27 agosto 2025

ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos de Estêvão e a que igreja que tem a sua fé contestada. Estêvão nos ensina que a fé cristã sempre será questionada, enfrentará oposições e será colocada à prova. Na sequência, falaremos da fé sob ataque. Uma Igreja verdadeiramente cristã, sempre estará sob ataque, pois foi assim com o Senhor Jesus e continuou com os seus apóstolos. Falaremos ainda da disputa dos opositores com Estêvão, que não era um debate honesto, mas uma forma de impor a opinião deles a qualquer custo. Por último, falaremos da falsa narrativa dos opositores contra Estêvão, destacando que a Igreja ao longo da história enfrenta o mesmo problema.


1. Aprendendo com Estêvão. Antes de falarmos do que podemos aprender com a vida e a morte de Estêvão, é importante trazer as poucas informações que temos sobre ele. Estevão aparece pela primeira vez na Bíblia, na ocasião da escolha dos sete diáconos, registrada no capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos, conforme estudamos na lição passada. Um destes sete homens era Estêvão, um homem cheio do Espírito Santo e de fé, que pregava ousadamente a Palavra de Deus e fazia muitos milagres entre o povo. No capítulo 7 de Atos, temos o registro do seu discurso, o levante dos seus opositores e, consequentemente, a sua execução.  

Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão. O seu nome  grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Estêvão falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja, judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam o idioma grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Uma tradição antiga diz que ele fez parte dos setenta discípulos enviados por Jesus, mas não temos nenhuma comprovação disso.

Em seu livro: Estêvão, o primeiro apologista do Evangelho, assim escreveu o pastor Ciro Sanches Zibordi, sobre Estêvão: 


“... O primeiro grande apologista do evangelho e o protomártir da Igreja. Um diácono de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Um pregador que, ao defender o evangelho, foi morto por seus inimigos, mas teve o privilégio de ver o Filho do Homem em pé, à direita de Deus Pai! Enfim, um homem que deixou um legado”.


Estêvão enfrentou uma oposição ferrenha, vinda de judeus helenistas, tomados pelo ódio aos cristãos. Aprendemos aqui, a primeira lição com Estêvão: A fé cristã sempre enfrentará oposição e será confrontada. O cristão não pode ficar em cima do muro e terá que enfrentar as oposições com coragem. Jesus já havia alertado os seus discípulos de que eles seriam odiados por todos os povos, perseguidos e mortos, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33).

Em sua pregação, Estêvão fez um longo discurso, defendendo a sua fé, de forma corajosa e com argumentos bíblicos, tornando-se o primeiro apologista da fé cristã, como veremos no próximo tópico. Com o discurso de Estêvão, aprendemos que todo cristão deve conhecer as doutrinas bíblicas e estar pronto a defender a sua fé, onde for questionado. É claro que isso gera perseguições e prejuízos. Estêvão manteve-se firme na fé, mesmo diante de uma oposição cerrada, que culminou em sua morte. Esta deve ser a postura de todo cristão. 


2. A fé sob ataque. Por causa da sua pregação, Estêvão foi conduzido à presença do sumo sacerdote para ser interrogado. Lucas inicia o seu relato sobre Estêvão, dizendo: “Estêvão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.” (At 6.8). Por causa disto, levantaram-se contra ele vários opositores ferrenhos, tomados pelo ódio, de forma que rangiam os dentes contra ele (At 7.54). 

Entre estes opositores, estavam os que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, que disputavam com Estêvão, mas não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava (At 6.9,10). O jovem Saulo, que era um fariseu, natural de Tarso da Cilícia, estava entre eles. Estes mestres da Lei não conseguiram resistir à sabedoria com que Estêvão falava. Irritados, resolveram subornar alguns homens para o acusarem falsamente de blasfêmia perante o sumo sacerdote. 

O comentarista chama a nossa atenção aqui para o verbo grego anistemi, traduzido em Atos 6.9 por “levantaram”, que é a mesma palavra usada em Marcos 14.57, quando alguns se levantaram [anistemi] e testificaram falsamente contra Jesus. Isto nos mostra que da mesma forma que atacaram Jesus com falsos testemunhos, também irão atacar os seus discípulos, pois, como disse Ele, o discípulo não é maior do que o seu Senhor. No Livro Diário do Pioneiro, Ivar Vingren, filho mais velho do missionário sueco Gunnar Vingren, descreveu com base nas anotações do pai, os mais horrendos ataques e perseguições, que os crentes sofreram no Brasil, no início da Assembleia de Deus. 


3. A disputa com Estêvão. O texto de Atos 6.9, continua dizendo que este opositores que se levantaram contra Estêvão, “disputavam” com ele. A palavra grega traduzida por disputavam é suzéteó que significa discutir, disputar, questionar. A versão Revista e Atualizada a traduziu por “discutiam”. Entretanto, o que estes opositores fizeram não foi um debate honesto de ideias, com respeito às opiniões divergentes. Eles queriam impor a sua opinião a todo custo, silenciando o oponente.

É exatamente isso que acontece hoje em dia nos meios de comunicação, nas universidades e na sociedade em geral, cuja maioria esmagadora é anticristã. Nas escolas, professores atacam o Cristianismo e os seus valores, gratuitamente, sem ter nenhuma relação com o assunto a ser lecionado. E se algum aluno cristão responder aos ataques, passa a ser ridicularizado e perseguido. Por outro lado, fazem questão de enaltecer religiões, ideologias e grupos sociais anticristãos. 

Eu já assisti a alguns debates em programas de televisão, entre pastores e integrantes de outras religiões e ateus. Claramente se vê que o mediador não é imparcial e coloca a fé cristã como intolerante, fundamentalista e retrógrada. Nas reportagens, também, quando se fala de alguém que se diz evangélico e cometeu algum crime, fazem questão de dizer que era evangélico ou pastor, para tentar associar todos os cristãos àquele delito. Muitas vezes, o criminoso nem faz parte mais da Igreja, mas fazem questão de dizer que era evangélico. 


