30 janeiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: O AVIVAMENTO NO MINISTÉRIO DE PEDRO

Ev. WELIANO PIRES

Na lição passada falamos sobre o avivamento na vida da Igreja Primitiva, de modo genérico. Dando continuidade a este assunto, nesta lição estudaremos sobre um dos principais protagonistas deste avivamento, que foi o apóstolo Pedro, primeiro líder da Igreja de Jerusalém e principal interlocutor no Dia de Pentecostes. Estudaremos a vida de Pedro antes e depois do Dia de Pentecostes. 


Quando andou com Jesus, Pedro era um discípulo impulsivo, indisciplinado e inconsequente. Embora amasse ao Senhor Jesus, acompanhando-o de perto nos momentos mais críticos do seu ministério terreno, Pedro negou Jesus por três vezes, depois da sua prisão. 


Após ser revestido de poder, Pedro se tornou uma das colunas da Igreja Primitiva, junto com Tiago e João. A partir do Pentecostes, Pedro nunca mais foi o mesmo e pregou ousadamente a palavra de Deus, diante de autoridades enfurecidas, sob ameaças e prisões, e realizou sinais e maravilhas.


No primeiro tópico, estudaremos a vida de Pedro antes do Pentecostes. Falaremos neste tópico sobre duas atitudes antagônicas do apóstolo Pedro. Uma delas foi elogiada por Jesus, como sendo uma revelação do Espírito Santo ao apóstolo. A outra, no entanto, foi repreendida pelo Senhor, como sendo uma influência de Satanás. Por último, estudaremos sobre o ponto mais crítico da vida de Pedro antes do Pentecostes, que foi o fato de ter negado a Jesus por três vezes, durante a sua prisão. 


No segundo tópico, falaremos  sobre o comportamento de Pedro após o Pentecostes. Pedro foi batizado no Espírito Santo, juntamente com 120 discípulos que perseveraram em oração, aguardando a descida do Espírito Santo prometida por Jesus antes de subir ao Céu. Após esta experiência, Pedro passou por uma profunda transformação e nunca mais foi o mesmo. Falaremos também sobre o episódio da cura de um coxo de nascença na porta do templo. Por último, veremos o avivamento na vida de Pedro em outras ocasiões.


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a Igreja de hoje e o avivamento do Pentecostes. Faremos uma comparação entre o contexto da Igreja atual e o Pentecostes, destacando a necessidade urgente de um avivamento naqueles moldes. Nos dias atuais, conforme já havia predito o Senhor Jesus no Sermão profético, vivemos um tempo de multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor. Por último, falaremos da iminência do arrebatamento da Igreja, que é a nossa bendita esperança. Somos peregrinos e forasteiros neste mundo e estamos a caminho do nosso eterno lar celestial. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 159.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1490-1491;1493.


27 janeiro 2023

UM MINISTÉRIO UNGIDO PARA OS DIAS ATUAIS

(Comentário do 3º tópico da Lição 5: O Avivamento na vida da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro e último tópico, falaremos sobre o ministério ungido para os dias atuais. É indispensável na pregação do Evangelho que haja sinais e maravilhas, como conversões de almas, batismo no Espírito Santo, expulsão de demônios e curas divinas. Isso só acontecerá se a Igreja tiver a unção do Espírito Santo. Quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho, Ele disse: “Estes sinais seguirão aos que crerem…”. (Mc 16.17). Os sinais comprovam a autenticidade do ministério por Deus. Os milagres, além de autenticar a mensagem pregada, servem também para glorificar a Cristo, não ao pregador e a denominação.


1. Na unção do Espírito Santo. A palavra "unção" significa o ato de derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. No Antigo Testamento, através do ato simbólico, de derramar o óleo sobre uma pessoa, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida era chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. Conforme estudamos na passada, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e cumpriu, com perfeição, estes três ofícios: Rei, Profeta e Sacerdote.


No Novo Testamento, os discípulos de Jesus também foram ungidos pelo Espírito Santo para darem continuidade ao ministério terreno de Jesus. Não se trata mais do ato simbólico de derramar óleo sobre a cabeça deles, para serem ungidos. Mas, o poder do Espírito Santo é derramado sobre o crente e ele passa a ter a virtude do Espírito Santo atuando através dele. Quando falamos de poder, é preciso entender que no grego há quatro palavras que significam poder: 


a. Exousia. É a autoridade exercida por uma pessoa em nome de outro maior, como por exemplo, um oficial do rei fala em nome dele. Este é o poder que o Espírito Santo concede ao crente, contra as potestades, principados e hostes espirituais da maldade. Nós lhes damos ordens pela autoridade que o Senhor Jesus nos concedeu. É desta palavra que vem a palavra "exorcismo". 

