26 outubro 2022

SOBRE OS FALSOS PROFETAS EM EZEQUIEL

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 5: Contra os falsos profetas).

No segundo tópico apresentaremos as designações usadas por Ezequiel para se referir aos falsos profetas, como “profetas de Israel” e “os que profetizam”. Ezequiel diz que eles são loucos, que profetizam o que o seu próprio coração vê. O profeta usa também a figura das “raposas do deserto”, para se referir ao caráter destrutivo desses embusteiros. Assim como há profetas verdadeiros, que falam apenas aquilo que Deus manda, há também os falsos profetas que falam aquilo que o povo quer ouvir e que lhes rende vantagens. 


1- Os dois lados. Conforme colocou o comentarista da lição, nesta vida há vários contrastes e tudo tem o lado positivo e o negativo. Assim como há as coisas verdadeiras, há também as falsas. Há um só Deus Verdadeiro, mas há também os falsos deuses, criados pela mente humana. Há a verdade, que procede de Deus, mas há também a mentira e a falsidade que procede do diabo. Sendo assim, há os profetas verdadeiros, que são enviados por Deus para falar em nome dele e há também os falsos profetas, que estão a serviço do inimigo. 


Há dois tipos de profetas falsos. O primeiro tipo é o profeta de deuses pagãos, como os profetas de Baal e Aserá, que falam em nome de outras divindades. O segundo tipo de falso profeta é aquele que fala em nome do Deus Verdadeiro, sem que Ele tenha mandado. Este segundo tipo de falso profeta é o mais perigoso, pois está entre nós. Certa vez, eu ouvi um pastor dizer que é muito fácil enganar em nome de Deus, por causa do temor que as pessoas têm. Se alguém viesse até nós dizendo que tem uma mensagem do diabo, ninguém ouviria. Mas, se vem dizendo que Deus mandou falar alguma coisa, temos receio de não ouvir o que Deus mandou falar. Por isso, é muito importante pedir discernimento ao Senhor e conhecer a Sua Palavra para não ser enganado por charlatães, que falam em nome de Deus. É a este segundo grupo que Ezequiel destina a sua profecia. Eram profetas que falavam falsamente em nome de Yahweh. 


2- Apresentação (v.2). Conforme falamos no tópico anterior, a palavra traduzida por profeta no hebraico é a mesma, para os verdadeiros e para os falsos profetas. Para saber se a referência é a profeta do Senhor ou a um falso profeta é preciso analisar o contexto. Nesta profecia, Ezequiel usa algumas expressões que demonstram que estes profetas eram embusteiros e falsos. Ele inicia a sua profecia com a introdução profética tradicional, que identifica a sua profecia como vindo de Deus:  A palavra do Senhor veio a mim (Ez 13.1). Na sequência, ele identifica os destinatários como “profetas de Israel”. Esta expressão só aparece três vezes no Antigo Testamento, exatamente no Livro de Ezequiel (Ez 13.2,16; 38.17). 


Ezequiel também faz menção ao tipo profecia, que estes falsos profetas entregavam: “...só profetizam o que vê o seu coração”. (Ez 13.2b). Eles entregavam mensagens da própria mente e não aquilo que o Espírito de Deus mandava. A mente humana tem a capacidade de produzir vários tipos de manifestações. Alguns fazem isso por confundirem a própria imaginação com mensagens de Deus. Outros, no entanto, são soberbos e, para ganharem popularidade, falam aquilo que as pessoas querem ouvir. Profetizam paz e prosperidade, em tempos de julgamento divino, para agradar aos seus ouvintes e obter deles vantagens indevidas. 

  

3- O desserviço dos falsos profetas (v.3). No versículo 3, Ezequiel entrega a dura mensagem de Deus a estes farsantes: “Ai dos profetas loucos que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!” A palavra “ai”, em hebraico é hôy. Trata-se de uma interjeição muito usada pelos profetas. É citada 50 vezes pelos profetas, como lamento e dor, e 40 vezes como advertências ou ameaças de castigos da parte de Deus. 


O adjetivo “louco” usado por Ezequiel, no hebraico é “nabal”. Não é uma referência a alguém com problemas mentais ou um tolo que falam coisas sem sentido. O “nabal” é alguém que afronta a Deus (Sl 74.22); zomba dos que confiam em Deus (Sl 39.8) e não acredita em Deus (Sl 14.1; 52.1); não acredita em Deus (Sl 14.1; 53.1); e até blasfema contra Deus (Sl 74.18). 


Quando Davi fugia de Saul, havia um rico criador de ovelhas e cabras no Carmelo, que tinha o nome de Nabal. Ele era arrogante e sovina. Foi ajudado por Davi, que protegeu os seus rebanhos, mas, quando Davi lhe pediu uma ajuda, ele mandou um recado desaforado, cheio de grosserias. Davi, imediatamente, preparou o grupo para destruir completamente a casa de Nabal, mas, foi demovido da ideia pela sábia Abigail, esposa de Nabal. Depois de dez dias, o Senhor o feriu e ele morreu. (1 Sm 25.1-38).


Ezequiel também diz que os falsos profetas “seguem o seu próprio espírito e falam coisas que não viram”. Isto mostra que as profecias eram criações da própria mente deles e o Espírito Santo não teve nenhuma participação. O verbo “ver” nessa passagem, em hebraico é rā’âh, de onde vem a palavra rō’eh, que significa “vidente ou aquele que vê as coisas divinas”. Geralmente este verbo é usado nos livros proféticos para indicar que o profeta recebeu a profecia de Deus através de uma visão (Is 30.10; Am 7.8; 8.2). Não era o caso destes falsos profetas, pois Deus não havia dado visão nenhuma a eles. 


Champlin cita sete características destes falsos profetas, que também nos ajudam a identificar falsos profetas na atualidade:

a. Sua fonte de informação não era Yahweh. 

b. Andam em sua própria sabedoria e não na sabedoria de Yahweh. 

c. São frequentemente corruptos moralmente. 

d. Suas profecias não se cumprem, revelando-se mentirosas. 

e. Suas mensagens não melhoram as pessoas moral e espiritualmente. 

f. São autoglorificados, homens arrogantes e orgulhosos. 

g. São autodestruidores.


4- As “raposas do deserto” (v.4). Esta metáfora usada por Ezequiel foi traduzida na Almeida Revista e Corrigida (ARC), por "raposas do deserto". Versões mais atualizadas como a Nova Almeida Atualizada (NAA). traduz por "chacais de ruínas". Em outros textos do Antigo Testamento, os chacais também são associados a ruínas em (Is 13.22; 34.13; Jr 9.11; 10.22; 49.33; 50.39; 51.37; Ml 1.3). 


Isto demonstra o poder destrutivo dos falsos profetas, pois os chacais são animais da classe dos canídeos onívoros, ou seja, que comem tudo o que aparece pela frente, principalmente os restos deixados por animais maiores. Os verdadeiros profetas do Senhor são usados por Ele para alertar o povo de Deus e evitar a sua destruição. Mesmo quando entregam uma mensagem de julgamento, tem o objetivo de levar o povo ao arrependimento, para evitar a destruição. Os falsos profetas, por sua vez, são como os chacais que armam emboscadas para as ovelhas, para se alimentarem delas.


REFERÊNCIAS: 


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pág. 1045.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 64-67..

PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Ezequiel. Editora Batista Regular. pág. 55-56.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3228.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Ezequiel. Editora Batista Regular. pág. 56.

TAYLOR, John B. Ezequiel: Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 110-111.

ZUCK, Roy. (Ed). Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.401-02).

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Ev. Weliano Pires

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