1 Co 14.40).


2- Cuidado com o formalismo. Se de um lado temos a falta de decência e ordem no movimento chamado “reteté”, que desvirtuam o genuíno mover do Espírito, contrariando as orientações bíblicas, temos no outro extremo, o formalismo que também é extremamente prejudicial. Mas, o que é formalismo? Não seria correto observar regras, preceitos e uma boa liturgia nos cultos? Por que o formalismo é prejudicial à espiritualidade da Igreja? 


Formalismo, segundo o dicionário Priberam, é a observação rigorosa das formalidades ou praxes; é o sistema filosófico que só considera a matéria no relativo à forma. O formalismo é também um termo usado, dentro do vocabulário da ética, para descrever o forte apego às regras externas, métodos, preceitos e formalidades, em detrimento da essência. 


Segundo o pastor Claudionor de Andrade, “o formalismo pode ser definido como a ênfase exagerada às formas externas da religião em detrimento de sua essência, que é a comunhão plena com o Deus Único e Verdadeiro.”. É também chamado de liturgismo e ritualismo. Os fariseus eram extremamente formalistas, pois supervalorizavam as aparências, as tradições e o ritualismo. Isso foi duramente condenado por Jesus, no capítulo 23 de Mateus.  


É importante esclarecer que não há nada de errado em observar os estatutos de uma Igreja, manter as boas tradições e seguir uma boa liturgia, respeitando os princípios exarados no Novo Testamento para o culto cristão, conforme falamos no subtópico anterior: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26).  Isto não tem nada a ver com formalismo e sim com ordem e decência. O problema é quando a observância a regras, estatutos e formas litúrgicas, se coloca acima da direção do Espírito Santo, querendo limitar, impedir ou controlar as suas ações. Jesus comparou o Espírito Santo ao vento e disse “O vento assopra onde quer e ouves a sua voz. Mas, não sabeis de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. (Jo 3.8). 


No Livro de apoio, o Pr. Eliminado Renovato diz: “No que diz respeito à busca do avivamento, é interessante não deixar que o formalismo frio, seco e sem graça impeça a busca da presença gloriosa do Espírito Santo, que é expressa por demonstrações equilibradas de adoração a Deus, num ambiente onde pode haver manifestações espirituais, tais como línguas estranhas, interpretação, curas divinas, libertação de oprimidos, unção de enfermos, salvação de almas, tudo de forma sobrenatural.” Nós pentecostais temos regras, estatutos e práticas litúrgicas. Entretanto, os nossos cultos são dirigidos pelo Espírito Santo e Ele é soberano para mudar qualquer uma destas coisas. O Espírito Santo não faz jamais, é contrariar a Palavra de Deus, pois Ele é Deus, foi Ele mesmo que a inspirou e vela por ela para cumpri-la. (Jr 1.12).


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 269.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 492.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pág. 806.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos De Um Autêntico Avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 125-129.


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Ev. Weliano Pires


11 março 2022

UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA DE NOSSOS DIAS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje)


Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o mover do Espírito Santo como um modelo para a Igreja em todas épocas. Falaremos ainda sobre a atualidade do batismo no Espírito Santo. Por último, falaremos do falar em línguas como a evidência do batismo no Espírito Santo. Por último falaremos sobre a plenitude do Espírito Santo na Igreja, que inclui o batismo no Espírito Santo, o fruto do Espírito Santo e os dons espirituais. 


1- O revestimento de poder do alto. Há muita confusão, inclusive no meio evangélico, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras. 

No primeiro trimestre de 2021, nós estudamos o tema: O Verdadeiro Pentecostalismo - A atualidade da Doutrina Bíblica sobre a atuação do Espírito Santo, com comentário do Pr. Esequias Soares da Silva, presidente da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em Jundiaí-SP. Estas lições e outras de outros trimestres, nos elucidaram questões sobre a pessoa do Espírito Santo, a atuação do Espírito Santo na obra da redenção, o batismo no Espírito Santo, os Dons Espirituais, o Fruto do Espírito Santo e outros temas relacionados à terceira pessoa da Santíssima Trindade. 