b. Ischyros. Refere-se à força física capaz de vencer ou dominar outra pessoa através da força dos músculos. Esta força está relacionada unicamente ao corpo. 

c. Kratos. É o poder das autoridades que governam um país. É desta palavra que vem as palavras democracia e aristocracia. Este poder, Deus concedeu às autoridades e não à Igreja. (Rm 13.1-4). 

d. Dynamis ou dunamis. Significa energia, grande força e grande habilidade, vindas do mundo espiritual. É a força que vem de Deus e concede ao crente ousadia e habilidade para pregar o Evangelho e poder para operar sinais e maravilhas. Esta palavra deu origem às palavras dinamite, dínamo e dinâmico. Paulo disse que "o Evangelho é o 'poder' (dynamis) de Deus, para a salvação de todo aquele que crer". (Rm 1.16). Escrevendo aos Coríntios, Paulo disse: "A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder (dynamis); Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus." (1 Co 2.4,5). 


2. Autenticado por Deus. O Evangelho segundo Marcos, conforme vimos na Lição 03, é o mais sucinto dos quatro evangelistas. Marcos termina o seu relato, com as últimas palavras de Jesus e a sua ascensão aos Céus: "Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém". (Mc 16.19,20). Fica evidente que ele fala dos "sinais que se seguiram", após a ascensão de Jesus e após o dia de Pentecostes, pois não há registros de que eles tenham operado milagres ou mesmo pregado entre estes dois eventos. 


Atualmente vivemos a era da informação a um clique. A comunicação é feita em tempo real, com muitos recursos audiovisuais e técnicas para se comunicar bem. Há até uma frase que diz: "a comunicação é a alma do negócio". De fato, mesmo o produto não sendo muito bom, se houver uma boa estratégia de marketing, ele acaba se tornando atrativo. Até políticos corruptos, ou que não tem bons projetos, são eleitos mediante estratégias de marqueteiros.


A pregação do Evangelho, no entanto, não é um discurso qualquer, que basta ter um bom conhecimento do assunto a ser falado, usar os recursos da oratória e ter aprovação dos ouvintes. Paulo disse: "E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria." (1 Co 2.1). Embora seja importante ter uma boa comunicação, técnicas audiovisuais, conhecer profundamente o assunto que vamos falar (principalmente os professores da Escola Dominical), isso não é suficiente para sermos bem sucedidos na pregação do Evangelho. É preciso que a nossa pregação seja autenticada ou confirmada por Deus. Esta autenticação, conforme Marcos relatou, se dá através dos sinais que o Espírito Santo opera. 


Um exemplo disso aconteceu na casa de Cornélio. Enquanto Pedro pregava a Palavra de Deus para os convidados do centurião de Cesaréia, o Espírito Santo desceu sobre eles e falaram em línguas e profetizaram (At 10.44,45). Um dado importante neste caso, é que Deus conduziu todo este processo. Primeiro, Cornélio estava orando e um anjo lhe apareceu para falar que as suas orações e esmolas tinham chegado diante de Deus e que ele deveria mandar chamar Pedro, para que este lhe explicasse o que deveria fazer. Por outro lado, Deus trabalhou para eliminar o preconceito de Pedro contra os gentios, mostrando-lhe através de uma visão, que Deus não faz acepção de pessoas. Pedro não iria, se Deus não tivesse tratado esta questão com ele antes. 


A pregação para ser autenticada por Deus com os sinais, ela precisa ser dirigida por Deus e ser bíblica. Pedro foi à casa de Cornélio, mandado por Deus e expôs as Escrituras. O restante foi Deus quem fez. Não basta acontecer sinais para concluirmos que Deus está confirmando a mensagem. Lutero disse que "toda pregação que não estiver de acordo com as Escrituras deve ser rejeitada, mesmo que chova milagres todos os dias". Nesta mesma linha, Moisés escreveu em Deuteronômio 13.1-3: "Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma." Este texto bíblico deixa claro que podem acontecer sinais, através de pessoas que não pregam a verdade e se isto acontecer, não significa que a mensagem é de Deus e deve ser rejeitada. 


3. Glorifica a Cristo. Quando Jesus prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse com eles, após a sua ascensão aos Céus, Ele disse que o Espírito Santo iria glorificá-lo: "Ele [o Espírito Santo] me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar." (Jo 16.14). Então, as manifestações poderosas do Espírito Santo na Igreja, além de autenticar a mensagem, tem também o objetivo de glorificar a Cristo. O Espírito Santo não opera sinais para exaltar pastores, pregadores ou denominações. Toda glória é para o Senhor Jesus, Rei dos reis e Senhor dos senhores.


