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25 março 2022

É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13:  A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ)

O mundo hoje está cada vez mais digital e as pessoas querem respostas rápidas para tudo. Quando querem saber de alguma coisa, recorrem ao Google e perguntam o que querem, sem se dar sequer ao trabalho de digitar. Apertam o microfone, falam o que querem saber e o site de pesquisas fornece várias opções, sejam endereços, definições, reportagens, etc. 


Antigamente, as pessoas iam às bibliotecas municipais e abriam os livros para fazerem as suas pesquisas. Outros tinham em casa uma Enciclopédia Britânica, para pesquisar sobre vários assuntos. As notícias, os classificados e as publicações em geral, eram feitos em jornais e revistas impressas. Então, naturalmente, as pessoas eram forçadas a ler. Quem não lia, ficava desatualizado e desinformado.


Com o advento da internet, muitas destas publicações foram para a web e, portanto, é possível ler muito mais. Entretanto, com a facilidade dos vídeos, podcasts e fotos, muitos perderam o interesse pela leitura e querem tudo pronto. Infelizmente, muitas pessoas na atualidade não gostam ou tem preguiça de ler. Quando publicamos um texto com mais de cinco linhas, a maioria das pessoas não lêem. Até um certo ex-presidente da República e ex-presidiário, em entrevista no passado, confessou que não gosta de ler, “porque é muito preguiçoso”


Esta preguiça de ler e a busca por respostas prontas e curtas, também chegaram ao meio evangélico. Muitos evangélicos atualmente usam a Bíblia apenas nos templos. Mesmo assim, é possível perceber que alguns nem abrem a Bíblia durante as leituras e pregações. Um número muito grande de evangélicos, inclusive pastores, nunca leram a Bíblia inteira. O resultado disso é trágico. Há um analfabetismo bíblico enorme em nosso meio. A prática da leitura bíblica deve ser um exercício diário para o cristão. Isso, claro, deve ser feito com disciplina, devoção e estudo. 


1 - A leitura e a disciplina cristã. Quando se fala em disciplina no meio evangélico, muitos imaginam que seja castigo ou punição, pois há a disciplina no sentido de suspensão da comunhão da Igreja. Mas, não é neste sentido que estamos falando aqui. 


A palavra disciplina vem do latim "disciplina'' que significa instrução, ensino e educação que uma criança recebia de um mestre. Mas, tem vários significados. Segundo o dicionário Michaellis, disciplina significa também: um regime de submissão às normas ditadas pelos superiores; observância estrita das regras e regulamentos de uma organização civil ou estatal; comportamento exemplar; área de conhecimento ensinada ou estudada em uma faculdade  ou colégio; obediência às normas convenientes para o bom andamento dos trabalhos; mortificação imposta por má conduta.


Em provérbios, por exemplo, a palavra disciplina é usada com o sentido de correção e repreensão, principalmente, em relação aos filhos: “Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo”. (Pv 13.24). Entretanto, a palavra disciplina no contexto que estamos estudando aqui, está relacionada a ordem, obediência a regras e abnegação. Neste sentido, a disciplina se refere a alguns princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa.


O apóstolo Paulo usa três exemplos para ensinar sobre disciplina: 

a. Um soldado, que sofre aflições em seu treinamento rigoroso (2 Tm 2.3); 

b) O lavrador, que espera pacientemente pelos frutos da lavoura  (1 Co 9.10); 

c) O atleta, que treina com abnegação e regras 1 Co 9.24).


Nas disciplinas espirituais temos a oração incessante (1 Ts 5.17); O exame das Escrituras (Jo 5.39); e a prática do jejum (1 Co 7.5). Estas disciplinas servem para nos fortalecer espiritualmente e enfraquecer a nossa natureza humana. Entretanto, não podemos usá-las de forma legalista para obter o favor de Deus ou de forma ascética. Também não podem ser usadas como forma de exaltação e promoção pessoal, pois isso é farisaísmo. 


2- A leitura e o aprendizado. A leitura diária da Bíblia é fundamental para a vida cristã. Esta leitura tem objetivos diferentes. Devemos ler a Bíblia para aprender o seu conteúdo, de forma devocional na medicação e como pesquisa em temas específicos. Somos discípulos de Cristo e o aprendizado é a base de todo discípulo, pois a própria palavra discípulo significa "aprendiz". A Bíblia tem todas as informações que Deus quis revelar ao ser humano. Paulo escrevendo a Timóteo, disse que "...as Escrituras o tornariam sábio para a salvação que há em Cristo Jesus". (2 Tm  3. 14,15). Jesus também falou para os saduceus: "Errais não conhecendo as Escrituras e o poder de Deus". (Mt 22.29). 


Não resta dúvidas de que ler a Bíblia é importante, pois, como já vimos durante este trimestre, a Bíblia é a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. É o único manual de fé e prática do cristão. Sendo assim, é indispensável a leitura constante das Escrituras. Entretanto, não basta ler. Na lição 5, estudamos o tema "Como ler as Escrituras". Vimos que é muito importante entender aquilo que lemos, pois, muitas heresias nascem da má interpretação ou distorções dos textos bíblicos.


