COMENTÁRIO DO 1⁰ TÓPICO DA LIÇÃO 9: A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS.
A palavra "desigrejado" é uma referência a pessoas que se dizem cristãs, mas não estão vinculadas a nenhuma denominação evangélica. De acordo com IBGE, mais de quatro milhões de brasileiros se declaram desigrejados, ou evangélicos sem vínculo institucional. Esta cifra é do censo de 2010. Hoje, o número deve ser muito maior. Este fenômeno é uma tendência mundial e não apenas do Brasil.
1- Um ensino anti-institucional. Os desigrejados adotam uma postura absolutamente anti-institucional. Por isso, criticam as construções de templos, as contribuições à Igreja e a existência de regras, credos e de pastores. Segundo eles, a Igreja Primitiva não possuía templos. A Igreja nos primeiros séculos, realmente, não possuía templos, pois, vivia sob intensa perseguição tanto dos judeus quanto do Império romano. Também não era uma pessoa jurídica, porque naquela época não existiam instituições formais como hoje. Entretanto, isso não significa que não era uma organização.
As construções de templos surgiram depois que cessou a perseguição do Império romano contra o Cristianismo. Do ponto de vista bíblico, não há nenhum impedimento para que a Igreja construa um local para a adoração coletiva, para o ensino da Palavra de Deus e reuniões da Igreja. O próprio Jesus sempre frequentou o templo e as sinagogas, participando da adoração e leitura das Escrituras (Lc 4.16). Os apóstolos Pedro e João frequentavam o templo para orar (At 3.1). Paulo e Barnabé também frequentavam sinagogas para pregar o Evangelho (At 13.25).
Na atualidade, a construção de templos para o funcionamento das atividades da Igreja, é uma necessidade e também um conforto para os fiéis. Não se pode fazer cultos nas casas ou nas ruas como se fazia antigamente. O estado exige que as Igrejas tenham alvará de funcionamento, CNPJ e instalações adequadas para o seu funcionamento. Evidentemente, nas cidades pequenas e periferias nem sempre estas regras são obedecidas.
2- Um ensino anticlerical. Os desigrejados também adotam uma postura completamente anticlerical, ou seja, não aceitam nenhum tipo de liderança, credos, ou regras na Igreja. Segundo este movimento, a Igreja Primitiva não possuía estrutura hierárquica. Mas isso não é verdade. A Igreja Primitiva tinha a sua liderança formada por apóstolos, profetas, evangelistas, presbíteros, diáconos, pastores e mestres (Ef 4.11; At 6.1-6; At 14.23). Tinha o seu código doutrinário (At 2.42-47) e disciplinar (1 Pe 3.5,6; 2 Ts 3.6). Atualmente, uma Igreja para funcionar precisa ter CNPJ e alvará de funcionamento. Para isso, precisa ter o seu estatuto e os responsáveis pela administração da Igreja.
Os desigrejados, na verdade, são insubmissos e anarquistas. Estas duas posturas são contrárias às Escrituras. O próprio Jesus escolheu doze apóstolos e os constituiu como líderes da Igreja. Após a sua ressurreição e assunção aos Céus, Pedro assumiu a liderança da Igreja de Jerusalém; depois, no capítulo 6 de Atos, os apóstolos se reuniram e mandaram o povo escolher os sete diáconos. A Igreja em Jerusalém também reuniu os apóstolos e presbíteros no primeiro concílio, para debater a questão dos judaizantes (At 15.1,2,6). Tiago, o irmão de Jesus, assumiu papel importante na liderança da Igreja em Jerusalém (At 15.13). Na Igreja em Éfeso também havia um corpo de presbíteros, com quem Paulo se reuniu em Mileto, antes da sua prisão e fez-lhes um longo discurso (At 20.17-38).
Nas Epístolas pastorais a Timóteo e a Tito, Paulo fez várias recomendações sobre as escolhas de bispos, presbíteros e diáconos, fornecendo-lhes os requisitos para o exercício destes ministérios (1 Tm 3.1-13; Tt 1-9). O escritor da Epístola aos Hebreus também recomendou a obediência aos pastores (Hb 13.17). O apóstolo Pedro, em sua primeira Epístola, no capítulo 5, recomendou aos presbíteros que "apascentassem o rebanho de Deus". (1 Pe 5.1,2). Por último, no Apocalipse, o senhor Jesus mandou João escrever uma carta a cada um dos sete líderes das Igrejas da Ásia. Então, dizer que na Igreja Primitiva não havia líderes é analfabetismo bíblico ou rebeldia mesmo.
Reflexão: “Quem sai da igreja por causa de pessoas, nunca entrou lá por causa de Jesus.”
REFERÊNCIAS:
CAMPOS, Idauro. Desigrejados – Teoria, História e Contradições do Niilismo Eclesiástico. Editora: Eireli. 7 Ed. 2017.
TETZNER, Gerson Welmer; NERBAS, Paulo Moisés. Os desigrejados: Um estudo do fenômeno e da influência da Igreja no aumento do número de cristãos sem vínculo institucional. Editora Concórdia. pag. 22-24.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, editada pela CPAD, p.348.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.550.
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Pb. Weliano Pires
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