13 julho 2025

UMA IGREJA MODELO

(Comentário da Lição 2: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja modelo. Inicialmente, veremos que era uma Igreja reverente e cheia de dons do Espírito Santo. Lucas descreve que “em cada alma havia temor” e que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). Na sequência, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja acolhedora, pois “estavam sempre juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja adoradora, pois estavam sempre “Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47).

1. Uma igreja reverente e cheia de dons. É dito da igreja de Jerusalém: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). A palavra grega traduzida como “temor” é phóbos, que também significa “reverência, respeito pelo sagrado”. Havia um forte sentimento da presença de Deus! Havia um clima da presença do sagrado, do que é santo, o mesmo sentido que teve Moisés quando o Senhor o mandou tirar os sapatos dos pés porque o lugar “é terra santa” (Êx 3.5). Precisamos aprender com a primeira igreja! Não podemos perder o respeito pelo sagrado. Lucas destaca que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). “Sinais (gr. Téras) e maravilhas (gr. Sémeion)” são as mesmas palavras usadas pelo apóstolo Paulo para se referir aos dons do Espírito Santo que se manifestavam em suas ações missionárias (Rm 15.19). Os dons espirituais ornamentavam a igreja cristã primitiva.

Em Atos 2.43, Lucas descreve duas características muito importantes da Igreja de Jerusalém, que não podem faltar à nenhuma Igreja Cristã: o temor a Deus e os sinais e maravilhas do Espírito Santo: “Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos’. A palavra grega traduzida aqui por temor é phobos, que deu origem à palavra portuguesa fobia. Quando a Bíblia fala de temor a Deus, não se refere a ter medo ou pavor. Significa ter reverência e respeito por Deus e por tudo o que está relacionado a Ele. O temor a Deus é o princípio da sabedoria. 

Nesta Igreja bem doutrinada, que vivia em constante oração e tinha temor a Deus, o Senhor realizada muitas maravilhas e sinais através dos apóstolos. Conforme explicou o comentarista, as palavras maravilhas (tēras) e sinais (semeíon) foram usadas pelo apóstolo Paulo para se referir às operações do Espírito Santo: “Pelo poder dos sinais [semeíon] e prodígios [tēras], e pelo poder do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Cristo”. (Rm 15.19). Em uma Igreja genuinamente cristã, o  Espírito Santo conduz os trabalhos e opera coisas sobrenaturais. 

2. Uma igreja acolhedora. Dentre as muitas marcas de uma igreja relevante, o acolhimento aparece como uma das suas principais. Uma igreja, para se tornar relevante, necessariamente deve ser acolhedora. A igreja de Jerusalém é um modelo de igreja acolhedora. Além de estarem juntos, o texto bíblico diz que naquela igreja “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Não é fácil partilhar, muito menos acolher. A nossa tendência é nos fechar em nosso mundo e deixar de fora quem achamos ser inconveniente. Numa igreja acolhedora, os membros se sentem acolhidos e parte do grupo.

Outra característica marcante da Igreja em Jerusalém é que ela era uma Igreja acolhedora: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). No primeiro tópico, vimos que esta Igreja perseverava na comunhão e no partir do pão. Entretanto, esta comunhão ia muito além de apenas estarem juntos em algumas ocasiões. Voluntariamente, os crentes que tinham mais de uma propriedade decidiram vender uma e trazer o dinheiro aos apóstolos para dividir com aqueles que não tinham. 

Muitas pessoas na atualidade, equivocadamente, interpretam este texto como se fosse uma prática comunista. Mas são coisas absolutamente diferentes. No comunismo, as pessoas não decidem voluntariamente socorrer os necessitados. O governo, simplesmente extingue a propriedade privada, os meios de produção se tornam propriedade estatal e todos passam a depender do governo. Não foi este o caso da Igreja de Jerusalém. O próprio Pedro disse a Ananias, que ele vendendo a propriedade dele, o dinheiro continuava sendo dele 

O que a Igreja de Jerusalém praticou e deve ser seguido pela Igreja atual, é a filantropia e acolhimento aos membros da Igreja. Isso pode ser feito não apenas fazendo doações financeiras. Em alguns casos, a necessidade da pessoa não é financeira. Há pessoas que precisam de um trabalho para sustentar a sua família com dignidade. Outros precisam de um curso para obter uma boa colocação profissional. Outros precisam de um tratamento médico, uma visita, uma carona, uma ajuda nos afazeres domésticos, uma orientação jurídica ou de outro profissional, etc. O importante é a Igreja identificar a necessidade dos seus membros e procurar ajudá-los. 