A Bíblia foi escrita em um contexto muito distante e diferente da época em que vivemos. Por isso, é preciso interpretá-la corretamente, para a entendermos. Esta interpretação envolve a exegese e a hermenêutica, que são ferramentas muito importantes na interpretação de textos. A hermenêutica é a ciência da interpretação de textos e a exegese é uma das ferramentas desta ciência.


3- A leitura e o devocional. No Salmo 1 lemos que é "bem aventurado o homem que medita na Lei do Senhor de dia e de noite." A leitura devocional da Bíblia é diferente da leitura para o aprendizado e da leitura para pesquisa. O devocional é a adoração individual do crente que inclui oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. Não se trata do culto doméstico, ou culto de ações de graças em um lar. É um momento pessoal do crente com Deus, onde falamos com Deus, através da oração e ouvimos Deus falar através da Sua Palavra. 


O ideal é que este momento devocional seja feito no primeiro horário da manhã, quando ainda não falamos com ninguém e não fizemos outra coisa, para não correr o risco de esquecer. "De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando”. (Sl 5.3). Jesus disse que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Portanto, se enchermos o nosso coração diariamente com a Palavra de Deus será dela que falaremos mais no nosso dia a dia. 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

GANGEL, Kennneth O. & HENDRICKS, Howard G. Kenm. Manual De Ensino Para O Educador Cristão. Editora CPAD. 1 ed. 1999. págs. 307-310.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 1500.

GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. 3. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.22).

LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo. O testamento de Paulo à igreja. Editora Hagnos. pág. 97-98.


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Pb. Weliano Pires


16 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM - Parte 2

Instruções a respeito de Cristo


Continuando o nosso estudo sobre as Epístolas Paulinas, falaremos agora sobre o segundo grupo, que são as epístolas que dão maior ênfase aos aspectos da pessoa de Cristo: Efésios, Filipenses e Colossenses. 


a. Efésios. Paulo escreveu à Epístola aos Efésios por volta do ano 62 d. C. durante a sua primeira prisão em Roma. Por isso, esta Epístola também é classificada como uma das epístolas da prisão, junto com Filipenses, Colossenses e Filemon. 


Na introdução à Epístola, temos a identificação de Paulo como autor e os destinatários, que são "os santos e fiéis que estão Éfeso" (Ef 1.1-2). Alguns exegetas modernos questionam que Efésios tenham sido os destinatários desta Epístolas, pelo fato da expressão "que estão em Éfeso" não constar em alguns manuscritos e também, devido a ausência de saudações pessoais no final da Epístola, considerando-se que Paulo passou dois anos em Éfeso e tinha muita proximidade com aquela Igreja. Alguns sugerem que esta era uma carta circular para várias Igrejas ou que ela foi escrita para a Igreja de Laodicéia ou de Colossos, devido à semelhança com a Epístola aos Colossenses. 


Logo após a saudação, o apóstolo discorre sobre bênçãos espirituais da eleição, predestinação e união da Igreja com Cristo, antes da fundação do mundo, para que ela fosse santa e irrepreensível. (Ef 1.3-23). Continuando, Paulo diz que Cristo  nos trouxe da morte para a vida, estando nós mortos nos pecados e ofensas. (Ef 2.1-10). Neste capítulo, o apóstolo faz novamente a exposição da Justificação pela fé, explicando que a salvação é um ato da Graça de Deus, que é alcançada pela fé em Cristo e não por obras ou méritos humanos. 


Paulo explica também que judeus e gentios foram unidos por meio de Cristo e reconciliados com Deus, mediante o sacrifício de Cristo que desfez a separação que havia entre  ambos, fazendo-os agora um único povo que é a Igreja. (Ef 2.11-22). 


No capítulo 3, Paulo, apresenta como o apóstolo dos não-judeus e prisioneiro do Senhor (Ef 3.1-21). Paulo explica que pela Graça de Deus, foi constituído ministro do Evangelho, para anunciar aos gentios as riquezas incompreensíveis de Cristo e mistério que esteve oculto desde os séculos passados, que é a Igreja. 

Em seguida, o apóstolo fala sobre a unidade do corpo de Cristo e sobre investigação a e dons ministeriais, concedidos por Cristo à Igreja para a edificação e aperfeiçoamento dos santos.  (Ef 4.1-16). Ainda neste capítulo, Paulo fala sobre a nova vida em união com Cristo, que é oposta ao estilo de vida dos gentios que não conhecem a Cristo e vivem em trevas  (Ef 4.7—5.20)


No versículos finais do capítulo 5 e início do capítulo 6, Paulo fala sobre os relacionamentos na família, entre marido e mulher, comparando-os ao relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (Ef 5.21–6.9). Fala também dos relacionamentos entre pais e filhos e entre senhores e escravos cristãos. 


Na sequência do capítulo 6, Paulo fala sobre a armadura do cristão, usando como simbologia os equipamentos dos soldados da infantaria romana: capacete, escudo, espada, couraça e calçado (Ef 6.10-18). No final do capítulo, o apóstolo pede oração por ele, como embaixador de Cristo em cadeias, para que lhe seja dada a palavra e se despede com saudações genéricas e a bênção (Ef 6.21-24).


b. Filipenses. A Epístolas aos Filipenses foi escrita pelo apóstolo Paulo, por volta de 62-63 d.C. O apóstolo estava preso em Roma e escreveu esta Epístola, para agradecer aos filipenses pelas ofertas que lhe enviaram e para informá-los da situação dele na prisão. Na introdução, o apóstolo identifica a si mesmo e ao seu companheiro Timóteo como remetentes.  (Fp 1.1). Em seguida, informa quem são os destinatários que são os cristãos de Filipos, bispos e diáconos. 