4. A falsa narrativa. Na literatura, a narrativa é um texto em prosa, com personagens que figuram situações fictícias ou imaginárias, como as novelas, contos, crônicas e fábulas. Entretanto, esta palavra ganhou outro significado, que é a construção de uma informação falsa, ou estória a respeito de uma pessoa ou de um grupo, com o objetivo de desconstruir a sua imagem e minar a sua credibilidade. Joseph Goebbels, ministro do governo nazista alemão, se valia desta prática e dizia que “uma mentira dita mil vezes, torna-se uma verdade”.


Ao longo da história, muitos governos totalitários usaram a construção de falsas narrativas contra os seus desafetos, para desconstruir a sua reputação e jogar a população contra eles. Nos dias do rei Acabe, temos o caso de Nabote, o jezreelita, que foi morto por causa de uma narrativa criada por homens inescrupulosos, a mando da rainha Jezabel, dizendo que ele havia blasfemado. O profeta Daniel também foi acusado injustamente de descumprir as leis do império medo-persa e foi parar na cova dos leões. 


No Novo Testamento, temos os registros de várias narrativas criadas pelos judeus contra Jesus, para descredibilizá-lo perante o povo. Diziam que Ele expulsava os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios; que Ele era um falso Messias e enganava o povo; que Ele dizia ser o rei dos judeus; por fim, espalharam a narrativa de que os seus discípulos haviam furtado o seu corpo do sepulcro, com o objetivo de negar a ressurreição. 


Os discípulos de Jesus, após a sua ascensão aos Céus, também foram vítimas de várias narrativas falsas, para os acusarem perante as autoridades romanas. Paulo, Barnabé e Silas, também foram acusados falsamente de desobediência às leis romanas e de afrontar outras religiões. O imperador romano Nero provocou um incêndio em Roma e espalhou a narrativa de que foram os cristãos que causaram este incêndio. Esta acusação causou grande revolta contra os cristãos em todo o império romano.


Da mesma forma, ao longo da história da Igreja os inimigos da fé cristã inventam narrativas para denegrir a imagem dos cristãos e, com isso, minar a sua credibilidade. No início da Assembleia de Deus aqui no Brasil, os católicos espalhavam as mais absurdas mentiras contra os protestantes. Até mesmo jornalistas desonestos publicavam acusações falsas contra os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, para evitar que o povo brasileiro se convertesse à fé evangélica. Ainda hoje, muitos espalham fake news na internet, principalmente contra pastores, acusando-os de serem maçons e de outras coisas. 


REFERÊNCIAS: 


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 20025. Ed. 102, p. 40.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão: O primeiro apologista do Evangelho. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2018.

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

26 agosto 2025

CRIANDO FILHOS TEMENTES A DEUS

O que podemos fazer para que os nossos filhos cresçam espiritualmente saudáveis e sirvam a Deus?

Weliano Pires

Muitos pais cristãos pensam que basta orar pelos seus filhos e levá-los à Igreja. Isso é importante, mas não é o bastante para que eles cresçam temendo a Deus. Na sociedade pós-moderna, é um grande desafio para os pais cristãos criarem os seus filhos no temor e admoestação do Senhor, como a Bíblia recomenda.  Eles têm pouco tempo com os filhos, devido à correria no trabalho, estudos, Igreja e tempo gasto no trânsito. Por outro lado, os filhos passam várias horas por dia expostos a vários tipos de ensinos perniciosos e a práticas que contrariam a Palavra de Deus. O que podemos fazer para que os nossos filhos cresçam espiritualmente saudáveis e sirvam a Deus?

1. Ensino da Palavra de Deus. A Igreja local, principalmente o pastor e o professor da Escola Dominical, tem a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos crentes. Entretanto, o ensino da Palavra de Deus deve começar em casa. É de responsabilidade dos pais ensinar aos seus filhos a Palavra de Deus. Nos textos de Deuteronômio 6.4-8 e 11.18,19, o Senhor fala para os pais ensinarem a Lei do Senhor aos filhos, assentados com eles à mesa, andando com eles no caminho, ao deitar e ao levantar. 

No Livro de Provérbios também há várias referências recomendando aos pais que instruam os seus filhos, mostrando-lhes o caminho em que devem andar. O texto mais conhecido é Provérbios 22.5 que diz: “Instrui à criança no caminho em que deve andar e quando envelhecer não se desviará dele”. Este texto nos mostra que os pais têm a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos filhos. Este ensino, no entanto, não deve ser apenas teórico. Os pais devem ensinar os filhos “no caminho” e não sobre o caminho. Ou seja, devem ensinar, andando também no caminho. O ensino do “faça o que digo, mas não o que eu faço”, não convence ninguém, principalmente as crianças. 

É importante esclarecer também que este texto não é uma promessa de que se ensinarmos a Palavra de Deus, os nossos filhos nunca se desviarão. Isso é uma tendência, pois aquilo que ensinamos na infância as crianças tendem a guardar por toda a vida. Mas, cada um é livre para fazer as suas escolhas. Há muitos pais que são servos de Deus e ensinaram a Palavra de Deus aos seus filhos, tanto na teoria, como no exemplo. Mas os filhos cresceram e se enveredaram por caminhos tortuosos. Neste caso, os pais fizeram a parte deles. 

Não podemos negligenciar esta responsabilidade, ou deixá-los apenas a cargo da Igreja. Precisamos gastar tempo com eles, para orar, ler a Bíblia e ensiná-los a ter um relacionamento com Deus. Infelizmente, muitos pais crentes não se preocupam com a salvação dos seus filhos e não lhes ensinam a Palavra de Deus. Depois que os filhos crescem e dão trabalho ficam se perguntando onde erraram. 

