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10 junho 2022

E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11)


Há um grande equívoco, mesmo entre alguns evangélicos, de pensarem que há diferença entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo Testamento. Muitas pessoas pensam que o Deus do Antigo Testamento era severo e vingativo e que o Deus do Novo Testamento é amoroso e tolerante. Talvez este pensamento seja reflexo dos ensinamentos de Marcião, um heresiarca do Século II. Marcião era natural de Sinope, uma cidade famosa cidade comercial grega, que ficava ao Sul do Mar Negro. Por volta do ano 139 d.C., tornou-se membro da Igreja de Roma e ofereceu dinheiro à igreja. As suas doutrinas, no entanto, contrariavam o cristianismo ortodoxo e em 144 d.C., ele foi afastado da comunhão e o seu dinheiro foi devolvido. Sendo rico e culto, ele tentou criar uma igreja rival e espalhar a sua doutrina por diversas partes. 


Por rejeitar o Deus do Antigo Testamento, Marcião escreveu a sua própria versão do Novo Testamento, composto apenas pelo Evangelho de Lucas e dez epístolas paulinas, excluindo também as epístolas pastorais. Marcião ensinou muitas heresias e em sua concepção, o Antigo Testamento foi feito por Demiurgo, uma espécie de deus “justo e iracundo”, que submeteu o seu povo a uma lei muito severa. Ora, isso é uma grande falácia, pois um dos principais atributos de Deus é a sua imutabilidade. Deus não muda em seu Ser, atributos, propósitos e promessas. No Salmo 90.2 assim está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” No Novo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus, assim se referiu a Cristo: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente.”  (Hb 13.8). 


1- Deus é severo? O Antigo Testamento nos mostra que Deus é bom (Sl 25.8), compassivo (Sl 86.15), misericordioso (Sl 103.8), piedoso, amoroso e benigno (Sl 145.8). Por outro lado, Deus é justo e não castiga o justo junto com o ímpio pecador (Gn 18.23). Mesmo sendo justo e santo, Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11). Deus perdoa ao pecador que se arrepende e se humilha, mesmo sendo perversos e cruéis como Acabe e Manassés (1Rs 21.29; 2 Cr 33.11-13). Falando sobre o endurecimento e a incredulidade de Israel, o apóstolo Paulo escreveu que devemos considerar “a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22). Deus é bom, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, pois Ele não muda. Da mesma forma, Ele é severo contra o pecado. Deus é bom e busca salvar a todos os pecadores. Mas é severo contra aqueles que insistem em permanecer no pecado. 


Na Epístola aos Hebreus lemos: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10.31); e: “O nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb.12.29). O apóstolo Pedro, falando sobre os falsos mestres, citou vários exemplos de pecadores que não arrependeram e falou que Deus livrou os justos e puniu os ímpios: “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados.” (2 Pe 2.9). Judas, em sua epístola, faz a mesma coisa e alerta os cristãos, citando os casos de rebeliões dos anjos, de Sodoma e Gomorra, dos egípcios que não creram, de Coré, Balaão e outros. 


2- Como Deus nos julga? Antes de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, Deus teve uma conversa com Abraão e anunciou que iria destruí-las. Abraão intercedeu por aquelas cidades e questionou se Deus iria destruir o justo junto com o ímpio e se não faria justiça, o Juiz de toda a terra. (Gn 18.23-25). Deus argumentou com Abraão que se houvesse até 10 justos. Vemos neste relato que Deus é o Supremo Juiz da humanidade e que é extremamente justo em seus julgamentos. Em vários textos bíblicos, lemos que Deus julga com retidão, justiça e equidade (Sl 9.8; Sl 72.2; Sl 96.10; Sl 98.9). 


Deus é o Criador, o Sustentador e o Juiz do Universo. Ele criou todas as coisas e estabeleceu as suas leis morais para serem cumpridas. Se as suas leis forem violadas, os infratores serão julgados e punidos. Deus também também não julga ninguém por um pecado se não houver a Lei que condene o tal pecado. “Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há transgressão.” (Rm 4.15)


Os julgamentos de Deus não se baseiam em aparências e Ele não faz acepção de pessoas. Deus também é Verdadeiro e jamais se deixa subornar ou manipular. Ele conhece e vê todas as coisas. Por isso, julga corretamente não apenas as ações, mas, também as omissões e intenções das pessoas. Deus é absolutamente santo e não julga segundo os padrões humanos. Mesmo sendo Deus justo em seus julgamentos contra o pecador impenitente, Ele é também amoroso e misericordioso. Por isso, Ele justifica o pecador arrependido, mediante a fé em Cristo. 


3 - O exemplo da justiça de Deus na vida de Davi. Nós gostamos de Davi, pelas vitórias que ele obteve, pela sua humildade e bondade para com o próximo e pelos belos Salmos que ele escreveu. Davi foi injustamente perseguido por Saul e não revidava. Teve a oportunidade de executá-lo enquanto ele dormia, mas, não o fez, dizendo que não estenderia a sua mão contra o ungido do Senhor (1 Sm 24.1-6). O próprio Deus declarou que Davi era um homem segundo o coração de Deus (Sl At 13.22).


Ser um homem segundo o coração de Deus, no entanto, não significa que ele era perfeito ou que não tenha cometido erros. Davi foi um homem que amava a Deus, estava sempre disposto a perdoar e buscava a reconciliação com os inimigos e com Deus. Entretanto, Davi cometeu dois pecados gravíssimos, que pela Lei deveriam ser punidos com a morte: Um adultério e um homicídio. Ao pecar contra o Senhor e contra o seu fiel soldado, Davi experimentou a justiça divina.


Deus amava Davi e deu testemunho dele. Também o perdoou, quando ele confessou o seu pecado e se arrependeu. Mas, não o isentou da punição pelos pecados cometidos, embora não aplicou a pena merecida, que seria a morte. Deus agiu com misericórdia para com Davi, não aplicando o que ele merecia. Mas, agiu com severidade, punindo-o pelo seu pecado, principalmente para discipliná-lo e servir de exemplo. Vejamos a sentença que Deus deu a Davi: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher. Assim diz o Senhor : Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei ao teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” (2 Sm 12.10-12).


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 214-216.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pág. 797.

POHL, Adolf. Comentário Esperança: Romanos. Editora Evangélica Esperança. 1 Ed. 1999.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 390.


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Pb. Weliano Pires



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