Os verdadeiros servos do Senhor, quando são usados por Ele, seja na pregação da Palavra, ou nos dons espirituais, sempre transferem toda exaltação ao Senhor, pois é Ele que opera. Nós temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa (2 Co 4.7). João Batista foi informado pelos judeus de que Jesus estava com os seus discípulos batizando e as pessoas iam ao seu encontro. João respondeu: "O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu… Convém que Ele cresça e eu diminua". (Jo 3.27,30). O apóstolo Paulo também, não obstante todo o seu vasto conhecimento teológico e acadêmico, as visões que recebeu diretamente do Senhor Jesus e os dons espirituais que o Espírito Santo lhe concedeu, sempre deixava claro que a glória era para Deus, destacando a sua insignificância: "... ainda que nada sou." (2 Co 12.11); "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…" (Gl 4.14). "e, por derradeiro de todos, me [Cristo] apareceu também a mim, como a um abortivo." (2 Co 15.8). 


O ministério do Espírito não glorifica nem a Si mesmo, mas única e exclusivamente ao Senhor Jesus. Da mesma forma que Jesus não veio a este mundo para glorificar a Si mesmo. Em seu ministério terreno, Jesus veio como enviado do Pai para buscar e salvar o que se havia perdido e glorificar ao Pai. Se Jesus, sendo Deus, não buscou glória para Si, quanto mais nós, meros mortais, vasos de barro, que por misericórdia somos usados por Deus! A Ele seja toda glória, louvor, exaltação e majestade, eternamente! Amém!


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 305.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 505.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1ª Ed. 2008. pág. 506.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Marcos. pág. 360.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 590.

LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 410.

CONDE, Emílio (Coord.). O Espírito Santo Glorificando a Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1967, pp.146,47


26 janeiro 2023

O DINAMISMO DA IGREJA APOSTÓLICA


(Comentário do 2º tópico da Lição 5: O Avivamento na vida da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos a respeito do dinamismo da Igreja apostólica. A Igreja Cristã foi estabelecida por Jesus antes do Pentecostes (Mt 16.18). Entretanto, ela só foi inaugurada com a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes. Por isso, a Igreja já nasceu avivada. Depois disso, a Igreja passou a ter vida e a ser dirigida pelo Espírito Santo. A partir do Pentecostes, a Igreja passou a viver uma rotina de conversões, milagres, comunhão, orações, ensino da Palavra e temor a Deus (At 2.42). 


1. A Igreja nasce avivada. Há divergências se a Igreja no dia de Pentecostes, ou após após a ressurreição de Jesus. A Igreja é um projeto de Deus, elaborado antes da fundação do mundo. Este plano era um mistério que esteve oculto nos séculos anteriores e foi revelado aos apóstolos e profetas (Ef 3.3-5). O Senhor Jesus instituiu a Sua Igreja durante o seu ministério terreno, mas ela só foi inaugurada e apresentada ao mundo, com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Assim também aconteceu com o Tabernáculo e com o Templo de Salomão. Eles foram construídos, mas a glória de Deus desceu na inauguração (Êx 40.34: 2 Cr 7.1-3). Por isso, a Igreja do Senhor nasceu no avivamento do Espírito. 


Antes da ascensão de Jesus, os discípulos o seguiam e até fizeram milagres, tendo sido enviados por Ele, na missão dos doze (Mt 10.1) e na missão dos setenta discípulos (Lc 10.1-12). Mas era algo transitório e local, diferente do que aconteceu depois do Pentecostes, como veremos a seguir. Antes do Pentecostes, mesmo após a ascensão de Jesus, os apóstolos não sabiam direito o que deviam fazer e como proceder. Tanto que escolheram Matias para o lugar de Judas, por meio de um sorteio. 


Jesus foi visto por mais de 500 discípulos, após a sua ressurreição. Estes discípulos ouviram a promessa do revestimento de poder e, após a ascensão de Jesus aos Céus, começaram a orar. O número de pessoas foi caindo e no dia de Pentecostes restavam apenas 120 em oração. Nesse interim, não há registros de pregações, conversões, batismos ou qualquer atividade espiritual da Igreja. Mesmo perseverando em oração, não há registro de que eles realizaram algum milagre entre a ressurreição de Jesus e o Pentecostes. Isso comprova que a direção e o mover do Espírito Santo na Igreja é indispensável. Sem isso a Igreja não avança e morre espiritualmente.  


