21 outubro 2022

SOBRE O SENHOR JESUS E O TEMPLO


(Comentário do 4º tópico da Lição 04: Quando a glória de Deus se vai).

O quarto tópico nos fala sobre o Senhor Jesus e o templo. O profeta Ageu profetizou que a Glória desta última casa será maior que a da primeira, que era o suntuoso templo de Salomão. Foi neste segundo templo que o Filho de Deus foi apresentado e depois expôs as Escrituras. Este tópico nos dá a explicação teológica, que é o fato de Jesus ser o substituto do templo. Por último vemos o anúncio por Jesus da destruição do templo, que ocorreu no ano 70 d.C.


1- Explicação teológica. Tudo o que estava relacionado aos rituais e cerimônias do Antigo Testamento eram figuras do que estava por vir e se cumpriram em Cristo, no seu sacrifício, na descida do Espírito Santo e na instituição da Igreja. Com o templo, não é diferente. 


Com a vinda de Jesus ao mundo, o templo, os sacrifícios, o altar, a arca da aliança, os sacerdotes e as restrições para adentrar a determinados locais do templo se tornaram desnecessários. Quando  Jesus no alto da cruz com grande voz entregou o espírito, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mt 27.51), o acesso a Deus se abriu a toda a humanidade, através da mediação de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (1 Tm 2.5; Jo 1.29). A Epístola aos Hebreus mostra em detalhes a Superioridade de Cristo e do seu sacrifício em relação aos personagens e rituais do Antigo Pacto. 


2- O fim do Templo. O Sermão profético de Jesus iniciou-se a partir de uma observação dos seus discípulos, sobre a estrutura do templo. Jesus estava saindo do templo com os discípulos e eles lhe mostraram, admirados, a estrutura daquela construção. Jesus, então, lhes disse que não ficaria pedra sobre pedra que não fosse derrubada. Em seguida, foram para o Monte das Oliveiras e eles perguntaram quando isso iria acontecer e que sinal haveria da sua vinda e do fim do mundo. Respondendo a esta pergunta, Jesus proferiu o Sermão profético, que trata sobre várias questões escatológicas, como a destruição de Jerusalém em 70 d.C, o princípio de dores, a vinda de Jesus, a grande tribulação, o juízo final e a eternidade. 


Assim como Ezequiel havia feito em seu tempo, Jesus também anunciou o fim do templo de Jerusalém. Entretanto, antes da destruição do templo, a glória de Deus se retirou, pois, ninguém consegue destruir um lugar onde está a presença de Deus. Esta profecia de Jesus se cumpriu literalmente, no ano 70 d.C., quando o exército romano, sob o comando do general Tito invadiu Jerusalém, destruiu a cidade e o templo. Os judeus fugiram e os que conseguiram escapar da morte, tiveram que abandonar a sua terra. Um fato curioso é que, segundo o historiador judeu, Flavio Josefo, esta destruição do ano 70 d.C., aconteceu no nono dia do quarto mês, o que corresponde à mesma data da destruição do templo de Salomão pelos babilônios (2Rs 25.3; Jr 52.6). Assim como Jeremias e. Ezequiel fizeram no passado, Jesus também alertou os judeus sobre a iminência da destruição do templo, mas eles não deram ouvidos e rejeitaram o Messias que veio salvá-los. 


3- A presença de Deus hoje. No Antigo Pacto, a presença de Deus se manifestava em um determinado lugar, consagrado exclusivamente para este fim, como o tabernáculo e o templo. Entretanto, o povo não poderia se aproximar, sem que antes o sumo sacerdote oferecesse sacrifícios por si pelo povo, para que não fossem mortos. Mesmo assim, somente o sumo sacerdote, como representante do povo, estava autorizado por Deus a entrar no lugar santíssimo, uma vez por ano. Os gentios (não judeus) não podiam ter acesso ao templo. Mesmo os judeus comuns, só podiam chegar até ao pátio do templo e não tinham acesso ao santuário. Leprosos, pessoas com fluxo de sangue e outras consideradas imundas, não podiam ter acesso nem ao pátio do templo. Ficavam de longe.


O interior do tabernáculo se dividia em dois compartimentos: O Lugar Santo, que abrigava onde ficavam a mesa da proposição, o candelabro de ouro e o altar do incenso; e o Santo dos santos ou Lugar Santíssimo, que era onde ficava a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus. No Santo dos Santos, a presença de Deus se manifestava intensamente e ficava fechado durante o ano inteiro. Somente no Dia da Expiação, o sumo sacerdote depois de oferecer sacrifícios por si mesmo e pelo povo podia entrar. 


O véu do templo fazia a separação entre estes dois compartimentos do tabernáculo e do templo. Quando Jesus deu o brado na Cruz do Calvário e expirou, este véu se rasgou de alto abaixo, indicando que agora o acesso à presença de Deus estava livre e não se restringia apenas ao sumo sacerdote. Este era apenas uma figura que apontava para Cristo, o Sumo Sacerdote eterno. Hoje, por meio de Jesus Cristo, temos ousadia para entrar no santuário (Hb 10.19). A partir do sacrifício de Cristo, aqueles que crerem Nele terão o Espírito Santo morando dentro deles: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” (Jo 14.23). A Santíssima Trindade passa a morar no crente, pois as três pessoas da Trindade estão unidas uma às outras. Este conceito teológico é chamado de Pericorese, que é a habitação das Pessoas da Trindade uma nas outras. Cada Pessoa está nas outras e cada uma se dá às outras duas. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.  págs. 60, 61.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 80.

T. ROBERTSON. Comentário Mateus e Marcos, à Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. 1 Ed. 2011. pág. 138.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 533.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento João. Editora Cultura Cristã. pág. 679-680.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 307.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, o Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 694.

LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021.

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Ev. Weliano Pires

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