28 abril 2023

MOISÉS: UM HOMEM MANSO E HUMILDE

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: Motim em família). 

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da mansidão e humildade de Moisés. O texto de Números 12.3 afirma que "Moisés era o homem mais manso que havia sobre a terra", por isso não revidou aos ataques injustos dos seus irmãos contra ele. Falaremos também do fardo que é uma liderança do povo de Deus. Moisés sofreu muitas murmurações e rebeldia do povo de Israel. Ele chegou a desabafar com Deus, achando pesado o seu cargo (Nm 11.11-15). Por último, falaremos da punição de Deus contra Miriã e Arão. Deus se manifestou do meio da nuvem e deixou claro que Ele escolhera Moisés e que falava com ele de forma diferenciada. Imediatamente, Miriã ficou leprosa e teve que ser retirada do meio da congregação. Não sabemos porque Deus não puniu Arão da mesma forma. Segundo o comentário de John Wesley, “Miriã foi punida e Arão não, porque ela foi a chefe da transgressão ou porque Deus não teria sua adoração interrompida ou desonrada, o que deveria ter acontecido se Arão tivesse sido leproso.”


1. O mais manso que havia na Terra. Vimos no tópico anterior, os ataques dos irmãos de Moisés contra ele, movidos pela inveja, que é uma obra da natureza carnal. Neste tópico temos a reação de Moisés, que é totalmente o oposto. No texto de Números 12.3 lemos: “E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia na terra”. A palavra chave neste versículo é “manso”, que é a característica daquele que é brando, pacífico e possui moderação nas ações. É o oposto de ser rude, agressivo e descontrolado. Diferente do que acusavam os seus irmãos, Moisés era um líder manso e humilde. Conforme vimos no primeiro tópico, ele foi alvo de murmurações agressivas e injustas, muitas vezes vindas do povo de Israel. Entretanto, além de não reagir da mesma forma, ele intercedia pelos agressores. Agora, os seus próprios irmãos se levantaram contra ele, por causa do seu casamento e o acusaram de ser um líder autoritário. De novo, Moisés não retrucou e deixou que Deus respondesse por ele. 


Há algumas controvérsias em relação ao texto bíblico de Números 12.3. Alguns intérpretes dizem que ele foi inserido posteriormente por Josué, pois, não faria sentido, o próprio Moisés que escreveu o Livro de Números, fazer um elogio desse tipo a si mesmo. Se o fizesse, estaria contrariando a própria humildade. Outros intérpretes dizem que a palavra hebraica ‘anaw’, traduzida por manso, tem a sua raiz no termo hebraico ‘ana’, que significa “forçar à submissão”,  ou “diminuir”. Segundo estes intérpretes, a  melhor tradução seria “humilde”. A Nova Versão Transformadora (NVT) traduz esta palavra por “humilde”. A Nova Versão Internacional (NVI), por sua vez, traduz por “muito paciente”. Há ainda os que pensam que a palavra ‘anaw’, neste texto teria o sentido de “diminuído” ou “deprimido”. Sendo assim, dizem que a tradução correta seria: “Agora este homem Moisés estava deprimido ou aflito mais do que qualquer homem da terra.” 


Independente da tradução e interpretação utilizada neste texto, a história de Moisés como líder do povo de Israel comprova que ele era, realmente, um líder manso e humilde. Nem sempre foi assim, é claro. Quando ele estava no Egito, antes de fugir para Midiã, viu um egípcio agredindo a um dos seus irmãos e a sua reação foi matá-lo. Mas, ao longo dos anos, Deus foi trabalhando em seu temperamento e ele se tornou manso e humilde. Moisés nunca se vangloriou de ser o principal líder de Israel, nem tampouco de falar com Deus cara a cara , de ver a Sua Glória, ou dos muitos milagres que Deus realizou através dele. Isso demonstra a sua humildade. Por outro lado, podemos ver a sua mansidão, nas suas reações brandas, diante das murmurações e agressões, colocando tudo diante de Deus. 


2. O fardo de uma liderança. Depois de ver as murmurações do povo e choro deles pedindo carne, Moisés agiu com mansidão e não lhes retrucou. Entretanto, ele sentiu cansaço pelo peso de liderar aquela multidão, foi reclamar com o Senhor, com as seguintes perguntas: "Por que fizeste mal a teu servo, [...]  que puseste sobre mim o cargo de todo este povo? Concebi eu porventura todo este povo? [...] De onde teria eu carne para dar a todo este povo?". (Nm 11.11-15). Não era fácil para Moisés, liderar todo aquele povo murmurador e rebelde. A soma dos que saíram do Egito, contando só os homens em condições de ir para a guerra, era de 600 mil. Se contarmos as mulheres, idosos e crianças, passaria facilmente dos três milhões. 


Moisés estava esgotado física e emocionalmente e não era para menos. Lá atrás, no início da jornada, Moisés iniciava o dia, com uma fila enorme de pessoas para ele atender sozinho e julgar as demandas, desde a manhã até à tarde. Jetro, sogro de Moisés, viu aquilo e disse a Moisés: "Não é bom o que tu fazes; totalmente desfalecerás, tu e este povo." Em seguida, sugeriu a Moisés que escolhesse homens capazes e tementes a Deus, para o auxiliarem na liderança e Moisés resolveria somente as causas mais difíceis. Moisés seguiu a recomendação do sogro. (Ex 18..13-24). 