2. A Igreja depois do Pentecostes. Lucas registra em detalhes o que aconteceu no dia de Pentecostes, no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (At 2.1-4). O Senhor Jesus cumpriu a promessa que fizera aos discípulos dez dias antes. Este episódio nos mostra cinco pontos importantes de um verdadeiro avivamento: 

  1. O avivamento acontece quando a Igreja ora. Os discípulos estavam orando quando aconteceu a descida do Espírito Santo. Se a Igreja atual quiser ser avivada, precisa voltar a orar.

  2. A Igreja estava reunida no mesmo lugar. A Igreja é um corpo e não pode viver cada um para o seu lado ou ser cristão sozinho em casa. O avivamento não acontece onde há desunião e no meio de desigrejados. 

  3. O avivamento vem do Céu. Por mais que Deus use muitas vezes, pessoas para despertar a Igreja através da Palavra e convocar os crentes a buscar ao Senhor, o avivamento não é obra humana e vem de Deus “...Veio do Céu, um som… e encheu toda a casa). Para que aconteça um avivamento verdadeiro, não precisamos forçar a barra. Basta crer e buscar a Deus em oração, pois é Ele que aviva a Sua obra. 

  4. A evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Quando todos foram cheios do Espírito Santo, começaram a falar em outras línguas. Este foi o sinal visível de que foram batizados no Espírito Santo. Em outras ocasiões no Livro de Atos, as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo também falaram em línguas: At 10.44-46; At 19.1-6). Em Atos 8 não está escrito que as pessoas que receberam o batismo no Espírito Santo falaram em línguas, mas subtende-se que falaram, pois o mágico Simão viu que aqueles a quem os apóstolos impunham as mãos recebiam o Espírito Santo e lhes ofereceu dinheiro para receber também este dom (At 8.17-20).

  5. O genuíno avivamento impulsiona as pessoas a pregar o Evangelho. Após serem cheios do Espírito Santo, quando a multidão começou a zombar, Pedro levantou da oração com os demais apóstolos e fez uma fervorosa exposição bíblica, que levou três mil pessoas à conversão (At 2.14-41). 


Após o derramamento do Espírito, os discípulos saíram da situação de letargia e passaram a viver sob total domínio do Espírito Santo. Imediatamente após o revestimento de poder, como falamos acima, Pedro pregou uma poderosa mensagem e três mil almas se converteram (At 2.41). As pregações públicas continuaram e o número de convertidos logo chegou a quase cinco mil pessoas (At 4.4). Os apóstolos também realizavam milagres extraordinários que deixavam as multidões perplexas, como a cura de um coxo de nascença (At 3.1-7). O Espírito Santo também concedeu ousadia para que eles pregassem o Evangelho diante de autoridades enfurecidas que os ameaçavam e prendiam. Também houve temor a comunhão, distribuição voluntária dos bens para socorrer os necessitados e permanência na Doutrina dos apóstolos e nas orações. (At 2.42-47). 


Podemos ver ao longo do Livro de Atos, uma Igreja fervorosa, poderosa e missionária. Muitos milagres foram realizados pela Igreja Primitiva, não somente pelos apóstolos Pedro e Paulo, mas também por Filipe, em Samaria, e Estêvão. Os milagres citados nominalmente foram: A cura do coco de nascença (At 3.’7); A morte de Ananias e Safira (At 5.1-10); A restauração da visão de Saulo (At 9.17,18); A cura de Enéias (At 9.33-35); a ressurreição de Dorcas (At 9.36-41); A cegueira do mágico Elimas (At 13.8-11); A cura de um paralítico de nascença em Listra (At 14.8-11); A expulsão de demônio de uma jovem que adivinhava (At 16.16-18); A ressurreição de Êutico (At 20.9,10); A cura do pai de Públio e outros moradores de Malta (At 28.7-9). Aconteceram também aberturas milagrosas das prisões dos apóstolos (At 5.18-20); de Pedro (At 12); e de Paulo e Silas (At 16.25-27). 


A Igreja de Jerusalém dedicou-se à evangelização local e, após a perseguição, à evangelização regional. Depois da conversão de Saulo, o Espírito Santo falou à Igreja de Antioquia, para que separassem Barnabé e Saulo para a missão transcultural. A partir daí, a Igreja se espalhou pelo mundo levando o Evangelho por todo o Império Romano, mesmo sob intensa perseguição inicialmente dos judeus e depois dos romanos. Depois o Senhor acrescentou à obra missionária, outros gigantes como Silas, Timóteo, Apolo, Tíquico e o casal Priscila e Áquila. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Atos. pág.8-9.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 639-641.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Atos. pág. 30-32.