2. Prioridades corretas. Na sociedade pós-moderna, há muita correria e excesso de atividades. Há cobrança por todos os lados no trabalho, nos estudos e até na Igreja. É preciso estar conectado e se qualificar, senão fica para trás e não consegue trabalho. Um empresário ou executivo de uma grande empresa, por exemplo, precisa estar antenado com várias informações da economia, política, tecnologia, leis, atualidades, etc. Participa de várias reuniões com acionistas, fornecedores, funcionários e clientes. Sendo assim, saem de casa cedo e voltam tarde, exaustos. Os operários, construtores, bancários, vigilantes, comerciantes, domésticas, atendentes, etc. também chegam em casa tarde, cansados e exaustos, tanto no aspecto físico como psicológico.  Sendo assim, não tem tempo e disposição para a família. 

Até mesmo os pastores e obreiros em geral tem tantas atividades, que muitas vezes não sobra espaço na agenda para a família. Mas não deve ser assim. Nos textos bíblicos em que há requisitos para se exercer o ministério, ou orientações para os obreiros, sempre é enfatizado o cuidado com a família. Escrevendo a Timóteo e a Tito, o apóstolo Paulo falou que os bispos e diáconos devem cuidar bem da sua casa e dos seus filhos (1Tm 3.2,4,12; Tt 1.5,6). Esta recomendação não se limita aos obreiros. Paulo disse também que “se alguém não cuida da sua família e dos seus, negou a fé e é pior do que o infiel”. (1Tm 5.8).

Se não podemos dar conta de fazer tudo o que nos é exigido, devemos estabelecer prioridades em nossa vida. Segundo o pastor Elinaldo Renovato de Lima, a ordem das prioridades na vida dos casais, para que a família esteja devidamente assistida é: 1) o cônjuge; 2) os filhos; e 3) a igreja local. Muitos casais erram e prejudicam a família colocando os filhos acima do cônjuge. Outros colocam a igreja local à frente da família, o que também é um erro, pois se as famílias estiverem desestruturadas, a Igreja também estará, pois ela é formada de famílias. Alguém poderia perguntar: E Deus? não está em primeiro lugar? Na verdade, Deus não entra nesta lista, porque Ele deve estar presente em todos os momentos da nossa vida. Seja em casa, na Igreja, no trabalho, no lazer, Deus precisa ocupar o primeiro lugar em nossa vida.

3. Disciplina e estímulo. A disciplina é um ponto bastante polêmico, principalmente, porque muitas pessoas não sabem o significado de disciplina e a confundem com agressão. Por um lado, há os liberais, que ensinam que não se pode jamais castigar uma criança e querem argumentar com as crianças de igual para igual, como se elas tivessem discernimento de adulto. Por outro lado, há os que praticam agressões e espancamentos, que podem até matar, achando que isso é disciplina. Isso é incompatível com a conduta cristã e é caso de polícia. Estes dois extremos devem ser evitados.

Do ponto de vista bíblico, a disciplina tem dois aspectos. A disciplina pode ser uma referência à repreensão ou castigo, como em Hebreus 12.7,8. Nesse caso, o pai pode corrigir o filho que lhe desobedece, mas esta correção precisa ser moderada e com amor. Também deve ser o último recurso, caso haja insistência na desobediência. O outro aspecto da disciplina é o treinamento para desenvolver hábitos saudáveis, sejam alimentares, morais ou espirituais (Ef 6.4; 1Tm 3.4). Os soldados e os atletas são usados como exemplos de disciplina. Os pais também devem ensinar bons hábitos aos seus filhos e treiná-los na prática. 

Nem só de disciplina vivem os filhos, como muitos pais antigos imaginavam. Deve haver também o estímulo por parte dos pais, para que o lar não se transforme num quartel. Os pais precisam elogiar os filhos quando eles acertarem. Há pais que são muito rápidos para repreender e criticar. Mas quando os filhos fazem algo de bom, ou obtém boas notas, dizem que não fizeram nada além da sua obrigação. Os pais também devem oferecer carinho, afago e brincar com eles, para que eles possam desenvolver afetividade para com os pais e os seus semelhantes.

25 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9: UMA IGREJA QUE SE ARRISCA

TEXTO ÁUREO:

“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).


VERDADE PRÁTICA:

A igreja foi capacitada por Deus para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé e valores.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 6.8-15; 7.54-60.


Objetivos da Lição:

I) Elencar os desafios enfrentados por Estêvão ao ter sua fé questionada e como isso reflete na experiência da Igreja hoje;

II) Mostrar a defesa da fé feita por Estêvão e sua aplicação para os cristãos na atualidade;

III) Refletir sobre o martírio de Estêvão e a importância da perseverança e fidelidade à missão da Igreja.


Palavra-Chave: MARTÍRIO


Segundo o dicionário, a palavra martírio significa “suplício e/ou morte como castigo, em decorrência da devoção a uma causa ou uma fé”. Esta palavra tem origem no termo grego martyrion, que inicialmente se referia ao testemunho de uma pessoa que presenciou um fato, diante de um tribunal. Posteriormente, o termo ganhou outro significado e passou a se referir aos sofrimentos e morte de uma pessoa por causa das suas convicções religiosas ou políticas. Estêvão foi o primeiro cristão a sofrer martírio e Tiago, filho de Zebedeu, foi o primeiro apóstolo martirizado. 


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos sobre o primeiro mártir do Cristianismo, que foi Estêvão, um dos sete diáconos escolhidos para cuidar da assistência social. Logo após a instituição dos diáconos em Atos 6, a partir do versículo 6 e em todo o capítulo 7, Lucas dedica-se ao embate entre Estêvão e os seus opositores, que culminou em sua morte por apedrejamento. 


Lucas inicia o seu relato dizendo que Estêvão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo (At 6.8). Por causa disto, levantaram-se contra ele vários opositores ferrenhos, que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, que disputaram com Estêvão, mas não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava (At 6.9,10). 


Por não conseguirem vencer a sabedoria de Estêvão de forma honesta e com argumentos, os seus inimigos valeram-se de golpes baixos, como o da rainha Jezabel contra Nabote, e subornaram homens sem escrúpulos, para que o caluniassem perante o sumo sacerdote, acusando-o de blasfêmia. 


Por causa desta acusação falsa, Estêvão foi conduzido ao Sinédrio, mas não se intimidou e proferiu um longo discurso sobre as Escrituras, desde Abraão até Cristo, acusando as autoridades religiosas de serem traidores e assassinos de Jesus. Tomados pelo ódio, aqueles homens tiraram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até à morte.


TÓPICOS DA LIÇÃO


I. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA


No primeiro tópico falaremos de Estêvão e a que igreja que tem a sua fé contestada. Estêvão nos ensina que a fé cristã sempre será questionada, enfrentará oposições e será colocada à prova. Na sequência, falaremos da fé sob ataque. Uma Igreja que é verdadeiramente cristã, sempre estará sob ataque, pois foi assim com o Senhor Jesus e continuou com os seus apóstolos. Falaremos ainda da disputa dos opositores com Estêvão, que não era um debate honesto, mas uma forma de impor a opinião deles a qualquer custo. Por último, falaremos da falsa narrativa dos opositores contra Estêvão, destacando que a Igreja ao longo da história enfrenta o mesmo problema. 


II. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ


No segundo tópico, falaremos de Estêvão e a Igreja que defende a sua fé. Inicialmente falaremos da defesa da fé que Estêvão fez, mostrando como Deus sempre agiu na história do seu povo, com o objetivo de mostrar que Jesus é o Cristo. Falaremos ainda neste tópico sobre os corações endurecidos daqueles homens que, mesmo vendo os milagres realizados por Estêvão e a brilhante exposição das Escrituras, rejeitaram a mensagem de Deus. 


III. ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA


No terceiro tópico, falaremos de Estêvão e o martírio da Igreja. Veremos que diante da morte, Estêvão contemplou a vitória da Cruz, ao ver o Cristo glorificado, em pé à direita de Deus. Veremos ainda que em sua morte, Estêvão perdoou os seus algozes, assemelhando-se ao Senhor Jesus, que em sua morte rogou ao Pai que perdoasse àqueles que o crucificaram, pois não sabiam o que faziam. 


Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP.

UMA IGREJA QUE SE ARRISCA

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD)

A lição desta semana pretende ensinar o que torna uma igreja destemida e disposta a sacrificar-se em favor da causa do Reino de Deus. Estevão é apresentado na lição como um exemplo de cristão sólido na fé, fundamentado nas Escrituras Sagradas e que enfrentou o ódio dos perseguidores judeus helenistas. Mesmo diante das ameaças, assim como do ultraje sofrido pelas mãos de seus algozes, ele não sucumbiu na fé, mas foi fiel até à morte (At 6.8 — 7.60). O exemplo de Estevão nos ensina muitas lições e nos encoraja a perseverar na fé, mesmo sob incessantes ataques. Uma lição importante se destaca na circunstância em que Estevão se encontrava. Ele soube manter uma postura apologética, isto é, de defesa da fé cristã do início até o fim. Isso se deve em razão do seu profícuo conhecimento sobre o que professava, bem como de sua disposição para responder aos desafios decorrentes de ser um seguidor de Jesus.

A igreja de Cristo na atualidade deve seguir o modelo de defesa da fé observado em Estevão. Os crentes devem conhecer profundamente a fé que professam. A dificuldade que muitas igrejas têm em relação à defesa da fé se deve ao fato de que muitos irmãos não são frequentadores assíduos da Escola Dominical. Jesus afirmou que as Sagradas Escrituras deveriam ser examinadas a fim de conhecermos os fundamentos da fé que nos mostram o trajeto à vida eterna (Jo 5.39). Portanto, conhecer as Escrituras é primordial para que o crente não seja levado por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14,15). Outro aspecto importante é a disposição para defesa da fé. Se o conhecimento bíblico é indispensável, a prontidão por defender o que se acredita, quando se é questionado sobre a razão da fé, requer o preparo espiritual e intelectual.

Na obra Razões para crer, editada pela CPAD, os autores Norman L. Geisler e Chad V. Meister discorrem que “a Bíblia diz que devemos fazer o que for preciso para estarmos preparados para dar uma resposta clara e abalizada. Primeira Pedro 3.15 diz: ‘Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós’. Neste versículo, a palavra grega original traduzida por ‘responder’ é apologia, que significa ‘um discurso de defesa’. É de onde vem a palavra apologética, que é uma defesa explicada e interpretada da nossa fé” (2013, p.16). Devemos estar preparados para defender a doutrina bíblica pentecostal, afirmando e reafirmando a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As obras Bíblia de Estudo Pentecostal, Declaração de Fé das Assembleias de Deus e Teologia Sistemática de Stanley M. Horton, por exemplo, oferecem bastante apoio nesse sentido.

21 agosto 2025

SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos dos princípios cristãos para a escolha dos diáconos. Devemos privilegiar o caráter dos candidatos ao exercício do diaconato: “boa reputação”. Devemos também considerar o exercício dos dons espirituais e a sabedoria de Deus na vida dos diáconos. O apóstolo Paulo, posteriormente, descreveu outros requisitos para a escolha dos diáconos.  