Na sequência, o apóstolo expressa ação de graças e oração pelos Filipenses, agradecendo pela cooperação deles no Evangelho. Paulo explica também as circunstâncias em que Paulo se encontrava  na prisão e diz aos filipenses que esta.prisão, na verdade contribuiu para o avanço do Evangelho (Fp 1.12-26).


O apóstolo argumenta que muitos pregam o Evangelho com motivações erradas, entretanto, ele se alegra pela proclamação de Cristo de todas as formas. Paulo demonstra também a sua disposição para viver ou morrer pelo Evangelho. Ele diz que, embora tenha convicção de partir e estar com Cristo seja incomparavelmente melhor, fica em dúvidas se quer continuar vivendo e dando a sua contribuição para o avanço do Evangelho, ou partir para estar com Cristo. 


No segundo capítulo, Paulo exorta os filipenses, para que não façam nada motivados por partidarismo ou vanglória.  Em seguida, ele cita o exemplo do Senhor Jesus, que sendo Deus, humilhou-se, esvaziou-se da Sua glória, tomou a forma de servo e foi obediente até à morte. 


Paulo envia Epafrodito e promete em breve enviar Timóteo, como mensageiros dele à Igreja. Epafrodito estivera doente, mas Deus o curou e Paulo dá testemunho disso e recomenda que a Igreja o receba. Na seção seguinte, o apóstolo Paulo adverte os filipenses a respeito de falsos ensinos dos judaizantes, que ele chama de cães, falsos obreiros e inimigos da Cruz de Cristo. Em seguida lembra aos irmãos que somos peregrinos aqui e que a nossa Pátria está nos Céus. 


No capítulo final, o apóstolo traz vários conselhos finais à Igreja e agradece pelas ofertas recebidas. O apóstolo deixa claro que está acostumado a ter contentamento em qualquer circunstância, seja na fartura ou escassez, pois pode todas as coisas naquele que lhe fortalece, que é Cristo. Ele conclui com as saudações finais e a bênção.


c. Colossenses. A Epístola aos Colossenses também é uma das cartas da prisão e foi escrita pelo apóstolo Paulo em sua primeira prisão em Roma, por volta de 61 d.C. Paulo nunca havia visitado Colossos. Um obreiro chamado Epafras, que se converteu durante a permanência de Paulo por dois anos em Éfeso, deve ter sido o fundador desta Igreja, que se reunia na casa de Filemon. 


A introdução é idêntica à da Epístola aos Efésios. Paulo identifica a si e a Timóteo como remetentes e os destinatários, ele chama de santos e fiéis que estão em Colossos. (Cl 1.1,2). Em seguida, expressa ações de graças pela fé, esperança e amor dos colossenses. 


Após a introdução, o apóstolo faz uma profunda apresentação da supremacia de Cristo. (Cl 1.15-2.7). Paulo apresenta Cristo como criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Cl 1.15-17); Eterno e sustentador de todas as coisas (Cl 1.16); Cabeça da Igreja, princípio e primogênito dos mortos (Cl 1.18); apresenta-o também como aquele em habita toda a plenitude da divindade, mostrando que Cristo é Deus (Cl 1.19).

Paulo afirma que em Cristo estão escondidos todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria, comprovando assim a Sua onisciência e atestando a supremacia e suficiência de Cristo contra a falsa filosofia  (Ef 2.3-15). 


O apóstolo defende também a Supremacia de Cristo contra o legalismo dos judaizantes, que insistiam em exigir a guarda do sábado, festas judaicas e abstinência de certos alimentos. Paulo explica que estas eram apenas sombras das coisas futuras. (Cl 2.16-17). 


Na sequência, Paulo defende  Supremacia Cristo contra o louvor e culto aos anjos. (Cl 2.18-19) e contra o ascetismo, que alguns falsos mestres ensinavam. Paulo chama estas exigências de 'não toques nisso e naquilo' são rudimentos do mundo, sem nenhum valor para o crescimento espiritual (Cl  2.20-23). 


O apóstolo ensina aos Colossenses, que se eles já ressuscitaram com Cristo para uma nova vida, devem buscar as coisas que são de cima e não as coisas terrenas. Nesse sentido, recomenda que revistam-se de termos laços de misericórdia e outras virtudes. Neste capítulo, o apóstolo traz várias recomendações sobre os relacionamentos entre os cônjuges; entre pais e filhos; entre servos e senhores; e entre os irmãos em Cristo. 


Na conclusão, o apóstolo envia várias saudações dos seus companheiros de ministério: Epafras, Lucas, Demais e dos irmãos de Laodicéia. Por último, deixa a sua própria saudação e bênção final. 


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Plenitude. 1 Ed. 2001. Sociedade Bíblica do Brasil.

CABRAL, Elienai. Efésios — A Igreja nas regiões celestiais. CPAD. 1ª Edição: 1999

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 422-423.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008 pág. 282-283.

Biblioteca Bíblica / Introdução Bíblica / Filipenses. Acesso em 16/03/2022.