Com relação à obra do Espírito Santo, entre os protestantes ou evangélicos, há três grupos: 

1) Os tradicionais ou cessacionistas. Acreditam que os dons do Espírito Santo se restringiram ao período apostólico e cessaram com a completude das Escrituras. Neste grupo estão as chamadas Igrejas Reformadas como a Igreja Presbiteriana, Igreja Batista e Metodista. Porém, na Igreja Presbiteriana há uma divisão chamada Igreja Presbiteriana Renovada, que é pentecostal. Algumas Igrejas Batistas independentes também são pentecostais. 

2) Os pentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais e no Batismo no Espírito Santo, como uma experiência subsequente à Salvação. No Brasil, os primeiros adeptos deste grupo são a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã no Brasil. Porém, a CCB, embora tenha um credo ortodoxo, tem algumas práticas que são características de uma seita, como o exclusivismo,

3) Os neopentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais, mas, dão ênfase à prosperidade financeira, e bem estar físico. Pregam a chamada teologia da prosperidade, confissão positiva e triunfalismo. Os pioneiros deste movimento são a Igreja Universal e Internacional da Graça de Deus. Depois surgiram inúmeras denominações neopentecostais oriundas destas e também de Igrejas pentecostais. Muitas práticas neopentecostais são absolutamente antibíblicas, como o uso de objetos sagrados, supostamente milagrosos e troca de bençãos por ofertas e votos.


A Assembléia de Deus é uma Igreja Evangélica Pentecostal Clássica. Nós, os pentecostais cremos no batismo no Espírito Santo, como uma experiência subsequente à salvação, ou seja, primeiro a pessoa recebe a Jesus como Senhor e Salvador. O Espírito Santo, então, entra na pessoa e passa a habitar em seu corpo. Depois, o crente busca ao Senhor em oração e é revestido de poder para testemunhar de Cristo. Este revestimento de poder é o batismo no Espírito Santo. Pode acontecer após a regeneração, que é o Novo Nascimento, que também é operado pelo Espírito Santo no interior do crente. Foi assim que aconteceu em Samaria (At 8.15-17). Mas pode acontecer também junto com a regeneração, como  aconteceu na Casa do Centurião Cornélio. (10.44-46).


A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26). 


2 - As línguas como evidência inicial.  Há duas palavras gregas, traduzidas por “falar em línguas”: “Glossolalia”, de “glossa” (língua) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua desconhecida para quem fala e para quem a ouve; e “xenolalia” de “xeno” (estrangeiro) e laleo (falar), que significa falar em uma língua estrangeira, desconhecida de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. 


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. O termo grego é em Atos 2.4 é “heteros glossais”, que  significa outras línguas desconhecidas dos que estavam falando. Logo em seguida, o texto diz que algumas pessoas ouviram estas línguas e as entenderam, pois eram as suas próprias línguas. Em Cesaréia, na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e falaram em línguas (At 10.46). Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).

Em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). Comparando com os outros relatos que dizem que as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas, ficam implícito, portanto que este foi o sinal. O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi batizado Espírito Santo. Concluímos, portanto, que  “falar em línguas” é a evidência ou o sinal visível de que alguém recebeu o Batismo no Espírito Santo.

O apóstolo Paulo menciona dois tipos de línguas em 1 Coríntios 13.1: As línguas dos homens e dos anjos. Então entendemos que o Espírito Santo concede o falar em línguas celestiais ou em línguas estrangeiras, desconhecidas de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. Depois, nos capítulos 12 e 14 de 1 Coríntios, ele fala do dom de variedade de línguas. Este dom é diferente do falar em línguas com sinal do batismo no Espírito Santo. O dom de variedade de línguas (1 Co 12.10) é a capacitação sobrenatural do Espírito Santo a uma pessoa, para entregar uma mensagem em uma língua desconhecida de quem fala e de quem a ouve. Paulo ensina que nesse caso é preciso também o dom de interpretação de línguas, onde é revelado o significado (não a tradução) daquela mensagem (1 Co 14.13,27,28).


3 - A plenitude do Espírito Santo. Muitos confundem também batismo no Espírito Santo com fruto do Espírito e dons do Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo, conforme já vimos, é um revestimento de poder para o crente testificar de Cristo com ousadia. Já o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) é formado por nove virtudes que o Espírito Santo produz na vida do crente que anda no Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Estas virtudes são o resultado da entrega do crente ao Espírito Santo, vivendo sob o seu domínio. Os dons espirituais, conforme definição da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, “são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”. Os dons são distribuídos pelo Espírito Santo a cada um, segundo a Sua vontade, para aquilo que for útil. 


No contexto do Antigo Testamento, apenas algumas pessoas receberam capacitações sobrenaturais do Espírito Santo para determinadas obras, durante um tempo. Entretanto, após a ascensão de Jesus, Ele enviou o Espírito Santo para ficar para sempre conosco. Este conjunto de ações do Espírito Santo: o revestimento de poder, os dons espirituais e o fruto do Espírito Santo representam a plenitude do Espírito Santo na Igreja do Senhor. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.  

WILLIAMS, David J. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pág. 73-74.    

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. págs. 638-639; 1255.    

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pág. 1166-1167.    

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pág. 973.    

Pearlman, Myer. Atos: e a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. pag. 24-25.    

HENDRIKSEN, William. Exposição De Efésios. Editora Cultura Cristã. pag. 294-296.

(MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.74.-75).    


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Pb. Weliano Pires


24 junho 2021

BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS


Neste segundo tópico falaremos sobre as qualidades dos ‘bons despenseiros’ dos mistérios divinos. O apóstolo Pedro exortou a igreja, sobre a administração dos dons. Para isso, ele usou a figura do despenseiro, que, antigamente, era o homem que cuidava da despensa. Era alguém de total confiança do patrão, que cuidava da aquisição, conservação e distribuição dos mantimentos.

Os despenseiros de Deus são os responsáveis pela “despensa divina”, portadores dos dons que Deus lhes concedeu para a edificação, exortação e consolação da Sua Igreja. Os despenseiros não são donos dos dons e devem usá-los com fidelidade, pois, terão que prestar conta ao Senhor. Há algumas virtudes descritas na Bíblia que os despenseiros devem apresentar: sobriedade, vigilância, amor, hospitalidade e fidelidade ao Senhor.

1. Sobriedade e vigilância. O despenseiro é um administrador do depósito de alimentos. Ele deve manter este depósito abastecido e retirar dele o melhor para a família. Na metáfora usada na Bíblia, os ministros e os portadores de dons espirituais são despenseiros da Casa de Deus (Tt 1.7) e, como tal, devem ser irrepreensíveis. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério. (1 Tm 3.2).

A sobriedade fala de moderação, temperança e equilíbrio. O despenseiro nunca pode se descontrolar. Todo cristão deve ser sóbrio ou moderado, pois, o domínio próprio faz parte do fruto do Espírito, como veremos a seguir. O apóstolo Pedro escreveu: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo.” (1 Pe 1.13). No caso dos ministros, esta exigência aumenta, pois, eles administram não apenas a própria vida, mas, a Casa de Deus. 

Outra exigência, junto com a sobriedade, é a vigilância. Vigiar significa estar alerta e agir sempre com cuidado para não expor a riscos a si mesmo e aos outros. No sentido bíblico é estar alerta para não cair nas ciladas do adversário e não pecar. 

2. Amor e hospitalidade. Muitas palavras perdem o seu real significado com o passar do tempo, ou tem mais de um significado. Com a palavra amor não é diferente. No grego há quatro palavras, que são traduzidas por amor:

a. Ágape. Amor perfeito, incondicional e de Deus. É o amor descrito em 1 Coríntios 13. 

b. Philia. Amor fraternal entre as pessoas. É daí que vem a palavra filantropia. 

c. Eros. Amor romântico da relação íntima entre homem e mulher. Esta palavra deu origem à palavra “erótico”.

d. Storge. Amor pelos familiares e pessoas próximas. 

