22 outubro 2025

CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 4: O Corpo como templo do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do corpo como propriedade e habitação de Deus. Inicialmente, veremos que fomos comprados por Cristo e selados pelo Espírito Santo. Estas duas doutrinas são muito importantes para o Cristianismo e é preciso compreender bem o seu significado na cultura dos tempos bíblicos. Na sequência, falaremos da pergunta do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não sabeis vós?”, a qual indica que, mesmo tendo sido instruídos por Paulo, os crentes de Corinto não compreendiam a mordomia do corpo. Por fim, falaremos da propriedade que o Espírito Santo detém sobre o nosso corpo e, como tal, deve exercer domínio sobre nós. 

1. Comprado e selado. Aqui neste subtópico, o autor fala que nós fomos comprados e selados (1Co 6.20; Ef 1.7-13). Estas duas ações de Cristo nos tornaram propriedade exclusiva de Deus. Isso fala de duas doutrinas bíblicas relacionadas à salvação: A doutrina da expiação do pecado e a doutrina da redenção. 

a) A doutrina da expiação. Refere-se ao preço pago por Cristo na Cruz para livrar o pecador da condenação pelo pecado original. A Justiça de Deus exige a punição pelos pecados cometidos, como resgate do pecador. Mas não é qualquer preço que pode libertar o pecador da pena imposta por Deus. Somente alguém que não tem nenhuma culpa poderia sacrificar-se pelos pecados e este alguém é Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Pedro disse que “não foi com coisas corruptíveis que fomos resgatados da vossa vã maneira de viver, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pe 1.18,19).

Muitos compositores, até bem intencionados, falam do sacrifício de Jesus, enfatizando tudo o que Ele sofreu por nós e dizem que aquela cruz, a coroa de espinhos e os sofrimentos eram para nós. Ora, isso é um grande equívoco, pois o valor do sacrifício de Cristo não está no sofrimento em si, pois os outros condenados que foram crucificados também sofreram da mesma forma, mas os sofrimentos deles não têm valor algum para a salvação. A importância do sacrifício de Cristo está na pessoa dele, que é o Cordeiro imaculado de Deus. 

b) A doutrina da redenção. É o ato de libertar um escravo, mediante o pagamento do seu preço no mercado. Na teologia cristã, a redenção refere-se à salvação individual do pecador que responde positivamente ao Espírito Santo e crê em Jesus. Depois de realizar a obra da expiação na Cruz com o seu próprio sangue, o Senhor Jesus oferece a possibilidade de resgate ao pecador que se entrega a Ele. Portanto, a expiação é o preço pago pela libertação do pecador e a redenção é a própria libertação. A redenção só pode acontecer se primeiro houver a expiação. 

Depois que recebemos Jesus como Senhor e Salvador, Ele colocou em nós o seu selo, ou penhor, que é a garantia de que pertencemos a Deus, pois Ele nos comprou. Naqueles tempos, os comerciantes compravam mercadorias e depois de pagar, carimbaram com o seu selo e depois voltavam para buscá-las. Isso acontecia também com os animais comprados que recebiam um sinal de propriedade do novo comprador. 

No caso da salvação, Jesus nos deu o Espírito Santo para habitar em nós como garantia de que pertencemos a Ele. O comentarista mencionou aqui o texto de João 14.16,17 e enfatizou que a expressão “habita convosco e estará em vós” indica dois estados distintos. Quando Jesus falou que o Espírito habitava com os discípulos se referiu à ação do Espírito Santo através de Cristo durante o seu ministério terreno. Já a expressão “estará em vós”, se refere à entrada do Espírito Santo para habitar em nosso ser.

2. “Não sabeis vós?”. O apóstolo Paulo fez a seguinte pergunta aos crentes de Corinto: “não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. É uma pergunta retórica, ou seja, que não precisa de resposta, pois, o apóstolo tinha certeza que os coríntios sabiam disso, pois ele próprio os ensinara por um período de um ano e meio em Corinto (At 18.11). 

Na primeira Epístola aos Coríntios, por três vezes, o apóstolo Paulo afirma que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e contrasta esta afirmação com a prática dos pecados sexuais (3.16,17; 6.17-20). Paulo fez esta afirmação em um contexto em que era inconcebível os deuses habitarem no corpo humano. Nas religiões da época, os deuses moravam muito distantes dos seres humanos (Dn 2.11; At 14.11). A concepção que eles tinham dos deuses não era de santidade, como o Deus de Israel e sim de promiscuidade, que incluía sacrifícios humanos e prostituição sagrada nos cultos. 

Corinto era considerada a capital da imoralidade sexual. Lá havia um templo dedicado à deusa Afrodite, que contava com cerca de mil prostitutas rituais que praticavam a prostituição sagrada ao por do sol. Havia também o templo do deus Apolo, que representava a virilidade masculina, com várias estátuas dele nu em várias poses indecorosas. A imoralidade era tanta em Corinto, que o verbo corintizar era sinônimo de prostituir. Alguns crentes em Corinto, mesmo após a conversão ao Evangelho, continuavam nas velhas práticas pecaminosas, as quais faziam parte da cultura daquela cidade.

3. Propriedade e domínio. Em nossos dias, algumas pessoas insistem em dizer que a vida é delas e, portanto, fazem o que tem vontade e ninguém tem nada a ver com isso. As mulheres que defendem o aborto usam o slogan “Meu corpo, minhas regras”, justificando que tem o direito de fazer o que quiserem com o próprio corpo. Entretanto, isso é um grande equívoco, primeiro porque o corpo do bebê não é uma extensão do corpo da mãe e sim um outro corpo. Segundo, porque tanto a vida quanto o corpo não nos pertencem, são propriedades de Deus. 

Foi Deus quem criou o corpo humano e deu-lhe a vida. Mesmo o corpo e a vida daqueles que não servem a Deus, pertencem a Deus, pois Ele é bom criador deles também e o doador da vida. Com relação aos que foram salvos por Jesus, pertencemos a Ele por causa da criação e também porque Ele nos comprou e nos selou com o Espírito Santo, como vimos no primeiro subtópico. 

Se somos propriedade de Deus, naturalmente devemos nos submeter ao domínio, pois o direito de propriedade garante ao proprietário, o domínio sobre aquilo que lhe pertence. Se eu sou proprietário de uma casa, eu tenho o direito de morar nela, alugá-la ou mesmo vendê-la. Como propriedade de Deus, o nosso corpo deve estar sob o seu domínio e fazer aquilo que lhe agrada.

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