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Pb. Weliano Pires


COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM - Parte 1

Instruções salvíficas

Neste primeiro tópico, estudaremos as Epístolas do Apóstolo Paulo. O apóstolo parece seguir um roteiro padrão em suas epístolas. Ele começa com a sua saudação pessoal, que em algumas delas inclui os companheiros de ministério. Depois usa uma saudação em forma de bênção aos destinatários. Agradece a Deus por seus leitores cristãos. Costuma fazer menção às suas orações pelo bem-estar de seus leitores. Apresenta também os principais interesses de seus leitores e os assuntos que serão tratados ao longo da epístola. Dedica também um espaço para questões práticas ou éticas e aplica a estas questões os princípios doutrinários. Apresenta uma benção, mensagens pessoais, saudações e uma breve autobiografia, talvez para autenticar a epístola. Finaliza com a bênção apostólica ou uma bênção e exaltação ao Senhor. 


Para fins didáticos, o nosso comentarista dividiu as Epístolas Paulinas em quatro grupos, de acordo com o tipo de instrução predominante que elas trazem em seu conteúdo: inscrições salvíficas ou sobre a doutrina da salvação; instruções sobre Cristo ou cristológicas; instruções escatológicas, ou sobre as últimas coisas; e instruções pastorais e pessoais. 


1 - Instruções salvíficas. Neste grupo estão as Epístolas aos Romanos, 1 e 2 aos Coríntios e aos Gálatas.

a. Romanos. A Epístola aos Romanos, embora seja reconhecidamente do Apóstolo Paulo, pois há a sua identificação como remetente no início (Rm 1.1), foi escrita por Tércio (Rm 16.22). Paulo não foi o fundador da Igreja de Roma e, quando escreveu esta Epístola por volta de 56 d.C., nunca havia estado com os irmãos de Roma. Conhecia-os apenas de ouvir falar. 


Na introdução à Epístola, Paulo se identifica como autor (Rm 1.1-7) e manifesta o seu desejo de visitar Roma (Rm 1.8-15). Em seguida, o apóstolo fala sobre a depravação dos gentios que honraram mais a criatura que o Criador e faz um resumo do evangelho (Rm 1.18-31). 


Na sequência o apóstolo fala sobre a universalidade do pecado. Todos, sem exceção, pecaram e foram destituídos da Glória de Deus  (Rm 1.18-3.20). Depois de argumentar que todos os seres humanos, judeus e gentios, estão debaixo do pecado, Paulo apresenta que a justificação do pecador diante de Deus se dá unicamente pela fé em Cristo e que pelas obras da Lei ninguém será justificado. (Rm 3.21-5.21). 


Paulo fala também sobre a prática da Justiça na vida Cristã, mostrando o contraste entre a lei de pecado que escraviza e a lei do Espírito que liberta. Muitos entendiam, equivocadamente, que Paulo ao pregar sobre a justificação pela fé independente das obras da Lei, estaria dizendo que as pessoas poderiam permanecer no pecado para que a Graça fosse mais abundante. Paulo explica que o cristão está morto para o pecado e, portanto, vive uma vida nova em Cristo. (Rm 6.1-8.39).


O próximo tema tratado por Paulo com os cristãos de Roma é o relacionamento entre Deus e Israel. Paulo explica que Deus jamais rejeitou o seu povo e que a incredulidade de Israel em relação a Cristo permitiu a salvação dos gentios  Entretanto, Deus voltará a tratar com o seu povo e todo o Israel será salvo. Paulo conclui este capítulo com um profundo cântico de adoração a Deus por sua infinita sabedoria e riqueza (Rm 9.1-11.36).


Na sequência, o apóstolo discorre sobre vários preceitos de aplicações práticas na vida cristã, como os dons de serviço, o amor, a esperança,  o fervor, o amor aos inimigos e a submissão às autoridades (Rm 12.1-15.13).


Nos capítulos 14 e 15, o apóstolo fala sobre a sua situação como apóstolo dos gentios e a respeito da tolerância para com os fracos na fé, que são aqueles que se abstêm de alguns alimentos e seguem algumas restrições por causa da lei. Paulo argumenta que a cristão que se considera forte e superou estas coisas deve evitar escandalizar o seu irmão, por quem Cristo morreu.  No capítulo 16, o apóstolo se despede com uma lista enorme de recomendações pessoais a vários cooperadores da obra do Senhor e conclui com a benção aos irmãos e exaltação ao Senhor. 


b. 1 Coríntios. Por volta do ano 50 d.C. o apóstolo passou 18 meses em Corinto e estabeleceu uma Igreja ali (At 18.1-11). Em 55 d.C., Paulo se encontrava em Éfeso e recebeu algumas notícias sobre Corinto, dando conta de vários problemas seríssimos naquela Igreja. O apóstolo inicia a Carta com a sua saudação de praxe, identificando a si e ao irmão Sóstenes como remetentes. Identifica também os destinatários Coríntios e faz um breve agradecimento a Deus pela vida deles, fazendo menção das suas qualidades. Em seguida, apresenta um dos principais problemas que o motivaram a escrever a carta, que foi o partidarismo entre os irmãos e a preferência por seus líderes, devido à suposta superioridade. 