Paulo diz que "todas as vossas coisas devem ser feitas com amor." (1 Co 16.14). Diz também que os dons espirituais sem amor não valem nada. (1 Co 13.1-3). O amor exigido na Bíblia não é um sentimento e sim uma escolha. Esse amor provém de Deus, que ama a quem não merece ser amado. Os despenseiros, portanto, devem agir sempre movidos pelo amor, que não busca os próprios interesses, não faz acepção de pessoas e jamais fará mal ao próximo. 

A hospitalidade faz parte do amor ao próximo. Nos tempos bíblicos, as pessoas viajavam por vários dias a pé, a cavalo, ou em embarcações primitivas, e necessitavam de hospedagem para dormir e se alimentar. Não existiam hotéis e pousadas como hoje. Então, hospedar alguém em casa era uma questão humanitária. Inclusive, os missionários necessitavam muito deste apoio dos irmãos, pois andavam de cidade em cidade, enfrentando longas e cansativas viagens. 

Nos dias atuais, no entanto, é preciso muita cautela com a hospitalidade, por causa da questão segurança da família. Muitos se fingem de cristãos e se receberem abrigo em nossas casas, podem nos furtar e cometerem outros crimes contra os nossos familiares. 

3. O despenseiro deve administrar com fidelidade. O despenseiro não é dono do dom ou ministério e não pode usá-lo para interesses pessoais, ou para agradar a quem quer que seja. O Senhor nos confiou os seus dons para servirmos à Igreja, de forma a agradar a Deus. Não importa qual seja o dom, tudo vem de Deus e é a Ele que devemos agradar. Devemos servir ao Senhor com fidelidade, pois, iremos prestar contas daquilo que recebemos.  “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10).


Pb. Weliano Pires


22 junho 2021

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS


Com a Graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Foram treze lições enriquecedoras, sobre os Dons espirituais e ministeriais. Nesta última lição falaremos sobre a multiforme Sabedoria de Deus. A lição faz uma conclusão do tema estudado no trimestre, falando sobre o caráter diverso dos dons espirituais e ministeriais; as qualidades dos bons despenseiros dos mistérios divinos; e a relação dos dons espirituais com o fruto do Espírito.

A palavra multiforme significa “de diversas formas”, “diversas maneiras” ou “em estados numerosos''. Então, quando a Bíblia fala da multiforme sabedoria de Deus, está dizendo que a sabedoria de Deus é infinita e se manifesta de várias formas e não pode ser delimitada pelo intelecto humano. 

Há uma unidade e comunhão perfeita entre as pessoas da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Portanto, mesmo sendo distintos (não diferentes), há diversidade nas operações, mas, há perfeita unidade e harmonia entre os dons concedidos por Deus à Sua Igreja. Deus não concede todos os dons a uma única pessoa, para que haja dependência uns dos outros e se completem. 

No primeiro tópico, falaremos sobre o caráter diverso dos dons espirituais e ministeriais. São dádivas concedidas por Deus à sua Igreja, segundo a Sua vontade, para aquilo que for útil. A própria palavra dom significa dádiva ou presente. Os dons são diversos, amplos e plurais. Durante este 2º trimestre estudamos as mais variadas formas que Deus atua por meio da sua Igreja, concedendo-lhe dons espirituais, ministeriais e de serviço. Deus concede diversos tipos de dons, de acordo com a necessidade de cada Igreja local. 

No segundo tópico falaremos sobre as qualidades dos ‘bons despenseiros’ dos mistérios divinos. A despensa é o local onde se armazena os mantimentos de uma casa. Os despenseiros de Deus são os responsáveis pela “despensa divina”, portadores dos dons que Deus lhes concedeu para a edificação, exortação e consolação da Sua Igreja. Estes devem apresentar sobriedade, vigilância, amor, hospitalidade e fidelidade ao Senhor. Os despenseiros não são donos dos dons e devem usá-los com fidelidade, pois, terão que prestar conta ao Senhor. 

