Comentário do 4º Tópico da Lição 02: A sutileza da banalização da Graça.
No contexto contemporâneo, lamentavelmente, a graça tem sido barateada. Tem uma frase que alguns crentes usam em camisetas, que eu acho muito importante que diz: “Foi pela graça, mas, não foi de graça.” Isto significa que a nossa salvação é fruto da Graça de Deus, porque nós não a merecemos e não pagamos por ela. Mas, isso não significa que ela não custou nada, Jesus pagou o alto preço da nossa salvação na Cruz do Calvário. Por isso, devemos valorizá-la.
1- A graça barateada. Já discorremos nos tópicos anteriores sobre o significado da palavra Graça e a necessidade que o ser humano tem da Graça de Deus. Vimos também que a doutrina da Graça de Deus foi corrompida ao longo da história da Igreja, mas o seu valor foi resgatado pelos reformadores. Entretanto, mesmo após a Reforma Protestante, de uns anos para cá, a doutrina da Graça vem sendo corrompida novamente, só que no sentido oposto da era pré-reforma. Naquele período, as pessoas se sentiam indignas diante de Deus, por isso, achavam que a Graça era insuficiente e faziam jejuns, orações, penitências e ofertas, a fim de serem aceitas por Deus.
Atualmente, ocorre o contrário. A Graça está sendo barateada ou banalizada. Este conceito de graça barata foi introduzido na literatura cristã para expressar o estilo de vida secularizado ou mundanizado. Pregam uma Graça onde Deus ama o pecador e não condena o pecado. Falam do amor de Deus, mas não falam da Sua Santidade e Justiça. Ora, Deus de fato é amor e não tem prazer na morte do ímpio. Mas Ele também é absolutamente Santo, não tolera o pecado e exige santidade do seu povo. (Jo 3.16; l Ts 4.1-8; l Pe 1.13-16),
2- O valor da graça. Quando falamos da Graça de Deus, geralmente falamos que ela é um favor ou um presente imerecido que Deus nos dá. De fato, a Graça é isso, pois nós não merecemos a Graça de Deus e não há nada que possamos fazer para pagar por ela. Mas a Graça é muito mais do que um presente. Ela não custou nada a nós, mas Jesus pagou um preço muito alto. Falando sobre isso, o apóstolo Pedro escreveu: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado." (1 Pe 1.14,16).
Para entendermos este assunto precisamos voltar ao contexto da escravidão, nos tempos bíblicos. Naquele contexto, havia a compra e venda de escravos. Quem comprasse um escravo obtinha propriedade absolutamente sobre ele, inclusive a liberdade de matá-lo, caso não atendesse às suas ordens. Não havia lei para proteger os escravos da tirania, como acontece com as leis trabalhistas atualmente. Qualquer tentativa de cobrar explicações de um senhor de escravos, sobre o tratamento dado aos seus escravos, seria considerada ridícula.
Foi esta ilustração que os apóstolos Paulo e Pedro usaram, para explicar o preço pago pela nossa redenção. O salário do pecado é a morte, pois, a justiça de Deus exige a punição pelos pecados cometidos. Mas o amor de Deus, não apenas oferece perdão ao pecador arrependido, Ele paga também o preço da nossa dívida impagável para com Deus. Somente o senhor de escravos, que pagou o preço pelo escravo, poderia conceder-lhe a liberdade. Foi exatamente isso que Jesus fez por nós, quando assumiu a nossa culpa e sofreu a punição pelos nossos pecados.
REFERÊNCIAS:
DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pág. 55-56.
CARTER, Lindberg. História da Reforma. 1. ed. 2017. Editora: Thomas Nelson Brasil.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 108.
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 331-332.
LUCADO, Max. Nas Garras da Graça: Você não pode escapar do seu amor. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.170).
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Pb. Weliano Pires
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