No terceiro tópico, falaremos sobre o corpo humano e a coletividade. Discorreremos sobre a prática relacional, pois não fomos criados para viver isolados socialmente. Na sequência, falaremos da prática congregacional, destacando o papel do corpo no culto ao Senhor. Por último, falaremos do uso exagerado dos recursos tecnológicos nos cultos.
1. A prática relacional. Depois que criou Adão, o próprio Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.” (Gn 2.18). Aqui, Deus fez o relacionamento conjugal, mas Ele planejou também outros relacionamentos para o ser humano, como pais e filhos, amigos e irmãos (biológicos ou de fé). Muitas pessoas dizem que “é melhor viver só do que mal acompanhado”. De fato, é ruim viver em más companhias, mas viver sozinho também não é bom. É horrível viver sozinho, sem ter com quem conversar, ouvir opiniões e conselhos, ou mesmo pedir socorro.
Eu conheci um homem que morava sozinho em sua casa. Tinha irmãos e amigos que moravam na mesma rua, mas vivia sozinho em sua casa. A casa dele permaneceu fechada por uns três dias e ninguém sabia se ele havia saído, pois ele não dava satisfações a ninguém e não tinha bom relacionamento com os irmãos. De repente, sentiram um mau cheiro vindo da casa dele. Bateram à porta e ninguém respondeu. Quando arrombaram a porta, ele estava morto e o seu corpo já se encontrava em estado avançado de putrefação.
O ambiente virtual tem a sua importância na correria do mundo moderno e traz muitas facilidades. Um grande benefício proporcionado pelas redes sociais é nos aproximar de pessoas conhecidas que moram distantes de nós, ou até pessoas desconhecidas, com as quais, dificilmente seria possível nos relacionar pessoalmente, devido à distância ou mesmo por não ter vínculo familiar, a ponto de frequentar as suas casas.
Eu, por exemplo, já encontrei parentes e amigos de infância que moram longe, com os quais eu não tinha contato há mais de 30 anos e moram em outros estados. Dificilmente eu os encontraria pessoalmente. Os meus pais e a maioria dos meus parentes vivem no estado de Pernambuco e eu me comunico com eles a qualquer momento, pelas redes sociais. Também já me comuniquei com autoridades, pastores, escritores, jornalistas, advogados e pessoas famosas de várias partes do Brasil e até do exterior. Pessoalmente, ou mesmo por telefone, isso seria praticamente impossível.
Por outro lado, o ambiente virtual tem afastado aqueles que estão perto de nós. As pessoas estão cada vez mais isoladas fisicamente. Muitas vezes tem milhares de seguidores e amigos virtuais, mas em suas próprias casas vivem na solidão. Quando chegam em um ambiente, antes de cumprimentar as pessoas direito, já estão procurando a senha do wi-fi. Precisamos voltar a conversar pessoalmente com as pessoas que nos cercam, sorrir e abraçar mais. Esta recomendação é dirigida principalmente a mim, que sou bastante ativo no ambiente virtual, principalmente por necessidade familiar e ministerial.
2. A prática congregacional. Em toda a Bíblia, vemos as pessoas se reunindo pessoalmente para adorar a Deus. No Antigo Testamento, Deus ordenou que Moisés providenciasse uma tenda móvel, chamada Tabernáculo, onde seriam oferecidos os sacrifícios a Deus. Quando Israel já estava na terra prometida, o Tabernáculo ficou em um lugar fixo e todo o Israel comparecia ao local para trazer os seus sacrifícios e ofertas a Deus. Davi desejou construir uma casa para Deus, mas Deus não permitiu e disse que traria paz ao reinado do seu filho Salomão e ele construiria o templo. Davi comprou o terreno e arrecadou o material para a construção. Salomão edificou o templo e o povo de Israel se reunia ali para adorar a Deus e trazer as suas ofertas e sacrifícios.
No Novo Testamento não há mais a necessidade de sacrifícios, porque Cristo já se ofereceu por nós. O templo de Deus na Nova Aliança somos nós, pois o Espírito Santo habita em nosso coração. Isso, porém, não nos isenta da necessidade de nos reunirmos para adorar a Deus. O escritor da Epístola aos Hebreus recomendou: “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e ás boas obras, Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb 10.24,25).
Há um movimento nocivo na atualidade, denominado de “Movimento dos Desigrejados”. Este movimento tem crescido bastante, principalmente após a pandemia, São pessoas que se dizem cristãs, mas não estão ligadas a nenhuma Igreja. Procuram desqualificar a Igreja local e negam a sua necessidade. São contrários à Igreja como organização, alegando que a Igreja Primitiva se reunia nas casas e não era institucionalizada. Criticam também as construções de templos, as contribuições à Igreja e a existência de pastores.
De fato, a Igreja nos primeiros séculos não possuía templos, pois vivia sob intensa perseguição tanto dos judeus quanto do Império romano. Também não era uma pessoa jurídica, porque naquela época não existiam instituições formais como hoje. Entretanto, isso não significa que não era uma organização. A Igreja tinha a sua liderança formada por apóstolos, profetas, evangelistas, presbíteros, diáconos, pastores e mestres (Ef 4.11; At 6.1-6; At 14.23). Tinha o seu código doutrinário (At 2.42-47) e disciplinar (1 Pe 3.5,6; 2 Ts 3.6). Atualmente, uma Igreja para funcionar precisa ter CNPJ e alvará de funcionamento. Para isso, precisa ter o seu estatuto e os responsáveis pela administração da Igreja.
3. Tecnologia e culto. O nosso corpo deve não apenas estar presente no culto com os nossos irmãos, mas deve participar ativa e reverentemente do culto. Quando adentramos ao ambiente de culto a Deus, seja no templo ou em nossa própria casa, aquele momento é exclusivo ao Senhor. Não podemos, portanto, nos distrair com outras coisas alheias ao culto, como conversas paralelas, risos, brincadeiras e outras coisas irreverentes, pois além de ser um desrespeito a Deus, tira a atenção de outras pessoas.
Assim como acontece em nossas relações pessoais e profissionais, os recursos tecnológicos podem trazer muitos benefícios à Igreja, inclusive nos cultos. As telas com o texto bíblico e hinos, os slides nas aulas e palestras, as transmissões dos cultos e a divulgação dos trabalhos da Igreja são ferramentas muito importantes.
Muitas vezes, eu estou impossibilitado de ir aos cultos da nossa Igreja e assisto cultos online. Assisto também algumas transmissões de reuniões de obreiros e Escolas Bíblicas da nossa Igreja Sede no Belenzinho. Isso é uma benção, principalmente para pessoas que estão doentes e idosos que não conseguem ir aos cultos presencialmente.
Entretanto, é preciso haver moderação para não tirar a atenção das pessoas nos cultos e não concentrar o culto no homem. Infelizmente, em muitos cultos, as pessoas não cultuam a Deus e não sentem a sua presença. Ficam o tempo todo filmando, tirando fotos e postando nas redes sociais. Há pregadores e cantores que fazem questão que isso seja feito, para usar os recortes depois e aumentar a sua popularidade. Precisamos voltar a cultuar a Deus com reverência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário