(Comentário do tópico 2 da Lição 2: Vem o fim)
O segundo tópico fala sobre a expressão “o fim”, usada no capítulo 7 de Ezequiel. Inicialmente, temos uma explicação sobre o sentido desta expressão. Depois, o profeta repete esta expressão e outras similares, com o objetivo de provocar pânico e alertar os seus leitores originais sobre os perigos iminentes.
1- Sentido (vv.2b, 3a, 6). A palavra “fim”, que no hebraico é qēts. Esta palavra significa “fim, destruição, ruína, morte, condenação”, ou haqēts, com o acréscimo do artigo definido “o fim”. A expressão denota um contexto de julgamento e destruição iminente. O profeta Amós usou esta mesma expressão hebraica ba ‘haqēts, “vem o fim”, quando anunciou o fim do Reino do Norte, cerca de de 150 anos antes: “Chegou o fim sobre o meu povo Israel” (Am 8.2). Esta profecia de Amós se cumpriu em 722 a.C., quando aconteceu o cativeiro da Assíria.
Em uma linguagem poética, o profeta Ezequiel anuncia que o fim vem. A poesia hebraica é diferente da nossa. Uma característica dessa poesia é o chamado paralelismo, que consiste em rimas não do som com na poesia ocidental, mas das rimas de ideias. No paralelismo hebraico, acontecem as rimas tanto de sinônimos como de antônimos, muito comum nos Provérbios. A linguagem poética é muito usada na Bíblia. Esse tipo de linguagem além de ser bela, serve para dar mais vivacidade à mensagem e oferece facilidade de memorização da mensagem. No caso de uma profecia com o anúncio de um juízo iminente, a linguagem poética provoca o terror sobre aqueles que a ouvem.
2- Expressões repetidas sobre o fim. O profeta Ezequiel usa várias expressões sinônimas para afirmar que o fim está chegando: “Vem o fim, o fim vem” (v.2); ”Agora, vem o fim” (v.3); “Vem o fim, o fim vem” (v.6); “eis que vem”; “veio a tua ruína” (v.10). A intenção claramente é causar pânico nos seus leitores originais, para que despertassem. Mas, infelizmente, isso não aconteceu, pois como já falamos, eles não acreditavam que Deus iria permitir a destruição de Jerusalém. Tanto Jeremias em Judá, como Ezequiel na Babilônia, foram usados por Deus para anunciar esta destruição, mas , não foram ouvidos.
3- A repetição da sentença. Os versículos 4 e 9 são a repetição da mesma sentença. Na língua hebraica não existe o grau superlativo, como na língua portuguesa. Por isso, para expressar uma sentença em um grau superior, ou com urgência, repete-se a palavra ou a frase, como por exemplo: Santo, Santo, Santo; Na verdade, na verdade; Deus meu, Deus meu; etc. Também é comum as pessoas esquecerem os alertas com o passar dos anos. Por isso, Deus sempre se preocupou em repetir várias vezes os seus avisos. Ele sempre ordenou que as suas Palavras fossem escritas para que as pessoas não as esquecessem. Na Lei mosaica, o Senhor ordenou aos Filhos de Israel: "...Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6.6,7). Falando ao profeta Habacuque, o Senhor disse: “Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo.” (Hb 2.2). Infelizmente, há pregadores que acham que as pregações não podem ser repetidas. Comparam pregações com obras escritas, que evidentemente, não podem ser a repetição de outras que já foram escritas. A Palavra de Deus pode e deve ser repetida. O que ela não pode jamais é ser falsificada ou adulterada.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 30-32.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3216.
Block, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 247-248.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 643-644.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 248-249.
Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp.444,45).
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