30 dezembro 2022

A NECESSIDADE DE UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL (Ag 2.5-9)


(Comentário do 3º tópico da Lição 1: Avivamento espiritual). 

No terceiro tópico desta lição, falaremos da necessidade de um avivamento espiritual com base no texto de Ageu 2.5-9. Por causa da desobediência, mesmo com muitas advertências, o povo de Judá foi entregue ao cativeiro babilônico. Após setenta anos de cativeiro Deus levantou Ciro para livrar o povo do cativeiro e autorizar a reconstrução do templo. Falaremos também dos dias de Neemias, quando o povo foi autorizado a voltar à sua terra e reconstruir o templo. Muitos se acomodaram no cativeiro e não quiseram voltar. Outros voltaram, mas queria cuidar da própria vida e não do templo. Foi preciso Deus levantar Ageu e Zacarias para trazer um despertamento. Atualmente também precisamos de um despertamento espiritual em nossas Igrejas, no Brasil e em vários países do mundo. 


1. A situação espiritual de Judá. Neste ponto, o comentarista toma como exemplo de avivamento, os dias do profeta Ageu, que foi o primeiro dos profetas que falaram aos judeus após o retorno do cativeiro babilônico. Estes profetas são chamados de "profetas pós-exílicos" e são três: Ageu, Zacarias e Malaquias. Estes profetas foram usados por Deus para promover um despertamento do povo de Judá, que encontrava-se profundamente desanimado para a reconstrução do templo de Jerusalém. 


Temos poucas informações sobre o profeta Ageu, pois ele só é citado fora do seu livro em Esdras 5.1 e 6.14. Alguns eruditos o consideravam membro da classe sacerdotal. Ele profetizou por cerca de quatro meses, no sexto mês, do segundo ano do rei Dario (Ag 1.1), que não é o mesmo de Daniel 6. Este Dario dos dias de Ageu, iniciou o seu reinado em 522 a. C. Portanto, Ageu profetizou entre agosto e dezembro do ano 520 a.C. O texto de Ageu 2.3, indica que Ageu nasceu antes da destruição do templo de Salomão, que aconteceu em 586 a.C.  


O contexto em que Ageu profetizou foi de total desânimo e desilusão do povo. O Reino do Sul havia sido devastado pelos babilônios, que destruíram a cidade e o templo e levaram a maioria do povo para o cativeiro, que durou 70 anos. Os idosos e deficientes que ficaram na terra de Judá, ficaram num situação deplorável de miséria. Após 70 anos de cativeiro, Deus cumpriu a promessa de trazer o povo de volta à sua terra, como veremos no próximo subtópico. 


2. Deus usa Ciro para libertar Israel do cativeiro. Um fato muito importante a ser destacado é que cerca de 100 antes de Ciro nascer, Deus usou o profeta Isaías para fazer promessas a respeito dele, citando o seu nome e chamando-o de "meu ungido". (Is 45.1-3). Isso fez os céticos negarem que o Livro tenha sido escrito por Isaías e insinuarem que teria sido escrito posteriormente. 


Ciro não pertencia ao povo de Israel e assumiu o reinado da Pérsia em 550 a.C. e governou até 530 a.C. Em 539 a.C., Ciro conquistou a Babilônia e, logo no início do seu reinado, tomou conhecimento destas profecias a seu respeito. Sendo assim, no primeiro ano do seu reinado como imperador, em 538 a.C., Ciro emitiu um decreto autorizando os judeus a retornarem a Jerusalém e edificarem o templo (Ed 1). 


Muitos judeus voltaram para reconstruir o templo com Zorobabel e outros com Neemias, mas devido à oposição dos samaritanos e outros inimigos de Judá, inclusive com acusações falsas, a obra ficou paralisada por 16 anos. Após as profecias de Ageu e Zacarias, Deus despertou o governador Zorobabel, como líder político, e o sumo sacerdote Josué, como líder religioso, e o templo finalmente foi concluído em 516 a.C. 


3. A necessidade de um avivamento espiritual. Atualmente vemos muitos movimentos, campanhas e congressos falando de avivamento e fogo. Mas a realidade é quando é que as Igrejas Evangélicas de um modo geral, não apenas no Brasil, mas em vários lugares do mundo, encontram-se em um situação de comodismo, frieza espiritual, secularismo e, em alguns casos, até de apostasia. Isso já vem acontecendo há muito tempo, mas ficou mais evidente com a pandemia. Mesmo após a reabertura dos templos, muitos crentes não retornaram. Outros se tornaram desigrejados e não querem saber de congregar. 


Mesmo entre os que estão frequentando os templos, o comodismo, a falta de compromisso e de fervor estão por toda parte. Há ainda os que são "evangelicos nominais", que são crentes domingueiros, que vem ao templo uma vez por semana (quando vem!), mas fora do templo não vivem como cristãos verdadeiros. Muitos ditos cristãos da atualidade tem comportamentos iguais ou pior do que os de fora. O número de divórcios dentro da Igreja já se assemelha ao dos que não são evangelicos; a adultério, a fornicação e os escândalos se multiplicam entre líderes e celebridades do meio gospel. 