1. Privilegiando o caráter. Os apóstolos propuseram à Igreja a seguinte solução para o problema na assistência social da igreja: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). O primeiro requisito que aparece aqui é que o diácono deve ser “de boa reputação”. 

A palavra grega traduzida por reputação aqui é martyreo, que significa “testemunha” ou “mártir”, ou seja alguém que creu em Jesus e está disposto a sacrificar a própria vida por Ele, se for necessário. A tradução mais adequada seria “de bom testemunho", como aparece na Nova Versão Internacional. 

Posteriormente, o apóstolo Paulo escrevendo a primeira epístola a Timóteo, no capítulo 3.8-11, acrescentou mais algumas exigências importantes para os candidatos ao diaconato, nas esferas moral, espiritual e familiar. No aspecto moral, os requisitos exigidos que estão relacionados ao caráter cristao são: 

a. Honestidade. Os diáconos cuidam dos recursos da Igreja e da distribuição de ajuda aos necessitados. Estas exigem honestidade e boa reputação, para não gerar desconfiança, murmuração ou escândalo. 

b. Honradez na palavra. Jesus disse que a palavra do crente deve ser sim, sim; não, não e o que passar disso, é de procedência maligna. (Mt 5.37). No caso dos diáconos, a exigência de honradez na palavra é maior ainda, pois, eles administram bens da comunidade, que precisa confiar no que eles dizem. 

c. Abstinência de vinho. O consumo de vinho e outras bebidas atrapalha nas decisões, pois, leva a pessoa à insensatez e ao desequilíbrio. Por isso, o diácono não deve consumir bebidas, outro tipo de alucinógeno, que venham alterar a sua percepção dos fatos. 

d. Não ser ganancioso. O crente não pode ser ganancioso ou avarento. Os diáconos, que administram os bens da Igreja, menos ainda. Uma pessoa gananciosa pode ser tentada a roubar ou desviar os bens sob sua custódia. Portanto, a ganância e avareza são incompatíveis com o diaconato. 

e. Devem ser provados. Paulo acrescentou que os diáconos devem ser provados e somente se forem irrepreensíveis, devem servir. Isso é importante, pois muitas pessoas se escondem, fingindo ser o que não são. Como não somos oniscientes, precisamos observar e fazer uma avaliação prévia, antes da pessoa exercer o diaconato.

No aspecto familiar, é exigido dos diáconos: “Que sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas”. (1 Tm 3.12). Ou seja, devem ter uma vida conjugal ajustada. O diácono deve ter um casamento monogâmico, heterossexual e vitalício. Deve também governar bem a própria casa e ter o respeito da esposa e filhos. É importante destacar que respeito se conquista pelo ensino e pelo exemplo e não se impõe pela força.

2. Exercitando os dons. Do ponto de vista espiritual, em Atos 6 é exigido que os diáconos sejam “cheios do Espírito Santo e de sabedoria”. Ser cheio do Espírito Santo no contexto de Atos dos Apóstolos, refere-se ao batismo no Espírito Santo e à ousadia para pregar a Palavra de Deus. É indispensável que o diácono tenha poder, autoridade, discernimento e sabedoria vindos de Deus, para administrar. 

Não basta aos diáconos terem a capacidade humana para administrar os recursos da Igreja. Precisam ser capacitados pelo poder do Espírito Santo e ter visão espiritual da missão da Igreja. É necessário ter sabedoria e discernimento, pois, é preciso ser justo, distribuindo os donativos com equidade, e não ser enganado por espertalhões. 

Nas orientações a Timóteo sobre os candidatos ao diaconato, no aspecto espiritual, o apóstolo disse que os diáconos devem “guardar o mistério da fé em pura consciência”. Esta expressão “o mistério da fé” refere-se ao Evangelho que esteve oculto antes de Cristo e foi revelado. (1 Co 2.7). Então, um diácono deve ter uma boa consciência do Evangelho. Precisa ser convertido de verdade e ter convicção da sua fé.

3. A função dos diáconos atualmente. Muitas coisas mudaram na sociedade e na Igreja, em mais de dois mil anos de história da Igreja. Evidentemente, as necessidades da Igreja também mudaram. Por isso, as funções de um diácono na Igreja atual é muito diferente dos tempos apostólicos. A função do diácono nos dias atuais varia de uma denominação para outra, pois, cada Igreja tem as suas características e necessidades. 

Além dos trabalhos de assistência social, nos dias atuais temos também as necessidades dos trabalhos nos templos em apoio à liderança da Igreja: recepção, segurança, recolhimento de contribuições, o serviço da Ceia do Senhor, secretaria, tesouraria e organização do templo durante os cultos. 

20 agosto 2025

A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

(Comentário do 2º tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas).

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da delegação de tarefas. Inicialmente, falaremos do ministério da oração e da Palavra, que era a tarefa primária dos apóstolos. Veremos também que não há conflito entre este ministério e o ministério do serviço social na Igreja, pois ambos fazem parte da missão da Igreja. Por fim, falaremos da diaconia, identificada no texto bíblico como “servir às mesas” e “este importante negócio”. 

1. O ministério da oração e da Palavra. Ao serem informados da murmuração dos judeus helenistas, cujas viúvas foram desprezadas na distribuição dos donativos da assistência social, os apóstolos convocaram uma reunião para resolver o problema e disseram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”. (At 6.2). 

Eles não ignoraram o problema, mas não podiam deixar a tarefa que o Senhor Jesus lhes confiou, para cuidar da assistência social, que também é importante e faz parte da missão da Igreja, mas não era esta a função que o Senhor havia lhes confiado. 

