(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Contra os falsos profetas).
Neste terceiro e último tópico falaremos sobre a geração de mensagens falsas. Nos dias de Jeremias e Ezequiel, havia uma forte tendência do povo a acreditar em falsas profecias, como aliás, acontece atualmente. Os falsos profetas, no entanto, sempre profetizam mentiras e falsidades. Falaremos também neste tópico, sobre a ira de Deus contra os falsos profetas, no Antigo e no Novo Testamento.
1- O profeta no Antigo Testamento. Embora, como já falamos, as palavras usadas para profetas falsos e verdadeiros sejam as mesmas, há um diferencial no Antigo Testamento, quando se trata de um profeta verdadeiro. Normalmente aparecem alguns adjetivos que servem para diferenciá-los dos falsos. Os verdadeiros profetas são chamados de mensageiros de Deus, meus servos os profetas, o homem de Deus, etc.
Os profetas no Antigo Testamento eram pessoas levantadas por Deus, para entregar as Suas Palavras. Diferente dos sacerdotes, os profetas não pertenciam a uma família exclusiva deste ofício. Eram chamados pelo próprio Deus para este ministério. As suas mensagens não eram fruto de estudo ou do seu próprio entendimento. Deus lhes revelava por sonhos, visões ou outras formas de revelação. O profeta era um porta-voz de Deus, que entregava fielmente as palavras de Deus, onde, quando e a quem Deus mandasse. Muitos não recebiam as suas mensagens e até os matavam. O profeta Jeremias, por exemplo, sofreu muito por entregar a mensagem de Deus a reis ímpios. Mas as suas profecias se cumpriram fielmente.
No antigo Testamento havia três tipos de profetas:
a. Profetas literários ou canônicos. São os que deixaram as suas profecias escritas.
b. Profetas não literários ou profetas orais. São os que profetizaram, mas não escreveram, ou os seus escritos se perderam.
c. Profetas cúlticos. São aqueles cujas profecias estavam ligadas ao culto. (2 Cr 29.21-24). Em alguns salmos aparece esta categoria de profeta.
2- Os portadores de mensagens falsas (vv.6-8). Os falsos profetas, destinatários da profecia de Ezequiel, não eram profetas de outros deuses. Eles se apresentavam como profetas de Deus, porém eram falsos, porque Deus não os havia chamado para o ministério profético. Na verdade, eles praticavam um sincretismo religioso, misturando o culto a Yahweh, com elementos de religiões pagãs.
Além de serem impostores e usurpadores de um ministério que não lhes pertencia, as suas mensagens também eram falsas. Eram adivinhações mentirosas (Ez 13.6,7). As suas profecias poderiam ser classificadas como "fake news" e "desinformação", para usar duas expressões que estão em alta atualmente. Estes embusteiros, além de propagarem mentiras que contrariavam à Lei do Senhor, traziam também informações falsas, do ponto de vista político, militar e administrativo.
Isso, evidentemente, contribuiu para levar o povo de Judá à ruína, pois acreditaram em informações falsas em nome de Deus. Na vida secular, as pessoas tomam decisões com base em informações que lhes chegam e julgam serem verdadeiras. Investidores, buscam informações sobre balanços de empresas e dados do governo, para fazerem as suas previsões econômicas e investir o seu dinheiro onde há possibilidades reais de lucros. Entretanto, se as informações das empresas e dos órgãos oficiais forem falsas, configura-se fraude e os responsáveis podem ser punidos.
Da mesma forma, os profetas que entregam falsas profecias em nome de Deus, induzem as pessoas a confiarem e mentiras. Isso é gravíssimo e, por isso, esta prática era punida com a morte na Lei mosaica. Entretanto, os governantes inescrupulosos, davam proteção a esse tipo de profeta e até os contratavam para servir aos seus interesses espúrios.
3- A ira de Deus contra os falsos profetas (v.10). Nos versículos 8 e 9, de Ezequiel 13, o Senhor mostra sua indignação contra os falsos profetas e se coloca contra eles: "Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Como falais vaidade e vedes a mentira, portanto, eis que eu sou contra vós, diz o Senhor JEOVÁ. E a minha mão será contra os profetas que veem vaidade e que adivinham mentira; na congregação do meu povo, não estarão, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor JEOVÁ."
Na verdade, a ira de Deus contra falsos profetas vem desde o estabelecimento da nação de Israel. Deus ordenou a Moisés que deixasse escrito na Lei a sentença contra aqueles que falassem em nome de Deus, sem que Ele tivesse autorizado. (Dt 13.1-5; 18.20-22). A sentença era severa: Quem fizesse tal coisa deveria ser executado. O mesmo valia para um profeta enviado por Deus, que fosse rebelde e entregasse uma mensagem de Deus pela metade ou com distorções. Podemos ver isso, quando Deus diz que levantou Ezequiel como atalaia de Israel. Deus falou para Ezequiel que se ele não avisasse ao ímpio, como Deus mandou, o ímpio morreria em seus pecados, mas Deus cobraria do profeta a responsabilidade.
É uma responsabilidade muito grande, alguém abrir a boca para fazer: Assim diz o Senhor, ou Deus manda te dizer. Mesmo se for verdade o que estamos falando, se Deus não mandou falar, devemos falar em nosso próprio nome e não usar o nome de Deus. Paulo fez esta distinção em 1 Coríntios 7. Em alguns trechos, ele diz: "Mando não eu, mas o Senhor." Em outros, ele diz: "Digo eu, não o Senhor". Infelizmente, algumas pessoas atualmente, talvez para parecer espiritual ou para ganhar popularidade, entregam profecias em nome de Deus, que não se cumprem, ou contém informações mentirosas. Eu me lembro que teve um pastor que profetizou que o Pr. Samuel Câmara ganharia a eleição para presidente da Convenção Geral contra o Pr. José Wellington. Entretanto, o Pr. Samuel Câmara não apenas perdeu aquela eleição, como saiu da Convenção Geral pouco tempo depois. Outros profetizam bençãos que não chegam, desastres e caos que não acontecem, vitórias ou derrotas de políticos que não acontecem, etc. Estas pessoas irão se ver com Deus, por profetizarem mentiras em seu nome.
REFERÊNCIAS:
PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 1607.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pag. 424-425.
BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pág. 379-380.
TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 384-385.
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Ev. Weliano Pires
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