3. Uma igreja adoradora. A igreja de Jerusalém era também uma igreja adoradora: “louvando a Deus” (At 2.47). “Louvando”, traduz o verbo grego aineo. É o mesmo termo usado para se referir aos anjos e pastores que louvavam a Deus por ocasião do nascimento de Jesus (Lc 2.13,20); é usado também para descrever o paralítico que louvava a Deus depois que foi curado junto à Porta Formosa do Templo (At 3.8). É, portanto, uma expressão de júbilo e de gratidão. Louvar é muito mais que simplesmente “cantar”; é uma expressão de rendição e total entrega! É o reconhecimento da grandeza de Deus e de seus poderosos feitos.

Por fim, e não menos importante, a Igreja de Jerusalém tinha a característica de ser uma Igreja adoradora. O texto de Atos 2.47 diz que a Igreja a Igreja perseverava “louvando a Deus”. O comentarista nos explicou que o verbo louvar aqui é “aineo”, que significa “louvar, exaltar, cantar louvores em honra a Deus”. Este louvor não significa apenas cantar louvores a Deus. É uma expressão de rendição e entrega total a Deus, reconhecendo a sua grandeza e os feitos. 

Lamentavelmente em nossos dias vemos muitos crentes que vão aos templos com o objetivo de melhorar as condições de vida e receber [e até exigir] alguma coisa de Deus. Poucos são os que se aproximam de Deus com o coração contrito, rendendo-lhe graças por tudo o que Ele é, por tudo o que que já fez por nós e por tudo o que Ele fará. Deus sem a nossa adoração, continua sendo Deus e não precisa de nada. Nós, porém, nada somos diante dele. Façamos como o hino 124: 

Adorai ao Rei do Universo 
Terra e Céu, cantai o Seu louvor 
Todo ser no grande mar submerso
Louve ao dominador!

11 julho 2025

UMA IGREJA OBSERVADORA DOS SÍMBOLOS CRISTÃOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 02: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era observadora dos símbolos cristãos ou ordenanças de Jesus à sua Igreja. O primeiro símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era o batismo em águas. O batismo era um dos primeiros passos dos novos convertidos. Entretanto, só eram batizados os que realmente se arrependiam dos seus pecados. O segundo símbolo do cristianismo praticado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor, conforme podemos ver em Atos 2.42: “E perseveravam... no partir do pão”. 

1. O Batismo. Após o primeiro sermão do apóstolo Pedro na igreja de Jerusalém, e como resposta a uma pergunta, ele disse ao povo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38). Naquela época, a primeira igreja batizava quem se convertia. Ela sabia que o batismo era uma das ordenanças de Jesus e que ele era um dos principais símbolos da fé cristã (Mc 16.16). O batismo era um dos primeiros passos da fé cristã, um rito de entrada para a nova vida em Cristo. Mas para ser batizado, a pessoa precisava ter se arrependido dos seus pecados e crido em Jesus. Era preciso ter consciência do sentido desse símbolo de fé. Assim, o batismo era um testemunho público de que a pessoa havia se convertido. Por meio dele, os cristãos de Jerusalém mostravam ao mundo que sua vida agora era diferente, que eles tinham uma nova vida em Cristo.

Logo após o primeiro discurso do apóstolo Pedro no dia de Pentecostes, as pessoas vieram à frente e perguntaram: “Que faremos, varões irmãos?”. Imediatamente, Pedro respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em Nome do Senhor Jesus para a remissão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38). Esta resposta nos mostra que o batismo na Igreja de Jerusalém era um ato subsequente à conversão. As pessoas que entendiam a pregação e criam, eram logo batizadas. 

