08 outubro 2025

O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 02: O corpo – A maravilhosa obra da criação de Deus).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da relação entre o corpo humano e a glória de Deus. Com base nas palavras de Davi, no Salmo 139, veremos que Deus é o grande tecelão do corpo humano. Na sequência, veremos que o entendimento de que foi Deus quem nos criou, livra-nos de falsas especulações e leva-nos a louvar ao nosso Criador. Falaremos também sobre dois extremos que devemos evitar, em relação ao corpo humano: o desprezo e a idolatria. Por último, veremos que em relação ao corpo, o cristão não deve se preocupar com regras e sim em seguir os princípios bíblicos. 

1. O divino tecelão. Em uma linguagem poética, o salmista assim se expressou para Deus: “Pois possuíste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe”. (Sl 139.13). A palavra hebraica traduzida neste texto na Versão Almeida Revista e Corrigida por “entreteceste” é sâkak. Esta é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados e o seu contexto determinará o seu sentido na frase: Guardar, no sentido de cercar ou trancar; bloquear ou cobrir, com o objetivo de proteger; e tecer/entrelaçar, como um tecelão faz com os fios de um tecido. 

No verso 15 do mesmo Salmo, a palavra Sâkak aparece duas vezes: a primeira com o sentido de encobrir e a segunda, com sentido de tecer como um tecelão: “Os meus ossos não te foram encobertos [Sâkak], quando no oculto fui formado, e entretecido [Sâkak] como nas profundezas da terra”. (Sl 139.15). A Bíblia de Jerusalém traduziu a palavra neste verso, respectivamente por “escondido” e “tecido”. É ao segundo caso, que nos referimos aqui. 

A fabricação de tecidos antigamente era feita de forma artesanal. O tecelão entrelaçava os fios de algodão, lã, linho ou seda, até formar um pano. Hoje, são as máquinas que fazem isso. Entendemos, portanto, que Deus é o nosso ‘tecelão’, pois, Ele criou as células, juntou as células semelhantes, que formaram os tecidos, estes formaram os órgãos e juntos formaram o corpo humano. É exatamente assim que a ciência descreve a formação dos órgãos e tecidos do feto, no ventre materno. Deus criou a matriz, que foi o primeiro casal, deu-lhes a capacidade de se reproduzirem e ordenou-lhes a multiplicação da espécie. 

2. Entendimento e louvor. A compreensão da maravilhosa obra divina na formação do corpo humano liberta-nos de toda especulação e dúvida e produz um sentimento de gratidão e louvor. Davi declarou: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Sl 139.14). No mesmo versículo o salmista usa a expressão “a minha alma o sabe muito bem”, demonstrando como a verdadeira fé produz entendimento e percepção espiritual corretos, gerando quietude interior. Quando o homem não se reconhece como obra do Criador, vive inquieto em busca de explicações sobre si mesmo e se torna vítima dos mais variados enganos, como a teoria evolucionista. Não glorifica a Deus e se perde em um mundo de idolatria e depravação (Rm 1.18-32).

Quando entendemos que somos obra das mãos de Deus, a reação natural é louvá-lo por esta obra maravilhosa, que é o nosso corpo. No Salmo 19.1, lemos o seguinte: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”. Isto significa que as coisas que Deus criou mostram a Sua glória e que há um Deus transcendente que criou tudo isso. A beleza e a grandeza das coisas criadas, testificam à humanidade da existência de Deus. 

Na mesma direção, o apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos disse que as coisas que foram criadas revelam o poder e a divindade de Deus, e os que não reconhecem isso são indesculpáveis diante de Deus: "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis." (Rm 1.20). 

O entendimento de que Deus é o Criador nos conduz a louvá-lo. O salmista prosseguiu, dizendo: Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. (Sl 139.14). Quando temos o entendimento de que Deus é o criador e sustentador de todas as coisas, só nos resta nos prostramos diante dele, reconhecendo a sua grandeza e majestade, e louvar ao Seu Santo Nome. Os ateus e agnósticos não fazem isso, não porque tem certeza ou dúvidas da existência de Deus e sim, porque são arrogantes e não querem que Deus exista. Reconhecer que Deus existe, implica em submeter-se a Ele e negar a si mesmo. 

