Comentário do 3º tópico da Lição 3: As abominações do templo).
O terceiro e último tópico traz a segunda parte das abominações do templo. Ezequiel viu as pessoas praticando um ritual a uma divindade babilônica chamada Tamuz, considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Depois viu 25 homens de costas para o templo, virados para o Oriente, adorando o sol, numa total afronta ao Deus de Israel.
1- O ritual de Tamuz (v.14). A terceira cena de abominações vistas por Ezequiel foi um grupo de carpideiras chorando no templo por uma divindade babilônica chamada Tamuz. Trata-se de uma divindade de origem suméria, que era considerado o marido da deusa Istar. Também era conhecido como Adônis pelos gregos e de Osíris pelos egípcios. Na Suméria, Tamuz era considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Os babilônios dedicavam o mês de junho-julho em homenagem a este deus e faziam-lhe um festival de seis dias, com choros e lamentos pelo seu funeral.
As crenças nesta divindade eram cheias de lendas. Inicialmente, os Sumérios diziam que Tamuz era irmão de Istá, deusa fertilidade. Ela o teria atraído para uma relação incestuosa e depois o traiu. A maioria dos cultos aos deuses pagãos dos arredores de Israel eram fundamentados em crenças e práticas que envolviam a perversão sexual e até sacrifícios infantis, como no caso do deus Moloque.
Os seus adeptos também acreditavam que Tamuz permanecia morto por seis meses durante o período de seca. Depois ressuscitava e ficava vivo por seis meses e, então, vinham as chuvas. Os carpideiras, que eram choradeiras profissionais, pranteavam para que ele ressuscitasse e, consequentemente, viessem as chuvas. O povo judeu, pelo visto tinha sido muito influenciado por esse ritual, pois, o sexto mês do calendário judaico, que corresponde a junho/julho, leva o nome de Tamuz.
2- Os adoradores do sol (v.16). Na continuidade da visão, Ezequiel viu 25 homens de costas para o templo, adorando o sol. Era o cúmulo da afronta ao Criador, dar as costas ao que Ele escolheu para manifestar a sua glória e adorar à criação! Em Ezequiel 9.6, o profeta chama estes homens de “presbíteros”. Provavelmente eram sacerdotes ou líderes de clãs familiares, como vimos anteriormente. Isto nos mostra o quanto estavam corrompidas as lideranças de Judá. Aqueles que deveriam conduzir o povo à adoração ao Deus verdadeiro e ensinar-lhe a Lei do Senhor, punham-se a adorar o sol, virando as costas para Deus.
“Quando a liderança da igreja se torna corrupta, não há limite ao caos que é semeado na vida da nação.” (John B. Taylor).
Isso parece ser influência do Egito, pois lá esta prática. Lá havia um templo a este astro, chamado em hebraico de Beth Shemesh “Casa do Sol”. Não tem nada a ver com Bete-Semes, que era uma cidade de Judá (2 Rs 4.11). Este termo foi traduzido para o grego, na Septuaginta como “Heliópolis” que é “Cidade do Sol”. Esta cidade no tempo de Moisés era chamada de Om e o deus-sol adorado nela, é conhecido como “Rá”.
O profeta Jeremias mandou que quebrassem estas estátuas (Jr 43.13). Moisés alertou severamente o povo no deserto, para que não praticassem esse tipo de adoração, quando entrassem na terra prometida: “Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe sejais por povo hereditário, como neste dia se vê.” (Dt 4.19,20).
3- Os anciãos na casa do profeta. Conforme já falamos anteriormente, o profeta Ezequiel vivia entre os cativos na Babilônia e, como era da família sacerdotal em Jerusalém, exercia uma liderança espiritual entre os cativos. É provável que estes anciãos que vieram à sua casa também tinham influência espiritual sobre os cativos e vieram em busca de uma orientação profética de Ezequiel. Há quem diga que eles não eram fiéis ao Senhor e estariam atrás de informações do profeta. Mas, isso é pouco provável, pois os falsos profetas não buscavam os profetas do Senhor e profetizavam eles mesmos, falsas mensagens ao povo.
Esta visita dos anciãos ao profeta Ezequiel em sua casa no cativeiro, nos mostra-nos que mesmo no cativeiro, em tempos de angústia, eles tinham um profeta para consultar. Isso nos ensina que Deus não está confinado a lugares ou a indivíduos. Em qualquer lugar ou circunstância adversa, Ele se manifesta na vida daqueles que o buscam. Quando estavam em Jerusalém, estes anciãos desprezaram as palavras do profeta Jeremias e agora colhiam os frutos da rebeldia. Mas no meio de grande angústia, longe da sua pátria, receberam a disciplina de Deus e queriam ouvir a Palavra do Senhor. Que isso nos sirva de exemplo, para que não endureçamos o nosso coração quando o Espírito Santo usar alguém para nos repreender.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 46.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 318-319.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218-3220.
TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 91-92.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 649.
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Ev. Weliano Pires
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