No terceiro e último tópico, falaremos a respeito da relação entre os dons espirituais e o fruto do Espírito. Os dons espirituais são indispensáveis à Igreja, não resta dúvidas. Não somos como os cessacionistas que dizem que os dons cessaram, com a conclusão do Novo Testamento. Mais do que nunca, a Igreja do Senhor necessita dos dons espirituais para realizar a missão que o Senhor Jesus nos confiou. Entretanto, os portadores dos dons espirituais e ministeriais devem pautar as suas vidas pelo amor, que é o mais excelente dos dons. Paulo disse que os dons sem amor não têm valor algum. (1 Co 13). 

O Fruto do Espírito, por sua vez, está no singular, mas ele é formado por nove virtudes: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. (Gl 5.22,23). São virtudes que o Espírito Santo produz do interior do crente que anda no Espírito. 


Pb. Weliano Pires

21 junho 2021

REVISÃO DO 2⁰ TRIMESTRE: DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS


Com a Graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Foram treze lições enriquecedoras, sobre os Dons espirituais e ministeriais.

É muito importante fazermos uma revisão dos assuntos tratados ao longo do trimestre. Por isso, eu fiz um pequeno resumo de cada lição estudada, para que fique claro aos nossos alunos, o caráter múltiplo de Deus em lidar com a sua amada Igreja. Podemos perceber através dos estudos dos dons, a multiforme sabedoria do Pai sobre o seu povo.

Na lição 01, vimos uma introdução ao assunto do trimestre, com o tema: “E deu dons aos homens”. Estudamos os conceitos da palavra dom, no Antigo e no Novo Testamento; uma conscientização de que os dons espirituais são atuais e bíblicos; uma breve análise sobre os dons de serviço, espirituais e ministeriais; por último falamos sobre os problemas da igreja de Corinto na administração dos dons espirituais. 

Na lição 02, falamos sobre o verdadeiro propósito dos dons espirituais, que não são para elitizar o crente. Os dons devem ser utilizados para edificar a si mesmo e aos outros. O verdadeiro propósito dos dons é a edificação do Corpo de Cristo. Para melhor estudar o assunto, os dons espirituais foram divididos em três categorias: dons de revelação, de elocução e de poder. 

Na lição 03, estudamos sobre os dons de revelação: palavra de sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Esta categoria de dons revela o conhecimento e a sabedoria de Deus. 

Na Lição 04 vimos os dons de poder, que são: o dom da fé, dons de curar e dons de operação de maravilhas. Estes três dons revelam o poder de Deus e corroboram com a pregação do Evangelho. 

Na Lição 05, estudamos os dons de elocução: dom de profecia, de variedades de línguas e de interpretação das línguas. Este três dons tem como propósito edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co 14.3). 

Na lição 06, iniciamos o estudo dos dons ministeriais, descritos em Efésios 4.11: Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres ou doutores. Iniciamos com o Ministério de apóstolo.  Analisamos biblicamente o colégio apostólico; vimos os detalhes do ministério apostólico de Paulo; e falamos a respeito da existência de apóstolos na atualidade. 

Na lição 07, estudamos sobre o ministério de profeta. Vimos a função do profeta no Antigo Testamento; o ofício do profeta no Novo Testamento; e algumas características, que diferenciam o verdadeiro do falso profeta.

Na lição 08, estudamos sobre o ministério de evangelista. Falamos sobre o envio dos setenta discípulos por Jesus, para uma missão evangelística; sobre a grande comissão dada por Jesus à sua Igreja, após a ressurreição em Mateus 28.18-20; e sobre as características do dom ministerial de evangelista. 

Na lição 09 estudamos sobre o ministério de pastor. Nesta lição expomos as características de Jesus como o sumo pastor; falamos sobre as características de um verdadeiro pastor; e vimos os detalhes da missão polivalente do ministério pastoral.