O problema foi solucionado naquele momento. Mas, com o aumento das murmurações, inclusive de alguns desses auxiliares de Moisés e dos seus próprios irmãos, novamente aumentou o fardo de Moisés e eles estava esgotado. Agora, o próprio Deus, depois de punir o povo, ordenou a Moisés que escolhesse 70 anciãos de Israel para dividir com eles a carga e compartilhar a liderança. Entretanto, esta escolha foi unilateral. O próprio Deus desceu na nuvem e falou com estes anciãos, confirmando a chamada. Em seguida, foram cheios do Espirito Santo e profetizaram (Nm 11.25). 


Uma das características de uma boa liderança é saber delegar tarefas e dividir responsabilidades. Ditadores tem aversão a isso, pois são absolutistas, querem fazer tudo sozinhos e impor a sua vontade. Porém, esse tipo de liderança, além de não funcionar, causa esgotamento. Ninguém consegue fazer tudo sozinho. 


Na obra de Deus, não podemos ser autoritários e dominadores, pois não somos donos da obra e estamos liderando o que é do Senhor. Iremos prestar contas a Ele do nosso trabalho. Com este esgotamento de Moisés, aprendemos que devemos respeitar os nossos limites físicos e emocionais. Não podemos abraçar tudo sozinhos, pois não iremos suportar a carga. Jesus disse que devemos rogar ao Senhor da seara que mandeais ceifeiros. Mas, quando Ele mandar os ceifeiros, não podemos deixá-los apenas observando, enquanto fazemos tudo sozinhos. 


3. A punição de Miriã e Arão (Nm 12.4-7). Conforme falamos acima, Moisés reagiu às murmurações, agressões verbais e acusações levianas contra ele, com mansidão e humildade. Ele deixou que o Senhor resolvesse a questão. O desfecho deste motim foi a manifestação de Deus através de uma nuvem, para julgar pessoalmente os rebeldes.


Deus ordenou aos três que saíssem fora da tenda da congregação. Quando saíram os três, Deus repreendeu diretamente Miriã e Arão, explicitando a superioridade de Moisés em relação aos demais profetas, pois Deus falava com ele diretamente e não por visões ou sonhos. Deus deu testemunho também da fidelidade de Moisés. Por fim, perguntou-lhes: Por que não tiveram temor de falar contra o meu servo Moisés? (Nm 12.4-8). Imediatamente, Miriã, que havia liderado esta rebelião, ficou leprosa. Arão intercedeu a Moisés por ela e Moisés intercedeu a Deus. O Senhor disse que ela ficaria leprosa por sete dias e assim aconteceu. 


Este episódio mostra que Deus trata com severidade a rebelião contra a liderança do seu povo. O profeta Samuel disse a Saul que a rebelião é como o pecado de feitiçaria (1 Sm 15.22). Quando se levanta contra uma liderança que Deus constituiu, está se rebelando contra o próprio Deus e dizendo que Ele não sabe escolher ou escolheu errado. Deus não tolera isso. Não se trata de fazer uma crítica respeitosa, no intuito de melhorar a liderança, ou apontar algo que precisa ser ajustado. Muitos profetas foram usados por Deus para fazer isso. A questão é quando um líder está fazendo a vontade de Deus e alguém se levanta para derrubá-lo. Tem muita gente leprosa espiritualmente por causa disso. Tomemos cuidado para provocar motins em nossa família ou na Igreja do Senhor.


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 92-95.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 642-4743; 647.

CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke.


26 abril 2023

O MOTIVO DA REBELIÃO DE MIRIÃ E ARÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 05: Motim em família). 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do motivo da rebelião de Miriã e Arão contra Moisés. Veremos que esta rebelião foi motivada pela inveja dos dois irmãos que, inconformados com o papel que Deus lhes deu, respectivamente, de profetisa e sumo sacerdote, sentiam-se no direito de liderar o povo também. Depois veremos que o motim no seio da família promove dissabores e ofensas entre os seus membros. A falta de respeito entre os membros de uma família causa  desequilíbrio e desunião no ambiente familiar. 


1. A inveja. Miriã e Arão eram os irmãos mais velhos de Moisés. Miriã, desde pequena era habilidosa na arte de liderar e influenciar pessoas. Quando a sua mãe escondeu o menino Moisés em um cesto, ela ficou olhando de longe, para ver o que aconteceria. Assim que a princesa, filha do Faraó, ouviu o choro do menino e pediu para a sua serva buscá-lo, imediatamente, Miriã apareceu, ofereceu-se para buscar uma mulher hebréia para amamentar o menino e chamou a própria mãe para fazer isso. Era também profetisa e cantou um hino de vitória, logo após a passagem pelo Mar Vermelho. 


Arão, por sua vez, era habilidoso nas palavras e foi indicado pelo próprio Deus para ser o porta-voz de Moisés, quando este reclamou com Deus que era ‘pesado de língua’ e, por isso, não poderia falar com Faraó (Ex 4.14-16). Depois, Deus mandou Moisés ordenar Arão e os seus filhos como os primeiros sacerdotes do povo de Israel (Ex 27.21; 28.1; 29.9-44). Era uma posição privilegiada e muito respeitada em Israel. Além de ser o líder dos sacerdotes, o sumo sacerdote era o único que podia entrar no Santo dos santos, uma vez por ano, no Dia da Expiação. 


Durante quarenta anos, Moisés liderou o povo de Israel, levando uma carga pesadíssima, tendo Miriã e Arão ao seu lado. Em momento algum, Moisés quis ser mais do que eles. Moisés também não escolheu ser o líder do povo de Israel. Ele estava há quarenta anos na terra de Midiã, depois que fugiu do Egito para não ser morto. Estava apascentando as ovelhas do seu sogro Jetro, nas montanhas. Deus se manifestou a ele, do meio de uma sarça que pegou fogo e não se consumia. Moisés levantou-se para ver aquele fenômeno, mas Deus falou para ele não se aproximar e tirar as sandálias dos pés, pois o lugar em que ele estava era uma terra santa. Na sequência, Deus o enviou ao Egito para libertar o povo da escravidão. Moisés relutou, com várias desculpas, mas Deus não aceitou e falou que era ele mesmo o escolhido (Ex 3.1-10). 


Moisés retornou ao Egito e contou aos seus irmãos tudo o que acontecera. Eles viram como Deus usou Moisés e Arão, com muitos prodígios para libertar o povo da escravidão de Faraó. Viram também as manifestações de Deus a Moisés no deserto e os milagres realizados. Não havia nenhuma dúvida de que Deus escolheu Moisés para liderar o seu povo e conduzi-lo à terra prometida. Entretanto, Miriã deixou a inveja entrar em seu coração e influenciou o seu irmão Arão, para contestarem a liderança de Moisés. Inicialmente alegaram a questão do casamento de Moisés com a mulher cuxita. Mas, depois revelaram que o problema era a liderança de Moisés, que eles se achavam no direito de também serem líderes, sem que Deus os tivesse chamado para tal função. 


Segundo o dicionário Michaelis, a inveja “é um sentimento de ódio, desgosto ou pesar que é provocado pelo bem-estar, pela prosperidade ou felicidade de outrem; desejo muito forte de possuir ou desfrutar de algum bem possuído ou desfrutado por outra pessoa; avidez, cobiça, cupidez.” A palavra portuguesa “inveja” deriva do latim “invidea”, que por sua vez, é formado por dois termos latinos: o prefixo “in” (em) e “videre” (olhar). Portanto, significa “olhar em direção a”, no sentido de olhar com intenção maliciosa para alguém, devido àquilo que a pessoa é ou possui.


Na Bíblia vemos que a inveja teve início com o querubim ungido, que invejou o trono de Deus e quis ser igual a Ele. Por isso, foi expulso do Céu, com uma terça parte dos anjos que o seguiram neste intento, e transformou-se em Satanás, o inimigo de Deus e do seu povo. Depois, vemos o caso de Caim, que teve inveja do seu irmão Caim e, por isso, o matou (Gn 4.1-8). Os irmãos de José também, movidos pela inveja, venderam o seu irmão como escravo, a fim de se livrar da sua presença (Gn 37.25-28). O rei Saul, movido pela inveja, tentou várias vezes matar Davi. 


O apóstolo Paulo classifica a inveja como uma das obras da carne, as quais ele diz que aqueles que as praticam não herdarão o Reino de Deus (Gl 5.19-21). Infelizmente, em nossos dias, muitos crentes, inclusive obreiros, se deixam contaminar pela inveja e, por isso, perseguem, caluniam e tentam destruir os próprios irmãos da fé, a fim de assumir o lugar deles. Deveriam ficar felizes por ver um irmão ser usado por Deus em um determinado ministério. Por outro lado, deveriam saber que os dons espirituais e ministeriais são dados por Deus, a quem Ele quer, para aquilo que for útil. De nada adianta estar em uma função na Igreja para a qual Deus não chamou. 


2. O motim familiar promove dissabores e ofensas. A inveja de Miriã e Arão contra Moisés gerou o motim, ou revolta dos dois irmãos  contra ele. Anrão e Joquebede, pais dos três irmãos, já haviam morrido e cada um tinha a sua liderança própria. As funções de Miriã e Arão, respectivamente, profetisa e sumo sacerdote, eram muito respeitadas no Judaísmo. Provavelmente, eles uniram os dois ministérios, no intuito de desafiar a liderança de Moisés como mediador entre Deus e Israel. Esta revolta dos irmãos contra Moisés acabou influenciando negativamente o povo contra Moisés e posteriormente, os levitas Coré, Datã e Abirão. 


Quando damos espaço para a inveja, murmurações e, consequentemente, os motins no seio da família ou da Igreja, o resultado são as ofensas, contendas e dissabores. O desrespeito, agressões verbais ou mesmo físicas, destroem a harmonia familiar e a unidade cristã. Por isso, o salmista diz no Salmo 133: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”. Jesus disse certa vez: Filhos questionam a autoridade dos pais e os desrespeitam; alunos questionam professores e os agridem em sala de aula; cidadãos afrontam policiais Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá.” (Lc 11.17). O apóstolo Paulo também escreveu aos Filipenses: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo.” (Fp 2.14,15).


