No segundo tópico, falaremos da heresia do subordinacionismo, que ensinava que o Filho era subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. Segundo o comentarista, esta heresia teve a sua origem em Orígenes, que viveu entre os anos 185 e 254 d.C. Falaremos também do subordinacionismo no período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., que condenou o Arianismo. Por fim, falaremos dos métodos usados pelos subordinacionistas, que assim como os arianistas, usavam textos que se referiam à humanidade de Jesus, isoladamente, para negar a igualdade entre Jesus e o Pai.
1- Orígenes. Orígenes viveu entre 185 e 254 d. C. Era natural de Alexandria e foi um dos mais eruditos teólogos e escritores da Igreja Cristã no segundo século. É bem provável que tenha nascido em um lar cristão e recebeu uma boa formação religiosa de Clemente de Alexandria. Tinha também uma notável erudição filosófica vinda da escola do filósofo Amônio Sacas, considerado o pai do neoplatonismo.
O seu estilo de vida era radical, tipo monástico: Dormia no chão, abstinha-se de comer carne e beber vinho, tinha apenas um casaco e não possuía sapatos. Alguns estudiosos dizem que Orígenes, em uma atitude radical, interpretando literalmente o texto de Mateus 19.12, Orígenes chegou a castrar-se para “tornar-se eunuco para Deus”.
Apesar deste radicalismo, que o levou a interpretar literalmente um texto bíblico que tem sentido figurado, Orígenes junto com Filo e Clemente de Alexandria desenvolveram o chamado método alegórico de interpretação bíblica. Segundo este método, por trás dos textos bíblicos haveria também um “sentido espiritual”, ou seja, o que está escrito seria insuficiente para revelar os “mistérios” por trás do texto.
Orígenes exerceu grande influência na teologia cristã em seu tempo e foi uma figura bastante controversa. Os seus escritos eram usados pelos defensores do Arianismo a favor desta heresia. Por outro lado, os opositores do Arianismo também usavam os seus escritos contra a heresia arianista. Segundo o comentarista afirma na lição, a heresia do subordinacionismo teve origem em Orígenes. Entretanto, alguns especialistas dizem que ele não defendia isso. Os seus críticos é que interpretaram mal os seus escritos e o acusaram de ser um defensor do subordinacionismo.
Conforme explicou o comentarista, o subordinacionismo é um ensino herético que, apesar de não negar a divindade de Cristo, afirma que Ele seria um “deus de segunda categoria”, inferior ao Pai e que subordinado a Ele. Os primeiros a propagarem esta heresia foram os monarquistas dinâmicos, também chamados de adocionistas, que diziam que Jesus nasceu como um judeu comum e somente no batismo, foi adotado pelo Pai e recebeu poderes divinos. Posteriormente, o presbítero Ário de Alexandria também pregou esta heresia e com a sua habilidade a espalhou pelo mundo.
2- No período pré-niceno. No período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, que foi realizado em Nicéia, no ano 325 d. C., o subordinacionismo surgiu com uma boa intenção. Os seus adeptos tinham em mente a preservação do monoteísmo. Entretanto, conforme estudamos na lição 04, quando falamos da doutrina da Trindade, o monoteísmo judaico não contradiz a Trindade. Nós não deixamos de ser monoteístas quando cremos na Trindade, pois cremos num Único Deus e não em três deuses.
O efeito dessa tentativa equivocada de preservar o monoteísmo, acabou sendo o inverso, pois os subordinacionistas crêem em três deuses: o Pai, que é o Todo Poderoso; o Filho, que seria um deus inferior ao Pai e subordinado a Ele; e o Espírito Santo, que seria também inferior ao Pai e subordinado ao Filho. Isso não é monoteísmo, e sim, henoteísmo, que é a crença em um Deus supremo, sem negar a existência de outras divindades inferiores.
É importante esclarecer que há dois tipos de subordinacionismo: o Subordinacionismo ontológico e o Subordinacionismo funcional. O subordinacionismo oncológico afirma que Jesus é inferior ao Pai em essência, natureza e poder. Isso é heresia, pois não tem fundamento bíblico. Jesus é Deus assim como o Pai, da mesma substância e natureza. Já o subordinacionismo funcional diz que Jesus subordinou-se ao Pai no Plano da Salvação e seu exerce função diferente neste aspecto. Isso é bíblico e não torna o Filho inferior ao Pai.
3- Métodos usados pelos subordinacionistas. O método usado pelos subordinacionistas é o mesmo de Ário e de várias seitas. Pegam textos isolados da Bíblia, ignorando o devido contexto ou atribuindo-lhes um sentido diferente do sentido original, para fundamentar as suas heresias. Nas lições que estudamos sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, vimos que Ele é plenamente humano, que Ele coexiste eternamente com o Pai e o Espírito Santo e que Ele é plenamente Deus. Nesta lição vemos que Ele é Deus, mas não é inferior ao Pai.
Conforme explicou o comentarista, somente Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele é Deus e sempre existiu junto com o Pai e o Espírito Santo. Mas, Ele se fez humano, sem deixar de ser Deus, pois se Ele é Deus não pode deixar de sê-lo. Por outro lado, ele não deixou de ter um corpo após a sua ressurreição, como dizem as Testemunhas de Jeová. Ele ressuscitou em um corpo glorificado. Somente o Filho tomou a forma humana. O Pai e o Espírito Santo continuam sendo Espírito e não podem ser vistos por ninguém.
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