O batismo não foi uma invenção dos apóstolos e não é opcional. Foi o Senhor Jesus quem o ordenou. No conhecido texto de Mateus 28.19, que menciona a Grande comissão de Jesus à Sua Igreja, após a Sua ressurreição, lemos o seguinte: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Vemos claramente neste texto, que o batismo deve ser ministrado àqueles que creram em Jesus e foram feitos discípulos dele. Portanto, primeiro fazemos discípulos, depois batizamos. 


O mesmo Jesus que mandou fazer discípulos, mandou também batizar. No Evangelho segundo Marcos também, a ordem para batizar aparece depois da ordem para pregar o Evangelho: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado.” (Mc 16.15,16). O batismo, portanto, é uma prática destinada aos adultos, ou a pessoas que tenham alcançado a idade da razão e creram em Cristo. Na Bíblia o batismo é administrado apenas aos adultos. Não há nenhum caso de batismo infantil nas Escrituras.


Há também discussões a respeito da fórmula batismal. Há grupos hereges que negam a doutrina da Trindade e batizam somente em Nome do Senhor Jesus, usando como base o texto de Atos 2.38, 8.16, 10.48, 19.5. Entretanto, estes textos não apontam uma fórmula batismal, conforme vimos acima, pois são diferentes. O que estes textos mostram é que o batismo deve ser realizado na autoridade do Senhor Jesus. Sobre isso, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil diz-nos o seguinte: 

“A ordem dada por Jesus foi de batizar “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Cremos e praticamos a fórmula que ele mesmo ordenou. Uma ordem dada por Jesus deve ser cumprida. Sobre a expressão que aparece quatro vezes no Novo Testamento: “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome do Senhor” (At 10.48), significa apenas que o batismo é realizado na autoridade do nome de Jesus.” 

Por fim, há divergências quanto ao método de batismo. Há Igrejas que batizam por aspersão, ou seja, passando um pouco de água na cabeça do batizando. Outras batizam por efusão, borrifando água sobre a cabeça do batizando. Entretanto, não há fundamento bíblico para isso, nem registros de que tenha ocorrido batismos dessa forma. Há pelo menos três evidências bíblicas de que o batismo deve ser feito por imersão:
a. O significado da palavra batismo. A palavra grega “baptizo” significa literalmente mergulhar;
b. O sentido simbólico do batismo. Paulo diz que nós fomos “sepultados com Cristo no batismo”. Sepultamento pressupõe, evidentemente, cobrir todo o corpo.
c. Os exemplos bíblicos de batismos. Todos os casos relatados na Bíblia mostram que o batismo foi realizado por imersão. Jesus, por exemplo, foi batizado por João Batista dentro do Rio Jordão, e saiu da água (Mc 1.10).

2. A Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor é a outra ordenança dada por Jesus e que foi observada pela igreja de Jerusalém. “E perseveravam... no partir do pão” (At 2.42). A maioria dos estudiosos concorda que esse texto é uma referência à prática da Ceia do Senhor entre os primeiros cristãos. Donald Gee, um dos principais mestres do pentecostalismo britânico, disse que, quando tomada corretamente, a Ceia leva a Igreja ao próprio coração de sua fé; ao próprio centro do Evangelho; ao objeto supremo do amor de Deus. Portanto, quão abençoado é esse “partir do pão”! Parece provável que os primeiros cristãos, combinando essa ordenança simples com a “festa do amor” de sua refeição comum, lembravam assim a morte do Senhor “todos os dias” (At 2.42-46).

O segundo símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor foi instituída pelo próprio Senhor Jesus, na última Páscoa com os seus discípulos, na mesma noite em que Ele foi traído por Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos. A Ceia do Senhor é uma representação do sacrifício de Cristo por nós, onde o partir do pão representa o seu Corpo que ferido pelas nossas transgressões (Is 53.4) e o fruto da vide representa o seu Sangue, que foi derramado por nós, para purificar os nossos pecados. Cada vez que participamos da Ceia somos relembrados do que Jesus fez por nós e da Sua vitória sobre a morte e o pecado. 