Em uma família ou Igreja, o respeito entre os membros deve sempre prevalecer. Mesmo se houver a necessidade de criticar alguma atitude, ou repreender alguém, deve-se fazê-lo, no mais absoluto respeito, considerando que estamos lidando com os nossos irmãos. Infelizmente, nos dias atuais, há um clima generalizado de egoísmo e agressividade, principalmente no ambiente virtual. As pessoas trocam farpas e ofensas em público, por coisas pequenas, que poderiam ser resolvidas em particular com uma conversa respeitosa. 


O princípio da autoridade tem sido questionado em todos os setores da sociedade: cidadãos afrontam autoridades publicamente, filmam a ação e publicam nas redes sociais, como se fosse um troféu; até membros de Igrejas, afrontam uns aos outros e não querem se submeter à autoridade pastoral. Que Deus nos guarde e nos conceda discernimento e humildade. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 89-92.

ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.

WENHAM, Gordon J. Números: Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pág. 117-118.


20 ANOS DE CASADOS: BODAS DE PORCELANA


Fazendo a obra de Deus eu te conheci Encantei-me, na primeira vez que te vi Com a tua linda voz, teu sorriso encantador O jeito de ser e de servir ao Senhor. Era o teu aniversário quando te conheci. Nas primeiras conversas algo senti Na tua inteligência e seriedade Vislumbrei o início da nossa felicidade. Observando-a vi muitas qualidades: Trabalho, muita responsabilidade, Alegria, amizade, ternura e pudor. Começou o namoro e o nosso amor. Dois anos de namoro e noivado E o nosso casamento foi marcado. Decidimos, então, nos unirmos Até um dia, desta vida partirmos. Hoje faz vinte anos que nos casamos Por alegrias e tristezas já passamos Em tudo, o nosso amor sempre cresceu Pois, foi Deus que uniu, você e eu. Quero publicamente reafirmar A promessa que fiz, de te amar e respeitar, Na saúde, doença, alegria, ou tristeza Mesmo que seja pobre, ou possua riqueza.

Parabéns para nós, meu amor! Que Deus nos abençoe, em todos os dias da nossa vida! Que a felicidade seja sempre nossa companheira.


Weliano Pires & Márcia Ramalho Pires

25 abril 2023

A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MURMURAÇÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 05: Motim em família).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a influência negativa da murmuração. Falaremos sobre as murmurações do povo, que antecederam este motim de Miriã e Arão. Depois falaremos das três queixas levantadas contra Moisés pelo povo e por seus próprios irmãos: a queixa de que Moisés os trouxe para morrer de fome no deserto; a queixa contra o Maná, o alimento que Deus mandava diariamente; e a queixa dos irmãos de Moisés contra a sua liderança. 

1. Assim nasce um motim. A palavra motim traz a ideia de um grupo de pessoas reunidas, em atitudes de desobediência ou reação negativa contra regras e ordens estabelecidas num grupo social. Motim, portanto, é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida. Para esta lição, usaremos como exemplo, o caso de Miriã e Arão, irmãos de Moisés, que se levantaram contra a liderança dele sobre o povo de Israel. 

Este motim foi o clímax de um problema antigo, que acompanhava Israel desde o Egito, que era a murmuração. Segundo o Dicionário bíblico Wycliffe, o verbo “murmurar” traduz as palavras hebraicas e gregas: gogguzo, diagogguzo, embrimaomai e um substantivo grego, goggusmos. Estas palavras têm o sentido de resmungar ou murmurar um discurso subalterno ou semi-articulado. Envolve também o descontentamento, queixa, insatisfação, desacordo, ira, oposição e rebelião. 

Quando ainda estavam no Egito, Deus mandou Moisés e Arão falarem a Faraó, para que deixasse o povo sair do Egito (Ex 5.1-5). Faraó se irritou com aquilo, entendeu que o povo estava ocioso demais e mandou aumentar as exigências do serviço. Aqueles que não cumprissem a produção exigida seriam açoitados (Ex 5.6-19). O povo, então, murmurou e culpou Moisés e Arão pelo castigo. 

Após a saída do Egito, quando chegaram diante do Mar Vermelho, percebendo que o Exército de Faraó vinha atrás deles e não teriam como fugir, novamente os israelitas murmuraram contra Moisés e Arão: “E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.” (Ex 14.11,12). Mesmo vendo todos os milagres que Deus fizera no Egito para livrá-los, eles não confiaram em Deus e culparam Moisés e Arão, como se eles fossem os responsáveis por tirar o povo do Egito. Ora, eles apenas cumpriram o que Deus ordenou. Portanto, esta murmuração era uma ofensa ao próprio Deus. 

Deus abriu o Mar Vermelho, o povo passou a pés enxutos e os egípcios pereceram. O povo viu este grande milagre e Miriã e Moisés cantaram louvores a Deus. Três dias depois, não acharam água potável no deserto. Acharam apenas as águas amargas de Mara. Novamente, o povo levantou a voz contra Moisés e murmurou (Ex 15.23). Deus fez o milagre e transformou aquelas águas amargas em águas doces. 

