09 agosto 2022

A BÍBLIA E O ESPÍRITO DESTA ERA


(Comentário do 1º tópico da Lição 7: A sutileza da relativização da Bíblia)

A Bíblia é um Livro único no mundo. Não existe outro livro que seja igual a ela. Mesmo tendo mais de 20 séculos que o seu último livro foi escrito, a Palavra de Deus continua atual. Outras características também a tornam um livro extraordinário e divino. A Bíblia foi escrita em um período aproximado de 1600 anos, por cerca de 40 escritores, que viveram em culturas e épocas diferentes. A maioria deles não se conheceram, um não sabia o que o outro iria escrever e não sabiam que aquilo que estavam escrevendo era a Palavra de Deus. Foi escrita em três idiomas diferentes: Hebraico, aramaico e grego. 


É de se imaginar que um livro escrito nestas circunstâncias seja totalmente desconexo e cheio de contradições. Entretanto, quando estudamos a Bíblia em oração, buscando a iluminação do Espírito Santo, percebemos que há uma harmonia entre os seus livros, que ela é atual e uma fonte inesgotável de conhecimento e sabedoria. Um livro assim não pode ser considerado literatura humana. Outro fator que nos mostra que a Bíblia não é fruto da mente humana é que ela não esconde as falhas e fraquezas de seus heróis e não enaltece o homem. Além disso, as suas profecias se cumprem nos mínimos detalhes. 


O espírito que impera na sociedade atual é o do pós-modernismo, que entre outras coisas nega a existência de verdade absoluta e de princípios morais. Evidentemente, teorias desse tipo se chocam frontalmente com as Escrituras Sagradas. Por isso, esta cultura busca desconstruir a Palavra de Deus e dissociá-la completamente das escolas, da cultura em geral e até das famílias. O resultado disso é a relativização da Palavra de Deus, reduzindo-a a mais um ponto de vista, entre muitos outros que existem no mundo. 


1- A desconstrução. Vivemos atualmente um período conhecido como pós-modernismo. É um movimento que teve início após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o fim do chamado período modernista. Uma das principais características do pós-modernismo é a ausência de regras e de valores absolutos, que até então, eram consolidados. Esta tendência tem influenciado as universidades, a cultura, a literatura e os meios de comunicação. Como era de se esperar, atingiu também a fé cristã. 


Para desconstruir os valores bíblicos, os pós-modernistas usam a chamada “hermenêutica da desconstrução”. A palavra “hermenêutica” vem do verbo grego “hermeneuein”, que significa “declarar”, “anunciar”, “interpretar”, tornar compreensível”. Na Grécia antiga, Hermes era um personagem mítico que, por sua capacidade de compreender e revelar, intermediava a mensagem dos deuses aos homens. Em termos simples, hermenêutica é a arte e a ciência da interpretação. A chamada hermenêutica da desconstrução ou hermenêutica pós-moderna é um modelo interpretativo que tem o leitor e não o autor como sujeito da interpretação. 


Partindo desta premissa, não importa o que o autor bíblico escreveu sobre um determinado tema. O importante é a interpretação que o leitor moderno dá ao texto. Não se faz, portanto, uma exegese bíblica, onde se extrai do texto o significado que o autor colocou, mas, faz-se uma eisegese, que coloca no texto a própria opinião, forçando-o a dizer aquilo que se quer. O objetivo deste modelo de interpretação bíblica é desconstruir os valores judaico-cristãos. Infelizmente, muitos ‘pregadores’ ou animadores de auditórios têm seguido esse tipo de interpretação. Alguns por ignorância, outros propositalmente, para buscar apoio bíblico para as suas ideologias. 


A verdadeira hermenêutica bíblica segue várias regras para uma correta interpretação dos textos sagrados. Três pontos são fundamentais e o intérprete da Bíblia deve se atentar a eles: 

a. A Bíblia interpreta-se a si mesma. Conforme vimos no item anterior, esta é a primeira e fundamental regra para a correta interpretação bíblica.

b. Os textos bíblicos devem sempre manter o seu sentido literal. Deve-se considerar também os recursos literários (poesia, figuras de linguagem, narrativas, profecia, etc.), mas é preciso ter cuidado com expressões simbólicas e alegóricas. 

c. O texto deve sempre ser lido dentro do respectivo contexto. Devemos sempre considerar que um texto é formado por uma sequência de palavras e frases, que não podem ser lidas separadamente, sob pena de se perder ou deturpar a intenção do autor. As palavras ou frases também podem ter sentidos diferentes, de acordo com o contexto em que estão situadas.    


2- O Relativismo. A palavra relativismo vem do latim, “relatus”, que significa relativo, ou que tem ligação com outra coisa. Na filosofia, esse termo se refere a alguma coisa que subsiste isolada e não pode ser considerada um absoluto por si mesma. No pós-modernismo, tudo é relativo e não há valores absolutos. Entretanto, isso só vale para os valores judaico-cristãos. Quando se trata de questionar o evolucionismo, o homossexualismo, ou o cientificismo, não aceitam dizer que é relativo e querem impor à sociedade como verdades inquestionáveis. 


No meio evangélico surgiu há algum tempo, os chamados teólogos progressistas, que querem desconstruir a visão conservadora da Bíblia. Como não conseguem negar que a Bíblia condena as práticas que o mundo moderno pratica e querem que sejam consideradas normais, estes teólogos marxistas, querem relativizar os valores bíblicos, para adequá-los às suas ideologias. 


Recentemente, um famoso pastor evangélico de São Paulo, adepto do marxismo e da chamada “teologia da missão integral” afirmou que a Bíblia precisa ser atualizada e ressignificada. Ele não se referia à atualização da linguagem, para uma melhor compreensão do texto bíblico. Mas, falava em atualizar no sentido de interpretar a Bíblia com foco no leitor atual, como vimos no item anterior, na chamada hermenêutica da desconstrução, tentando desconstruir as condenações bíblicas à prática homossexual e às orientação em relação às mulheres, numa clara defesa das bandeiras dos movimentos homossexual e feminista, dois moviventos extremamente hostis ao Cristianismo. 


A Palavra de Deus é a verdade absoluta e será sempre atual. Independente da época ou cultura, os valores bíblicos são os mesmos. Jesus disse no Sermão do Monte, que nada se omitirá da Lei até que tudo se cumpra. Para isso, ele usou a seguinte expressão: “...Nem um jota ou um til se omitirá da lei.” (Mt 5.18). Nas línguas hebraica e grega não existem o jota nem o til. No hebraico tem o "Yod" e no grego o "Iota''. O Yod é a menor letra do alfabeto hebraico. Já a palavra traduzida por "til" significa "pequeno chifre" e é uma referência a um sinal que há no final de outra letra hebraica, que parecia um pequeno chifre de carneiro. Isto significa que a Palavra de Deus não tem erro algum e é totalmente digna de confiança.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES,. José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

DANIEL, Silas. A sedução das novas teologias. Editora: CPAD. pág. 75-78.

GEISLER, Norman. Razões para crer: apresentando argumentos a favor da fé cristã. Editora CPAD. 1ª ed. 2013. pág. 118.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. pág. 636.

COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E agora como viveremos? Editora CPAD. pág. 441.

GUTHRIE, George. Lendo a Bíblia para a vida: Seu guia para entender e viver a Palavra de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.267).


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Pb. Weliano Pires



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