Na Europa, templos de Igrejas históricas, que no passado foram palcos de grandes avivamentos, são vendidos para cinemas, cassinos e boates. Para muitos analistas, a Europa hoje já é considerada pós-cristã. Os Estados Unidos, uma nação de origem evangelica, que o berço do Movimento Pentecostal e foi celeiro de muitos missionários no passado, hoje vê o número de cristãos diminuir a cada ano. Uma pesquisa do Instituto Gallup mostrou que em 2020 o número de americanos que são membros formais de igrejas era de 49%. Na primeira amostragem dessa pesquisa, feita em 1937, a população evangélica no país era de 70%. Dados recentes mostram que o número de Igrejas que foram fechadas e bem maior do que as que foram abertas. 


Necessitamos urgente de um poderoso avivamento em nossas Igrejas e no nosso país. Mas isso não virá de homens, ou através de métodos humanos. Atentemo-nos para as condições apresentadas por Deus a Salomão: humilhação, oração e busca pela presença do Senhor e conversão sincera dos pecados. Somente assim, o Espírito Santo trará sobre nós um avivamento para varrer dos nossos arraiais toda frieza espiritual, nos santificar e nos conceder ousadia para cumprir a missão que o Senhor nos ordenou: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. (Mc 16.15). 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag.

LOPES, Hernandes Dias. OBADIAS E AGEU: Uma mensagem urgente de Deus à igreja contemporânea. Editora Hagnos. pag. 69-74.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 423-424.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pag.752.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pag. 175.

HORTON, Stanley M. Avivamento Pentecostal: As origens e o futuro do maior movimento espiritual dos tempos modernos. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.09.


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Ev. Weliano Pires



29 dezembro 2022

AS CONDIÇÕES PARA O AVIVAMENTO ESPIRITUAL (2 Cr 7.13-17)

(Comentário do 2º tópico da Lição 1: Avivamento espiritual). 

Neste segundo tópico falaremos sobre as condições para que o avivamento aconteça, que são uma crise, humilhação diante de Deus, oração busca pela face do Senhor e  conversão sincera. Se fizermos isso, o caminho estará preparado para que Deus produza o avivamento. O comentarista não cita aqui o conhecimento da Palavra de Deus como condição para o avivamento. Talvez porque não aparece no texto de 2 Crônicas 7.14. A busca pela Palavra de Deus é a primeira condição para um autêntico avivamento, pois é através da Palavra de Deus que conhecemos a adquirimos a fé.  Na lição 2, ele explica isso com mais detalhes. 


1- Uma crise. No tópico anterior vimos a definição de avivamento e que uma pré-condição para que ele aconteça é uma crise. Diante de uma crise, a tendência das pessoas que não temem a Deus é entregar-se ao medo, ao desespero e se revoltar contra Deus. Entretanto, no caso das pessoas que conhecem a Deus, o Senhor pode usar esta crise para levar o povo a buscá-lo. Sendo assim, uma crise torna-se uma condição para que o avivamento aconteça.


Com base no texto de 2 Crônicas 7.14, o comentarista apresenta quatro condições para que aconteça um avivamento: a crise, a humilhação, a oração e busca pela face do Senhor e uma conversão sincera  dos pecados. Quando Salomão inaugurou o templo de Jerusalém, por volta de 1004 a.C., ele fez uma longa oração a Deus. A glória de Deus se manifestou e o Senhor lhe respondeu, dizendo que havia ouvido a sua oração e que escolhera aquele templo para lugar de sacrifício. Em seguida, o Senhor falou da possibilidade dele fechar os céus para que não houvesse chuvas, ordenar os gafanhotos para que consumissem tudo e enviar pestes sobre o povo (2 Cr 7.13). 


Esta seria uma situação caótica, pois destruiria a economia e a saúde do povo. Uma situação assim, seria semelhante ao período de pandemia que nós atravessamos recentemente. O Senhor permite que crises assim aconteçam para que o seu povo desperte para buscá-lo e promete responder. Infelizmente, mesmo em crises desse tipo, muitas pessoas não buscam a Deus. Alguns ainda murmuram e querem culpá-lo pelas crises. Mas a Bíblia diz: "De que se queixa o homem? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados". (Lm 3.39). Em tempos de crise, precisamos identificar o tipo de crise que estamos atravessando. Há crises que são permissão de Deus para nos trazer para perto dele. Outras são consequências de ações impensadas ou decisões erradas, nossas ou de outras pessoas. O apóstolo Paulo disse que tudo aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7). 


Seja qual for a origem da crise, o primeiro passo para sair dela é buscar a Deus, como veremos a seguir. Os avivamentos ao longo da história tiveram início em meio a grandes crises espirituais, econômicas, revoluções, violências e inquietações sociais. Em momentos difíceis, servos do Senhor como Charles Finney, John Wesley, Moody, Jonathan Edwards, William Seymour e muitos outros, se dispuseram a buscar a Deus e vieram avivamentos da parte de Deus. Aliás, é importante lembrar que todo avivamento genuíno é realizado por Deus e não por avivalistas e pregadores. Muitos destes homens de Deus foram, inclusive, duramente criticados e incompreendidos até pelas lideranças da Igreja da sua época, acostumados à frieza espiritual e ao formalismo. 


