(Comentário de 3º tópico da Lição 4: Quando a glória de Deus se vai).
Neste terceiro tópico falaremos a respeito do segundo templo. Este segundo templo era o templo de Zorobabel, que foi inaugurado no sexto ano de Dario, ou seja, em 516 a.C. Posteriormente, este templo foi completamente reformado por Herodes, o grande. O tempo total da reforma durou 46 anos.
No tópico anterior falamos sobre as visões que Ezequiel teve da saída gradativa da glória de Deus do templo de Jerusalém. Com a retirada da glória de Deus, o templo ficou desprotegido e, pouco tempo depois, foi saqueado e completamente destruído pelo exército da Babilônia.
Os judeus permaneceram por 70 anos no cativeiro da Babilônia e no ano 539 a.C, o imperador Persa Ciro baixou um decreto, colocando fim ao cativeiro. Neste decreto estava incluído a autorização para reconstruir o templo: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, o Senhor seu Deus seja com ele, e suba.” (2 Cr 36.23).
1- O segundo Templo. Após o decreto do imperador Ciro, retornaram a Jerusalém, sob a liderança de Zorobabel 42.360 judeus, sem contar seus servos (Ed 2:64-65), para iniciarem os trabalhos de reconstrução do templo em Jerusalém. Os judeus arrecadaram ofertas e Ciro devolveu todos os utensílios de ouro e prata, que Nabucodonosor havia retirado do primeiro templo e levado para a casa dos seus deuses. Zorobabel e o sacerdote Josué edificaram um altar e ofereceram sacrifícios ao Senhor, celebrando a festa dos tabernáculos (Ed 3.2-5).
Quando lançaram os alicerces do templo, reuniram os sacerdotes e levitas para oferecer sacrifícios e louvar ao Senhor. O povo se regozijou, com grande júbilo, porém os mais velhos que conheceram o templo de Salomão, perceberam que esta construção era muito inferior e choraram em voz alta. As vozes dos louvores do povo se misturaram ao choro. De longe, se ouvia o barulho e não era possível discernir entre as vozes do choro e dos cânticos Ed 6.12,13).
Quando souberam do início da reconstrução do templo, os inimigos do povo de Judá tentaram de todas as formas atrapalhar. Inicialmente, tentaram se unir a eles para participarem da obra. Como Esdras não aceitou esta mistura, eles alugaram conselheiros para ridicularizar a construção e desestimular o povo durante no reinado de Ciro. No início do reinado de Assuero, eles escreveram para o rei da Pérsia, fazendo acusações falsas contra os judeus e a obra acabou sendo interrompida (Ed 4.1-6). Esta interrupção durou 13 anos. Deus usou os profetas Ageu e Zacarias para reavivar o espírito do povo e retomar a construção. Somente no reinado de Dário foi retomada, em 520 a.C. e em 516 d.C. foi concluído o templo. Este templo, posteriormente, foi profanado por Antíoco IV Epifânio, durante o período intertestamentário (170-164 a.C.). Esta profanação foi profetizada por Daniel, quatrocentos anos antes, que a chamou de “abominação desoladora” (Dn 11.32).
2- O Templo de Herodes. Herodes Magno, conhecido como “Herodes, o Grande'', governou a Judéia entre 37 e 4.a.C. Herodes tinha um ego enorme e não havia como deixar o Segundo Templo humilde como era. Por isso convenceu os judeus de que aquele templo de Zorobabel não estava à altura do antigo templo de Salomão. Não temos informações bíblicas sobre esta construção pois ela foi feita no chamado período interbíblico. As informações que temos vem do historiador judeu Flavio Josefo e do Talmude. A arqueologia também acrescenta outras informações, mas não temos detalhes da arquitetura, como no caso do templo de Salomão.
No 18º ano do seu reinado, Herodes iniciou uma reforma geral no templo e modificou-o completamente, a ponto de alguns o considerarem o terceiro templo. Tornou-se o cartão postal de Jerusalém (Mc 13.1; Lc 21.5). Prédios subsidiários foram então adicionados e outros detalhes que faltaram foram feitos após a morte de Herodes por seus sucessores, de sorte que a construção só foi completamente concluída em 66 d.C. No ano 70 d.C. este templo foi completamente destruído pelo general romano Tito e os judeus foram expulsos da sua terra.
3- A presença do Filho de Deus. No meio evangélico é muito comum as pessoas citarem o texto de Ageu 2.9 dizendo: A glória da segunda casa será maior que a da primeira”. Isso tem sido tema de muitos congressos e até hinos já foram compostos com esta frase. Ocorre que o texto de Ageu não diz “a glória desta segunda casa” e sim “a glória desta última casa”. Não há registros de que a glória do Senhor tenha se manifestado neste segundo templo de Zorobabel. Depois da reforma feita por Herodes que o transformou em uma bela construção, também não houve manifestação da glória de Deus, como houve no tabernáculo e no templo de Salomão.
Entretanto, neste segundo templo tivemos a presença do Filho de Deus. Ali, o Senhor Jesus, que é Deus, foi apresentado e circuncidado. Depois debateu com os doutores da Lei aos doze anos, ouvindo-os e interrogando-os, deixando-os perplexos com a sua sabedoria. O apóstolo João falando Verbo que se se fez carne, escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14). Mas esta profecia de Ageu é uma referência à última casa, que é o próprio Senhor Jesus, que substituiu definitivamente o templo, como veremos no próximo tópico. No Evangelho segundo João, Jesus disse aos judeus: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo.” (Jo 2.19-21).
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 60.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3650.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 314..
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke: Ageu e Sofonias.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 771.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 367.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 274.
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Ev. Weliano Pires
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