3. O perigo dos extremos. Há dois extremos em relação ao corpo humano que devemos rejeitar, pois são contrários às Escrituras: 

a. O desprezo. Na antiguidade, várias correntes filosóficas e religiosas viam o mundo material de forma negativa e, por isso, consideravam que o corpo humano era essencialmente mau. Este dualismo estava presente no maniqueísmo, platonismo e gnosticismo. Estas correntes de pensamento tinham diferenças entre si, mas tinham em comum a idéia de que a matéria era algo ruim. Infelizmente, muitos cristãos, por desconhecerem as Escrituras, acabam reproduzindo este pensamento. 

Estas pessoas fazem confusão entre carne e corpo humano. A palavra carne na Bíblia tem vários significados e um deles é o corpo humano, como em Êx 4.7: “... E tornou a meter a mão no peito; depois, tirou-a do peito, e eis que se tornara como a sua outra carne.” A expressão “sua outra carne” é uma referência ao restante do corpo e não apenas à parte que é considerada carne. Entretanto, nos textos bíblicos, principalmente no Novo Testamento, quando a palavra carne aparece de forma negativa, refere-se à natureza pecaminosa do ser humano e não ao corpo. É nesse sentido que o apóstolo Paulo fala das obras da carne, em Gálatas 5.19-21. O corpo humano não tem nada de mau, pois, foi criado por Deus e é o templo do Espírito Santo.

b) O culto ao corpo. O outro extremo, que também não tem fundamento bíblico, é a supervalorização e idolatria do corpo humano. Na Grécia Antiga havia o culto à beleza, principalmente o corpo masculino, que era esculpido totalmente despido e exposto nos ginásios. Na mitologia grega, o personagem Narciso, admirava muito a própria imagem e teria caído em um lago, contemplando e admirando a própria imagem. Por isso, as pessoas que têm profunda admiração pela própria imagem e sentem a necessidade de se auto exibir são chamadas de narcisistas. Com o advento das redes sociais, as pessoas buscam a todo custo o exibicionismo e o elogio, a fim de inflar o próprio ego. Para isso, vivem o tempo todo tirando fotos e editando-as com uma infinidade de filtros, a fim de melhorar a própria imagem. Nem mesmo os locais de culto escapam deste exibicionismo, conforme veremos no próximo tópico.

4. Princípios ou regras? O que fazer em relação ao corpo humano? Criar um código de regras rígidas e inflexíveis, como fazem os monges e legalistas? Evidentemente, como em todas as áreas da nossa vida, o nosso corpo precisa de limites e de algumas regras para viver bem, como alimentação balanceada, exercícios físicos, descanso e acompanhamento médico. Entretanto, mais importante e mais eficiente que um monte de regras, determinando o que podemos fazer ou não, é seguir os princípios bíblicos em todas as áreas da nossa vida. 
Em relação ao nosso corpo, devemos seguir a reflexão proposta pelo comentarista neste ponto: o que fazemos com o nosso corpo glorifica a Deus, ou visa agradar a nós mesmos? Será que estamos agradando a Deus, ou estamos buscando a glorificação do nosso corpo? O que estamos fazendo com o nosso corpo visa a saúde do corpo, ou temos a pretensão de atrair os olhares? 

Exibir o corpo com o objetivo de provocar desejos sexuais nos outros é um pecado chamado na Bíblia de lascívia. Por outro lado, olhar para o corpo de uma pessoa (homem ou mulher) com desejos impuros é outro pecado chamado de impureza. Jesus deixou claro que, se um homem olhar para uma mulher com desejos impuros, cometeu adultério com ela em seu coração: “Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mt 5.28).

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