Quando olhamos para Mateus 28.19,20, Marcos 16.15-18 e Atos 1.8, percebemos que o Senhor lhes deu a missão de proclamar o Evangelho aos pecadores, operar milagres em Seu Nome e ensinar a Palavra de Deus aos convertidos. Para fazer isso, evidentemente, teriam que se dedicar também à oração. Só pode haver salvação de almas se houver pregação do Evangelho: “A Fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”. “(Rm 10.17). 

2. Não há conflito entre tarefas. O fato dos apóstolos dizerem que poderiam deixar o ministério da Palavra e da oração para servirem às mesas, tem levado algumas pessoas na Igreja à conclusão equivocada, de que o ministério da palavra se contrapõe ao serviço social ou é superior a este. Mas não foi isso que eles disseram. 

A Igreja de modo geral deve pregar o Evangelho, orar, adorar a Deus, ensinar a Palavra de Deus e socorrer aos necessitados. Nenhuma destas tarefas se sobrepõe às outras e uma não dispensa às outras. Entretanto, Deus escolheu pessoas específicas e as capacitou para cada uma destas tarefas. 

Jesus chamou vários discípulos. Mas, escolheu um grupo de doze para serem apóstolos, que significa alguém que foi enviado ou um mensageiro. Em sentido mais específico, é alguém que foi enviado para uma missão particular. Este grupo, que é chamado de colégio apostólico, foi chamado diretamente por Jesus para lançar a Doutrina da Igreja, que eles receberam diretamente do Senhor, seja pessoalmente ou por revelação e inspiração do Espírito Santo.

Além dos apóstolos, o Senhor concedeu a outros o dom para serem evangelistas, que é alguém chamado especificamente para pregar o Evangelho aos perdidos. Um evangelista busca a Deus e se prepara para transmitir uma mensagem impactante no coração dos pescadores, para levá-los a Cristo. O evangelista atua também como plantador de Igrejas, onde o Evangelho ainda não chegou. 

O Senhor comissionou também outros para serem pastores. A missão do pastor é cuidar das pessoas que vieram a Cristo. O pastor é alguém que cuida de um rebanho que não é dele e deve fazê-lo com amor e dedicação, não como dominador (1 Pe 5.2). É de responsabilidade do pastor, alimentar, cuidar e proteger o rebanho de Deus. 

Igualmente, o Senhor estabeleceu mestres na Igreja para serem os doutrinadores daqueles que chegam à Igreja e não conhecem nada do Evangelho. Este dom é uma necessidade urgente da Igreja. Se não houver ensino, os crentes não amadurecem e não tem firmeza. 

Sob a direção do Espírito Santo, os apóstolos estabeleceram na Igreja também as funções de diáconos, presbíteros e bispos, para atender as necessidades da igreja local. 

Em Atos 20.28, Paulo se refere aos anciãos como “bispos” (episkopos) e diz que “o Espírito Santo os constituiu para apascentarem a Igreja de Deus”, deixando claro que os os bispos e presbíteros eram equivalentes e exerciam a função pastoral. Os bispos eram pastores de uma região e os presbíteros eram pastores de uma igreja local. 

3. A Diaconia. Diante do problema apresentado e mediante a impossibilidade dos apóstolos de realizarem esta tarefa, para não prejudicar o ministério da Palavra e da oração, eles sugeriram à Igreja que escolhessem pessoas capacitadas por Deus para realizar este importante trabalho. 

A função dos diáconos, quando foi instituída, era única e exclusivamente de cunho social. A tarefa primária dos diáconos era evitar que houvesse discriminação, acepção de pessoas ou favorecimentos na assistência social. Deus é plenamente justo e não faz acepção de pessoas. (At 10.34; Rm 2.11). A sua Igreja também não deve fazer, pois, isso é abominável aos olhos de Deus. (Tg 2.1-5).

Lamentavelmente, criou-se a idéia de que a diaconia é uma função de segunda classe e muitos ao serem separados para o diaconato, enxergam nisso uma progressão ministerial para em breve serem pastores, como se fosse um plano de carreira. Há até pastores que chegam a dizer que o outro “é um simples diácono”, com o intuito de diminuí-lo.  

Quando falamos em diaconia nos referimos a um serviço voluntário prestado por alguém à Igreja de Deus. O Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de diaconia. Ele disse que Ele veio a este mundo para servir e dar a sua vida para nos resgatar e que o maior entre nós será o serviçal (Mc 10.43-45).

De modo geral, todos os crentes são diáconos, pois devemos servir a Deus e à sua Igreja, independente da nossa função ministerial. Entretanto, deve haver a função específica do diácono, exercida por pessoas especiais, que se enquadrem em alguns requisitos, como veremos no próximotópico. 

A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da identificação dos conflitos na Igreja. Mesmo sendo uma comunidade de salvos, a Igreja é formada por seres humanos que são falhos, de origens e culturas diferentes. Sendo assim, é natural que surjam conflitos. Falaremos do conflito de natureza cultural, abordando a barreira cultural que havia entre os judeus helenistas e judeus de Jerusalém. Na sequência, abordaremos o conflito de natureza social, que era resultado da barreira cultural que havia entre os dois grupos de judeus. Por último, falaremos da questão da prioridade entre as esferas espiritual e social da Igreja. 

1. Conflito de natureza cultural. A Igreja de Cristo não pertence a uma cultura ou etnia, pois Cristo veio para todos e morreu por todos: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. (Gl 3.26-28.). 

Sendo a Igreja formada por pessoas de diversas culturas e etnias, naturalmente surgirão barreiras culturais e até conflitos. Nas Igrejas locais há árabes, judeus, alemães, argentinos, brasileiros, indígenas, brancos, negros, orientais, paulistas, nordestinos, etc. Mas todos se tornam irmãos em Cristo Jesus. 

Como disse o comentarista, a unidade da Igreja não pode ser ameaçada, por nenhum tipo de conflito. Por isso, a liderança da Igreja precisa está sempre atenta para identificar qualquer tipo de conflitos no seio Igreja e buscar soluções, agindo sempre com equidade. 

