28 julho 2022

PRESSUPOSTOS DAS DOUTRINAS MATERIALISTAS E ATEÍSTAS


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 5: A sutileza do materialismo e do ateísmo). 

Pressuposto, como a própria palavra sugere, é a suposição antecipada de alguma coisa. Os dois pressupostos fundamentais das doutrinas materialistas e ateístas são: a negação da existência de Deus e a negação de que o ser humano é um ser distinto das demais espécies. Como eles não acreditam na existência de Deus e do mundo espiritual, dizem que a existência humana se limita a esta vida e, portanto, o ser humano é igual aos animais, em outro estágio da cadeia evolutiva. Partindo destes pressupostos, negam também a existência de uma verdade absoluta e de princípios morais.  


1- Negação da existência de Deus. Conforme já falamos no primeiro tópico, tanto o Materialismo como o Ateísmo acreditam que o mundo material é a única realidade que existe. Com base neste pressuposto, negam a existência de Deus. Tanto um como o outro na atualidade, buscam roupagem científica para essa afirmação. Entretanto, não há nenhuma base científica para negar a existência de Deus e do mundo espiritual. Ao contrário, há uma imensidão de evidências nas coisas criadas e no funcionamento do Universo, de que há um ser inteligente e infinitamente superior que criou, organizou e sustenta tudo isso, exatamente como diz a Bíblia. Evidentemente não é possível provar a existência de Deus em um laboratório. Mas é possível provar que Deus existe através da observação dos fatos.


No capítulo 1 da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo afirma: “... as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas.” (Rm 1.20). Em seguida, o apóstolo diz: “... tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças” (Rm 1.21). Estas afirmações de Paulo nos mostram que Deus se revelou através das coisas criadas e que os ímpios conseguem conhecê-lo através delas. Portanto a negação da existência de Deus não é por falta de evidências e sim por rebeldia e rejeição. Na verdade, não é que os materialistas e ateus não crêem que Deus existe. Eles não querem que Deus exista, pois a existência de Deus confronta-lhes a soberba e a vida de pecado. Mas o fato de negarem a existência de Deus não impedirá que um dia tenha de se prostrar diante dele e prestar conta dos seus pecados. 


O Pr. Hernandes Dias Lopes destaca neste texto de Romanos 1.21-23, quatro passos, que levaram os pagãos do conhecimento de Deus à idolatria: 


a. Conhecimento suficiente. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus…” (1.21). O problema humano não é a ausência do conhecimento de Deus, mas a negação de Deus. As coisas criadas manifestam a existência de Deus (Sl 19.1-4). 

b. Rejeição consciente. “… não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios…” (1.21). Rejeitaram a Deus, tendo consciência do que estavam fazendo. Quando se recusam a reconhecer a Deus como o Criador, falham também em glorificá-lo e agradecer-lhe pelo que Ele é e faz. 

c. Comportamento inconsequente. “… obscurecendo-se lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (1.21,22). O que começa na mente vai para o coração. O raciocínio errado leva o coração às trevas. Quando o homem perde o conhecimento de Deus, perde também a referência de santidade. Uma mente sem Deus produz uma vida de trevas. 

d. Idolatria irreverente. “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (1.23). Aquilo que começou na mente e desceu ao coração deságua na religião. Em seu pensamento os seres humanos reduzem Deus a duas pernas, depois a quatro patas, e finalmente a rastejar sobre o ventre. Se o homem não adora o Deus verdadeiro, adorará um deus falso, mesmo que ele próprio tenha de confeccioná-lo. 


2- Negação de que o homem é um ser singular. O segundo pressuposto dos materialistas e ateístas é que o ser humano não é um ser único e diferente dos demais seres vivos. Para eles, o homem é um simples ser vivo mortal como os demais, produto de uma cadeia evolutiva. Em outras palavras, o ser humano seria apenas um macaco que perdeu a cauda, passou a andar de forma ereta, aprendeu a falar, perdeu os pelos do corpo, etc. Para isso valem-se das idéias evolucionistas de Jean-Baptiste de Lamarck e Charles Darwin. 


Lamarck criou a chamada teoria dos caracteres adquiridos, que consistia na adaptação dos seres vivos ao meio em que viviam, adquirindo ou perdendo algumas de suas características. Darwin, por sua vez, elaborou a chamada teoria da seleção natural ou evolução das espécies. Segundo Darwin, os seres vivos transmitem para os seus descendentes as características adequadas à sua sobrevivência.  Apesar de pontos de vistas diferentes, ambos defendiam que o ser humano é fruto de evolução de outras espécies animais e não foi criado por Deus, conforme a Bíblia relata. 


A Bíblia, no entanto, diz que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança (Gn 1.26-28). O ser humano é diferente do restante da criação, pois reflete a imagem do seu Criador. Deus criou todas as coisas do nada, dizendo: haja luz, haja uma expansão no meio das águas, produza a terra ervas, haja luminares na expansão dos céus, etc. (Gn 1.1-25). Entretanto, antes de criar o ser humano, a Santíssima Trindade formou conselho e disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gn 1.26).


As demais coisas do Universo, Deus deu ordem e elas passaram a existir. Mas para criar o ser humano, houve uma deliberação de Deus, que o criou conforme a sua imagem e semelhança. A palavra imagem no hebraico é ‘selem’ e significa imagem mental, moral e espiritual de Deus. Isso significa que Deus deu ao homem, algumas das suas próprias características, ou atributos. Claro que não na mesma proporção, pois o homem não é um ser divino. A imagem de Deus no homem pode ser vista em pelo menos quatro características: 

a. Personalidade. Assim como Deus é um ser pessoal, que tem vontade, intelecto e sentimentos, o homem também tem estas características. Nenhum outro ser criado é assim.

b. Espiritualidade. Deus é Espírito e é Eterno. O ser humano também foi criado com um espírito que não morre. As faculdades do espírito humano são a fé e a consciência. Por isso, todo ser humano, mesmo os que não crêem em Deus, tem sede de Deus. Se não o adorarem, irão procurar outra coisa para substituí-lo. 

c. Liberdade. Deus é um ser livre e deu ao ser humano a liberdade para escolher, o quer fazer e recusar fazer o que não quer. Evidentemente, esta liberdade tem limites, responsabilidades e consequências.

d. Expressividade. Deus é um ser que expressar a sua vontade e executá-la. Ele também deu a o ser humano a capacidade pensar, planejar e executar aquilo que planejou. 


Sobre o ser humano precisamos evitar dois extremos que são equivocados: as idéias do Antropocentrismo, que coloca o ser humano no centro de todas as coisas, como se fosse um deus; e as idéias do Materialismo e do Ateísmo, que reduzem o ser humano a um mero animal que perdeu, ganhou ou adaptou algumas características, ou se transformou em outra espécie. O homem foi criado por Deus, conforme a Sua imagem e semelhança. Ele não é divino, mas também não é um mero animal. 


REFERÊNCIAS: 

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos: O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pág. 83-86.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 22.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Romanos. Editora Cultura Cristã. pág. 94-95.

LIMA, Leandro Antonio de. Razão da esperança – Teologia para hoje. Editora Cultura Cristã. 1 Ed. 2006. pág. 157-160.

 

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Pb. Weliano Pires

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