(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Eu sou o caminho, a verdade e a vida)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos das dúvidas e incertezas de alguns discípulos sobre Jesus e os seus ensinos e sobre o engano do traidor. Inicialmente, falaremos da dúvida de Tomé, que questionou a Jesus dizendo: “Senhor lá, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?”. Na sequência, falaremos das incertezas de Pedro e Filipe. Pedro também indagou a Jesus, no capítulo 13.36, dizendo: “Senhor, para onde vais?” Filipe, por sua vez, falou para Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso os basta”. (Jo 14.8). Por fim, falaremos do engano de Judas Iscariotes, que logo após a Ceia, foi negociar com os inimigos de Jesus para entregá-lo e o vendeu por trinta peças de prata.
1. A dúvida de Tomé. Os discípulos de Jesus creram nele e o seguiram, mas não tinham uma compreensão exata de quem Ele era e o que seria o Reino de Deus, que Ele tanto falava. Israel estava sob o domínio romano e eles esperavam um libertador que proclamasse a sua independência. Por isso, entre eles havia muitas dúvidas, incertezas e até engano. Inicialmente, falaremos da dúvida de Tomé.
Não temos informações sobre a origem de Tomé e sobre a sua chamada para seguir a Jesus. O seu nome aramaico, Tomé, e o seu correspondente grego, Dídimo, significam “gêmeo”. Provavelmente, ele tinha um irmão gêmeo. O seu nome aparece onze vezes no Novo Testamento e as suas palavras estão sempre relacionadas ao pessimismo e ceticismo.
Por causa disso, Tomé se tornou símbolo da incredulidade, a ponto das pessoas chamarem alguém que duvida de algo, de “Tomé”. Mas, Tomé era um discípulo sincero e, após constatar a ressurreição de Jesus, ele se converteu de verdade e continuou servindo a Deus, junto com os demais apóstolos. Segundo a tradição cristã, Tomé foi missionário na Síria e na Índia e foi martirizado na Índia no ano 72 d.C.
A dúvida de Tomé, no versículo 5, era legítima e surgiu a partir de uma afirmação de Jesus no versículo 4: “Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho”. Tomé foi corajoso e sincero, perguntando algo que os outros também estavam em dúvida, mas não tiveram coragem de perguntar: “Senhor lá, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?”. Expondo a sua dúvida para Jesus, Tomé obteve a resposta dele, não apenas para si, mas também para os seus companheiros e para nós.
2. As incertezas de Pedro e Filipe. Outros discípulos, além de Tomé, também tiveram dúvidas sobre a pessoa e os ensinos de Jesus. Aqui, o comentarista citou Pedro e Filipe, que fizeram perguntas, nos capítulos 13 e 14 de João. Judas, apelidado Tadeu, que era filho do apóstolo Tiago, filho de Alfeu (Lc 6.16), também fez um questionamento a Jesus no capítulo 14, versículo 22, dizendo: “Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?”. Há poucas referências a Judas Tadeu na Bíblia. A mais específica é nesta pergunta que ele fez a Jesus, por não entender que Jesus estava falando de manifestar em Espírito, através da Pessoa do Espírito Santo.
a) Pedro. Pedro e André, filhos de Jonas, eram pescadores, naturais de Betsaida, na Galiléia. Foram os primeiros discípulos chamados por Jesus. O nome de Pedro era Simão, uma variação de Simeão. Foi Jesus quem lhe deu o nome aramaico Kephas, que transliterado é Cefas (Jo 1.42) e significa “fragmento de pedra”. Pedro é a transliteração do nome grego Petros, que por sua vez, é a tradução de Kephas.
Pedro, Tiago e João eram os mais próximos de Jesus. Eles estiveram com Ele nos momentos mais importantes do seu ministério terreno: a transfiguração, a ressurreição da filha de Jairo, a sua sua agonia do Getsêmani, entre outros. Pedro era precipitado e afoito, mas era muito leal a Jesus. Entretanto, ele também teve momentos de incertezas em relação aos ensinos de Jesus. Ele também perguntou a Jesus: “Senhor, para onde vais?” Jesus, então, lhe respondeu: “Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás”. (Jo 13.36).
b) Filipe. Também era natural de Betsaida, conterrâneo de Pedro e André (Jo 1.43,44). Não deve ser confundido com o diácono Filipe, conhecido como Filipe, o evangelista, que evangelizou Samaria e o oficial da rainha dos etíopes. Diferente de Pedro, Filipe era mais discreto e foi mencionado poucas vezes no Novo Testamento. Logo após a sua chamada, ele anunciou Jesus ao seu amigo Natanael, que também se converteu, após conversar com Jesus.
Filipe aparece como o discípulo que fez o cálculo para saber quanto seria necessário em dinheiro, para comprar pão para alimentar a multidão de cinco mil homens mais as mulheres e crianças. Foi também o interlocutor procurado por alguns gregos, que desejavam conhecer Jesus, e ele os apresentou. Filipe era o homem da logística entre os discípulos de Jesus.
Apesar de andar com Jesus desde o início, Filipe também tinha incertezas e no capítulo 14, quando Jesus disse que Ele é o único meio para chegar ao Pai e que se eles o conhecessem, também conheceriam ao Pai, Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso os basta”. (Jo 14.8).
3. O engano de Judas Iscariotes. Judas era um nome muito comum em Israel, especialmente entre os descendentes de Judá, pois o nome Judas é a transliteração grega do nome Judá. No Novo Testamento temos a menção de pelo menos cinco pessoas com este nome: Judas Iscariotes (Jo 6.70,71), Judas Tadeu (Jo 14.22), Judas Galileu (At 5.37), Judas que hospedou Paulo em Damasco (At 9.11), Judas Barsabás (At 15.22) e Judas irmão de Jesus (Mt 13.55), o que escreveu a Epístola de Judas.
Não temos informações sobre a origem de Judas Iscariotes e sobre o momento em que ele se tornou um seguidor de Jesus. Sabemos que o seu pai se chamava Simão, mas este também era um nome muito comum em Israel. Alguns comentaristas bíblicos dizem que o nome Iscariotes vem da expressão hebraica “ish Queriyot”, que significa homem de Queriote. Neste caso, ele seria natural de Queriote, uma cidade israelita, que ficava ao sul de Hebrom.
Diferente dos outros discípulos, Judas Iscariotes não tinha apenas dúvidas e incertezas sobre Jesus. Ele era o tesoureiro de Jesus e cuidava das ofertas, mas era avarento e furtava o dinheiro das ofertas. No capítulo 13, versículos 21 e 22, Jesus havia anunciado que um dos apóstolos o trairia. Os discípulos ficaram apreensivos sobre quem seria o traidor e Pedro fez sinal para que João perguntasse em particular a Jesus quem seria. Jesus disse que era aquele a que Ele desse o pão molhado e deu-o a Judas. Naquele momento, o diabo entrou em Judas, ele foi negociar com os inimigos de Jesus para entregá-lo e o vendeu por trinta peças de prata. Judas Iscariotes andou com Jesus durante três anos, fez parte do colégio apostólico, mas nunca se converteu de verdade, por isso, se perdeu.