18 agosto 2022

O DISTINTIVO PENTECOSTAL DE NOSSA IGREJA


Comentário do 2º tópico da Lição 8: A sutileza do enfraquecimento da identidade pentecostal.

Ao longo dos anos, já estudamos várias revistas de Lições Bíblicas sobre a pessoa e obra do Espírito Santo. Além disso, este tema é matéria obrigatória nos cursos de discipulado para os novos convertidos. Temos ainda os cultos de ensinos, Escolas Bíblicas para Obreiros, palestras e seminários sobre a Doutrina Pentecostal e uma infinidade de livros publicados sobre o assunto. 


Para termos uma ideia, nos últimos cinco anos, estudamos uma revista sobre a nossa declaração de fé, no ano de 2017, com uma lição sobre as manifestações do Espírito Santo; Depois, no primeiro trimestre de 2021, por exemplo, nós estudamos o tema: O Verdadeiro Pentecostalismo - A atualidade da Doutrina Bíblica sobre a atuação do Espírito Santo, com comentário do Pr. Esequias Soares da Silva, presidente da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em Jundiaí-SP. No 2º Trimestre do mesmo ano, repetimos uma revista de 2014, onde estudamos sobre os dons espirituais e ministeriais, comentadas pelo pastor Elinaldo Renovato de Lima. 


Portanto, todo assembleiano, com mais de dois anos de conversão, deveria conhecer profundamente as verdades pentecostais. Neste tópico falaremos sobre dois temas muito importantes para a doutrina pentecostal que são, na verdade, o distintivo do Pentecostalismo Clássico. Trata-se da atualidade dos dons espirituais e a evidência inicial do falar em línguas. 


1- A atualidade dos dons espirituais. Muitas pessoas pensam, equivocadamente, que os evangélicos que não são pentecostais não crêem no Espírito Santo. Mas isso não é verdade. Eles crêem na pessoa do Espírito Santo, na sua divindade, na obra do Espírito Santo na redenção, no Fruto do Espírito Santo e nos dons do Espírito Santo, conforme descritos na Bíblia. A diferença é que eles dizem que os dons espirituais ficaram restritos ao período apostólico e cessaram com a morte do último apóstolo. 


Até meados do século IV nenhum Cristão ensinava isso. Este erro doutrinário foi introduzido na Igreja Cristã pelo bispo e teólogo Agostinho de Hipona (354-430). Devido à grande influência que Agostinho exerceu em sua época, este pensamento dominou a Igreja Ocidental por toda a Idade Média e nem mesmo a Reforma Protestante conseguiu atingi-lo. Os reformadores sequer discutiram este assunto. Eles se restringiram à doutrina da Salvação e combateram os ensinos de salvação pelas obras, idolatria e mediação dos santos e reafirmaram a autoridade das Escrituras. 


É importante destacar que este ensino de Agostinho atingiu apenas a Igreja Ocidental. No século XI aconteceu a primeira grande divisão da Igreja Cristã, com o chamado Grande Cisma do Oriente. As Igrejas do Oriente romperam com a Igreja de Roma e a sua sede passou a ser em Constantinopla. Nas questões relacionadas ao Espírito Santo, a Igreja Oriental, que é chamada de Igreja Ortodoxa, sempre esteve à frente da Igreja Ocidental, que seguiu as ideias de Agostinho e ensinava que os dons cessaram. A Reforma Protestante não atingiu a Igreja Ocidental, pois os reformadores eram ligados à Igreja Católica Romana e não à Igreja Ortodoxa. 


Ao longo da história da Igreja, sempre houve pessoas que criam na atualidade dos dons espirituais. Mas, sem sombra de dúvidas, o movimento que resgatou esta doutrina e passou a exercitá-la, foi o chamado Movimento Pentecostal, que iniciou na Rua Azuza, em Los Angeles, com o Pr. William Joseph Seymour, a partir de 1906. Seymour pregava sobre o batismo no Espírito Santo, mesmo antes de ter sido batizado. A sua pregação, no entanto, foi rejeitada pelo presbitério da Igreja da Santidade de Los Angeles. Ele continuou pregando e os membros daquela Igreja passaram a se reunir com ele em suas casas para buscar os dons espirituais. 