23 janeiro 2023

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O PÚBLICO-ALVO


(Comentário do 1º tópico da Lição 05: O Avivamento na Vida da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o Batismo com o Espírito Santo e o público-alvo. O chamado de Jesus para a Salvação envolve: a experiência da salvação, a obediência a Deus e a santificação. O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, ou seja, é para quem já é salvo. Veremos ainda neste tópico que a promessa do revestimento de poder é para todos os salvos (At 2.39), em qualquer época, local ou cultura. Por isso, os cessacionistas, que são aqueles que dizem que a manifestação dos dons espirituais se restringiram aos dias dos apóstolos, estão equivocados. 


1. O chamado abrangente de Jesus. Há muitos teólogos que confundem o batismo no Espírito Santo com a própria experiência da salvação. Outros ensinam que o batismo no Espírito Santo é diferente da salvação, porém, dizem que tanto o batismo no Espírito Santo como os dons espirituais, foram concedidos apenas à Igreja do tempo dos apóstolos. Estas duas correntes teológicas, no entanto, não se sustentam à luz do Novo Testamento. 


Por outro lado, há também muitos equívocos doutrinários em relação à doutrina da salvação. Por isso, neste primeiro subtópico, o comentarista explica passo a passo, a dinâmica da salvação, com base no resumo da pregação de Jesus no início do seu ministério, apresentado pelo evangelista Marcos: “O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. (Mc 1.15). Nesta mensagem, Jesus apresenta duas condições iniciais da parte do homem, para ser salvo: Arrependimento e fé. O comentarista acrescenta também a obediência, mas ela está contida na fé. É importante deixar claro, que a fé para a salvação não consiste apenas em acreditar na existência de Deus, pois os demônios também crêem e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). Tiago diz também que a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). Há ainda outro aspecto da salvação apresentado pelo comentarista, que é a santificação, que aparece na Epístola aos Hebreus como condição para a salvação: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14). 


Em relação à doutrina da Salvação, há vários tipos de heresias como: salvação por merecimento, por sofrimento, pelas obras, por pertencer a uma instituição religiosa e até pela intercessão após a morte. Estas doutrinas são ensinadas pelo catolicismo e não tem nenhum fundamento bíblico. Há quatro correntes teológicas no Cristianismo em relação à doutrina da Salvação: O pelagianismo, semi-pelagianismo, o calvinismo e o arminianismo. Claro que há subdivisões e divergências dentro destes grupos e não daria para comentar tudo aqui. Os dois primeiros são hereges e antibíblicos, mas os outros dois são considerados apenas divergências teológicas entre os cristãos: 

1. Pelagianismo. Doutrina ensinada por Pelágio, um monge do século IV d.C. Segundo Pelágio, os seres humanos nascem inocentes, sem a mancha do pecado original. Ele dizia também que Deus criou diretamente toda alma humana, livre do pecado. Pelágio acreditava que o homem que pecar pode, pelos próprios esforços, arrepender-se e ser salvo.

2. Semipelagianismo. Diferente de Pelágio, o semipelagianismo ensina que toda a humanidade foi manchada pelo pecado, mas não ao extremo de não podermos cooperar com a graça de Deus, mediante os nossos próprios esforços. 

3. Calvinismo. É também chamado de Monergismo, pois defende que a salvação é uma obra realizada unica e exclusivamente por Deus, sem qualquer cooperação do esforço humano. É chamada de Calvinismo, pois foi ensinada pelo teólogo e reformador francês, João Calvino. 


O Calvinismo se resume em cinco pontos, denominados pelo acrônimo TULIP, referentes às iniciais desses pontos em inglês:

  1. Depravação total. Como resultado da queda de Adão, toda a raça humana foi afetada e é incapaz de salvar-se, inclusive de decidir se quer ser salvo.

  2. Eleição incondicional. Deus, na eternidade passada, elegeu algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação.

  3. Expiação limitada. Deus determinou que Cristo morreria apenas pelos eleitos. Todos a quem Deus elegeu e por quem Cristo morreu, serão salvos.

  4. Graça irresistível.  Aqueles a quem Deus elegeu, Ele chama a si mesmo através da graça, sem que o homem possa recusar. 

  5. Perseverança dos santos. Aqueles a quem Deus elegeu e atraiu a Si mesmo através do Espírito Santo irão perseverar na fé. (Uma vez salvo, salvo para sempre). 