Depois de relatar este problema aos Coríntios, Paulo discorre sobre o poder da mensagem da Cruz. Fala também da insignificância da sabedoria humana na comunicação e na recepção da mensagem do Evangelho e o sublime efeito da revelação da cruz de Cristo na vida daqueles que a ouvem. 


Em seguida, Paulo fala sobre os quatro partidos existentes na Igreja de Corinto: os de Paulo, que representavam os que se acham os liberais; os de Apolo, que se acham intelectuais; os de Pedro, que são os legalistas; e os de Cristo, que são os exclusivistas que se acham os únicos salvos. 


Na sequência, o apóstolo fala sobre os ministros de Cristo, que são despenseiros dos mistérios de Deus, que são as verdades bíblicas sobre a salvação e a Igreja, outrora oculta e agora revelados em Cristo. Paulo explica que os ministros de Cristo devem ser fiéis e que a vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não apenas pelos descrentes, mas, principalmente, pelos irmãos em Cristo. O apóstolo alerta aos obreiros que o nosso trabalho será julgado no Tribunal de Cristo pelo Justo Juiz, onde todas as coisas serão postas às claras, inclusive as intenções e desígnios secretos de cada um. Ainda neste capítulo, Paulo expõe a vanglória dos coríntios e defende a sua autoridade apostólica.


No capítulo 5, o apóstolo trata do escândalo sexual, segundo ele, pior do que as pessoas de fora da Igreja. Era uma relação incestuosa de um indivíduo com a própria madrasta. Paulo reclamou da cumplicidade e complacência daquela Igreja, por não excluir do seu meio, alguém com uma conduta tão abominável. Paulo usou a ilustração do fermento que leveda toda a massa, para explicar que o pecado de um membro da Igreja pode contaminar todo o rebanho. 


Na sequência, no capítulo 6, o apóstolo trata do problema das questões judiciais envolvendo irmãos, perante um tribunal de ímpios. O apóstolo questiona se não haveria pessoas sábias na Igreja, capazes de resolver as desavenças entre eles. Aliás, ele diz que só o fato de haver demandas de uns contra os outros, já é algo condenável. Nos versículos finais deste capítulo, o apóstolo trata a respeito da liberdade cristã, alertando que esta liberdade tem limites. Nesse sentido, ele alerta a respeito da prostituição, um pecado contra o corpo, que é o templo do Espírito Santo.


Na seção seguinte, no capítulo 7, Paulo responde às perguntas dos coríntios sobre o casamento. Ele inicia dando a sua opinião pessoal de que seria bom o cristão viver só, talvez porque acreditava que Cristo voltaria naqueles dias e a vida de casado poderia prender os cristãos a coisas desta vida. Entretanto, ele mesmo diz que por causa da prostituição e das tentações, os que não conseguem ficar solteiros, devem casar e que não há nenhum pecado nisso. Entre as respostas de Paulo sobre este assunto, ele diz que o casal não deve se privar da intimidade um do outro para não serem tentados; que o casal não deve se separar e, caso a separação seja inevitável, não devem casar de novo; traz também orientações para os que têm cônjuge descrente e para as solteiras e viúvas. 


No capítulo 8, o apóstolo responde a questões sobre os alimentos sacrificados aos ídolos. Paulo explica que ídolo nada é e que as coisas oferecidas aos ídolos, na verdade, são oferecidas a deuses, que são demônios e operam através de ídolos. Paulo alerta para a questão da consciência, para não escandalizar os fracos na fé.

  

Na sequência, no capítulo 9, Paulo fala da liberdade e direitos dos apóstolos e defende mais uma vez a sua autoridade apostólica. O apóstolo defende, inclusive, que os apóstolos têm o direito de serem sustentados pela Igreja, pois, nenhum soldado milita à própria custa. Ele deixa claro que Barnabé e ele abriram mão desse direito para não causar impedimentos à obra de Deus, mas que isso seria um direito daqueles que pregam o Evangelho. 


No capítulo 10, apóstolo faz um alerta aos coríntios, usando como exemplo os israelitas que tentaram a Senhor no deserto e pereceram. Paulo recomenda aos coríntios que não imitem as práticas dos israelitas no deserto, como a prostituição, a idolatria e a murmuração. Depois, no mesmo capítulo, ele retoma o tema dos sacrifícios aos ídolos, alertando que estes sacrifícios são oferecidos aos demônios e que o cristão pode jamais se fazer participante deles. 


Em seguida, no capítulo 11, o apóstolo trata de dois temas importantes: a apresentação das mulheres na Igreja e as dissensões na Ceia do Senhor.  Por uma questão cultural da cidade de Corinto, o apóstolo recomenda às mulheres o uso de cabelos compridos e o uso do véu na adoração pública. Uma mulher que se apresentasse publicamente com a cabeça rapada e sem o véu era considerada imoral e insubmissa ao homem. O princípio que Paulo ensina aqui é o da submissão `liderança do marido. 


Na questão da Ceia do Senhor, Paulo foi informado de que estavam profanando esta ordenança do Senhor, com conduta abominável. A Igreja em sua maioria, era formada de pobres e até de escravos. Os ricos, sem querer dividir a sua comida, comiam antecipadamente a ceia e deixavam os pobres sem nada. O apóstolo condena esta atitude vil e explica como deve ser celebrada a Ceia do Senhor. 

Nos capítulos 12 a 14, Paulo discorre sobre os dons espirituais. Ele diz que há diversidade de dons, mas o Espírito que os concede é o mesmo. O apóstolo faz uma relação de nove dons concedidos pelo Espírito Santo à Igreja, para edificar, confortar e consolar os santos. Para explicar a unidade dos dons espirituais, ele usa a figura do corpo humano que possui muitos membros mas todos trabalham a favor do corpo. No capítulo 13, o apóstolo faz uma pausa, para mostrar que o amor é um caminho mais excelente e superior a todos os dons. No capítulo 14, retomando o assunto dos dons espirituais, o apóstolo fala sobre os dons de profecia e variedade de línguas e alerta para que haja ordem e decência no uso dos dons e no culto. 


No capítulo 15, Paulo discorre sobre a doutrina da ressurreição. Ele inicia falando da ressurreição de Cristo como um fato intestestável citando, inclusive, pessoas que foram testemunhas oculares deste acontecimento e que ainda estavam vivas, como Tiago, Pedro e outros apóstolos e ele próprio que depois viu Jesus ressuscitado. Paulo diz que se Cristo não tivesse ressuscitado a fé cristã seria inútil e os que morreram em Cristo se perderam. 


Na conclusão da Epístola, no capítulo 16, Paulo faz um apelo aos coríntios para que levantassem recursos para os cristãos carentes de Jerusalém. Em seguida fala de alguns dos seus projetos, traz diversas recomendações, saudações e a bênção apostólica. 


c. 2 Coríntios. A segunda epístola aos Coríntios foi escrita entre os anos 55 e 56 d.C. A primeira epístola não teve tanta eficácia na solução dos problemas apontados pelo apóstolo e os seus opositores acabaram ganhando força contra ele. Paulo inicia a epístola com uma saudação sua e do seu auxiliar Timóteo. Em seguida glorifica a Deus pelas consolações nas tribulações e explica aos coríntios a razão da sua demora em ir vê-los, pois havia decidido não ir em tristeza. 


Paulo faz uma longa explicação do seu ministério, apresentando o caráter e os frutos do seu ministério apostólico, fazendo uma comparação com o ministério da Antiga Aliança e demonstrando a superioridade do Ministério Cristão. O apóstolo mostra que as aflições e tribulações que o cristão atravessa são momentâneas e leves, se comparadas com as coisas da eternidade Ainda defendendo o seu ministério, ele fala sobre o ministério da reconciliação, onde Cristo morreu por nós para nos reconciliar com o Pai e nos comissionou como embaixadores de ministério da reconciliação. 


O apóstolo fala sobre a sua abnegação pelo Evangelho e faz um breve apelo e exortação à santidade, recomendando aos coríntios que não se prendam a jugos desiguais com os infiéis e se afastem de toda imundícia. Paulo demonstra alegria com a chegada de Tito, que lhe trouxera boas notícias dos coríntios, principalmente de que eles haviam demonstrado arrependimento, ante o conteúdo da primeira carta. Inicialmente, ficaram contristados, mas esta tristeza produziu arrependimento para a salvação. 


Nos capítulos 8 e 9, assim como fizera na primeira epístola, o apóstolo apela para que os coríntios levantem recursos para ajudar aos irmãos pobres da Judéia. Paulo explica que esta oferta para os pobres, é na verdade, uma semente dada por Deus, que resultará em grande colheita, pois, os que a recebem dão muitas graças a Deus por isto. O apóstolo explica que Deus ama ao que oferta com alegria e tornará abundante toda a graça e multiplicará a semente dos que semeiam. 


Na sequência, no capítulo 10, Paulo retoma a defesa do seu ministério apostólico, dizendo que se esforçou para anunciar o Evangelho, onde ainda não havia sido anunciado, para não se gloriar de trabalhos já preparados. No capítulo 11, Paulo faz a sua defesa diante das acusações dos falsos apóstolos que o acusavam de se aproveitar das Igrejas. Em seguida, o apóstolo relaciona uma série de sofrimentos que ele passou por amor ao Evangelho. 


No capítulo 12, Paulo fala em terceira pessoa, de um homem que foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não devem ser ditas aos homens. Depois ele fala na primeira pessoa que lhe foi dado um espinho na carne, que era um mensageiro de Satanás para o esbofetear, para que não se exaltasse face à excelência das revelações. Isso mostra que este homem que teve as revelações era ele próprio. Paulo diz que orou três vezes ao Senhor para livrá-lo deste espinho, mas, o Senhor lhe respondeu que a Sua Graça lhe bastava. 

Paulo finaliza com vários avisos e exortações aos coríntios e, por fim, com a bênção apostólica na forma trinitariana. 


d. Gálatas. A breve epístola aos Gálatas, se comparada às epístolas aos Romanos e aos Coríntios, contém apenas seis capítulos e foi escrita pelo apóstolo Paulo entre 55 e 56 d.C. Não foi endereçada a uma única Igreja, mas a um grupo de Igrejas, pois a Galácia não era uma cidade. Era uma região da Ásia Menor, que incluía as cidades de Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe, cidades onde Paulo plantou Igrejas e visitou nas três viagens missionárias. 