Assim como aconteceu com o batismo, a Ceia do Senhor também teve alguns desvios e controvérsias quanto à sua natureza, propósito e forma de celebração. A Igreja Católica interpreta literalmente as palavras de Jesus, quando Ele disse aos seus discípulos: “Isto é o corpo”, referindo-se ao pão, e “este cálice é o meu sangue” referindo-se ao vinho (Mt 27.26-28). Com este entendimento, dizem que a hóstia se transforma literalmente no corpo de Cristo e o vinho se transforma no sangue de Cristo. Esta doutrina é chamada de Transubstanciação. 

Do lado protestante também, o reformador Martinho Lutero negava a transubstanciação, mas fez um remendo neste ensino. Lutero dizia que apesar dos elementos da Ceia não se transformarem no Corpo e no Sangue de Cristo, Ele estava presente no pão e no vinho, de forma sobrenatural e, ao ingeri-Los, o crente ingere também o Corpo e o Sangue do Senhor. Esta doutrina é chamada de consubstanciação.

João Calvino discordou da consubstanciação luterana, mas defendeu que Cristo está presente espiritualmente nos elementos da Ceia e, portanto, ele considerava a Ceia do Senhor como um sacramento, que transmite graça aos participantes. Os presbiterianos e outras igrejas reformadas seguem esta posição.  

O reformador Ulrico Zwinglio discordava de Lutero e de Calvino, e cria que os elementos da Ceia do Senhor são apenas símbolos do Corpo e do Sangue de Jesus. Zwinglio cria também que a celebração da Ceia do Senhor é uma ordenança do Senhor Jesus, em memória dele e Cristo não está presente nos elementos da Ceia, física ou espiritualmente. Esta posição defendida por Zwinglio é seguida pelas Igrejas Batistas e pelos pentecostais clássicos como a Assembléia de Deus. Entretanto, por desconhecerem o assunto, na prática, muitos pastores pentecostais acabam se comportando como se a Ceia fosse um sacramento que transmite graça aos participantes. 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.  
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 37.
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.   RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1932.
Comentário Bíblico Beacon — João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.225.

10 julho 2025

UMA IGREJA COM SÓLIDOS ALICERCES

(Comentário do 1° tópico da Lição 02: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com sólidos fundamentos. Inicialmente, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com fundamento doutrinário, que é uma característica indispensável a qualquer Igreja genuinamente cristã. Na sequência, falaremos do significado da expressão “Perseveravam na doutrina dos apóstolos". Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja relacional e piedosa, que é uma referência à comunhão e à vida de oração que os primeiros cristãos praticavam. 


1. Uma igreja com fundamento doutrinário. A Igreja de Jerusalém não estava fundamentada em filosofias humanas, mas foi estabelecida sobre a doutrina de Cristo, ensinada pelos apóstolos. O número de convertidos nos primeiros dias da Igreja foi muito grande, sendo formada por judeus nativos e prosélitos. Entretanto, a liderança da Igreja não parou o seu trabalho nas conversões. Havia um trabalho constante de ensino para estabelecer as bases doutrinárias da Igreja.  


Os apóstolos tinham grande preocupação com o discipulado e ensinavam aquilo que receberam do Senhor Jesus aos novos convertidos: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo." (At 5.42). Podemos ver neste texto que os apóstolos se dedicavam à evangelização (anunciar a Jesus Cristo) e ao ensino aos convertidos (ensinar). 


Não basta pregar o Evangelho aos pecadores e trazer milhares de pessoas à Igreja. Onde não há o ensino da Sã Doutrina, é como construir uma casa sem um alicerce adequado. Quando vierem as tempestades, será grande a queda. A Igreja atual não pode negligenciar o ensino sistemático da Palavra de Deus. Na grande comissão, o Senhor Jesus incumbiu os seus discípulos da responsabilidade de fazer discípulos e ensinar-lhes a guardar tudo o que Ele mandou (Mt 28.19,20). 


