12 outubro 2022

SOBRE O INIMIGO (A Babilônia de Nabucodonosor)


(Comentário do 3º tópico da Lição 2: Vem o fim)

O terceiro e último tópico fala sobre o grande inimigo de Israel naquela ocasião, que era Nabucodonosor, rei da Babilônia. O profeta usa a simbologia de uma árvore, dizendo: “Já floresceu a tua vara”. (Ez 7.10). Deus levantou Nabucodonosor como instrumento para punir Israel por causa da idolatria. Entretanto, por causa da sua soberba, o rei da Babilônia acabou extrapolando os limites dos castigos. Este tópico apresenta também algumas informações sobre o rei Nabucodonosor e sobre o império babilônico. 


1- "Já floresceu a vara” (v.10). Na profecia de Ezequiel, no veículo 10, temos o seguinte: "Eis aqui o dia, eis que vem; veio a tua ruína; já floresceu a vara, reverdeceu a soberba." Há várias interpretações sobre este a aplicabilidade desta profecia. A mais, no entanto, é que a expressão "floresceu a vara", é uma referência a Nabucodonosor, rei da Babilônia, que foi o instrumento usado por Deus para punir Israel por causa da idolatria  (Jr 27.8; 51.20-24). Os rabinos interpretam esta metáfora como uma referência a Nabucodonosor. A palavra hebraica traduzida por "vara" é hamatteh. A vara é um galho fino flexível, usado para açoitar criminosos, pois permitia golpes dolorosos e não se quebrava. 


Em alguns casos, a vara era um símbolo da autoridade, como nos casos de Moisés e Aarão. Não é o caso aqui, pois, metaforicamente a vara aqui significa o instrumento usado por Deus para castigar os ímpios. No caso de Moisés, a vara foi usada para realizar sinais perante os egípcios e mostrar que Deus estava com ele. A vara de Aarão floresceu para provar para os rebeldes, que ele era o escolhido de Deus para o sacerdócio. Não foi este o caso de Nabucodonosor, que não servia a Deus e foi escolhido para punir o povo de Israel, por causa do pecado. 


2- “Reverdeceu a soberba” (v.10b). Esta expressão “reverdeceu a soberba” também é uma metáfora, que se refere às atitudes do rei da Babilônia. Deus levantou Nabucodonosor como instrumento disciplinar, para punir o povo de Judá, por causa da idolatria e obstinação. Entretanto, o rei da Babilônia extrapolou os limites e foi cruel demais com o povo judeu. O exército babilônico quando invadiu Jerusalém, vazou os olhos do rei Zedequias e matou os filhos dele na sua frente (2 Rs 25.7). Não tiveram piedade dos jovens, moças e velhos (2 Cr 36.17). Os que escaparam da morte na invasão foram levados como escravos para a Babilônia. Os idosos e deficientes ficaram na terra de Israel na miséria.  


O profeta Habacuque teve uma visão dos horrores praticados pelos caldeus e questionou a Deus, por que Ele permitia que o ímpio punisse “o justo”. Habacuque entendia que isso era injusto, pois os babilônios eram piores do que o povo de Israel, na opinião dele: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13). Mas Deus lhe deu as resposta no capítulo seguinte: “Visto como despojaste muitas nações, todos os mais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens e da violência para com a terra, a cidade e todos os que habitam nela.” (Hc 2.8). “Serás farto de ignomínia em lugar de honra; bebe tu também e sê como um incircunciso; o cálice da mão direita do Senhor se voltará sobre ti, e vômito ignominioso cairá sobre a tua glória.” (Hc 2.16)


Da mesma forma, vemos em nossos dias governantes ímpios que abusam das suas autoridades e fazem tremendas injustiças, inclusive contra a Igreja do Senhor. Mas, não ficarão impunes. O juízo de Deus virá sobre eles, se não for neste mundo, no juízo final não escaparão da ira do justo Juiz. Tanto a Assíria que levou as tribos do Norte para o cativeiro, como a Babilônia que levou o Reino do Sul, foram severamente punidas e não existem mais na atualidade. 


3- O rei Nabucodonosor. O nome Nabucodonosor é de origem acádica, um idioma da antiga Mesopotâmia. Esse nome em acádio era Nabû-kudurri-utsûr, que significa “Nabu protegeu minha herança”. Nabucodonosor é a transliteração do nome grego "Nabouchodonosor" usado na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta. 


Houve dois reis na Babilônia com esse nome: Nabucodonosor I, que reinou entre 1146 e 1123 A.C., e Nabucodonosor II, que é este mencionado  na Bíblia, e que reinou de 605 a 565 a. C. Nabucodonosor II foi um rei muito poderoso da Babilônia. O pai dele era Nabopolassar, fundador da dinastia dos Caldeus, que reinou vinte e um anos na Babilônia (625-605 a.C.). Inicialmente, Nabucodonosor era o príncipe babilônico que comandava o exército do seu pai, Nabopolassar. Durante a primeira invasão babilônica à terra de Israel, o pai de Nabucodonosor faleceu. Nabucodonosor retornou para a Babilônia, assumiu o trono e reinou quarenta e três anos (605-562 a.C.). 


Nabucodonosor não foi apenas um grande comandante e estrategista militar. Ele foi um grande construtor, que transformou a Babilônia em uma das mais importantes cidades da sua época. Construiu importantes aquedutos para irrigar a cidade, restaurou templos, construiu uma estátua de ouro de aproximadamente 30 metros de altura e fez também os famosos jardins suspensos, que eram uma das sete maravilhas da antiguidade. 


Nabucodonosor, no entanto, era muito soberbo e implacável até com os seus subordinados. No Livro do profeta Daniel, temos os registros de alguns episódios importantes envolvendo este monarca: a postura de santidade de Daniel e seus companheiros no palácio; o sonho de uma grande árvore e a interpretação de Daniel, indicando a loucura do rei, que foi humilhado por Deus, sendo levado a comer erva com os bois; a construção da estátua de ouro, a exigência de adoração a essa estátua e o livramento dos companheiros de Daniel na fornalha de fogo ardente; e o sonho de uma grande estátua e a interpretação de Daniel, mostrando que esta estátua representava os grandes impérios mundiais. 


4- A Babilônia. A história da Babilônia tem origem em Ninrode, o famoso neto de Noé, que intentou construir uma cidade com uma torre, que chegasse aos céus.  (Gn 10.8-10; Gn 11.9). Ele contrariou a ordem de Deus para se espalhar pela terra e povoá-la. Aparentemente, tinha a intenção de fugir de um eventual dilúvio, abrigando-se nessa torre. Por isso pretendia construir esta cidade e a torre para os seus descendentes viverem ali. Mas Deus frustrou os seus planos e confundiu as línguas dos operários e eles não entenderam mais a linguagem uns dos outros. Por isso deram o nome ao lugar de "Babel", que significa confusão. A Septuaginta usa o nome grego Babylon, de origem acádica, que significa "portão dos deuses" e foi transliterado para o português como Babilônia. O nome do país e da capital eram o mesmo. 


Inicialmente, Caldeus e babilônios eram povos diferentes, que habitavam na antiga Mesopotâmia, na região entre os rios Tigres e Eufrates, onde fica o Iraque atualmente. O Livro do Gênesis situa o Jardim do Éden nesta região (Gn 2.14). A família de Abraão também era dessa região e vivia em uma cidade chamada Ur dos Caldeus (Gn 11.28,31; 15.7). Porém, nos dias de Isaías, o profeta se refere aos Caldeus e Babilônios como um mesmo império.  (Is 13.19; 47.1,5; 48.14,20). 


A Babilônia chegou a ser uma nação poderosa durante o império de Hamurabi (1793-1750 a.C.), conhecido pela descoberta de um código de leis muito rigoroso que leva o seu nome e serviu de inspiração para as leis de outros povos da antiguidade. Depois de Hamurabi, o império babilônico entrou em declínio. Posteriormente, em 625 a.C. Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, assumiu o trono e deu origem à chamada dinastia dos caldeus, que durou até a queda de Babilônia em 539 a.C., para a coalizão dos medos e persas (Jr 27.7; Dn 5.30,31). Por conta do seu poder e importância, o império de Nabucodonosor II ficou conhecido como Império Neobabilônico.


Os babilônios eram politeístas. Adoravam vários deuses, que eram personificações da natureza, como Sin, o deus-sol de Ur e Harã; Ishtar, a deusa do amor e da guerra; e Enlil, o deus do vento e da terra. A principal divindade era Bel, que em acádico significa “senhor”, também conhecido como Marduk ou Merodaque. É o equivalente ao deus Baal dos cananeus (Jr 2.8). Nabucodonosor mudou o nome de Daniel para Beltessazar, “Bel protege o rei”, em homenagem a este deus babilônico. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 34-36.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3216.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pag. 434.

Block, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 253-254.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 438.

TENNEY, Merril. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 656.


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Ev. Weliano Pires

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