24 outubro 2025

O CORPO COMO TABERNÁCULO

(Comentário do 2º tópico da Lição 4: O corpo como templo do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da figura tabernáculo usada por Paulo e Pedro para se referir ao nosso corpo. Veremos que assim como aconteceu com o Tabernáculo no Antigo Testamento, o nosso corpo também é portador da presença de Deus. Na sequência, veremos que a analogia do tabernáculo indica o aspecto tricotômico do ser humano. Por último, veremos que assim como o Tabernáculo era guiado pela nuvem no deserto, nós também devemos ser guiados pela presença de Deus. 

1. Portador da Presença. Paulo e Pedro usaram a figura do Tabernáculo em suas Epístolas, para se referirem ao corpo humano. Escrevendo aos Coríntios, Paulo disse: “Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados: não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”. (2Co 5.4). No mesmo sentido, o apóstolo Pedro escreveu em sua segunda Epístola: “Certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou”. (2Pe 1.14).

A palavra grega traduzida por tabernáculo no texto de 2 Coríntios 5.4 é skēnos, que significa tabernáculo ou tenda móvel. O sentido aqui é uma tenda destinada ao serviço sagrado. Em 2 Pedro 1.14, Pedro usou a palavra grega skenoma, que é um termo derivado de skēnos e significa a mesma. Tanto Paulo, quanto Pedro falaram do tabernáculo em sentido figurado para se referir ao corpo humano. Por que estes apóstolos se referiam ao corpo como “tabernáculo”? Qual é a relação que há entre o tabernáculo do Antigo Testamento e o corpo humano? 

Certamente não foi por acaso, pois eles foram inspirados pelo Espírito Santo. Para entendermos esta relação entre o tabernáculo e o corpo, precisamos conhecer um pouco do tabernáculo feito por Moisés no deserto, por ordem de Deus. Depois que Israel atravessou o Mar Vermelho, Deus ordenou a Moisés: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. (Êx 25.8). A palavra hebraica traduzida por santuário neste texto é mikdash, que significa lugar sagrado, santuário ou lugar santo. 

Este santuário ou tabernáculo foi projetado pelo próprio Deus, que deu a Moisés a planta com as medidas, os materiais que seriam usados e escolheu os artesãos que fariam a obra. Era um lugar onde a presença de Deus se manifestava. Naturalmente, uma tenda móvel feita por mãos humanas não comportaria a presença de Deus em sua plenitude. Era apenas uma representação simbólica do que iria acontecer na Nova Aliança. 

Em sentido amplo, o tabernáculo apontava para a Igreja de Cristo, onde Deus habita e se manifesta ao mundo por meio dela: “No qual também vós juntamente sois edificados para a morada de Deus em Espírito”. (Ef 2.22). Mas, em sentido restrito, o corpo de cada crente em particular é o templo de Deus, pois também é portador da presença de Deus: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”. (Jo 14.23)

2. Tabernáculo e tricotomia. Neste tópico, o comentarista fez uma analogia entre o Tabernáculo, feito por Moisés no deserto, e o corpo humano. Dentro desta analogia, ele destacou que a divisão do Tabernáculo em três partes: o pátio, o lugar santo e o santo dos santos, reforça o entendimento da tricotomia humana. Ou seja, o homem é formado pelo corpo, que é a parte material; a alma, que é a sede dos sentimentos e emoções; e o espírito que é a parte capaz de se conectar a Deus. 

O pátio era  parte externa e visível do tabernáculo, que podia ser acessada pelo povo que levava os seus animais para os sacrifícios. Representa o corpo humano, que é a parte material que pode ser vista e tocada. O lugar santo ficava na parte interna, não podia ser visto de fora e era restrito aos sacerdotes. Representa a alma humana, que é imaterial e invisível. O lugar santo dos santos era o local onde ficava a Arca da Aliança, os pães da proposição e a vara de Aarão que floresceu. Neste local somente o Sumo Sacerdote tinha autorização para adentrar, uma vez por ano, depois de fazer o ritual de purificação. Este local representa o espírito, que é a parte do ser humano que se conecta a Deus. 

Nesta perspectiva, o saudoso missionário Eurico Bergstén escreveu: 


Assim como o tabernáculo no deserto era dividido em três partes, também o homem o é. O pátio do tabernáculo representa a parte externa e visível do homem, que é o seu corpo; o lugar santo, que não se podia ver de fora, representa a alma, e o lugar santíssimo representa o espírito do homem.


3. Um tabernáculo guiado. O tabernáculo era uma tenda móvel, que era desmontada quando o povo de Israel se deslocava de um lugar para outro, em sua jornada, rumo a terra prometida. Entretanto, os deslocamentos não aconteciam por acaso, nem por vontade do povo ou da liderança. Era Deus quem determinava o momento do povo seguir viagem, por onde seguir e o momento de parar. Isso era feito por meio de uma coluna de nuvem que pairava sobre o tabernáculo durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

Tanto a nuvem como a coluna de fogo não eram coisas comuns. Elas estavam ali sobre o tabernáculo, por determinação de Deus, para proteger o seu povo do sol, durante o dia, e do frio, durante a noite. Além disso, guiava o povo de Deus no deserto, rumo à terra prometida. Se a nuvem se levantava, Moisés dava ordem para desmontar o tabernáculo e o povo seguia em frente. Se a nuvem parava, dava ordem para acampar novamente e montar o tabernáculo. 

Esta figura da nuvem sobre o tabernáculo nos traz outra importante lição: a nossa vida deve ser guiada o tempo todo por Deus. Ele conhece todas as coisas, sabe o que é melhor para a nossa vida e pode nos conduzir em segurança ao nosso destino eterno. Falando sobre esta nuvem que guiava o povo de Deus no deserto, o pastor Elienai Cabral escreveu: 

“A nuvem não é estática. Deus não é inerte, estático; Ele é o Ser que gera vida em abundância (Jo 10.10). Ele se move sobre a Terra, cuida do Universo e interessa-se por sua vida, querido irmão. Ele é um Deus pessoal. Não perca a glória de Deus nem a intimidade com a sua presença. Ande com Deus. Obedeça-lhe a vontade”.

REFERÊNCIAS:

BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. 13ª impressão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2013.

CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas - 2º trimestre de 2019: Lição 12: A Nuvem de Glória. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2019.


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