2. “Perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42). No texto de Atos 2.42, Lucas relata que os cristãos de Jerusalém “perseveravam na Doutrina dos apóstolos…”. O termo grego traduzido por “doutrina” aqui é “didaquē”, que significa "doutrina ou ensino a respeito de algo”. Didaquē era o conteúdo ensinado a um determinado grupo, que lhe servia de base. Há um documento datado do final do primeiro século  chamado Didaquē, que traz uma compilação de instruções teológicas e litúrgicas atribuídas aos apóstolos.


Os apóstolos eram os responsáveis por ensinar a Palavra de Deus ao povo e não abriam mão disso (At 6.3).  O ensino dos apóstolos era baseado nas Escrituras do Antigo Testamento e nas revelações que os apóstolos receberam diretamente do Espírito Santo. Nos dias dos apóstolos existia apenas o Antigo Testamento. As doutrinas voltadas para a Igreja ainda estavam em construção. Sendo assim, os apóstolos tinham autoridade dada por Jesus para doutrinar a Igreja em vários assuntos, sendo dirigidos pelo Espírito Santo. 


Não temos mais apóstolos em nossos dias com este perfil. A Palavra de Deus já está concluída e ninguém pode lhe acrescentar nada. Portanto, ninguém pode trazer ensino à Igreja com base em revelações. As únicas doutrinas válidas para a Igreja são as que estão na Palavra de Deus. Ninguém hoje em dia tem poder para acrescentar, retirar ou modificar alguma doutrina. Os Católicos romanos querem que a palavra do Papa, a tradição e o magistério da Igreja tenham o mesmo poder dos apóstolos bíblicos. Mas isso não tem nenhum amparo nas Escrituras. 


3. Uma igreja relacional e piedosa. A Igreja de Jerusalém, como vimos acima, tinha fundamento doutrinário (ortodoxia), pois perseverava na doutrina dos apóstolos. Entretanto, não era uma ortodoxia fria, como a Igreja de Éfeso, que havia deixado o primeiro amor (Ap 2.4). A Igreja de Jerusalém perseverava também na comunhão, no partir do pão e nas orações. Os dois primeiros itens referem-se ao relacionamento interpessoal entre os cristãos. O último, refere-se a uma vida piedosa, não no sentido de ter misericórdia de alguém, mas no sentido de ter um relacionamento sincero, justo e reverente com Deus. 


Muitas pessoas na atualidade dão muita ênfase ao aspecto da assistência social da Igreja Primitiva, como se eles se preocupassem apenas em distribuir alimentos aos pobres. Mas a comunhão e o partir do pão vai muito além disso. Eles queriam estar juntos, independente da condição social. Isso significa que os crentes viviam como irmãos, na expectativa de que o Senhor voltaria a qualquer momento. O partir do pão aqui tinha três significados: a refeição ágape, ou festa do amor, onde os cristãos compartilhavam uma refeição coletiva, simbolizando o amor cristão; a Ceia do Senhor, onde eles distribuíam o pão e o vinho, em memória do sacrifício de Cristo; e as refeições que eles faziam nas casas uns dos outros. 


Por fim, a Igreja de Jerusalém vivia em constante oração. Antes do Pentecostes, eles perseveraram em oração, até serem revestidos do poder do Espírito (At 1.14). Mas continuaram orando todos os dias após a descida do Espírito Santo. Oravam pedindo direção a Deus (At 1.23,24); oravam constantemente no templo (At 3.1); oravam diante das ameaças e perseguições (At 4.24-31); oravam antes de separar obreiros (At 6.6). O Senhor respondia às suas orações, salvando muitas almas e operando maravilhas no meio da Igreja. Deus não mudou e jamais mudará. Se quisermos ser uma Igreja poderosa, que proclama o Evangelho com ousadia, precisamos buscar a Deus em oração e os resultados aparecerão.

08 julho 2025

Introdução Lição 2: A Igreja de Jerusalém: um modelo a ser seguido


Ev. WELIANO PIRES


TEXTO ÁUREO:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” 

(At 2.42).