4. Arminianismo. Sistema de Teologia formulado por Jacob Armínio, teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. É também conhecido como Sinergismo e defende que, de alguma forma, o homem coopera na obra da salvação. Entretanto, é importante esclarecer que, embora os arminianos sejam sinergistas, nem todos os sinergistas são arminianos. Há muitos que são hereges, como os pelagianos e os semipelagianos. 


Armínio também resumiu a sua soteriologia em 5 pontos:

  1. Capacidade humana, Livre-arbítrio. Embora todos sejam pecadores e incapazes de se salvarem a si mesmos, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece a todos (por meio da Graça Preveniente).

  2. Eleição condicional. Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo, com base em sua presciência.

  3. Expiação ilimitada. Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;

  4. Graça resistível. Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;

  5. Decair da Graça. Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.


Nós da Assembleia de Deus seguimos o ponto de vista arminiano. Muitas pessoas confundem o calvinismo com o cessacionismo. Mas é importante esclarecer que não são a mesma coisa. Há calvinistas que são pentecostais, como a Igreja Presbiteriana Renovada e há arminianos que não são pentecostais, como as Igrejas Batistas tradicionais.


2. A promessa é para todos os salvos. Muitas Igrejas históricas e reformadas, ensinam que a promessa do batismo no Espírito Santo era apenas para a Igreja do primeiro século e que os dons cessaram com a morte do último apóstolo. Por isso, são chamados de "cessacionistas". Entretanto, diferente do que ensinam os cessacionistas, esta promessa é para todos os salvos, em todas as épocas da Igreja. Vejamos o que disse o apóstolo Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39). 


Não há nenhum fundamento bíblico, para afirmar ou mesmo supor que a manifestação dos dons do Espírito Santo se restringia aos dias apostólicos. Ao contrário, temos a promessa, através do apóstolo Pedro, descrita acima, de que esta promessa era para aqueles dias, para a geração seguinte, para os de longe e para aqueles que o Senhor ainda chamaria. 


Em sua onisciência, o Senhor Jesus sabia de antemão, que os discípulos não resistiriam às perseguições sem o poder do Espírito Santo. Por isso, recomendou que não se ausentassem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Se naquela época, o Senhor Jesus viu que era indispensável o revestimento de poder para os discípulos pregarem o Evangelho, não há nenhuma razão para pensarmos que hoje seria diferente.


3. O engano dos cessacionistas. Há muitos equívocos em relação à natureza e a abrangência do batismo no Espírito Santo. Há os que pensam que isto foi uma experiência restrita aos dias apostólicos e que cessou, com a morte do último apóstolo, que foi João. Os que pensam assim são chamados de “cessacionistas”. 


No primeiro trimestre de 2004, estudamos o tema “A Pessoa e a Obra do Espírito Santo”, com comentários do saudoso missionário finlandês, Eurico Bergstén. Na segunda lição daquele trimestre, cujo tema era: “Novo nascimento e batismo com o Espírito Santo — Experiências distintas”, Eurico Bergstén assim escreveu:


“Salvação e batismo com o Espírito Santo são bênçãos distintas. Os que foram batizados no dia de Pentecostes já eram salvos. Jesus fez esta declaração quando disse: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20). Além disso, delegou responsabilidades a eles que são próprias de salvos, tais como: o convite para que o ajudassem a pregar o evangelho, autoridade para que expulsassem demônios e curassem enfermos e, a ordem para que aguardassem o revestimento de poder caracterizado pela descida do Espírito Santo sobre eles com evidências como outras línguas e fogo.”


Fica claro, portanto, que o batismo no Espírito Santo se distingue do Novo Nascimento, que o Espírito Santo opera no interior do ser humano que recebe a Cristo como Senhor e Salvador. Nós, os pentecostais, somos continuístas, pois cremos que tanto o batismo no Espírito Santo, como a manifestação dos dons espirituais são ações contínuas do Espírito Santo na vida da Igreja, até a volta de Cristo. Cremos também, com base nas páginas do Novo Testamento, que o batismo no Espírito Santo é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo ao crente, que ocorre após a sua salvação. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

PEARLMAN, Myer. Marcos, O Evangelho do Servo de Jeová. Editora CPAD. 6 Ed. 2006. pág. 15-16.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 184.

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas/Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 638-639.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 23.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD, págs. 189-192. 


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas. 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: O AVIVAMENTO NA VIDA DA IGREJA


Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição estudaremos sobre o avivamento na Igreja Primitiva. Este avivamento concedeu à Igreja de Jerusalém, ousadia e poder de Deus para pregar o Evangelho, diante de intensa perseguição, operando sinais e maravilhas por onde passavam. Depois deste revestimento de poder, a Igreja em Jerusalém nunca mais foi a mesma. Os discípulos não temiam prisões e mortes e falavam ousadamente da Palavra de Deus, mesmo sob constantes ameaças. Por outro lado, o Espírito Santo realizava sinais extraordinários através deles. 