2- Humilhação diante de Deus. Diante de crises permitidas por Deus, a primeira condição colocada por Deus a Salomão para que venha a resposta divina é a humilhação: “...Se o meu povo, que se chama pelo meu Nome, se humilhar…”. Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas. Ele é soberano, onipotente, onipresente e onisciente. Sendo assim, Ele não depende de nada e de ninguém para agir. Ele cria as próprias leis e não deve satisfação dos seus atos a ninguém. Diante deste Deus, cabe ao ser humano reconhecer a própria pequenez e insignificância e prostrar-se diante do Deus Todo-poderoso, humilhar-se e pedir misericórdia. 


Sempre que o povo de Israel estava em apuros por causa do pecado e se humilhava, Deus os socorria e dava vitória. Esta recomendação de se humilhar diante de Deus é dada também à Igreja. O Senhor Jesus falou aos seus discípulos que aprendessem dele , que é “manso e humilde de coração”. (Mt 11.29). O apóstolo Pedro assim recomendou aos crentes:  “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte”. (1Pe 5.6). Tiago também deu orientação semelhante: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.” (Tg 4.10). É importante esclarecer que humildade não é sinônimo de pobreza ou de andar maltrapilho. Nem todos os pobres humildes e nem todo rico é soberbo. Há pessoas que têm uma falsa humildade e chegam até a “se orgulhar da própria humildade”. 


A palavra humildade vem do grego “tapeinos” e está relacionada ao senso de insignificância em relação a si mesmo, total dependência de Deus e preocupação altruísta e ausência de arrogância e petulância. Ser humilde é submeter-se a Deus, sem orgulho religioso. A Bíblia diz que “Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes” (Tg 4.6). Jesus contou a parábola de um fariseu e um publicano, que foram ao templo orar. O fariseu, cheio de orgulho e autojustificação, orava agradecendo a Deus pelas próprias qualidades que ele julgava ter: não era como os demais, dava o dízimo , jejuar duas vezes por semana e orava três vezes ao dia. O publicano, por sua vez, não ousou erguer a cabeça diante de Deus e, de longe, batia no peito dizendo: tem misericórdia de mim, que sou um pecador. Jesus disse que o publicano foi justificado e o fariseu não,  “porque qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado,e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Lc 18.14). 


Em nossa geração tem muitos crentes que, influenciados pela teologia da prosperidade, acham que possuem “direitos” diante de Deus, “que tem créditos no Céu” e, arrogantemente, dão ordens, decretam e exigem que coisas aconteçam. Alguns chegam a fazer ameaças a Deus, dizendo que se Ele não fizer o que eles ordenam, rasgam as suas Bíblias e deixam de pregar. Quanta estupidez e arrogância! Deus é soberano e não se submete a ordens e caprichos de suas criaturas. Há inúmeros exemplos de soberbos que foram abatidos por Deus: Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor, Herodes, etc. 


3- Orar e Buscar a face do Senhor.  Depois da humilhação, o Senhor mostra a próxima condição que é a oração: “Se o meu povo […] se humilhar e orar…”. A oração é uma necessidade na vida do crente, diante das lutas, perseguições e dificuldades que ele enfrenta nesta vida. Por outro lado, a oração é um grande privilégio, pois, é através dela que nos comunicamos com o nosso Deus. O próprio Deus recomendou em vários textos ao seu povo para clamarem a Ele e prometeu responder. Um dos mais conhecidos é Jeremias 33.3, onde o Senhor diz: “Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes.” No Novo Testamento também há várias recomendações para a Igreja orar. O apóstolo Paulo exortou aos Tessalonicenses: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Aos Efésios, o mesmo apóstolo disse: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). 


Não há possibilidade de haver avivamento sem oração. Infelizmente, em nossos dias, os trabalhos de oração são pouco frequentados. Até mesmo no início dos cultos, no momento da oração, vemos várias pessoas sentadas, conversando ou manuseando celulares, inclusive obreiros. Outros só chegam depois que a oração termina. Se não oram no templo, que é o local destinado exclusivamente ao culto a Deus, imagine em suas casas! Por outro lado, as festividades, onde há a presença de “celebridade gospel", quem não chegar cedo não encontra lugar. Nestas festividades, pessoas que nunca estão presentes na oração fazem muito barulho e simulam estarem “avivadas”. Porém ao acabar o evento, o avivamento vai embora. 


Junto com a oração, o Senhor diz que é preciso “...buscar a minha face”. “ Buscar a face do Senhor vai muito além de apenas fazer oração com os lábios. Significa buscar a sua presença de forma intensa. Deus falou para Abraão: “...anda em minha presença e sê perfeito.” (Gn 17.1). Enoque andou com Deus por 300 anos e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou. (Gn 5.24). Moisés rogou a Deus que a sua presença fosse com ele: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.” (Ex 33.15). Precisamos buscar a Deus não apenas pelo que Ele pode nos oferecer. É preciso buscar a sua presença e andar com Ele. Para andar com Deus, no entanto, precisa estar de acordo com os seus princípios, pois não andarão dois juntos, se não estiverem de acordo (Am 3.3). Somente assim o avivamento virá. 