Chegando ao deserto de Sim, toda a congregação de Israel novamente murmurou contra Moisés e Arão, reclamando que no Egito tinham panelas de carne e comiam até se fartar. Agora, segundo eles, Moisés e Arão os trouxeram para morrer de fome no deserto (Ex 16.3). O Senhor ouviu aquela reclamação e mandou codornizes e uma comida do Céu chamada Maná (Ex 16.11-15). 

Depois, em Refidim, novamente o povo sentiu falta de água e murmurou contra Moisés, exigindo água para beber. Estavam a ponto de apedrejá-lo e Moisés clamou ao Senhor (Ex 17.1-4). Deus mandou Moisés bater na rocha com o seu cajado e dela saiu água para o povo beber. 

No capítulo 11 de Números, que está na nossa Leitura Bíblica em Classe, temos mais dois episódios de murmuração. No primeiro, o povo reclamou da falta de carne, chorando com saudade dos cardápios de carnes e legumes do Egito, e mostrando desprezo pelo Maná que Deus lhes mandava todos os dias (Nm 11.1-6). A ira de Deus se acendeu contra os murmuradores e o fogo de Deus consumiu os que estavam na primeira fileira. No segundo episódio temos Miriã e Arão murmurando contra a liderança de Moisés, reclamando do casamento com a mulher cuxita e exigindo equiparação na liderança pois, segundo eles, Deus havia falado com eles também e não apenas com Moisés (Ex 12.1,2). No próximo subtópico, falaremos detalhadamente, sobre cada uma destas queixas. 

Temos ainda no Livro de Números o registro de mais dois casos de murmuração. No capítulo 14, Moisés enviou doze líderes de tribos para espiar a terra prometida. Na volta, dez deles trouxeram um relatório negativo, dizendo que o povo lá era muito forte. Somente dois deles, Josué e Calebe, discordaram do relatório e encorajaram o povo a prosseguir. O povo murmurou contra Moisés e Arão, decidiram constituir um líder para voltar ao Egito e quiseram apedrejar Josué e Calebe. Deus se manifestou e quis destruir o povo. Mas Moisés intercedeu por eles. Deus não os destruiu, mas determinou que eles não entrariam na terra prometida, exceto, Josué, Calebe e os filhos daquela geração (Nm 14. 1-38). 

Por último, no capítulo 16 de Números temos a rebelião de três levitas: Coré, Datã e Abirão, que juntaram duzentos e cinquenta homens de posição e se rebelaram contra a liderança de Moisés e Arão dizendo: “Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?” (Nm 16.3). Moisés tentou fazer uma reunião com eles e mandou chamá-los. Mas eles se recusaram a comparecer (Nm 16.12). Deus mandou que Moisés e toda a congregação se afastassem dos rebeldes. Quando se afastaram, a terra se abriu e os tragou vivos, com tudo o que possuíam (Nm 16.32,33). 

2. A primeira queixa. Conforme vimos acima, as queixas e reclamações dos israelitas não eram mais novidade para Moisés. Desde que Deus o chamou para libertar o povo da escravidão do Egito, ele passou a conviver com a ingratidão, incompreensão, murmuração e rebeldia deste povo. Entretanto, Moisés como um tipo de Cristo, colocava-se como mediador entre Deus e o povo e intercedia constantemente por eles a  Deus, para que não fossem destruídos. 

O comentarista coloca aqui três queixas do povo de Israel contra Moisés, com base nos capítulos 11 e 12 de Números. Claro que aconteceram muitas outras, conforme relatamos no subtópico anterior. Mas, por causa da limitação do espaço, ele se deteve nestas três. A primeira queixa dos israelitas no capítulo 11, diz respeito à acusação deles de que Moisés os havia tirado do Egito para que eles morressem de fome no deserto, e que deveria tê-los deixado lá. 

Ora, esta queixa demonstra toda a covardia e ingratidão deles para com Deus e Moisés. Eles não foram tirados do Egito à força, nem por vontade de Moisés. O povo de Israel vivia na escravidão no Egito, em trabalhos forçados, sendo açoitados e ameaçados de extinção. Além da escravidão e dos açoites, Faraó temendo o crescimento de Israel, mandou matar todas as crianças do sexo masculino (Ex 1.1-22). Neste contexto de escravidão e sofrimento, o povo gemeu por causa da escravidão e clamou a Deus. Deus ouviu o seu clamor e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó (Ex 2. 23-25). Diante disso, Deus chamou Moisés para libertar Israel da escravidão e ele relutou o quanto pôde. Portanto, esta queixa de que Moisés os tirara do Egito para morrer no deserto era injusta e descabida. 

3. A segunda queixa (Nm 11.4-7). Por causa da primeira queixa, o fogo de Deus consumiu os murmuradores que estavam na linha de frente. Mesmo assim, o povo não se humilhou, nem se arrependeu. Continuaram com as reclamações agressivas contra Moisés. Desta vez reclamaram da comida que Deus mandava diariamente para eles e faziam menção às comidas que comiam no Egito. Quem lê este relato e não conhece a história da escravidão, tem a impressão de que esse povo vivia na riqueza ou em palácios no Egito. Ora, eles eram escravos e viviam sob intensa opressão. Tanto que que gemeram e pediram socorro a Deus! 

