Este tópico é uma continuação do assunto do tópico anterior. Vimos a definição da palavra Graça, no hebraico e no grego e que a graça é divina e imerecida. Agora falaremos sobre a necessidade da graça e a sua extensão. Há pontos de vista diferentes no meio evangélico sobre este assunto. Quanto à necessidade da graça, não há dúvidas, exceto nas seitas que ensinam salvação pelas obras ou por merecimento. Com relação ao alcance da graça, no entanto, há divergências. Há também diferença de pensamento sobre a resistência à graça, e a possibilidade de alguém decair da graça.
1- A necessidade da graça. Não é possível entender a doutrina da Graça de Deus, sem antes compreender a doutrina do pecado. Com relação ao pecado, há várias heresias. Algumas pessoas negam a existência do pecado, como é o caso de algumas religiões orientais. Outros, acham que o ser humano precisa pagar o preço dos seus pecados, em sucessivas reencarnações, como dizem os espíritas. O pelagianismo, por sua vez, diz que o pecado não afetou a todos e há a possibilidade do ser humano se redimir através dos próprios esforços. Os católicos romanos acreditam na existência do pecado, mas ensinam que o ser humano obtém o perdão de Deus através de obras, sacrifícios, missas após morte e sofrimentos no purgatório.
A Bíblia, no entanto, nos mostra claramente, que o pecado entrou no mundo através da desobediência de Adão e corrompeu a natureza humana: "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram." (Rm 5.12. Portanto, não há ninguém neste mundo que tenha nascido sem pecado ou tenha vivido sem pecado. O único que nasceu e viveu sem pecado foi Jesus (Hb 4.15). Paulo que escreveu aos Romanos que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". (Rm 3.23).
A humanidade, afetada pelo pecado, ficou separada de Deus e incapaz de de reatar esta comunhão, pois a Justiça de Deus exige a punição pelo pecado. Deus tem razão em está irado contra a humanidade perdida e estaria fazendo justiça se os condenasse. Entretanto, se por um lado a Justiça de Deus exige a punição do culpado, o amor de Deus exige a salvação do pecador. É aqui que está o cerne da doutrina da Graça de Deus. O ser humano é culpado diante de Deus e merece ser condenado. Mas Deus, por sua infinita graça, deseja salvá-lo e pagou o preço da sua redenção.
2- A extensão da graça. Na questão da extensão ou alcance da Graça há três pensamentos teológicos diferentes: O universalismo, que ensina que a Graça de Deus foi concedida a todos e salvará a todos; o calvinismo, que ensina que a Graça de Deus foi dada apenas aos eleitos e estes serão salvos, sem a possibilidade de escolher ou resistir; por último, o arminianismo, que ensina que a Graça de Deus foi concedida a todos, porém, Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio para escolher ou rejeitar a Graça de Deus.
O universalismo é uma heresia totalmente antibíblica, pois a Bíblia afirma claramente em vários textos que há dois caminhos: o caminho estreito que conduz à vida eterna; e o caminho largo e espaçoso, que conduz à perdição. Jesus afirmou também que os que nele crerem sem salvos e os que não crerem serão condenados. Então, não faz sentido dizer que Deus salvará todos.
O calvinismo ensina que Deus escolheu um grupo seleto de pessoas que serão salvas e o restante serão condenados. Pregam ainda que Cristo morreu apenas pelos eleitos e que não há a possibilidade dos demais serem salvos porque Deus assim escolheu. Dizem também que não há a possibilidade dos eleitos resistirem à Graça de Deus ou rejeitarem após terem aceitado. As principais doutrinas do calvinismo foram resumidas em cinco pontos, em um acróstico em inglês, chamado TULIP. Cada letra representa uma doutrina:
T - Total depravity / Depravação total
U - Unconditional election / Eleição incondicional
L - Limited atonement / Expiação limitada
I - Irresistible Grace / Graça irresistível
P - Perseverance of saints / Perseverança dos santos.
O arminianismo, por sua vez, ensina que Deus disponibilizou a sua Graça para todos (Tt 3.11) e Cristo morreu por todos e quer salvar a todos (Jo 1.29, Jo 3.16 e 1 Tm 2.4-6). O homem estava morto em seus pecados, mas Deus concedeu a Sua Graça, chamada de Graça preveniente, que convence, chama, ilumina e capacita o homem a decidir se quer ou não ser salvo (Mc 16.16; Jo 6.47). tornando o arrependimento e a fé possível. Entretanto, Deus concedeu ao homem a livre escolha. O arminianismo também foi resumido em cinco pontos:
1. Vontade livre (Livre arbítrio)
2. Eleição condicional.
3. Expiação Universal.
4. Graça resistível.
5. Possibilidade de cair da graça.
Nós da Assembleia de Deus seguimos o pensamento arminiano pois entendemos que ele tem base bíblica. Em vários textos bíblicos a Bíblia mostra que o homem é recomendado a escolher (Gn 2.17; Dt 30.19; Js 24.15; Ao 22.17); portanto, tem livre arbítrio. Vemos também em vários textos onde o ser humano resistiu à Palavra de Deus (Is 63.10; At 7.51) e vemos inúmeros textos recomendando a vigilância para não cair (Mt 26.41; 1 Pe 5.7; Ap 3.11). Se não houvesse a possibilidade de um salvo se perder, não precisaria de orientação para vigiar.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça: Um Estudo da Doutrina da Salvação na Carta aos Romanos. Editora CPAD: 1 Ed 2015. pág. 77-80.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: ATOS A APOCALIPSE. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 337.
Roger E. Olson. Arminian Theology: Myths and Realities, p. 35-36.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pág. 433.
LUCADO, Max. Nas Garras da Graça: Você não pode escapar do seu amor. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.30-32).
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