4- Conversão sincera dos pecados. A última condição para o avivamento é a conversão sincera dos pecados: “Se o meu povo […] se converter dos seus maus caminhos”. Quando falamos de conversão e arrependimento nos referimos a mudança de direção. Se houver humilhação, oração e busca pela presença de Deus, mas não houver abandono do pecado, a resposta de Deus não virá. Deus falou através do profeta Isaías: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar e o seu ouvido não está agravado para não poder ouvir. Mas os vossos pecados fazem divisão entre vós e o vosso Deus” (Is 59.1,2). Deus é absolutamente santo e não pode compactuar com a iniquidade. 


Todos os avivamentos, tanto na Bíblia como na história da Igreja, foram precedidos de confissão e abandono do pecado. Não pode haver avivamento onde o pecado é praticado livremente. Infelizmente, vemos em nossos dias, pseudo avivamentos, onde as mesmas pessoas que supostamente estavam “avivadas” em uma festividade na Igreja, praticando abominações ao saírem do local. Há alguns anos, um líder da Igreja em Camboriú-SC, que promovia anualmente congressos de missões com a presença de vários pregadores e cantores famosos, declarou publicamente que, pregadores pregavam lá e ele sentia o cheiro de bebidas alcóolicas no púlpito. Outros, segundo ele, saíam dos congressos e iam para motéis com cantoras também evangélicas. Mas durante as suas pregações e cânticos, sapateavam e faziam barulho. Ora isso é abominação ao Senhor! Santidade convém ao povo de Deus. Se continuarmos na prática do pecado, não haverá avivamento genuíno, haverá apenas teatro e fingimentos. 


5- Um caminho preparado. Um grande equívoco do calvinismo é achar que Deus faz tudo sozinho e o ser humano é uma espécie de marionete nas mãos de Deus. Este texto de 2 Crônicas 7.4 deixa claro que Deus faz a parte dele, mas coloca várias condições para que isso aconteça. Deus prometeu ouvir a oração, perdoar os pecados e sarar a terra, desde que haja humilhação, oração, busca pela sua presença e conversão dos pecados. É evidente que o ser humano por si mesmo não é capaz de fazer tudo isso sozinho. Mas ele precisa querer e dar espaço para o Espírito Santo agir em seu interior, levando-o ao quebrantamento e à conversão. Nesse sentido, o Espírito Santo diz: "Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração". (Hb 3.7).


Se fizermos a nossa parte, conforme a orientação de Deus dada a Salomão, o caminho estará preparado para o avivamento. Aquele que prometeu é fiel. Jesus antes de subir ao Céu, ordenou aos seus discípulos, que ficassem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder. Mais de 500 pessoas viram o Senhor ressuscitado. Mas, no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu, só haviam 120. Isto significa que a grande maioria dos que ouviram a promessa não perseveraram na oração, para receber a promessa do Pai. Se quisermos um avivamento para a nossa Igreja e que Deus salve a nossa nação, o segredo é perseverar na humilhação, oração, busca pela presença de Deus e santidade. A resposta de Deus virá. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

DUEWEL, Wesley L. Fogo do avivamento: O avivamento de Deus através da história e sua aplicação para hoje. Editora Hagnos. Ed. 2015.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 707.

SELMAN, Martin J. Introdução e Comentário 1 e 2 Crônicas. Editora Vida Nova. pág. 269-270.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

PFEIFER, Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. 2 Crônicas. Editora Batista Regular. pág. 16.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 707.


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Ev. Weliano Pires

28 dezembro 2022

O QUE É AVIVAMENTO ESPIRITUAL

(Comentário do 1º tópico da Lição 1: Avivamento espiritual). 


Neste primeiro tópico, falaremos sobre a definição de avivamento. O avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. É uma intervenção de Deus, que só acontece quando alguém se dispõe a buscar a Deus e dá espaço para o Espírito Santo operar. Falaremos também sobre a pré-condição para que o avivamento aconteça.  


1. O que é Avivamento. Apesar de ser bastante usado no meio evangélico, o avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. Conforme pontuou o nosso comentarista no Livro de apoio, não há uma definição para palavra avivamento nos dicionários bíblicos. Entretanto podemos nos valer da definição apresentada no dicionário da língua portuguesa, que traz o seguinte: “Avivamento é o ato de “tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar, tornar-se mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se, tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais ativo (diz-se de fogo, brasa etc.), tornar mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). 


Na Bíblia a palavra avivar só aparece uma única vez, no texto de Habacuque 3.2, que deu origem ao tema do nosso trimestre: “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira, lembra-Te da misericórdia.” A palavra hebraica traduzida por “Aviva”, é “chayah”, que significa “viver, fazer viver, manter vivo, viver prosperamente, viver para sempre, sustentar a vida, ser rápido, ser restaurado para a vida ou para a saúde”. Portanto, quando falamos de avivamento, estamos nos referindo a manter vivo, fazer viver, despertar, restaurar. 


O pastor Claudionor de Andrade dá as seguintes definições teológicas para o avivamento espiritual: 

  • É o retorno aos princípios que caracterizavam a Igreja Primitiva. 

  • É o retorno à Bíblia como a nossa única regra de fé e prática. 