 

VERDADE PRÁTICA:

"A Igreja de Jerusalém, como igreja-mãe, tornou-se exemplo para as demais. Um modelo a ser seguido por todas as igrejas verdadeiramente bíblicas".


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos a Igreja de Jerusalém, como um modelo para as demais Igrejas cristãs. A Igreja de Jerusalém foi a primeira Igreja, que foi inaugurada no dia de Pentecostes, com a descida do Espírito Santo. Esta Igreja nasceu forte e cheia do Espírito Santo, sendo liderada pelo colégio apostólico, tendo inicialmente Pedro como principal líder e posteriormente, Tiago, o irmão de Jesus. Naturalmente, a Igreja de Jerusalém não era perfeita, pois era formada por seres humanos como nós, que eram igualmente falíveis. Entretanto, era uma Igreja que vivia em constante oração, comunhão e temor a Deus, alicerçada na Doutrina dos apóstolos, recebida diretamente do Senhor Jesus. Como resultado, o Espírito Santo operava sinais e maravilhas e milhares de pessoas se rendiam a Cristo. 


Palavra-Chave: MODELO


A palavra modelo tem vários significados na língua portuguesa. O significado que se aplica aqui é “Coisa ou pessoa que serve de imagem, forma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo dado por uma pessoa ou coisa, que possui determinadas características em alto grau”. No caso em estudo nesta lição, a Igreja de Jerusalém é apresentada como um modelo de Igreja a ser imitada, cujo fundamento doutrinário, comunhão e piedade deve ser seguido pelas Igrejas genuinamente cristãs.  


TÓPICOS DA LIÇÃO


I. UMA IGREJA COM SÓLIDOS ALICERCES


No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com sólidos fundamentos. Inicialmente, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com fundamento doutrinário, que é uma característica indispensável a qualquer Igreja genuinamente cristã. Na sequência, falaremos do significado da expressão “Perseveravam na doutrina dos apóstolos". Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja relacional e piedosa, que é uma referência à comunhão e à vida de oração que os primeiros cristãos praticavam. 


II. UMA IGREJA OBSERVADORA DOS SÍMBOLOS CRISTÃOS


No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era observadora dos símbolos cristãos ou ordenanças de Jesus à sua Igreja. O primeiro símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era o batismo em águas. O batismo era um dos primeiros passos dos novos convertidos. Entretanto, só eram batizados os que realmente se arrependiam dos seus pecados. O segundo símbolo do cristianismo praticado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor, conforme podemos ver em Atos 2.42: “E perseveravam... no partir do pão”


III. UMA IGREJA MODELO


No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja modelo. Inicialmente, veremos que era uma Igreja reverente e cheia de dons do Espírito Santo. Lucas descreve que “em cada alma havia temor” e que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). Na sequência, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja acolhedora, pois “estavam sempre juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja adoradora, pois estavam sempre “Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47).


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 37.  
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1932.
Comentário Bíblico Beacon — João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.225.

07 julho 2025

IGREJA DE JERUSALÉM — UM MODELO A SER SEGUIDO


SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD 

A lição desta semana tem como finalidade apresentar a igreja primitiva como modelo de fé e relacionamento cristão aos irmãos da igreja atual. Ao observarmos o livro de Atos, identificamos vários aspectos que revelam a face da igreja primitiva como uma igreja doutrinariamente sólida, que perseverava nos ensinamentos introduzidos pelos apóstolos, e na qual os seus membros desfrutavam de uma comunhão salutar; e, não menos importante, oravam assiduamente (At 2.42). Dessa forma, o trabalho realizado por esses irmãos resultava no avanço da pregação do Evangelho, mesmo em meio às perseguições (2Ts 3.1-3).