Em 12 de abril, William Seymour finalmente recebeu o batismo no Espírito Santo, aproximadamente às quatro horas da manhã, depois de ter orado a noite toda. As reuniões de oração continuaram nas casas e várias pessoas eram batizadas no Espírito Santo e outras eram curadas. O grupo liderado por William Seymour descobriu um prédio disponível na Azusa Street, que tinha sido construído originalmente como uma Igreja Metodista Africana. Este trabalho iniciado na Rua Azuza, inicialmente se chamava Azusa Street Mission. Posteriormente deram-lhe o de Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica de Fé Apostólica). 


O impacto deste movimento foi muito grande, tanto na oração e busca pelo poder de Deus, quanto no despertamento missionário. Daniel Berg e Gunnar Vingren, dois jovens suecos que moravam nos Estados Unidos, também foram impactados pelo Movimento Pentecostal naquele país. Em novembro de 1910, por orientação divina, eles vieram para o Brasil pregar o Evangelho em Belém do Pará. 


Inicialmente, fizeram parte da Igreja Batista, mas a doutrina pentecostal deles incomodou os batistas, que eram cessacionistas, e eles foram expulsos da denominação em junho de 1911. No dia 18 de junho de 1911, iniciaram um novo trabalho e deram-lhe o nome de Missão da Fé Apostólica, seguindo o nome da missão da Rua Azuza, em Los Angeles. Depois, em 1918, mudaram o nome para Assembleia de Deus. Desde o início, a Assembléia de Deus ensina que o batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação e prega também a atualidade dos dons espirituais, como capacitações sobrenaturais do Espírito Santo para o crente realizar com ousadia e poder, a Obra do Senhor. Isso foi escrito na sua Declaração de Verdades Fundamentais de 1916.


Os teólogos e escritores cessacionistas combatem as doutrinas pentecostais, fazendo acusações, zombarias e até blasfêmias, dizendo que as manifestações do Espírito Santo no meio pentecostal são, na verdade, de origem satânica. H. E. Alexander, um dos autores antipentecostais mais lidos no Brasil, em seu livro “Pentecostismo ou Cristianismo?” mostra o Movimento Pentecostal como uma ameaça à integridade do verdadeiro Cristianismo. Diz ainda que o “pentecostismo” (como ele chama os pentecostais) nada mais é do que um dos ramos do Espiritismo, Feiticismo, Macumba, ou coisa semelhante. No seu livro, “Os Carismáticos”, John F. MacArthur, denuncia e condena o Movimento Carismático, por, segundo ele, fazer da experiência algo superior às Escrituras. 


Há outros teólogos brasileiros cessacionistas que combatem e zombam dos pentecostais, como o Pr. Marcos Graconato, da Igreja Batista Redenção, crítico ferrenho dos pentecostais. Outros, ao criticarem as heresias e exageros do neopentecostalismo, acabam confundindo-os com os pentecostais e nos atacam também. O pior é que muitos assembleianos lêem as suas literaturas e seguem as suas páginas nas redes sociais. 


2- As línguas como evidência. Desde a sua fundação, a Assembléia de Deus ensina que a evidência inicial de que alguém recebeu o batismo no Espírito Santo é o falar em línguas: Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916: 

“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4). 


Há duas palavras gregas, traduzidas por “falar em línguas”. A primeira é “xenolalia” de “xeno” (estrangeiro) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua estrangeira, desconhecida de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. A segunda palavra é “Glossolalia”, de “glossa” (língua) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua desconhecida para quem fala e para quem a ouve.


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. O termo grego é em Atos 2.4 é "héteros glossais”, que significa outras línguas desconhecidas dos que estavam falando. Logo em seguida, o texto diz que algumas pessoas ouviram estas línguas e as entenderam, pois eram as suas próprias línguas. Em Cesaréia, na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e falaram em línguas (At 10.46). 


Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6). Em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). 


Comparando com os outros relatos, que dizem que as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas, ficam implícito, portanto, que este foi o sinal. O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi batizado Espírito Santo. Concluímos, portanto, que  “falar em línguas” é a evidência ou o sinal visível de que alguém recebeu o Batismo no Espírito Santo.


REFERÊNCIAS: 


GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

OLIVEIRA, Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 189.

CARVALHO, César Moisés. Pentecostalismo e Pós Modernidade; Quando a experiência sobrepõe a teologia. Editora CPAD. 2 Ed. 2017.

METZ, Donald S. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 333.

SOARES, Esequias. O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD. 1 Ed. 2020.

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Editora CPAD. pág. 165; 167-169.

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Pb. Weliano Pires

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