Diferente do que ensinam os cessacionistas, esta promessa é para todos os salvos, em todas épocas da Igreja: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39). Não há nenhum fundamento bíblico, para afirmar que a manifestação dos dons do Espírito Santo se restringia aos dias apostólicos. Ao contrário, temos a promessa, através do apóstolo Pedro, descrita acima, de que a promessa era para aqueles dias, para a geração seguinte, para os de longe e para aqueles que o Senhor ainda chamaria. Em sua onisciência, o Senhor Jesus sabia de antemão, que os discípulos não resistiriam às perseguições sem o poder do Espírito Santo. Por isso, recomendou que não se ausentassem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder (Lc 24.49).


No primeiro tópico falaremos sobre o Batismo com o Espírito Santo e o público-alvo. O chamado de Jesus para a Salvação envolve: a experiência da salvação, a obediência a Deus e santificação. O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, ou seja, é para quem já é salvo. Veremos ainda neste tópico que a promessa do revestimento de poder é para todos os salvos (At 2.39), em qualquer época, local ou cultura. Por isso, os cessacionistas, que são aqueles que dizem que a manifestação dos dons espirituais se restringiram aos dias dos apóstolos estão equivocados. 


No segundo tópico, falaremos a respeito do dinamismo da Igreja apostólica. A Igreja Cristã foi estabelecida por Jesus antes do Pentecostes (Mt 16.18). Entretanto, ela só foi inaugurada com a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes. Por isso, a Igreja já nasceu avivada. Depois disso, a Igreja passou a ter vida e a ser dirigida pelo Espírito Santo. A partir do Pentecostes, a Igreja passou a viver uma rotina de conversões, milagres, comunhão, orações, ensino da Palavra e temor a Deus (At 2.42). 


No terceiro e último tópico, falaremos sobre o ministério ungido para os dias atuais. É indispensável na pregação do Evangelho que haja sinais e maravilhas, como conversões de almas, batismo no Espírito Santo, expulsão de demônios e curas divinas. Isso só acontecerá se a Igreja tiver a unção do Espírito Santo. Quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho, Ele disse: “Estes sinais seguirão aos que crerem…”. (Mc 16.17). Os sinais comprovam a autenticidade do ministério por Deus. Os milagres, além de autenticar a mensagem pregada, servem também para glorificar a Cristo, não ao pregador e a denominação.


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOER, Harry R. História da Igreja Primitiva. Faculdade latino Americana de Teologia. Editora Unilit.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas. 


19 janeiro 2023

UMA VIDA NA UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre o valor de uma vida na unção do Espírito. Primeiro veremos que a unção do Espírito é indispensável na vida dos obreiros do Senhor. No contexto assembleiano, os obreiros exercem muitas atividades administrativas na Igreja. Isso pode se tornar uma rotina, onde o obreiro usa simplesmente ferramentas e métodos meramente humanos. Entretanto, a Igreja do Senhor não é simplesmente uma organização. Ela é um organismo espiritual, dirigido pelo Espírito Santo. Por isso, o obreiro precisa estar em conexão com o Espírito Santo. 


Falaremos também sobre a unção do Espírito na vida do crente em particular. A responsabilidade de liderar a Igreja, foi dada por Deus aos pastores. Mas a responsabilidade de anunciar o Evangelho a toda criatura é de todos os crentes. Por isso, todos precisamos viver na direção do Espírito Santo, pois é Ele quem nos capacita para pregar o Evangelho e convence o pecador. 


1. A Unção do Espírito na Vida do Obreiro. Quando falamos de obreiro, em sentido genérico, seriam todos os que trabalham na Obra do senhor. Entretanto, o termo é usado no meio evangélico, para designar aqueles que foram separados para exercerem cargos ministeriais de qualquer natureza, seja pastor, evangelista, presbítero, diácono ou cooperador. O comentarista usa a palavra obreiro para se referir especificamente ao ministério pastoral. 


O  pastor é líder espiritual da Igreja; é aquele que tem a função principal de apascentar as ovelhas do Senhor. (1 Pe 5.2). No Novo Testamento equivale a bispo, ancião ou presbítero (At 20.17,18). No contexto das Assembléias de Deus diferencia-se do presbítero nas funções ministeriais. Um pastor na Assembleia de Deus não é apenas um líder espiritual. Ele tem também a função de administrador da Igreja. (1 Pe 5.1-3). É um ministro do Evangelho e é um cargo convencional.