Além disso, eles esqueceram dos inúmeros benefícios que Deus lhes fez, desde o dia em que enviou Moisés e Arão para libertá-los. A partir dali, mesmo ainda sendo escravos, a vida deles não era a mesma. Deus mandou dez pragas contra o Egito e nenhuma delas atingiu Israel. Deus abriu o Mar Vermelho para eles passarem e matou os inimigos deles afogados. No deserto, Deus providenciou água, codornizes e o Maná, uma comida que caía do Céu diariamente. Deus cuidou deles para que as roupas e calçados não se acabassem e os protegia do calor e frio no deserto. 

Toda murmuração contra Deus representa ingratidão, pois Deus é bom e tudo quanto somos e temos, devemos a Ele. Deus nos deu a vida, o meio ambiente para vivermos, os recursos naturais para deles obtermos o nosso sustento, a saúde e a salvação das nossas almas. Mesmo os que não servem a Deus não tem motivos para reclamar dele, pois Ele é bom e oferece os benefícios naturais aos justos e injustos: “Para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.” (Mt 5.46). 

4. A terceira queixa (Nm 12.1-3). Após a murmuração do povo no capítulo 11 de Números, temos agora a terceira queixa, registrada no capítulo 12. Trata-se de uma rebelião dentro da família de Moisés, movida pela inveja dos seus irmãos, contra a sua liderança. O argumento inicial deles foi contra o casamento de Moisés com uma mulher cuxita. Não temos informações bíblicas sobre este casamento. Mas, certamente não se trata de Zipora, a esposa de Moisés, que era de Midiã, descendente de Abraão com Quetura, a sua segunda esposa. Os cuxitas não pertenciam aos povos semitas e eram descendentes de Cam, o filho de Noé que foi amaldiçoado. Era um povo considerado vil e desprezível aos olhos dos hebreus. 

A sequência da murmuração, no entanto, demonstra que a reclamação de Miriã e Arão não era apenas por causa do casamento. Eles reclamaram da liderança de Moisés, pois queriam liderar também. Por serem mais velhos que Moisés, eles achavam que tinham direito a participar das decisões. Entretanto, a liderança de Moisés não era democrática, aristocrática ou monárquica. Moisés não herdou a liderança, não foi escolhido por homens, nem tampouco quis ser líder do povo de Israel. O próprio Deus o chamou pessoalmente e ele foi contra a sua vontade. 

Podemos pontuar algum erro de um líder da Igreja, ou mesmo criticá-lo quando for repreensível. Entretanto, precisamos tomar cuidado para não ir contra a liderança da Igreja que foi estabelecida por Deus, pois, neste caso, constitui-se em rebelião contra o próprio Deus. Todos aqueles que se levantam contra a liderança que foi estabelecida por Deus, sofrem terríveis consequências. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 84-89.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1316.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 641, 642. 

DU BOIS, Lauriston J. Comentário Bíblico Beacon: Números. Editora CPAD. pág. 343-344.

CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke.

24 abril 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: MOTIM EM FAMÍLIA

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA: ÍDOLOS EM FAMÍLIA

Na lição passada estudamos sobre os ídolos na família. Falamos a respeito da idolatria, não de modo geral, mas no ambiente familiar. Tomamos como base dois exemplos bíblicos: primeiro, o caso de Raquel, a esposa amada de Jacó, que furtou os ídolos do pai dela; segundo, o caso de um homem da tribo de Efraim, chamado Mica, que construiu um ídolo e um santuário idólatra em sua própria casa. 


Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro, Jacó e sua família saíram escondidos e voltaram para a terra dos seus pais. Raquel furtou os ídolos do seu pai, Labão. Quando descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados, Labão foi atrás de Jacó. Depois que o alcançou, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


Falamos também sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. O povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


Por último estudamos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Identificamos também os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Entretanto, os meios de comunicação não são os únicos ídolos domésticos da atualidade. Há muitos outros ídolos nos corações, como o desejo descontrolado de ganhar dinheiro, a preocupação excessiva com o próprio corpo, a obsessão pela fama, o hedonismo, etc. Precisamos urgente reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: MOTIM EM FAMÍLIA


O nosso tema esta semana são os motins na família. Motim é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida. Usaremos como exemplo bíblico para está lição, o caso de Miriã e Arão, irmãos de Moisés, que se levantaram contra a liderança dele sobre o povo de Israel. 


Os irmãos de Moisés reclamaram do fato dele ter se casado com uma mulher cuxita, que não pertencia à família dos hebreus e era descendente de Cam. Miriã e Arão insinuaram que Moisés estaria querendo ter a primazia entre o povo e exigia equiparação, pois, segundo eles, Deus havia falado com eles também. Mas eles estavam muito enganados, pois, Moisés nunca quis ser líder de Israel. Foi Deus que o chamou pessoalmente  em Midiã e ele relutou o máximo que pôde.  