Como de costume, o apóstolo inicia a epístola com a sua saudação e dos irmãos que estão com ele. Diferente do que fez nas epístolas anteriores, Paulo não expressa ações de graças no início desta epístola, não faz menção a orações dele pelos gálatas e vai direto ao assunto principal da epístola, que é o retrocesso dos gálatas ao deixarem a mensagem do Evangelho da Graça, pregado por Paulo, para cederem aos apelos dos judaizantes. O apóstolo faz menção do seu passado no Judaísmo e que recebera o Evangelho diretamente do Senhor Jesus, em revelações no deserto da Arábia, onde passou três anos logo após a sua conversão. 


No capítulo 2, Paulo faz um relato de como expôs o evangelho da graça aos gentios e como reprendera a Pedro em Antioquia, em virtude do seu comportamento de dissimulação diante dos judaizantes. O apóstolo explica que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. 

No capítulo 3, o apóstolo repreende aos gálatas, chamando-os de insensatos, por terem se afastado da obediência a Cristo e se deixado fascinar pelos discursos dos judaizantes. Paulo faz uma longa exposição do Antigo Testamento, começando por Abraão, colocando-o como o pai da fé. 


Na sequência, no capítulo 4, o apóstolo faz uma analogia da lei com um herdeiro enquanto é criança, que é criado por tutores, até completar a maioridade e o tempo determinado pelo pai. Da mesma forma, quando Cristo veio, na plenitude dos tempos, nascido sob a Lei, libertou os que estavam debaixo da lei e concedeu a adoção de filhos de Deus aos que creram. Paulo faz também uma alegoria entre Sara e Agar e as duas alianças. Agar, a escrava de Abraão, representa a velha aliança e Sara, a nova aliança. Paulo conclui dizendo que somos filhos da promessa como Isaque e não filhos da escrava como Ismael. 


No capítulo 5, Paulo exorta os gálatas a permanecerem na liberdade cristã e não retrocederem ao jugo da servidão da lei. O apóstolo argumenta que os que se deixarem circuncidar e buscarem a justificação nas obras da Lei estão separados de Cristo. Depois, no mesmo capítulo, ele faz um contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Paulo explica que a liberdade cristã não se confunde com libertinagem e que o Espírito Santo nos permite dominar e mortificar os desejos da nossa natureza humana.


O apóstolo conclui a epístola no capítulo 6, com várias exortações, começando com a orientação para os crentes ajudarem uns aos outros nas suas cargas, compadecendo-se daqueles que cometerem alguma falha. Paulo alerta para que faça o bem, principalmente aos domésticos da fé. Nas palavras finais, o apóstolo diz que não tem do que se gloriar, a não ser na cruz de Cristo, pela qual ele estava crucificado para o mundo e vice-versa.  


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos, o Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pág. 28-31.

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS, a carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 113-120.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 422-423.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008 pág. 282-283.



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Pb. Weliano Pires


03 fevereiro 2022

A BÍBLIA NOS TORNA PESSOAS SÁBIAS

(Comentário do 2⁰ tópico da LIÇÃO 6: A BÍBLIA COMO UM GUIA PARA A VIDA).

Os filósofos gregos eram famosos pelo apreço e busca pela sabedoria. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1.22). Os judeus, por sua vez, davam mais importância aos sinais ou milagres. Muitos deles procuravam Jesus, não pelos seus ensinos, mas pelos milagres que Ele fazia. Escrevendo a Timóteo, Paulo disse: “...Desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (1 Tm 3.15). Tiago, por sua vez, fez um comparativo entre a sabedoria que vem de Deus e a sabedoria humana e diabólica (Tg 3.13-18). Portanto, há diferentes tipos de sabedoria. 

1. O conceito de sabedoria. Devido à relação que há entre conhecimento e sabedoria, muitas pessoas acabam confundindo e acham que são a mesma coisa. É comum as pessoas dizerem que alguém é sábio em virtude do seu grau de instrução, ou depois de ouvir um discurso eloquente. Entretanto, isso é um grande equívoco. Há pessoas detentoras de muito conhecimento que não são sábias. Por outro lado, há pessoas com pouca instrução que tem sabedoria. 

O conhecimento é um instrumento que pode conduzir a pessoa a agir sabiamente, assim como a ignorância pode levar alguém a agir de forma tola, não por maldade, mas por desconhecimento. Jesus disse: Errais, não conhecendo as Escrituras e o Poder de Deus. (Mt 22.29). Por outro lado, os escribas e fariseus conheciam as Escrituras profundamente, mas, não eram sábios. Sobre isso, Jesus também falou: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (Jo 13.17).


Do ponto de vista do Antigo Testamento, há várias palavras que foram traduzidas por sabedoria: 

a. Chokmah ou hokmah: Significa habilidade artística. (Ex 28.3; 31.6). É a habilidade mais elevada de raciocínio, prudência e inteligência (Dt.4.6; 34:9; Pv. 10.1).

b. Sakal. Significa ser prudente, que ver as coisas ao seu redor com muito cuidado. (l Sm 18.30; Jó 22.2). 

c. Tushiyah. Significa retidão, bom conselho e compreensão (Jó 11.6; 12.16; Pv. 3.21, etal.).

d. Binah. Significa compreensão, introspecção, inteligência (Pv 4.7; 5.5; 39.26; Dt 4.6; I Cr 12.32; Dn 1.20; 9.22; 10.1).