Estas funções administrativas e convencionais exigem muito tempo, preocupação e trabalho do pastor. Muitos acabam se esgotando, se decepcionando, ou mesmo caindo na rotina, como se liderar uma Igreja fosse a mesma coisa de administrar uma empresa, com fins lucrativos. Isso acaba prejudicando a espiritualidade da Igreja e do próprio pastor. 


O pastor deve ter sempre em mente que ele foi chamado por Deus, para pastorear a Igreja de Deus. Esta é a função bíblica do pastor. Os apóstolos delegaram as questões administrativas e de assistência social aos diáconos, enquanto eles iriam se dedicar à oração e à Palavra de Deus (At 6.1,2). No contexto atual, em que a Igreja é uma pessoa jurídica e precisa ter a sua diretoria constituída, se faz necessário ter pessoas para exercerem as funções administrativas, financeiras, construções de templos, etc. No nosso modelo de administração eclesiástica, que é o assembleia ou episcopal, estas funções ficam sob a responsabilidade dos pastores. Eles podem até delegar a outras pessoas, mas precisarão supervisioná-las. Por conta destas multifunções, muitos pastores já não têm tempo para oração, preparações de estudos bíblicos e até para cultuar a Deus. Há pastores que nos horários dos cultos estão sempre em reuniões administrativas ou viajando. 


Para ser bem sucedido na liderança de uma Igreja, o pastor deve manter a comunhão com o Espírito Santo, através da oração e ter em mente que a Igreja é do Senhor e é o Espírito Santo que a conduz. Portanto, o pastor deve sem se manter na dependência de Deus e receber dele as orientações para as medidas que deve adotar como líder da Igreja do Senhor. Na Igreja de Antioquia havia vários profetas e mestres da Palavra, entre eles,  Saulo e Barnabé. O ambiente ali era espiritual. Eles buscavam a Deus com oração e jejum. Em uma destas reuniões, o Espírito Santo ordenou que separassem Barnabé e Saulo, para uma obra que Ele havia designado. A liderança da Igreja reunida em oração e jejum, impuseram as mãos sobre eles e os enviaram para a Obra missionária. Isso nos ensina que o trabalho da Igreja é conduzido pelo Espírito Santo e que as decisões da liderança da Igreja devem ser tomadas mediante a oração e comunhão com Deus. 


2. A Unção do Espírito na Vida do Crente. Conforme falamos no subtópico anterior, os pastores têm a responsabilidade de liderar a Igreja de e Cristo e, para isto, devem viver uma vida de comunhão com o Espírito Santo e buscar dEle a direção para a Igreja. Entretanto, viver sob a direção do Espírito Santo não é exclusividade dos obreiros. Todos os crentes precisam ser cheios do Espírito Santo e fazer a Obra do Senhor. 


Quando Jesus disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.15), Ele deu esta ordem a todos os seus discípulos e não apenas aos apóstolos. Da mesma forma, a promessa do revestimento de poder para ser testemunha de Cristo, foi dada a todos e não apenas à liderança da Igreja. Pedro, em sua primeira Epístola, assim escreveu: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2.9). Esta afirmação foi dirigida à Igreja em geral e não à liderança. 


Todos os crentes necessitam do poder do Espírito Santo em sua vida, para vencer as tentações, suportar as provas e perseguições, e ter ousadia e sabedoria do Espírito Santo, para proclamar as boas novas de salvação. Na Antiga Aliança, a unção era restrita aos reis, sacerdotes e profetas, como vimos no primeiro tópico. Entretanto, quando Jesus deu o brado na Cruz e expirou, o véu do templo se rasgou de alto a baixo. A partir dali, todos os crentes em Jesus tem acesso direto à presença de Deus e podem ser ungidos pelo Espírito Santo para fazer a obra do Mestre. O cristão não precisa de mediadores humanos, somente de Jesus (l Tm 2.5), para ter acesso à presença de Deus (Hb 10.19,20).


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E.; TRIPLERT, Loren; EASTMWN, Dick; BARNETT, Tommy; CRABTREE, Charles T.; BUENO, John BICKET, Zenas J.; CARMICHAEL, Nancie. Manual Pastor Pentecostal Teologia e Práticas Pastorais. 3 Ed. 2005. pag. 7.

HORTON, Stanley M. Série Comentário Bíblico I e II Pedro. A razão da nossa fé. Editora CPAD. pag. 30-31.

LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. Editora Hagnos. pág. 73-75.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


VENCENDO OS DIAS MAUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Como se conduzir na caminhada)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos alguns conselhos do apó...