05 julho 2022

COMPREENDENDO A GRAÇA


(Comentário do 1º tópico da Lição 2).

Neste primeiro tópico estudaremos sobre a definição e a natureza da Graça de Deus. O apóstolo Paulo escrevendo aos efésios, ensinou que somos salvos pela graça, mediante a fé. Isso não vem de nós mesmos. É um dom de Deus e não vem das obras, para que ninguém se exalte. (Ef 2.8-10). Mesmo sabendo da definição clássica, que diz que Graça é o favor imerecido de Deus, muitos crentes desconhecem o que realmente significa a Graça de Deus e quais os seus desdobramentos. Alguns chegam a dizer, erroneamente, que no Antigo Testamento a salvação era pelas obras e hoje é pela Graça. Ora, nunca houve em tempo algum, salvação pelas obras. Paulo fala sobre isso, quando diz que Abraão foi justificado pela fé (Rm 4.1-17). 

1- A graça é divina. Os católicos costumam chamar bênçãos de “graça” e dizem: agradeço a São fulano, pela graça alcançada. Isso é um equívoco, mesmo tratando-se de bênçãos, pois qualquer dádiva concedida ao ser humano, vem de Deus (Tg 1.17). Quando falamos da Graça para a Salvação, o primeiro aspecto é que ela provém de Deus. Não há ninguém na terra ou no Céu que possa conceder a Graça salvadora. Tanto a origem quanto a iniciativa da graça estão em Deus. Sendo assim, não há ninguém que possa salvar-se a si mesmo, ou oferecer salvação a outrem. Também não há ninguém que mereça ser salvo, ou possa pagar de alguma forma pela sua salvação. 

O conceito de Graça no Antigo Testamento é muito abrangente. A palavra hebraica “hen”, significa “favor não merecido, concedido por um um superior ao seu subordinado". Tratando-se de Deus para com o homem, pode se referir a  bênçãos materiais, espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31,2; Êx 33.19). Temos também a palavra “hesed”, que significa benevolência ou benignidade entre pessoas que têm um relacionamento entre si, especialmente no caso de Deus para com o seu povo, onde Ele garante a sua “hesed” (2 Sm 7.15; Êx 20.6).

No grego, a palavra traduzida por Graça é “Charis”. Esta palavra aparece 164 vezes no Novo Testamento, sendo 101 nos escritos do apóstolo Paulo. Na literatura grega, “Charis” tinha pelo menos 5 significados: 

1) Algo que causa atração, como a beleza física ou fala.
2) Consideração favorável em relação a uma pessoa.
3) Um favor prestado a outra pessoa
4) Gratidão por um benefício recebido.
5) Usada como locução adverbial em frases como: “charin tinos” (Por amor a alguma coisa). 

No Novo Testamento, a palavra "Charis" também significa gratidão a Deus (1 Ts 5.18); dom concedido por Deus (Rm 12.3); ou mesmo simpatia diante das pessoas (At 2.47).  Mas o sentido pleno de graça foi revelado na pessoa de Jesus Cristo (2 Co 8.9; Ef 1.7; Tt 2.11). 

2- A graça é imerecida. A Graça é a disposição de Deus em oferecer perdão e salvação aos perdidos, que não teriam como ser salvos por seus próprios esforços, nem teriam condições de pagar a sua dívida para com Deus. A ideia aqui é de um réu culpado, que está diante de um juiz e espera receber dele a sentença de condenação, mas, o juiz lhe oferece o perdão da sua pena, sem que ele seja considerado inocente. Não há ninguém na terra que seja digno ou merecedor do perdão de Deus. 

O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, citou um trecho do Antigo Testamento que diz: "Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." (Rm 3.10-12). No versículo 23, ele diz: “Porque todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus.” Jesus contou a parábola do credor incompassivo, para explicar que diante de Deus, todos tínhamos uma dívida impagável e, como Ele nos perdoou, nós devemos também perdoar aos que nos ofendem (Mt 18.13-35). 

Na Epístola aos Efésios, o apóstolo Paulo falou com mais clareza, sobre a Graça de Deus, como passo inicial para a Salvação. Ele disse que nós estávamos mortos em nossos pecados e ofensas, mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, com grande amor nos amou, nos vivificou e nos ressuscitou juntamente com Cristo e nos fez assentar nos lugares celestiais, para mostrar aos séculos vindouros as “riquezas da Sua Graça”. Na sequência ele explica que somos salvos pela graça, mediante a fé e que isso não vem de nós mesmos, nem das nossas obras, para que ninguém se glorie, mas é “dom” (Gr. Charis) de Deus. (Ef 2.1.10). 


REFERÊNCIAS: 

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pág. 876.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.

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Pb. Weliano Pires

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