Na Lição 10, o nosso tema foi o ministério de mestre ou doutor. Vimos que Jesus é o nosso mestre por excelência: Jesus ordenou à igreja do primeiro século que ensinasse a Palavra de Deus e ela o fez com persistência; vimos também a importância do dom ministerial de mestre para a Igreja local, principalmente no discipulado.  

Na lição 11 estudamos o ministério de presbítero, bispo ou ancião. Falamos sobre a escolha dos presbíteros; sobre o significado do termo presbítero; e sobre a importância e os deveres do presbitério. 

A Lição 12,  estudamos sobre o diaconato.  Vimos o estilo de vida de Jesus, como um autêntico diácono, que é aquele que se dispõe a servir ao próximo por amor; falamos sobre a instituição do ministério do diácono no capítulo 6 do Livro de Atos dos Apóstolos; e sobre as qualificações e funções dos diáconos, na Igreja Primitiva e nos dias atuais.

Na lição 13, falamos sobre a multiforme Sabedoria de Deus. A lição faz uma conclusão do tema estudado no trimestre, falando sobre o caráter diverso dos dons espirituais e ministeriais; as qualidades dos bons despenseiros dos mistérios divinos; e a relação dos dons espirituais com o fruto do Espírito.


Deus os abençoe e até o próximo trimestre!

Pb. Weliano Pires

14 abril 2021

O DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA

 


Neste tópico vamos abordar o primeiro dos dons de revelação, que é a Palavra da sabedoria. Quando falamos de sabedoria, precisamos ter em mente que sabedoria é diferente de conhecimento.  

1. Conceito. Sabedoria vem do grego "sophia" e diz respeito à aplicação correta do conhecimento e à capacidade de tomar decisões acertadas em momentos difíceis. 

Na Bíblia, sábio é aquele que teme a Deus (Pv 9.10); aquele que ganha almas (Pv 11.30); aquele que se domina (Pv 29.11). É o oposto do tolo. 

Conhecimento, por sua vez, vem do grego "gnosis" e significa captação pela mente, de informações a respeito de alguma coisa. O conhecimento pode ser adquirido mediante os estudos, a observação, as experiências vividas e pode ser dado por Deus. Somente Deus possui o conhecimento pleno sobre tudo. Este atributo divino é chamado de onisciência. 

Existem três tipos de sabedoria: a sabedoria humana, a sabedoria diabólica e a sabedoria divina (Tg 3.13-18). 

A sabedoria humana está baseada nas filosofias humanas que enxergam o mundo apenas do ponto de vista material, relacionado a esta vida e ignora a Deus.

A sabedoria diabólica está relacionada ao engano, mentiras e premissas do príncipe das trevas, que é a antiga serpente, que é o diabo e satanás. Desde o princípio, ele tenta distorcer a verdade de Deus e levar a humanidade a viver um estilo de vida promíscuo, destrutivo, egoísta e indiferente a Deus. 

 A Sabedoria divina percebe-se através das coisas criadas, através de pessoa de Jesus Cristo que é a imagem expressa de Deus e nas páginas das Sagradas Escrituras, que é a sua inerente, infalível eterna Palavra de Deus. Deus é a fonte da verdadeira sabedoria. Por isso, a Bíblia diz que "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Sl 111.10).

O dom da palavra da sabedoria é uma capacidade sobrenatural, dada por Deus, para tomar decisões sábias em situações em que a inteligência humana é insuficiente. 

É importante destacar que, este dom é concedido para a pessoa saber o que fazer, em uma circunstância. A palavra da sabedoria não torna a pessoa um ser especial, que sabe tudo e sem falhas. 

2. A Bíblia e a palavra da sabedoria. Na Bíblia temos vários exemplos de pessoas que agiram com uma sabedoria sobrenatural, concedida por Deus.   

a) José (Gn 41.14-41). O filho de Jacó e Raquel foi preso injustamente, sob uma falsa acusação de tentativa de estupro da esposa do seu patrão, Potifar, capitão da guarda de Faraó, rei do Egito. O rei sonhou dois sonhos e chamou os seus sábios para darem a respectiva interpretação, mas, nenhum deles conseguiu decifrar o significado daqueles sonhos. José, que na prisão interpretara dois sonhos do copeiro e do padeiro, foi chamado para interpretar os sonhos do rei. 