Ora, a família é o primeiro grupo social estabelecido por Deus e deve ser um ambiente harmonioso e seguro, onde todos os membros se respeitam e cooperam mutuamente para a comunhão e valorização mútua. Esta rebelião, motivada pela inveja, foi praticada no seio da família, provocando a desunião entre os irmãos. Como membros da família, cabia a eles orar por Moisés e ajudá-lo e não murmurar. Deus não se agrada desse tipo de coisa e tratou com rigor este levante dos irmãos contra Moisés. Enquanto eles murmuravam, Deus mandou que os três saíssem da tenda. Em seguida, defendeu a liderança de Moisés, repreendeu os outros dois e Miriã, que liderou o motim, ficou leprosa. Que isso sirva de alerta para aqueles que afrontam os pais e a liderança da Igreja. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a influência negativa da murmuração. Falaremos sobre as murmurações do povo, que antecederam este motim de Miriã e Arão. Depois falaremos das três queixas levantadas contra Moisés pelo povo e por seus próprios irmãos: a queixa de que Moisés os trouxe para morrer de fome no deserto; a queixa contra o Maná, o alimento que Deus mandava diariamente; e a queixa dos irmãos de Moisés contra a sua liderança. 


No segundo tópico, falaremos do motivo da rebelião de Miriã e Arão contra Moisés. Veremos que esta rebelião foi motivada pela inveja dos dois irmãos que, inconformados com o papel que Deus lhes deu, respectivamente, de profetisa e sumo sacerdote, sentiam-se no direito de liderar o povo também. Depois veremos que o motim no seio da família promove dissabores e ofensas entre os seus membros. A falta de respeito entre os membros de uma família causa  desequilíbrio e desunião na família. 


No terceiro tópico, falaremos da mansidão e humildade de Moisés. O texto de Números 12.3 afirma que Moisés era o homem mais manso que havia sobre a terra, por isso não revidou aos ataques injustos dos seus irmãos contra ele. Falaremos também do fardo que é uma liderança do povo de Deus. Moisés sofreu muitas murmurações e rebeldia do povo de Israel. Ele chegou a desabafar com Deus, achando pesado o seu cargo (Nm 11.11-15). Por último, falaremos da punição de Deus contra Miriã e Arão. Deus se manifestou do meio da nuvem e deixou claro que Ele escolhera Moisés e que falava com ele de forma diferenciada. Imediatamente, Miriã ficou leprosa e teve que ser retirada do meio da congregação. Não sabemos porque Deus não puniu Arão da mesma forma. Segundo o comentário de John Wesley, “Miriã foi punida e Arão não, porque ela foi a chefe da transgressão ou porque Deus não teria sua adoração interrompida ou desonrada, o que deveria ter acontecido se Arão tivesse sido leproso.”


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 83-84.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 641.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 430.

Estudo de Números 12:.0 – Comentado e Explicado: Comentário de John Wesley. 


22 abril 2023

A IDOLATRIA DENTRO DOS LARES



(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

Vimos nos dois tópicos anteriores os casos de ídolos domésticos, protagonizados por Raquel e por Mica. A primeira, buscava obter vantagem econômica ou talvez algum tipo de proteção. O segundo fez um ídolo, consagrou o seu próprio filho como sacerdote e mandou fazer um manto sacerdotal, para ter um culto à sua maneira, ignorando os parâmetros da Lei do Senhor.


Neste terceiro tópico falaremos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Tudo aquilo que requer honra, lealdade e dedicação acima de Deus, pode ser considerado um ídolo. Identificaremos os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Precisamos, urgentemente, reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


1- Os ídolos domésticos dos tempos atuais. Em nosso texto áureo, temos o alerta do apóstolo João, à Igreja do seu tempo: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5 21). A região para onde o apóstolo escreveu era a Ásia Menor, uma região completamente entregue à idolatria. Além dos inúmeros deuses pagãos, havia pequenos ídolos e amuletos por toda parte. Em Éfeso, principal cidade da Ásia Menor que depois se tornou a capital desta província romana, estava o templo de Diana, que era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Por causa do culto a Diana, vinha gente de várias partes do mundo para esta adoração. 


Em Éfeso também havia um negócio muito lucrativo dos ourives que fabricavam pequenos amuletos. Acreditava-se que o poder de Diana estava presente nestes objetos e que estes garantiam proteção, fertilidade e segurança econômica e política. Era muito forte também em Éfeso, a magia e a feitiçaria. Por todos os cantos da cidade estavam disponíveis os encantamentos, a astrologia e o exorcismo. Para completar era exigido o culto ao Imperador, inclusive queimava-se incenso a ele. 


Como João escreveu à Igreja, é bem provável que não era aos deuses que ele se referia. Este versículo é uma espécie de resumo da Epístola e se refere à idolatria espiritual, ou seja quando há honra demasiada a qualquer pessoa, instituição, objeto a si mesmo, tomando o lugar que é de Deus. A Bíblia Viva traduz assim este versículo: “Meus queridos filhos, afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês”. Sobre esta recomendação do apóstolo João, o pastor Hernandes Dias Lopes assim escreveu: "Os mesmos ídolos ainda nos tentam: dinheiro, segurança, prazer, pessoas, carreiras e posses são ídolos que exigem que cultuemos a eles em vez de prestar culto a Deus. Nossos ídolos podem ser qualquer coisa ou pessoa que ameace ocupar o trono do nosso coração. Substitutos de Deus podem exigir muito de nosso tempo, dinheiro e energia."