  • É o retorno à oração como a mais bela expressão do sacerdócio universal do cristão. 

  • É o retorno às experiências genuínas com o Cristo, sem as quais inexistiria o corpo místico do Senhor. 

  • É o retorno à Grande Comissão, cujo lema continua a ser: “…até aos confins da terra…”. 

  • O avivamento, enfim, é o reaparecimento da Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus.


Precisamos sempre ter em mente que avivamento espiritual é uma obra divina. Nenhum ser humano, por mais piedoso que seja, é capaz de avivar uma Igreja, ou a si mesmo. O avivamento é o resultado da busca por Deus. À proporção que nos dispomos a buscar a Deus de todo o nosso coração, o Espírito Santo nos move para fazer a sua obra com ousadia e intrepidez.


Um avivamento só é verdadeiro se conduzir a Igreja ao evangelismo, missões, discipulado e santidade. Um crente ou uma Igreja, que foram avivados pelo Espírito Santo, jamais permanecerão na indiferença ou letargia. Um verdadeiro avivamento produz transformações profundas não apenas na vida do crente ou de uma Igreja. A sociedade em que ele vive também é impactada. Certamente, Jerusalém não foi a mesma depois do Dia de Pentecostes. Samaria também não, depois da chegada de Filipe, o evangelista.


2- A pré-condição para o avivamento. Depois de falar sobre a definição de avivamento, o comentarista coloca uma pré-condição para que aconteça uma avivamento. Para isso, ele usa como base o versículo anteriores ao conhecido texto de 2 Crônicas 7.14, que diz: 'E se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar e se converter dos seus maus caminhos, Eu ouvirei dos Céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra." No versículo anterior, o versículo 13, Deus se coloca como o agente destas crises nacionais: "Se eu cerrar os céus, e não houver chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo”. É do interesse de Deus, que o seu povo se volte para Ele e, por isso, Ele permite muitas vezes que passemos por crises e dificuldades, para entendermos que sem precisamos voltar ao primeiro amor, como disse Jesus à Igreja de Éfeso (Ap 2.4). 


Nesse caso de Israel, nos dias de Salomão, a crise mencionada era de natureza atmosférica e econômica. Era uma sociedade que, em sua grande maioria, vivia da agropecuária em suas formas primitivas e eram totalmente dependentes das chuvas. Se Deus não mandasse chuvas, a morte dos animais e a fome eram inevitáveis. Haja vista o que houve nos dias de Elias, que passou três anos e meio sem chover e havia fome por todos os lados. 


Pode haver também crises de natureza moral, política e econômica, como resultado do afastamento e indiferença do povo de Deus. Muitos países que no passado foram prósperos e bem estruturados como os Estados Unidos e muitos países da Europa, hoje se encontram em decadência moral, espiritual, familiar, política e econômica, porque abandonaram os valores cristãos. Entretanto, é importante destacar que não é Deus que produz esse tipo de crise, como dizem os calvinistas. Isso é o resultado do afastamento de Deus. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 39-41.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1654.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

Avivamento Pentecostal, CPAD, 1997, pp. 69-79.


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Ev. Weliano Pires

27 dezembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 1: AVIVAMENTO ESPIRITUAL




Neste novo ano, em 2023, a CPAD lançou um tema de suma importância para a Igreja atual, que é o Avivamento Espiritual. Apesar de se falar muito sobre avivamento nos últimos anos, especialmente nas Igrejas pentecostais e neopentecostais, o fato é que a maioria dos crentes não sabe o que é avivamento. Muitos confundem avivamento com dons espirituais, barulho e até com coisas bizarras que acontecem por aí. Por isso, neste trimestre estudaremos o conceito de avivamento espiritual, vários exemplos de avivamentos genuínos, que ocorreram no Antigo Testamento, no Novo Testamento e na história da Igreja ao longo dos séculos.


O comentarista deste trimestre é o Pr. Elinaldo Renovato de Lima, presidente da Assembleia de Deus em Parnamirim/RN; bacharel em Teologia e Economia; mestre em Administração; articulista dos periódicos da CPAD; comentarista de Lições Bíblicas há vários anos e autor de vários livros publicados pela CPAD como: Ética Cristo, Os Perigos da Pós-Modernidade, Dons Espirituais e Ministeriais, Células Tronco, Tempos Bens e Talentos, O Caráter do Cristão, O Final de Todas as Coisas, A Família Cristã e os Ataques do Inimigo, Comentário Bíblico Colossenses, Deus e a Bíblia, As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais, entre outros. 


Nesta lição introdutória, falaremos sobre o avivamento espiritual e o quanto ele é indispensável para o crescimento, desenvolvimento e cumprimento da missão da Igreja na terra. No período da Reforma Protestante, os reformadores foram usados por Deus para voltar à Palavra de Deus, num ambiente de apostasia generalizada e heresias absurdas, nas Doutrinas da Soteriologia, Cristologia, Eclesiologia e Bibliologia. Entretanto, deixaram de lado a Doutrina do Espírito Santo e as Igrejas caíram no academicismo e formalismo, gerando frieza espiritual. Somente a partir do Século XVIII aconteceram avivamentos na Europa, nos Séculos XVIII e XIX, nos Estados Unidos, e no Século XX chegou ao Brasil. Falaremos disso, nas lições 8 e 9. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a definição de avivamento. O avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. É uma intervenção de Deus, que só acontece quando alguém se dispõe a buscar a Deus e dá espaço para o Espírito Santo operar. Falaremos também sobre a pré-condição para que o avivamento aconteça.  