Segundo o Dicionário bíblico VINE, publicado pela CPAD, em termos gerais, a sabedoria, no contexto do Antigo Testamento, “é o conhecimento e a habilidade de fazer escolhas certas no momento oportuno. A consistência de fazer a escolha certa é indicação de maturidade e desenvolvimento”.

No grego, que é o idioma do Novo Testamento, a palavra “sophia” é a palavra geral para todos os tipos de sabedoria, seja divina ou humana (Lc 1.17; 11.31,49; At 6.3,10; Rm 11.31; I Co 1.17,19; Ef 1.8,17; Tt 1.5; 3.13,15, 17; II Pe 3.15; Ap. 5.12; 13.18; 17.9). Esta palavra deu origem à palavra portuguesa filosofia, que é a junção de dois termos gregos: philos (amor) e sophia (sabedoria). Portanto, filosofia significa “amor à sabedoria”. 


2. Deus é a fonte da sabedoria. A sabedoria é um atributo comunicável de Deus. Ou seja, é uma daquelas características que pertencem à natureza divina, mas, Ele compartilha até certo ponto com as suas criaturas. O profeta Daniel, após receber de Deus a revelação de um segredo que o rei Nabucodonosor exigia, sob pena de morte, exclamou: “Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força!” (Dn 2.20). No mesmo sentido, o apóstolo Paulo concluiu a sua Epístola aos Romanos: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre.” (Rm 16.27). 

Deus é sábio em sua essência e somente Ele pode conceder a verdadeira sabedoria: “Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.” (Pv 2.6). Paulo orava pelos efésios, para que Deus lhes desse sabedoria: “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”. (Ef 1:16,17). Tiago também disse para aqueles que querem sabedoria, pedirem a Deus: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”. (Tg 1.5). Segundo a Bíblia,  sábios são aqueles que vivem de acordo com os preceitos da Palavra de Deus: “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória.” (1 Co 2.6,7). 


3. O temor é o princípio da sabedoria. Do ponto vista bíblico, os sábios são aqueles que temem a Deus. Tanto em Salmos quanto em Provérbios é dito que o "O temor a Deus é o princípio da sabedoria". (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10). Por outro lado, na Bíblia, os que não temem ou não crêem em Deus são descritos tolos: “Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe". Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem.” (Sl 14.1; 53.1). 

O conceito de temor em relação a Deus não significa ter medo ou pavor dele. No hebraico, a palavra traduzida por temor é "yir'a" que significa grande temor, respeito e reverência piedosa pela majestade e santidade de Deus. A palavra correspondente no grego é "phobos", que deu origem à palavra portuguesa "fobia". O conceito bíblico de temor é bem mais abrangente do que a palavra temor em português, que está relacionada apenas a medo ou terror. Há temores que são prejudiciais ao ser humano e outros são benéficos.O medo e o pavor excessivos podem levar o ser humano à síndrome do pânico, isolamento e insônia, Além disso demonstram falta de fé e imaturidade. Já o temor a Deus nos faz odiar o mal, governar com justiça, perdoar, fazer o bem e viver de forma a agradar a Deus. Em vários textos dos Salmos a Bíblia diz que aqueles que temem ao Senhor são bem aventurados.   


4. Os benefícios da sabedoria. Muitas pessoas que não temem a Deus acham que Deus é uma espécie de estraga prazer, que proíbe uma série de coisas, só porque não quer nos ver felizes. Muitos dizem até que não servem a Deus, porque querem "desfrutar a vida" e quando estiverem velhos, quem sabe poderão servir a Deus. Até pessoas que servem a Deus, chegam a pensar dessa forma. O salmista Asafe, no Salmo 73, falou que “quase se desviou”, por causa da suposta prosperidade dos ímpios. Nos dias de Malaquias também, as pessoas chegaram ao ponto de dizer que era inútil servir a Deus (Ml 3.14,15).

Este é um pensamento equivocado, pois, uma vida de temor a Deus, ou seja, uma vida sábia, traz benefícios à própria pessoa e ao meio em que ela vive. Quando Deus proíbe algo, é porque aquilo não é bom e pode prejudicar a própria pessoa ou aos que o cercam.  Por exemplo, uma vida de abstinência de prostituição, adultério, drogas, bebidas, cigarros, jogos e outros vícios, traz inúmeros benefícios à saúde física e emocional, à família e às finanças da própria pessoa. Traz também benefícios à sociedade e ao próprio estado, uma vez que estas práticas são extremamente onerosas ao sistema de saúde, policiamento, etc. 

Se toda a sociedade seguisse os padrões bíblicos não haveriam assassinatos, invejas, cobiças, roubos, estelionatos, brigas, agressões, filhos de pais separados, estupros, bebedices, glutonarias, mentiras, corrupção, terrorismo, e outros males que assolam o mundo. Muitas doenças, que são consequências destas práticas pecaminosas também não existiriam. 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.  

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 336.    

COMFORT Philip W. e ELWELL, Walter A. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pág. 1749-1750.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 641-642,    

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2447-2448.    

LINHART, Terry. Ensinando as Próximas Gerações: O Guia Definitivo do Professor de Jovens. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.51-52.


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Pb. Weliano Pires



VENCENDO OS DIAS MAUS

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