Chegando à presença do rei, José não apenas interpretou os sonhos, mas também orientou o rei sobre como ele deveria agir, para sobreviver aos anos de fome. O rei ficou tão impressionado com o que ouviu, que nomeou José como governador de todo o Egito. 

b) Salomão (1 Rs 3.16-28; 4.29-34). No início do reinado de Salomão, duas mulheres que moravam na mesma casa, engravidaram na mesma época. Quando os bebês de ambas nasceram, o de uma delas morreu e ela o trocou pelo da outra, que estava vivo, durante a noite. Na manhã seguinte, a mãe do bebê vivo acordou e percebeu que o bebê estava morto ao seu lado, porém, descobriu que aquele não era o seu filho. 

Diante desse impasse, começaram a discutir e foram ao rei Salomão, para ele decidir a questão. Uma dizia que o filho vivo era o dela e o da outra era o morto e vice versa. 

O rei pediu que lhe trouxessem uma espada, partissem a criança viva e dessem a metade dele a cada uma das mulheres. Uma delas deu uma passo a frente e bradou que entregassem o menino à outra mulher, mas, não o matassem de forma alguma. 

O rei, sabiamente concluiu que aquela era a verdadeira mãe e mandou que lhe entregassem a criança viva, pois, somente a verdadeira mãe se comportaria daquele jeito. 

c) Os discípulos diante dos magistrados. (Lc 21.15).  Jesus disse que seria dada "boca e sabedoria" aos seus discípulos, quando fossem levados aos magistrados. De fato, quando os apóstolos foram presos e levados aos magistrados, por causa da pregação do Evangelho, eles responderam com sabedoria e ousadia sobrenatural. (At 4.19,20). 

d) Na escolha dos diáconos (At 6.2-4). A Igreja primitiva experimentou um crescimento extraordinário em pouco tempo. Apenas em um dia, após a pregação de Pedro, três mil pessoas se converteram. Em virtude do grande número de convertidos, a demanda na assistência aos necessitados era muito grande e houve reclamação por parte dos cristãos que não eram de origem judaica, de que as suas viúvas estavam sendo preferidas no auxílio. 

Os apóstolos se reuniram e tiveram a direção de Deus para tomarem a sábia decisão de escolher os diáconos, para está importante tarefa, enquanto eles continuavam se dedicando à oração e ao ensino da Palavra de Deus. 

e) O diácono Estevão (At 6.9,10). Estevão, um dos sete diáconos escolhidos, era homem cheio de fé e do Espírito Santo e realizava grande milagres entre o povo. Por causa disso, sábios da sinagoga se levantaram para debater com ele, mas, não podiam resistir à sabedoria dada pelo Espírito Santo, pela qual ele falava.

f) No Concilio de Jerusalém. At 15.13-21). Surgiu uma discussão na Igreja de Jerusalém, sobre o procedimento que deveria ser adotado pelos cristãos que não eram judeus, em relação à Lei de Moisés. Os judaizantes insistiam que os cristãos deveriam ser circuncidados de guardar a Lei. Tiago se levantou e deu um parecer sábio, dizendo que em relação à Lei, os cristãos deveriam abster-se apenas da prostituição, do sangue, da carne sufocada e da idolatria.

3. Uma liderança sábia. A liderança de uma Igreja enfrenta as mais diversas situações adversas: problemas conjugais, depressão, brigas, vícios, problemas entre pais e filhos, patrões e empregados, heresias, partidarismo, imoralidade, etc. 

Diante destes e outros problemas o líder necessita da palavra da sabedoria, para aconselhar e tomar decisões na Igreja. Entretanto, é preciso ter cuidado para não confundir a própria vontade, com manifestação da sabedoria de Deus.

Pb. Weliano Pires

VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...