No segundo tópico falaremos sobre as condições para que o avivamento aconteça, que são uma crise, humilhação diante de Deus, oração e busca da face do Senhor e  conversão sincera. Se fizermos isso, o caminho estará preparado para que Deus produza o avivamento. O comentarista não cita aqui o conhecimento da Palavra de Deus como condição para o avivamento. Talvez porque não aparece no texto de 2 Crônicas 7.14. A busca pela Palavra de Deus é a primeira condição para um autêntico avivamento, pois é através da Palavra de Deus que conhecemos a adquirimos a fé.  Na lição 2, ele explica isso.


No terceiro tópico, falaremos da necessidade de um avivamento espiritual com base no texto de Ageu 2.5-9. Por causa da desobediência, mesmo com muitas advertências, o povo de Judá foi entregue ao cativeiro babilônico. Após setenta anos de cativeiro Deus levantou Ciro para livrar o povo do cativeiro e autorizar a reconstrução do templo. Falaremos também dos dias de Neemias, que o povo foi autorizado a voltar à sua terra e reconstruir o templo. Muitos se acomodaram no cativeiro e não quiseram voltar. Outros voltaram, mas queria cuidar da própria vida e não do templo. Foi preciso Deus levantar Ageu e Zacarias para trazer um despertamento. Atualmente também precisamos de um despertamento espiritual.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 39-41.



24 dezembro 2022

O SIGNIFICADO DO NASCIMENTO DE JESUS CRISTO

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo." (Mateus 1.18).

WELIANO PIRES

O nascimento de Jesus Cristo foi um dos maiores acontecimentos da história da humanidade. Já faz mais de dois mil anos que Ele nasceu, mas a sua história ainda é um dos assuntos mais discutidos. A história foi dividida em: antes de Cristo e depois de Cristo. Evidentemente, sabemos que Jesus não nasceu em 25 de dezembro e que o Natal atual é apenas estratégia do comércio para ganhar dinheiro. Além disso, acrescentaram várias coisas mitológicas do paganismo, como Papai Noel, árvores de natal, etc. Mas, o nascimento de Cristo é, sim, um acontecimento marcante e temos motivos para comemorá-lo. 


O nascimento do Salvador foi predito em vários textos do Antigo Testamento, com riqueza de detalhes. Imediatamente após a queda do primeiro casal, no diálogo com a serpente, temos o chamado "Proto Evangelho", que foi o primeiro anúncio do Evangelho, feito pelo próprio Deus: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3.15). Nesta profecia, Cristo é a semente da mulher que ferirá a cabeça da serpente, que é Satanás. 


Moisés também assim profetizou ao povo: "O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt 18.15). O profeta semelhante a Moisés, nesta profecia, é um anúncio da vinda do Messias para salvar a humanidade. Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, em sua pregação, citou esta profecia de Moisés, referindo-se a Cristo (At 7.37). 


O profeta Isaías, conhecido como o profeta messiânico, por ter sido o que mais profetizou a respeito do Messias, profetizou que o Messias nasceria de uma virgem e que Ele seria chamado "Emanuel", palavra hebraica que significa 'Deus Conosco': “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel".  (Is 7.14). O nascimento virginal é um milagre, pois, isto não acontece por meios naturais. 


Há uma polêmica tola, por parte dos que não acreditam no nascimento virginal de Cristo. Esta polêmica gira em torno dos termos hebraicos “almah” (jovem) e “betulah” (virgem). Os judeus ortodoxos argumentam que Isaías usou a palavra hebraica “almah”, que significa uma mulher jovem, não necessariamente uma virgem. A palavra específica para virgem, segundo estes judeus, seria “betulah”. Ora, a palavra “almah” significa, realmente, uma jovem solteira e, uma das suas características, é a virgindade. Não há nenhuma passagem bíblica, onde esta palavra se refere a uma mulher que não seja virgem. No episódio em que Abraão mandou o seu servo Eliezer buscar uma esposa para o seu filho Isaque, o servo orou desta maneira: “Eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela [almah] que sair para tirar água e à qual eu disser: Peço-te, dá-me um pouco de água do teu cântaro.” (Gn 24:43)


Outro fator importante, que corrobora a tese do nascimento virginal de Jesus é a palavra grega "pathermos" que significa uma moça virgem. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, escrita muitos anos antes de Cristo, usou a palavra grega “pathermos”, em Isaías 7.14, para traduzir a palavra hebraica "almah" usada por Isaías e que foi traduzida por “virgem” em português. Ora, será que os rabinos judeus, que traduziram a versão grega do Antigo Testamento, não sabiam que a palavra grega "pathermos" significa exclusivamente uma moça virgem e não qualquer moça jovem? 