Além de ser uma igreja que gozava da manifestação abundante dos dons espirituais, bem como da operação contínua de sinais, prodígios e maravilhas, havia uma característica muito marcante que a tornava pujante. A igreja primitiva era uma igreja “acolhedora”. Em linhas gerais, o termo acolhedor, de acordo com o Dicionário Houaiss (2009), significa “oferecer ou obter refúgio, proteção ou conforto físico, amparo; dar hospitalidade”. No contexto da igreja primitiva, significava acolher os pecadores, oferecer a oportunidade de perdão e reconciliação com Deus. Além disso, significava também que a igreja não fazia acepção de pessoas, nem mesmo fomentava o preconceito seja qual fosse a condição de pecado em que a pessoa estivesse (At 10.34,35; Rm 2.11); mas, pelo poder regenerador do Espírito Santo, tornava cada pecador arrependido em um discípulo de Cristo (Mt 28.19,20). 

Aprendemos com a igreja primitiva que devemos acolher o pecador e ensinar que Jesus cura, salva, liberta, batiza no Espírito Santo e voltará para buscar Seus servos para estarem para sempre com Ele. Nesse sentido, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, documento que traz os fundamentos doutrinários de nossa denominação, discorre que “entendemos que é responsabilidade da igreja a obra missionária. A edificação é realizada por meio do ensino da Palavra nas reuniões da igreja, como o culto de ensino, da escola bíblica dominical. A igreja também exerce o ministério de socorro e misericórdia, que inclui o cuidado dos pobres e dos necessitados, e não somente dos seus membros, mas também dos não membros. Enquanto membros da igreja, somos o sal da terra, proporcionando sabor à vida e evitando a putrefação da sociedade ao combatermos o pecado e a corrupção” (2017, p.123). Que o compromisso de acolher os pecadores não seja furtado de nossos corações. Jesus nos libertou e salvou para que, uma vez regenerados por Seu Espírito, tenhamos o prazer de levar outras vidas a Ele. Uma igreja acolhedora prioriza alcançar vidas para o Reino de Deus.


Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p.37, 

05 julho 2025

CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO

(Comentário do 3 tópico da Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos as principais características do pentecostes bíblico. Inicialmente, veremos que o Pentecostes foi uma experiência específica, distinta da salvação, pois aqueles discípulos já eram salvos. Em segundo lugar, veremos que foi uma experiência definida e contínua, pois os crentes “começaram a falar em outras línguas” e este fato se repetiu em outras ocasiões. Por último, veremos que o falar em línguas foi a evidência inicial de que os discípulos foram cheios do Espírito Santo e não o amor ou a alegria. 


1. Uma experiência específica. A primeira característica do Pentecostes bíblico é que ele é uma experiência específica. Isto significa que o batismo do Espírito Santo é uma experiência diferente da salvação. Infelizmente, há muita confusão, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os chamados cessacionistas, que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras.

A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não está relacionado à salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26), conforme falamos no tópico anterior. 


2. Uma experiência definida e contínua. O comentarista nos diz que o batismo no Espírito Santo é uma experiência definida e contínua. O texto bíblico diz que os discípulos “começaram a falar em outras línguas..”. Isso nos mostra que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em outras línguas. Evidentemente houve também outros sinais que se seguiram após o batismo no Espírito Santo, mas em todos os casos que vemos na Bíblia, mostram que as pessoas batizadas no Espírito Santo falaram em outras línguas. 

No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Posteriormente, em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). Na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e também falaram em línguas (At 10.46). Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).

A Doutrina Pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Podemos ver isso claramente na Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916: 


“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4).


3. As línguas e o amor. Conforme vimos acima, a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Isso está claro no Livro de Atos. Por que o comentarista falou sobre as línguas e o amor neste ponto? É porque alguns pentecostais na atualidade dizem que as línguas não são a evidência do batismo no Espírito Santo e sim o amor. Entretanto, não é isso que a Bíblia ensina. 

Evidentemente, o amor é indispensável ao cristão, pois não é possível ser cristão sem amor, mesmo que não seja batizado no Espírito Santo. O amor de Deus foi derramado em nossos corações desde a nossa conversão e nos identifica como cristãos. A primeira virtude do Fruto do Espírito Santo é o amor. Além disso, Paulo coloca o amor como uma virtude superior aos dons do Espírito Santo (1 Co 13). Entretanto, o apóstolo não colocou o amor como evidência do batismo no Espírito Santo, mas de crescimento espiritual e maturidade. 


