25 outubro 2022

SOBRE OS PROFETAS

(Comentário do 1º tópico da Lição 05: Contra os falsos profetas)

Neste primeiro tópico faremos uma apresentação do ofício do profeta no Antigo Testamento. Mostraremos também a etimologia da palavra hebraica traduzida por profeta e outros termos hebraicos e gregos, usados para se referir aos profetas. Por último, este tópico falaremos sobre os falsos profetas e as duras consequências desta prática na lei mosaica. 


1- O termo “profeta”. Quando falamos sobre profeta atualmente, muitas pessoas imaginam que estamos falando de alguém que prevê o futuro. Mas, o significado bíblico de profeta não é esse. Em hebraico há três palavras usadas para se referir a profeta: Navi, chozeh e roeh. Estas três palavras aparecem em 1 Crônicas 29.29: “Os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente (Roeh), e nas crônicas do profeta (Navi) Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente” (Chozen). 

a. Navi. Alguém que proclama uma mensagem recebida; um porta voz, mensageiro ou anunciador. Esta palavra aparece mais de 300 vezes no Antigo Testamento. A palavra aparece também na forma feminina para se referir a Mirian, Hulda, Noadias e à esposa do 

profeta Isaías. 

b. Chozeh ou hozen. Significa uma pessoa que tem visões. É traduzida como vidente. Nos dias do profeta Samuel, os profetas eram chamados de “Chozeh” (vidente) e eram consultados, para saber a vontade de Deus, antes de tomar decisões.

c. Roeh. Também significa vidente, com o sentido de alguém que faz previsões sobre o futuro. 


A versão grega do Antigo Testamento usa termo grego prophetes, que é a junção dos termos “pro” (antes) e “phemi” (falar) nas traduções dos termos hebraicos nabi, chozen e roeh. A palavra prophetes, significa “alguém que fala em nome de outra pessoa (Deus ou deuses)”. A palavra portuguesa profeta tem origem neste vocábulo grego. Por causa do significado dos termos “pro”  (antes) e “phemi” (falar), popularizou-se a ideia de que um profeta é alguém que prevê o futuro ou um adivinho. Mas o sentido bíblico não é este. Um profeta é um porta-voz ou um mensageiro de Deus, não necessariamente para falar do futuro. 


2- Outros termos para designar os profetas de Deus. Além dos termos citados acima, há outras palavras, pelas quais os profetas eram chamados no Antigo Testamento. Em 2 Crônicas 36.15,16, os profetas são chamados de “mensageiros de Deus”. A palavra hebraica malak significa “mensageiro”, seja humano ou um anjo. O nome do profeta Malaquias, por exemplo, significa “mensageiro de Yahweh”.  O profeta Ageu é chamado de “embaixador do Senhor” (Ag 1.13 ARC). A versão Almeida Corrigida Fiel (ACF) traduz o mesmo termo por “mensageiro” e a Nova Almeida Atualizada (NAA) traduz por “enviado”. O profeta Aías é chamado de “servo do Senhor” (1 Rs 14.18). Em 2 Rs 9.7, na profecia de Eliseu contra a casa de Acabe, ele faz referências aos profetas que foram mortos por Jezabel, como “os servos do SENHOR”.  Há também muitas referências aos profetas como “o homem de Deus”, como no caso de Moisés (Dt 33.1); Samuel (1 Sm 9.6); Elias (2 Rs 1.9-13). 


3- Os falsos profetas. Assim como havia os profetas do Senhor, também havia os falsos profetas. No hebraico, as palavras usadas para se referir aos profetas são as mesmas que vimos acima, sejam eles verdadeiros ou falsos, conforme veremos no terceiro tópico. O contexto define se é uma referência a um profeta verdadeiro ou falso. A Septuaginta, no entanto, usa a palavra pseudoprophetes, “falso profeta”, para se referir aos falsos profetas (Jr 6.13; Zc 13.2). No Novo Testamento também é feita esta diferenciação, como em 2 Pedo 2.1.


A lei mosaica previa pena de morte para quem profetizasse mentiras em nome do SENHOR: “Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.” (Dt 18.20). Entretanto, em tempos de apostasia, com reis ímpios, os falsos profetas que falavam o que eles queriam ouvir e não pregavam contra as suas maldades, eram protegidos. 


Não é muito fácil saber se um profeta é verdadeiro ou falso, principalmente, porque os falsos profetas se disfarçam de verdadeiros e falam coisas agradáveis aos ouvidos para ganhar popularidade. Em Deuteronômio 13, Moisés alertou o povo sobre os falsos profetas. A Bíblia nos mostra três testes principais, para se avaliar se um profeta é verdadeiro ou falso: 


a. O teste doutrinário. Mesmo que o profeta realizasse sinais e prodígios, se as suas palavras contrariassem a Lei do Senhor, ele deveria ser considerado um falso profeta, pois Deus não contraria a Sua Palavra. (Dt 13.1-18). Este critério continua valendo para os nossos dias. 


b. O teste do cumprimento da profecia. Se o profeta falasse uma profecia para o futuro, em nome do Senhor e tal profecia não se cumprisse, também deveria ser considerado um falso profeta, pois Deus não pode mentir (Dt 18.21,22). Este teste também é válido para os dias atuais e deve ser usado. Recentemente, um pastor gravou um vídeo e o publicou na internet, recomendando que as pessoas não saíssem de casa em 30 de março de 2020, pois milhares de pessoas em todo o Brasil seriam mortas e as ambulâncias não dariam conta de recolher os cadáveres, que ficariam estendidos no chão pelas ruas e estabelecimentos. Chegou o dia tão temido e nada disso aconteceu. A conclusão é clara: Deus não o mandou falar aquilo, pois a profecia não se cumpriu. 


c. O teste da moralidade. O profeta Jeremias enfrentou grandes embates com falsos profetas, porque ele pregava o julgamento de Deus e os falsos profetas pregavam prosperidade. No capítulo 23.11-14, o Senhor o usou para denunciar a vida libertina dos falsos profetas: Estão contaminados… Até na minha casa encontrei maldade… cometem adultérios e andam com falsidade. Todo profeta que vive na prática do pecado e não anda segundo a Palavra de Deus é falso. Há pessoas que dizem que devemos julgar a profecia e não o profeta. Isso é um erro, pois Jesus disse que “...pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7.20). 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 65.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pág. 1058, 1059.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 424. 

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 760.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1001

Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pág. 1498.


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Ev. Weliano Pires

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