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06 janeiro 2022

INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA

(Comentário do 2º tópico da lição 2: A inspiração divina da Bíblia).


Quando falamos da inspiração divina da Bíblia, de um lado há o Espírito Santo que é infalível, verdadeiro e onisciente, por consequentemente, isento da possibilidade de erros e falhas de qualquer espécie. Por outro lado, temos as pessoas que escreveram a Bíblia, que são seres humanos, pecadores, falhos e limitados. Precisamos entender que o conteúdo das Escrituras foi revelado e produzido por Deus, que usou seres humanos falhos e limitados, para registrar a sua revelação escrita à humanidade. Entretanto, o caráter, as limitações e falhas pessoais dos escritores não interferiram em nada na produção dos textos bíblicos, pois, o processo foi totalmente dirigido por Deus. 

1. A Inspiração dos autores. Deus usou as características de cada escritor, para transmitir a sua mensagem, de acordo com a cultura, vocabulário, gênero literário e gramática de cada um deles. O Espírito Santo penetra todas as coisas, inclusive as profundezas e mistérios de Deus, como escreveu o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2.10,11). Então, o Espírito de Deus tem acesso tanto ao íntimo de Deus, pois, Ele é Deus, quanto ao íntimo dos escritores da Bíblia e os influenciou a escreverem conforme os desígnios divinos. A ideia aqui não é como na falsa teoria do ditado, que afirma que Deus ditou cada palavra e os escritores escreveram como se fossem máquinas nas mãos de Deus. Também não foi como acontece na psicografia, onde um espírito se apodera de um corpo e domina os seus sentidos e escreve por ele. Na inspiração dos escritores bíblicos, segundo Stanley Horton, “o Espírito Santo não ditava as palavras, mas guiava o escritor para que este, livremente, escolhesse as palavras que realmente expressavam a mensagem de Deus. Por exemplo, o escritor poderia ter escolhido “casa” ou “construção”, segundo a sua preferência, mas não poderia ter escolhido “campo”, pois isso teria mudado o conteúdo da mensagem.”

2. As limitações dos autores. Quando lemos os relatos bíblicos, temos a impressão de que aquelas pessoas eram infalíveis ou sobrenaturais. Mas, não é bem assim. Os escritores da Bíblia eram pessoas normais como nós, cheias de falhas e limitações. O profeta Elias foi muito usado por Deus, tanto em profecias, como em milagres. Mas, Tiago disse que ele era sujeito às mesmas paixões que nós (Tg 5.17). 

Moisés foi o grande libertador de Israel e o legislador que recebeu a Lei do próprio Deus e entregou ao povo. Foi um homem que falava com Deus diariamente e era completamente dirigido por Deus. O próprio Deus deu testemunho dele, dizendo que falava com Moisés face a face: “Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.7,8). Entretanto, Moisés também teve suas falhas. O texto bíblico diz que ele foi impedido de entrar na terra prometida, porque desobedeceu ao mandamento de Deus (Nm 20.11,12). 

Temos na Bíblia o caso de Davi, que era um homem segundo o coração de Deus e escreveu 74 Salmos. Mas a própria Bíblia registra que ele cometeu adultério com Batseba, esposa do seu soldado Urias e ainda tramou, de forma covarde, a morte de Urias e mandou executá-la indiretamente, através de Joabe, para que parecesse que ele havia morrido na guerra. (2 Sm 11.3-15). Estes dois pecados gravíssimos, segundo a lei, deveriam ser punidos com a morte. 

No Novo Testamento, temos o caso de Pedro, que era precipitado e inconsequente. A Bíblia registra que ele foi usado por satanás para desencorajar Jesus de ir à cruz (Mt 16.23); cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (Mt 26.51) e negou a Jesus por três vezes (Mc 14.60,70,71). Pedro também não era culto e tinha limitações para escrever ( (At 4.13). Ele precisou do auxílio de Silas para escrever a sua primeira epístola (1 Pe 5.12).

3. Os diferentes gêneros literários e figuras de linguagem. O conteúdo da Bíblia não está relacionado à qualidade dos seus escritores, pois é de origem divina. Paulo disse que temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa (2 Co 4.7). Então os escritores bíblicos foram usados por Deus, na sua linguagem, cultura e características em geral. Mas, não lhes foi permitido errar ou interferir no conteúdo escrito. Em tudo eles foram movidos pelo Espírito Santo. 

Cada escritor bíblico foi usado por Deus em seu próprio idioma, com diferentes gêneros literários, figuras de linguagem e outros aspectos da sua cultura. Na Bíblia temos narrativas (Livros históricos); poesias e provérbios (Livros poéticos);  figuras de linguagem como a alegoria (Gl 4.22-24; Hb 9.9); enigmas (Jz 14.14); parábolas (Ez 17; Mt 13, etc); hipérboles (Jo 21.25; Cl 1.23); metáforas (2.8). Temos linguagens cultas, como as de Paulo e Lucas e de pessoas com pouca instrução como Pedro. Isso, no entanto, não interfere, nem invalida a inspiração divina da Palavra de Deus. 

4. A linguagem do senso comum. Para tentar desacreditar a Bíblia, uma das principais acusações dos céticos é de que ela usa afirmações que ‘contrariam’ a ciência moderna. Como exemplo, colocam o relato de Josué 10.12-15, onde está escrito que Josué mandou o sol parar. Entretanto, a Bíblia não é um tratado científico. O que o texto bíblico mostra é a linguagem do senso comum, ou seja aquilo que a população em geral usa no dia a dia. Até hoje, mesmo pessoas cultas usam as expressões pôr do sol, nascer do sol e outras. A intenção do texto bíblico aqui é apenas fazer as pessoas compreenderem o que aconteceu e não dar aula de astronomia. É uma figura de linguagem chamada prosopopeia, que consiste  em atribuir a seres inanimados, características de seres animados ou atribuir características humanas a seres irracionais, para tornar mais dramática a comunicação. 


REFERÊNCIAS: 


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

CONFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 49.    

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.    

CHAFER, Lewwis Sperry. Teologia Sistemática. Vol I e II. Editora Hagnos. 1 Ed. 2003. pag. 110.    

GEISLER, Norman William. Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós. Editora Vida. 5 Ed. 2012. pag. 22-24. 

GEISLER, Norman William. Enciclopédia De Apologética, respostas aos críticos da fé cristã. Editora Vida. 1 Ed. 2002. pág. 120-121.  

HUNT, Dave. Em defesa da fé. Editora CPAD. 1 edição/2006. pág. 92-93.    

A Bíblia Responde. Editora CPAD. 2 Ed. pág. 18-19.    



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Pb. Weliano Pires


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