REFERÊNCIAS: 
 
GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 36.  
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.632.


O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do propósito do Pentecostes bíblico. O primeiro propósito do Pentecostes bíblico é promover a verdadeira adoração, pois as pessoas ouviram os discípulos falar em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Em segundo lugar, o propósito do Pentecostes é conceder poder à Igreja para testemunhar de Cristo ao mundo com ousadia, realizando sinais que confirmam a mensagem poderosa que ela prega. 


1. Promover a verdadeira adoração. Após a descida do Espírito Santo no Pentecostes, os discípulos começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.4). Os estrangeiros, que vieram à Festa do Pentecostes em Jerusalém, entenderam em seus próprios idiomas o que os discípulos falavam e disseram: “todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”. (At 2.11). 

O mesmo aconteceu na casa de Cornélio, quando o Espírito Santo desceu sobre os gentios, durante a pregação do apóstolo Pedro. Os crentes judeus que estavam com Pedro se admiraram de que o Espírito Santo fosse dado também aos gentios e disseram: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus”. (At 10.46).

O apóstolo Paulo, instruiu os crentes de Corinto sobre o falar em línguas e disse: “Se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado”. (1 Co 14.6,17). Ou seja, o crente quando fala em outras línguas glorifica bem a Deus, mesmo sem entender o que está falando. 

Estes textos bíblicos nos fazem entender que o pentecostes tem o objetivo de glorificar a Deus, promovendo a verdadeira adoração. O revestimento do poder do Espírito Santo não foi dado para elitizar o crente e torná-lo superior aos outros. A Igreja de Corinto tinha muitos dons, de forma que o apóstolo Paulo declarou sobre os coríntios: "nenhum dom vos falta". (1 Co 1.7).  Por outro lado, era uma Igreja carnal ou imatura. ((1Co 3.1,3). Infelizmente, em alguns cultos, parece que há uma competição para ver quem fala mais línguas durante o culto. 


2. Poder para testemunhar. Outro propósito do pentecostes bíblico é capacitar os crentes para testemunhar de Cristo ao mundo, com ousadia e operação de maravilhas. O livro de Atos inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8). Jesus deixou claro aos seus discípulos, o objetivo deste revestimento de poder: Para que eles fossem suas “testemunhas”, tanto em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra (At 1.8).

A palavra testemunha, no grego é “marturia” e refere-se ao testemunho de alguém a respeito de algo que viu, ouviu e tem convicção a ponto de dar a sua vida por aquela causa. É daí que vem a palavra portuguesa “mártir”. A virtude do Espírito Santo é tão indispensável aos discípulos de Jesus, para que eles possam testemunhar do Evangelho, que o próprio Jesus ordenou que eles não se ausentassem de Jerusalém, antes de receberem a promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4).

Após receberem o batismo no Espírito Santo, os discípulos tiveram grande ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Aqueles discípulos, que outrora estavam trancados em casa com medo dos judeus, agora testemunhavam ousadamente de Cristo e diziam às autoridades religiosas de Israel: “Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido” (At 4.20). O Espírito Santo lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária. Em várias ocasiões no Livro de Atos, vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos. 

Um pentecostalismo que não testemunha ousadamente de Cristo e não faz missões não é o Pentecostes bíblico. A evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas, mas o propósito do revestimento de poder não é fazer o crente ficar no templo falando em línguas. Fomos revestidos do poder do Espírito Santo para proclamar ousadamente o Evangelho de Cristo aos pecadores. O Movimento Pentecostal, que surgiu no início do Século XX nos Estados Unidos, contribuiu significativamente para o crescimento da obra missionária em várias partes do mundo, principalmente em lugares onde o Evangelho ainda não havia chegado e em locais muito difíceis e hostis ao Evangelho.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 36.  
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

UMA IGREJA MODELO

(Comentário da Lição 2: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido) Ev. WELIANO PIRES  No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusa...