15 outubro 2022

SOBRE A VISÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 3: As abominações do templo)

Neste primeiro tópico falaremos sobre a visão que Ezequiel teve das abominações que eram praticadas dentro do templo. O profeta Ezequiel estava em sua casa, no cativeiro na Babilônia. Ele foi arrebatado pelo Espírito Santo para o templo em Jerusalém e viu a idolatria sendo praticada dentro do templo, em tempo real. Catorze meses antes desta visão, o profeta Ezequiel tivera a primeira visão, na qual contemplou a Glória de Deus. O impacto foi tão forte, que ele precisou de sete dias para se recompor. Nesta segunda visão, no entanto, Deus lhe mostrou o oposto. O Deus Onisciente, que a tudo contempla, descortinou perante o seu o seu servo, as formas mais degradantes de idolatria que se praticavam no templo do Senhor em Jerusalém, que fora construído por Salomão, onde a Glória de Deus se manifestou em sua inauguração. 


1- A segunda visão. Ezequiel teve esta visão no sexto ano, no quinto dia do sexto mês, o que corresponde ao dia 5 do mês de Elul (agosto/setembro), do ano de 592 a.C. Alguns anciãos de Israel, que também estavam no cativeiro, se encontravam na casa do profeta. É possível que tenham ido buscar alguma orientação com Ezequiel, cuja autoridade era reconhecida pelos judeus que estavam com ele no exílio. 


Enquanto estava assentado com os anciãos em sua casa, a mão do Senhor veio sobre Ezequiel e ele viu uma figura como de um homem. Esta referência a "um homem", segue o texto da Septuaginta. No texto hebraico aparece a palavra “esh”, que significa “fogo” e é muito semelhante a "ish" que traduzido é “homem”. Esta figura vista por Ezequiel era idêntica à que ele viu na primeira visão (Ez 1.26,27).


Na parte de baixo da cintura deste ser era fogo e, na parte de cima, como o resplendor de um metal brilhante. Na sequência, vindo deste ser, algo como uma mão o tomou pelos cabelos e o levou nos ares até Jerusalém, para o interior do templo. (Ez 8.1-3). Esta figura divina que assumiu a forma humana é uma teofania, ou seja uma manifestação divina visível no Antigo Testamento, antes da vinda de Jesus, que é a imagem do Deus invisível (Cl 1.17). A imagem do fogo fala de um julgamento severo que estava por vir. A figura do metal brilhante, representa a Glória de Deus, que não pode conviver com o pecado. 


2- As visões das abominações do Templo. No interior do templo, o profeta recebeu ordem para olhar para o Norte e ao fazê-lo, viu junto ao altar, um ídolo que ele chama de “imagem dos ciumes”, da qual falaremos no próximo tópico. Em seguida, o Senhor o levou ao pátio do templo e mandou que ele escavasse a parede. Ezequiel fez assim e descobriu uma porta. Ao entrar por esta porta viu figuras de répteis e animais considerados impuros. Viu também os anciãos de Israel com os seus incensários e uma nuvem de incenso que subia. O Senhor mostrou ainda,  várias mulheres que choravam por Tamuz, uma divindade da Babilônia, da qual falaremos no terceiro tópico. Por último, a adoração ao sol. Era uma decadência generalizada, do povo de Deus, entregue aos mais variados tipos de idolatria, o que justificava a ira de Deus contra eles. 


Quando Ezequiel teve esta visão, a cidade de Jerusalém e o templo ainda não tinha sido destruídos. Por isso, a visão tem um caráter preterista, ou seja, está relacionada aos dias do profeta Ezequiel. Entretanto, ela  também se refere a eventos futuros, conforme descreve o versículo 18: “Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei.”


3- Como entender as visões de Deus? Esta segunda visão de Ezequiel é diferente das visões de outros profetas do Antigo Testamento e até de outras visões que Ezequiel teve. Na visão, ele diz que foi puxado pelos cabelos e levado ao templo em Jerusalém. Evidentemente, foi em espírito e não fisicamente que foi a Jerusalém, pois o próprio profeta diz que foi “em visões” (Ez 8.3). É semelhante às visões que João teve no Apocalipse, estando na Ilha de Patmos. Ele foi arrebatado em espírito ao Céu e teve as visões. 


Provavelmente, os ídolos que ele viu fossem literais e realmente estavam dentro do templo, ou talvez fosse apenas uma representação da idolatria que eles praticavam. Entretanto, como o rei Manassés praticou esse tipo de abominação no templo, o mais provável é seja literal mesmo: “E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha falado: Em Jerusalém porei o meu nome. Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do Senhor.” (2 Rs 21.4,5). A prática da idolatria e do sincretismo religioso havia tomado conta de Judá. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 41.

Taylor, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 88-89.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Taylor. John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 89-90.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Ezequiel. Editora Batista Regular. pag. 39.


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Ev. Weliano Pires.


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