2. Conflito de natureza social. 

Na Igreja de Jerusalém, o conflito social surgiu a partir da injustiça cometida para com as viúvas dos judeus de fala grega. Era uma prática incompatível com a fé cristã, pois Deus não aceita injustiças e acepção de pessoas. 

Na Igreja atual também há diferentes classes sociais: empresários, operários, motoristas, policiais, pedreiros, serventes, garis, pessoas de baixa renda, aposentados, etc. Há pessoas que nasceram no Evangelho e foram criadas em um ambiente cristão. Mas há outras que não tiveram pais ou vieram da criminalidade. 

Estas diferenças econômicas e sociais também podem gerar divergência de pensamentos e conflitos no meio da Igreja. Nestes casos também, a Igreja local deve se organizar, identificar a origem do problema e buscar soluções sábias, sob a orientação do Espírito Santo.

3. Qual é a prioridade? O comentarista chama a nossa atenção aqui para a idéia equivocada de priorizar determinadas tarefas na Igreja, como se elas fossem mais importantes, e negligenciar outras. É claro que devemos proclamar o Evangelho aos perdidos e ensinar a Palavra de Deus, mas não podemos deixar de lado, a assistência aos necessitados, pois isso também é mandamento bíblico.

Quando falamos em dons, as pessoas logo imaginam: profecia, variedade de línguas, interpretação, curas divinas e operação de maravilhas. Estes são dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo à Igreja para edificação, exortação e consolo (1 Co 12.1-11). 

Entretanto, na Bíblia há também os dons ministeriais: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. São dons concedidos pelo Senhor Jesus à sua Igreja, com o objetivo de “aperfeiçoar” o Corpo de Cristo. (Ef 4.10-14). 

Há ainda os dons relacionados ao serviço cristão (Rm 12.3,8). Esta categoria de dons está relacionada ao serviço cristão, de forma individual em prol do próximo e da manutenção da comunhão entre os irmãos. Nenhum destes dons e serviços são menos importantes, por isso, não podemos sacrificar a esfera social e priorizar apenas o lado espiritual.   

18 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 8: UMA IGREJA QUE ENFRENTA OS SEUS PROBLEMAS

 TEXTO ÁUREO:
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6.3).

VERDADE PRÁTICA:
Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 
Atos 6.1-7.

Objetivos da Lição: 
I) Analisar as naturezas cultural e social dos conflitos enfrentados pela igreja primitiva e sua relevância para a igreja atual; 
II) Explicar a importância da organização e da distribuição de funções dentro da igreja para equilibrar as responsabilidades espirituais e sociais; 
III) Aplicar os princípios bíblicos de caráter, sabedoria e serviço na vida cristã e na atuação ministeri
al.

Palavra-Chave: DIACONIA
Na cultura grega, a palavra “diakonia” significa um serviço voluntário, prestado por alguém à sua comunidade. Segundo o dicionário bíblico de Strong, a palavra diácono (diákonos) significa literalmente, “levantar rapidamente”. Essa palavra era usada para descrever um servo que, rapidamente, atendia a um trabalho. No Novo Testamento, a palavra aplica-se àquele que executa os comandos ou ordens de uma força ou autoridade maior. 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, com base no texto de Atos 6.1-7, veremos como a Igreja de Jerusalém enfrentou um conflito interno, que surgiu na assistência aos necessitados. Conforme já estudamos nas lições anteriores, os cristãos que tinham mais de uma propriedade, vendiam-na e traziam voluntariamente o dinheiro aos apóstolos para distribuir aos pobres. 
Com o crescimento rápido do número de crentes, os apóstolos e os anciãos não davam conta de cuidar da assistência social aos necessitados e houve acepção de pessoas na distribuição dos donativos. Os cristãos helenistas [judeus de fala grega] reclamaram que as suas viúvas eram preteridas, em relação às viúvas dos judeus nascidos em Israel. 
Era uma reivindicação justa, pois, não se pode admitir que haja acepção de pessoas, privilégios e apadrinhamentos na Igreja. Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11) e nós também não podemos fazê-lo (Tg 2.11). Diante desta reclamação, os apóstolos dirigidos pelo Espírito Santo, tomaram uma decisão muito importante: resolveram separar sete homens para para cuidarem da assistência aos necessi
tados.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

No primeiro tópico, falaremos da identificação dos conflitos na Igreja. Mesmo sendo uma comunidade de salvos, a Igreja é formada por seres humanos que são falhos, de origens e culturas diferentes. Sendo assim, é natural que surjam conflitos. Falaremos do conflito de natureza cultural, abordando a barreira cultural que havia entre os judeus helenistas e judeus de Jerusalém. Na sequência, abordaremos o conflito de natureza social, que era resultado da barreira cultural que havia entre os dois grupos de judeus. Por último, falaremos da questão da prioridade entre as esferas espiritual e social da Igreja. 

II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

No segundo tópico, falaremos da delegação de tarefas. Inicialmente, falaremos do ministério da oração e da Palavra, que era a tarefa primária dos apóstolos. Veremos também que não há conflito entre este ministério e o ministério do serviço social na Igreja, pois ambos fazem parte da missão da Igreja. Por fim, falaremos da diaconia, identificada no texto bíblico como “servir às mesas” e “este importante negócio”.

III. SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS

No terceiro tópico, falaremos dos princípios cristãos para a escolha dos diáconos. Devemos privilegiar o caráter dos candidatos ao exercício do diaconato: “boa reputação”. Devemos também considerar o exercício dos dons espirituais e a sabedoria de Deus na vida dos diáconos. O apóstolo Paulo, posteriormente, descreveu outros requisitos para a escolha dos diáconos.
 
Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES 
AD BELÉM/SÃO CARLOS, SP.

 

17 agosto 2025

UMA IGREJA QUE ENFRENTA SEUS PROBLEMAS


(SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD)

A lição desta semana discorre sobre a diaconia do ponto de vista bíblico. Diferentemente do que muitos crentes pensam na atualidade, o exercício da diaconia não é exclusiva daqueles que têm o cargo de diácono. Antes, a palavra diaconia tem na sua essência o significado de “serviço”. Logo, o exercício da diaconia é um dever de todos os crentes. Na igreja atual, há uma grande discussão sobre o trabalho realizado pelos diáconos. Infelizmente, muitos crentes diminuem a excelência do diaconato, dizendo ser apenas um cargo com finalidades sociais ou de zeladoria. 

Longe de ser apenas uma função menor, o cargo de diácono é de sublime honra, haja vista os escritos de Atos e as epístolas pastorais apresentarem alto nível de exigência para aqueles que desejavam exercer essa função. Vale destacar que o exercício ministerial, seja para o cargo de diácono ou mesmo para os demais cargos, deve ter como essência a atitude de um coração disposto a servir, sempre pensando na edificação do Corpo de Cristo e na glorificação do Filho de Deus. 

De acordo com Stanley Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, acerca da diakonia, “são os esforços no serviço a Cristo que continuam o ministério encarnacional que Ele realizou e que nos ajuda a realizar. O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autoridade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificada por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e, como consequência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio. A dimensão de serviço no ministério leva-nos, além de divulgar as boas-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus de alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade. As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus. A Igreja, revestida pelo poder do Espírito, terá de passar das palavras para as ações se quer ver realizada os propósitos de Deus. Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no ministério continuado de Jesus, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério” (1996, p.604).

Todos fomos chamados pelo Senhor a servir com afinco em Sua obra. Para este compromisso não há hierarquia, mas disposição pronta e independente do cargo que se ocupa. Quanto maior a posição do cargo, maior deve ser o nível de responsabilidade, comprometimento e amabilidade no serviço. “Nada façais por contenda ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).

Fonte: Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 40.

15 agosto 2025

A IGREJA DESTEMIDA

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: Uma igreja que não teme a perseguição).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja destemida. Falaremos do testemunho com poder que os apóstolos deram, após serem libertos da prisão. Veremos ainda que eles estavam convictos da sua fé e, por isso, não negociaram os seus valores e decidiram obedecer a Deus incondicionalmente, contrariando às autoridades, sabendo que isso poderia custar a própria vida.


1. Testemunho com poder. Os apóstolos foram lançados na prisão por ordem das autoridades religiosas. Conforme falamos no tópico anterior, Deus enviou um anjo à noite, que os libertou da prisão e ordenou que eles voltassem ao templo para pregar. O sentimento humano em uma situação dessa, seria de receio e medo de voltar ao local onde tinham sido presos e ainda por cima, continuar pregando.  

Os apóstolos, no entanto, estavam cheios do poder do Espírito Santo, conforme estudamos na lição 04. Mesmo sabendo que corriam risco de serem presos, açoitados e até mortos como foi Jesus, eles não se intimidaram e continuaram a pregar, dispostos a suportar todo e qualquer sofrimento que lhes fosse imposto, por amor a Cristo. Esta ousadia não vinha deles mesmos, mas lhes foi concedida pelo Espírito Santo. 

Quando falamos de testemunho cristão, não nos referimos a um depoimento qualquer diante de uma autoridade. A palavra grega traduzida por testemunho é martyria, que deu origem à palavra portuguesa mártir e martírio. Refere-se ao testemunho de alguém a respeito de algo que viu, ouviu e tem convicção a ponto de dar a sua vida por aquela causa. Uma testemunha fiel de Cristo, tem a ousadia do Espírito Santo para pregar o Evangelho não onde quer, mas onde Deus mandar, independente se as pessoas aceitarão ou não a sua mensagem. 


2. Convictos de sua fé. Neste ponto, o comentarista repete o que vimos no terceiro ponto do primeiro tópico da lição 04, quando falamos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseverante, que estava convicta de sua fé. Até o título que ele usou aqui é o mesmo. Naquela lição, o comentarista escreveu o seguinte: “ Uma igreja cheia do Espírito Santo está convicta de sua fé. Não se apoia em suposições, mas em fatos (At 4.20). Os primeiros cristãos não apenas ouviram sobre Deus, mas também testemunharam suas obras.’

A fé é sinônimo de convicção, fidelidade e confiança. Segundo a concordância de Strong, a palavra grega pistis, traduzida por fé, “é a convicção da verdade de algo; No Novo Testamento, é uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela”. Portanto, não é possível ter fé em Deus sem ter convicção. 

Quem creu em Jesus de todo o coração, não negocia os seus valores, não é politicamente correto e não se adapta ao sistema deste mundo para evitar as perseguições. Diante da proibição aos apóstolos de pregar o Evangelho, sob graves ameaças, eles não se intimidaram e deram a seguinte resposta: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido!”. (At 4.19,20).

Esta atitude ousada dos apóstolos foi de desobediência às autoridades, pois não estavam dispostos a negociar a sua fé, mesmo que isso lhe causasse sofrimento, perseguição ou lhes custasse a própria vida. Em Romanos 13, o apóstolo Paulo recomendou aos cristãos que se sujeitassem às autoridades, pois estas foram constituídas por Deus (Rm 13.1-6). Esta sujeição, no entanto, não pode ser absoluta. Se as autoridades exigirem a negação da nossa fé, ou a renúncia dos nossos valores, não podemos nos sujeitar às suas exigências e afrontar as Escrituras. 

A ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD) Nesta última lição, veremos detalhes da assembleia geral realizada pela Igreja Primitiva em Jer...