2- Identificando os ídolos modernos dentro dos lares. No mundo antigo, os ídolos eram de ouro, prata, gesso, madeira, barro, etc. Eram reconhecidos e cultuados como se fossem realmente deuses. Muitos cristãos que vieram do paganismo tinha dificuldades de abandonar completamente estes ídolos. Na atualidade, pelo menos no meio evangélico, não existem ídolos desse tipo. Não vemos nas casas dos crentes, estatuetas de deuses ou imagens de escultura, servindo de instrumentos de proteção. Entretanto, há outros tipos de ídolos que ocupam o lugar de Deus em muitos corações. Quais são os ídolos que se instalam nos lares nos dias atuais? 


O comentarista coloca os meios eletrônicos de comunicação (rádio, televisão e internet) como instrumentos a serviço "da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida," que são as três principais portas de entrada para o pecado. (1 Jo 2.16,17). De fato, os meios de comunicação, embora sejam indispensáveis à vida moderna e tenham muita utilidade, oferecem muitos riscos, servindo como instrumentos de manipulação diabólica e podem roubar o nosso tempo de dedicação às disciplinas da vida cristã: oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. 


Recentemente tivemos uma lição em nossa Escola Bíblica Dominical, falando sobre "a sutileza das mídias sociais", comentada pelo Pr. José Gonçalves. Na ocasião, foi destacado os aspectos positivos das mídias sociais, para a comunicação e principalmente para a proclamação do Evangelho. Entretanto, foi alertado para os problemas advindos delas. As redes sociais contribuem para a desumanização do ser humano, pois as pessoas trocam o real pelo virtual e mostram um universo fictício em seus perfis nas redes sociais. 


Há também outros problemas graves nas redes sociais, como o mundanismo, o materialismo, o hedonismo, a sensualidade e o narcisismo. A facilidade de se comunicar escondido tem levado muitos a flertar com o pecado, trocando mensagens e imagens íntimas, que levam ao adultério e à fornicação. Os criminosos, como pedófilos, traficantes e golpistas, também estão escondidos nas redes sociais. Por isso, todo cuidado é pouco, principalmente com adolescentes, crianças e idosos. 


Os meios de comunicação não são os únicos ídolos domésticos da atualidade. Há muitos outros ídolos nos corações, como o desejo descontrolado de ganhar dinheiro, a preocupação excessiva com o próprio corpo, a obsessão pela fama, o hedonismo, que é a busca pelo prazer a qualquer custo, etc. Estes e outros ídolos modernos constituem-se em grandes empecilhos para as pessoas servirem a Deus. Se Deus pedisse para as pessoas abrirem mão de qualquer uma destas coisas para servi-lo, imediatamente as pessoas se "retirariam tristes", como fez o jovem rico (Mt 19.22). 


3- Precisamos reagir contra os inimigos da família. Diante de tantos ídolos domésticos modernos precisamos, urgentemente, reagir para evitar que a nossa família e a nossa comunhão com Deus sejam destruidas por eles. Mas, o que fazer para combater e destronar estes ídolos do nosso lar? O primeiro passo, como vimos acima, é identificá-los. Para saber se há ídolos em nosso lar ou no nosso coração, precisamos fazer uma varredura e destruir tudo aquilo que estiver recebendo honra e dedicação igual, semelhante, ou maior do que aquela que é devida somente a Deus. 


No Sermão do Monte, Jesus disse que os seus discípulos são "o sal da terra…" (Mt 5.13). 

A principal função do sal sempre foi dar sabor aos alimentos. Qualquer alimento, exceto os que são adocicados, não tem graça nenhuma se não tiver sal. A outra função do sal, nos tempos bíblicos era a preservação da carne, pois, não havia refrigeração como hoje. Sendo assim, além da sua função principal que usamos atualmente como item de tempero para dar sabor, o sal servia para preservar a carne da putrefação. 


Estas duas funções do sal, dar sabor e preservar os alimentos, ilustram a diferença que o cristão deve fazer neste mundo, exercendo uma boa influência, através da moderação, amabilidade, paz, justiça, etc. É importante destacar que o cristão não é um sal no saleiro. Jesus falou que somos o sal na terra, para dar sabor. Neste sentido, o sal precisa se misturar aos alimentos e não ficar isolado. Durante muito tempo, alguns cristãos tinham uma postura antissocial e isolacionista. Mas Jesus nunca agiu assim. Aliás, esta era uma das principais razões das críticas, que ele recebia dos escribas e fariseus, pelo fato de ir às casas de publicanos e pecadores. 


Esta analogia entre os discípulos de Jesus e o sal indica que a Igreja é a única instituição neste mundo, que tem a prerrogativa de impedir a degeneração generalizada dos valores morais e espirituais neste mundo, evitando assim, a sua destruição. 

 

REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 73-77.  

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 303.

LOPES, Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO: Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag. 123-126; 225-227.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 773-774.

RIENECKER, Fritz.  Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 77-78.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 37-40.

VENCENDO OS DIAS MAUS

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