O mesmo profeta Isaías, falando sobre o nascimento do Messias citou alguns dos títulos que nos dizem muito sobre a sua identidade: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o principado está sobre os seus ombros e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Is 9.6). Jesus é maravilhoso porque Ele é muito além do que a nossa mente pode compreender. Ele também é conselheiro, pois tem toda sabedoria e pode nos mostrar a direção certa. O  título Deus Forte indica a sua divindade. Jesus é Deus que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.1,14). Pai da Eternidade, por sua vez, indica que Jesus é eterno. Ele é antes de todas as coisas, não teve princípio e não terá fim. (Sl 90.1,4; Cl 1.17). Por último, o título Príncipe da Paz indica que Jesus é pacífico, doador da verdadeira paz e o único que pode nos colocar em paz com Deus. (Jo 14.26; Rm 5.1). 


Jesus não veio a este mundo para ser um líder político, ou mesmo um líder religioso. Ele também não veio para ser apenas um filósofo, ou um sábio com bons ensinamentos. O nascimento de Jesus significa muito mais do que isto. Significa o próprio Deus, tomando a forma humana, e vindo a este mundo para padecer por nós e pagar o preço da nossa redenção. O apóstolo João assim escreveu sobre Ele: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." (Jo 1.1-3). 


Jesus é o único mediador entre Deus, que é santo, e nós pecadores. (1 Tm 2.5). Ele veio chamar os pecadores ao arrependimento e reconciliá-los com Deus. (Lc 19.10; Mt 9.13). Desde o seu nascimento, durante toda a sua vida terrena, na sua morte, ressurreição e ascensão ao Céu, Jesus cumpriu a Lei e tudo o que a respeito dEle estava escrito. Ele ressuscitou e subiu ao Céu, mas, prometeu voltar para buscar o seu povo e, então, estaremos eternamente com Ele.  


Ora vem, Senhor Jesus!


Weliano Pires é evangelista e professor da Escola Bíblica Dominical da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos, SP. 

23 dezembro 2022

O SENHOR ESTÁ ALI

(Comentário do 3º tópico da Lição 13: O Senhor está ali).

Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o nome da cidade, que será “O SENHOR está ali”. Ao longo da sua história, Jerusalém já foi chamada por vários nomes: Salém, Jebus, Cidade de Davi, Sião e Jerusalém. No milênio, ela não será mais identificada com os pecados e abominações do passado. Mas, será chamada por um título que identifica a presença de Deus: Yahweh Shammah, que significa “o Senhor está ali”. Esta expressão aparece somente neste texto de Ezequiel e indica a onipresença de Deus. 


1- Os nomes da cidade. Os nomes das nossas cidades atualmente foram dados por diversos motivos: Uma homenagem a uma pessoa importante, padroeiros ou símbolos religiosos do passado, árvores ou rios de uma fazenda que se tornou cidade, nomes indígenas de antigas aldeias, etc. A minha cidade natal, por exemplo, chama-se Terra Nova. Este nome se deu porque ela era uma fazenda, que tinha o nome de Roça Nova. O proprietário tinha mais de uma fazenda e quando adquiriu esta, chamou de Roça Nova. A fazenda transformou-se em uma vila, já com o nome de Terra Nova e, posteriormente, em cidade. 


Nos tempos bíblicos era diferente. Os nomes das cidades eram dados de acordo com o fundador ou conquistador da cidade, alguma circunstância, características do local, ou alguma mensagem religiosa. A primeira cidade que temos notícia na Bíblia foi edificada por Caim, filho de Adão, cujo nome dado foi o nome do seu filho Enoque: “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.” (Gn 4.17). Este Enoque não era o que foi trasladado, pois aquele era filho de Jarede, da descendência de Sete, irmão de Caim. 


A segunda cidade mencionada na Bíblia é Nínive, capital da Assíria que foi fundada por Ninrode, bisneto de Noé (Gn 10.11). Não se sabe ao certo a origem do nome Nínive, mas ela foi apelidada também de “cidade dos ladrões”, porque seus moradores invadiam e despojavam outras regiões para enriquecer. Ninrode edificou também a cidade de Babel, onde tentou construir uma torre que chegasse até aos céus. Deus confundiu as línguas ali, para impedir este intento e esta cidade recebeu o nome de “Babel”, que significa “confusão”. Depois, esta cidade se tornou a grande Babilônia. 


A primeira menção à cidade de Jerusalém está no episódio da guerra entre os confederados Sinar, Elasar, Elão e Goim, contra as cidades estados de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. Abrão participou dessa guerra, para salvar o seu sobrinho Ló (Gn 14.1,2,14,15). No retorno, Melquisedeque, que era sacerdote do Deus Altíssimo e rei de Salém, foi ao seu encontro, trazendo pão e vinho. Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14.18-20). Esta cidade de Salém, cujo nome significa “paz”, tornou-se posteriormente a cidade de Jerusalém. A cidade passou pelo domínio dos jebuseus e nesse período era chamada de “Jebus” (Jz 19.10,11; 1Cr 11.4,5). Não se sabe a origem deste nome, alguns sugerem que pode ter sido o nome de um clã que habitou no local. Esta cidade foi conquistada por Davi e passou a se chamar Cidade de Davi. Era chamada também de Sião, que significa fortaleza, e é um monte onde Davi construiu a sua fortaleza (1 Rs 8.1). Depois, Jerusalém se tornou a capital de Israel. Com a divisão do Reino, passou a ser a capital apenas do Reino do Sul. 


