24 agosto 2022

A NATUREZA DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA


Comentário do 2º tópico da Lição 09: A sutileza do movimento dos desigrejados. 

Conforme vimos no tópico anterior, os desigrejados tem uma postura anti-institucional e anticlerical da Igreja. Não aceitam que a Igreja seja uma instituição e, consequentemente, que tenha líderes. Esta é, na verdade, uma postura anarquista, que não aceita governos, e de insubmissão. Estas duas posturas são contrárias à conduta cristã. O apóstolo Paulo recomenda a sujeição de uns aos outros (Ef 5.21); a sujeição às autoridades (Rm 13.1,2); a sujeição da esposa ao marido (Ef 5.22,23); a obediência aos pastores (Hb 13.17); etc. 


A Igreja possui duas dimensões. Ela é ao mesmo tempo um organismo formado de pessoas que servem a Deus e uma organização humana, ou uma pessoa jurídica. Sobre a questão da Igreja como uma organização, é preciso haver equilíbrio. Por um lado há aqueles que supervalorizam a organização, dando-lhe uma importância que ela não possui e construindo templos suntuosos, com o objetivo de demonstrar força. Por outro lado, há os que desprezam e combatem a organização, achando que ela é desnecessária. Os dois lados estão equivocados. A Igreja é o corpo de Cristo, formada pelo conjunto de salvos. Mas ela é também uma organização humana, que se organiza como Igreja local e tem as suas instalações, regras e lideranças. 


Mas, o mesmo Jesus deu à Sua Igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores, visando o aperfeiçoamento dos santos e sua edificação (Ef 4.11,12). Nesse sentido, a Igreja é uma organização, que necessita de administração, líderes, instalações e regras para o seu funcionamento. 


1- Um organismo. A palavra Igreja no grego é “Ekkesia” que vem de dois vocábulos gregos “Ek” (fora) e “kaleo” (Eleitos, chamados). Portanto, significa um grupo de pessoas chamadas para fora. A Igreja foi fundada por Jesus, como um organismo vivo e, nesse sentido, ela é formada por todos os salvos que nasceram de novo e liderada por Ele e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Como um organismo, a Igreja de Jesus é única. A Igreja como um organismo não possui CNPJ, endereço, estatuto, líderes humanos, ou espaço físico. Ela é formada por todos os salvos de qualquer denominação, lugar ou época. Como organismo, a Igreja é representada como o corpo de Cristo, sendo Ele próprio a cabeça (I Co 12.27; Ef 4.12). Assim como um corpo não sobrevive sem a cabeça e é guiado pelo cérebro, assim também é a Igreja. Cristo é a sua cabeça e a governa. Sem Cristo, a Igreja não sobrevive. 


2- Uma organização. Os desigrejados querem que a Igreja seja apenas um organismo, nos moldes em que vimos acima. Entretanto, do ponto de vista do Novo Testamento, podemos perceber claramente, que a Igreja é também uma organização, formada por pessoas diferentes, que formavam uma comunidade local para adorar a Deus e pregar o Evangelho. A Igreja Primitiva começou em Jerusalém, sob a liderança dos apóstolos. Os mais proeminentes entre eles, eram Pedro e João (At 8.14; Gl 2.7). Depois, Tiago, o irmão do Senhor, exerceu papel importante na liderança da Igreja em Jerusalém, dirigindo, inclusive, o primeiro concílio da Igreja (At 15. 13).


Nas Igrejas fundadas por Paulo também havia lideranças estabelecidas, como vimos no tópico anterior. Em todas estas comunidades havia presbíteros e diáconos. Havia também a doutrina dos apóstolos (At 2.42-47); autoridades na Igreja para julgar as causas entre os irmãos (I Co 6.5); Presbíteros que lideravam as Igrejas locais (I Ts 5.12; I Tm 5.17; Tt 1.5). O mesmo acontecia nas Igrejas da Ásia, onde cada uma tinha o seu líder, que recebeu a respectiva carta do Senhor Jesus, através de João. 


Evidentemente, a organização da Igreja dos tempos bíblicos era diferente do que é hoje, como todas as organizações sociais o são. Naquela época, não existia democracia ou estado de direito. O mundo em que os apóstolos viviam era dominado pelo império romano que era extremamente hostil ao Cristianismo. As religiões pagãs tinham os seus templos e sacerdotes, porque tinham autorização do império romano para existir. Muitas delas tinham vários séculos de existência. O Judaísmo tinha sinagogas em várias cidades do império romano, onde as suas comunidades se reuniam para ouvir o ensino da Lei e fazer suas orações. 


O Cristianismo nos seus primórdios era considerado como parte do Judaísmo pelos romanos e era odiado pelos judeus. Depois passou a ser visto como uma sociedade secreta e com desconfiança pelo Império romano, sendo visto como uma ameaça, principalmente pela recusa de oferecer culto ao imperador. A partir daí, passou a ser duramente perseguido pelos romanos, principalmente, após o imperador Nero incendiar Roma e colocar a culpa nos cristãos. Durante o seu governo, muitos cristãos foram crucificados, decapitados, jogados às feras famintas e queimados vivos. Não dá para imaginar, que em um ambiente assim, seria possível os cristãos terem templos para se reunir. Eles viviam na clandestinidade, podendo ser presos ou mortos a qualquer momento. Além disso, tinham poucas condições financeiras e esperavam que Jesus voltaria naqueles dias. 


REFERÊNCIAS: 

LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 44.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 550.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 194.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 231-233.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 611.


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Pb. Weliano Pires

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