A história de Jerusalém ficou marcada por idolatria, guerras, destruições e reconstruções. O nome Jerusalém, historicamente está ligado a isso. Mas, Deus prometeu através do profeta Ezequiel que a cidade será reconstruída, com novas medidas, novo formato e novo nome. O novo nome desta cidade no milênio será “Yahweh Shammah'', que significa “O Senhor está ali”. (Ez 48.35). Falaremos mais sobre este nome no terceiro subtópico. 


2- O nome divino. Conforme falamos no tópico anterior, o nome de uma pessoa na Bíblia é muito diferente do nome em nossos dias. Não significa apenas uma palavra de identificação pessoal. O nome na Bíblia é muitas vezes uma expressão que revela as circunstâncias do nascimento, ou características da pessoa. Com Deus não é diferente. Deus revelou na Bíblia vários nomes que revelam os seus atributos ou alguma circunstância em que Ele se mostrou aos seus servos. 


No episódio do retorno da Arca para Jerusalém, vemos a identificação de Deus como “O Nome” (heb. Ha-Shém): “E levantou-se Davi e partiu com todo o povo que tinha consigo de Baalá de Judá, para levarem dali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta entre os querubins.” (2 Sm 6.2). Em Levítico 24.11, aparece a mesma palavra na Nova Versão Transformadora: “Durante a briga, o filho da israelita blasfemou o Nome com uma maldição…” (Lv 24.11). Nestes casos, “o Nome” não se refere ao vocábulo que identifica Deus, como querem as Testemunhas de Jeová. É uma referência ao próprio Deus. 


Deus se identificou por vários nomes compostos, que revelam a sua natureza, atributos e circunstâncias em que Ele se revelou. Estes nomes são formados a partir da nome genérico “El” que significa “Deus”, ou do tetragrama hebraico יהוה (YHWH), transliterado para o português como Yahweh, Javé ou Jeová. Para evitar o uso deste nome em vão, os rabinos judeus o substituíram por ’ădhonāy que significa “Senhor”. Na maioria das versões em português, aparece a palavra SENHOR em letras maiúsculas, nas ocorrências deste tetragrama hebraico.  


Deus se revelou a Abraão como El Shadday (Deus Todo-Poderoso) (Gn 17.1). Depois, no Monte Moriá, quando Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho Isaque, revelou-se como “Yahweh Yireh” (O SENHOR proverá) (Gn 22.13,14). Aos filhos de Israel, quando mandou as pragas sobre os egípcios, Deus se revelou como Yahweh Rafá (O SENHOR que te sara) (Êx 15:26). No deserto, após a vitória contra os amalequitas, Moisés edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome de Yahweh Nissi” (O SENHOR é minha Bandeira” (Êx 17:8-15). Quando o Anjo do SENHOR apareceu a Gideão, ele ficou temeroso de morrer, pois havia visto o próprio Deus em uma teofania. O Senhor o acalmou dizendo: Paz seja contigo; não temas, não morrerás. Gideão edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome Yahweh Shalom (O Senhor é Paz) (Jz 6.23,24). O profeta Jeremias, quando falou contra os falsos pastores, disse que Deus levantaria a Davi um Renovo justo, que sendo rei, reinará, prosperará, praticará o juízo e a justiça na terra. Este Rei será chamado de Yahweh Tsidkenu (O SENHOR Justiça Nossa) (Jr 23.5,6). No conhecidíssimo Salmo 23, Davi descreve o SENHOR Yahweh Ra’ah (O Senhor é o Meu Pastor” (Sl 23.1). 


3- Yahweh Shammah (v.35). Ezequiel denominou a Jerusalém do milênio por um dos nomes compostos de Deus que é Yahweh Shammah (O SENHOR está Ali) (Ez 48:35), que é um dos sete nomes compostos de Jeová encontrados no Antigo Testamento. Este título não é necessariamente um título de Deus, mas um nome para a cidade que Ezequiel viu. Este nome fala da presença de Deus no meio do seu povo. O profeta Isaías usou a palavra "Emanuel", referindo-se ao Messias, que era o próprio Deus habitando no meio do seu povo. Hoje, nós temos a presença do Espírito Santo, que é Deus, morando em nós. No milênio, Israel irá experimentar a presença real de Deus entre eles em toda a cidade. É isso que Yahweh Shammah revela. 


A presença de Deus voltará definitivamente para o meio do seu povo e, onde Deus está, não entra nada imundo, pois Ele é santo. Por isso, na Jerusalém milenial haverá santidade em toda parte e não apenas no lugar santíssimo, como era no tabernáculo e no templo. É uma figura da Nova Jerusalém, onde o Senhor habitará com os santos e não haverá necessidade de templo, nem de sol, pois o próprio Deus estará conosco e nos iluminará. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 151-153. 

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 821, 822.

BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Editora Vida. pág. 1172-1173.

SPANGLER, Ann. Orando com os Nomes De Deus: Guia diário para uma maior intimidade com Deus. Editora CPAD. 1 Ed. 2014.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 305.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3359.


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Ev. Weliano Pires




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