(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O espírito humano e o Espírito de Deus)
Neste segundo tópico, são apresentados três aspectos fundamentais da atuação do Espírito Santo na vida do crente: o testemunho, a intercessão e a edificação.
Inicialmente, é tratado o testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito, conforme Romanos 8.16. Em seguida, aborda-se a intercessão do Espírito em nosso favor, com gemidos inexprimíveis, diante do Pai. Embora a edificação seja mencionada no título deste tópico, o comentarista não a desenvolve de forma direta neste ponto, pois esse tema será tratado de maneira mais específica no tópico seguinte.
1. O Espírito testifica ao espírito
No capítulo 8 da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo discorre amplamente sobre a atuação do Espírito Santo na vida do crente e destaca o papel do espírito humano na comunhão com Deus. Nesse contexto, ele apresenta a doutrina da adoção espiritual, cuja certeza é testificada pelo próprio Espírito Santo ao espírito do crente regenerado.
O Espírito Santo produz em nosso espírito a firme convicção de que somos filhos de Deus, concedendo-nos segurança espiritual e libertação do temor. Por isso, Paulo afirma:
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos” (Rm 8.15).
Essa adoção não é apenas uma declaração externa, mas uma realidade interior confirmada pelo Espírito de Deus. Em Romanos 8.16, o apóstolo ensina:
“O próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”
A expressão “testifica com”, no texto grego symmartyréō, significa “testemunhar juntamente com” ou “dar confirmação em concordância”. A ideia central é que o Espírito Santo se une ao nosso espírito, dando um testemunho conjunto e convincente de nossa filiação divina. A tradução da Nova Almeida Atualizada expressa adequadamente esse sentido ao afirmar: “O próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus”.
Essa verdade revela a profunda relação entre o espírito humano regenerado e o Espírito de Deus. O Espírito Santo habita no interior do crente e se comunica diretamente com o seu espírito, produzindo certeza, consolo e comunhão. Contudo, essa experiência é exclusiva daqueles que creram em Jesus Cristo e foram feitos filhos de Deus, conforme declara o evangelista João:
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12).
Os que não creram permanecem separados de Deus e são descritos pelas Escrituras como “filhos da ira” (Ef 2.3), destituídos dessa comunhão espiritual. Assim, o testemunho do Espírito ao nosso espírito constitui um dos privilégios mais sublimes da vida cristã, assegurando-nos nossa identidade, filiação e relacionamento com Deus Pai.
2. O Espírito intercede
Na continuidade do capítulo 8 da Epístola aos Romanos, Paulo trata da intercessão do Espírito Santo em nosso favor:
“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8.26)
O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis, isto é, que não podem ser expressos por meio de palavras humanas (Rm 8.27). Em momentos de dificuldade, em razão de nossas fraquezas e limitações, não sabemos como nos dirigir a Deus em oração. O Espírito Santo, que é Deus, conhecendo perfeitamente quem somos, bem como nossas necessidades e intenções, intercede por nós diante do Pai de forma perfeita e eficaz.
Aquele que tudo conhece examina os corações e discerne plenamente a intenção do Espírito. É importante destacar que a intercessão do Espírito Santo está sempre em plena harmonia com a vontade de Deus, pois Ele é Deus e, portanto, não pensa nem age de modo diferente do Pai e do Filho. Assim, jamais devemos pedir algo que contrarie as Escrituras e supor que o Espírito Santo intercederá em favor de tais pedidos.
3. O Espírito edifica
O comentarista menciona, apenas no título deste tópico, a edificação pelo Espírito Santo, sem desenvolver diretamente o assunto. Todavia, a edificação espiritual é tratada de forma mais específica no tópico seguinte.
Ao falarmos de edificação, somos naturalmente remetidos à construção de um edifício, o qual necessita de um bom alicerce, colunas bem estruturadas e manutenção constante, a fim de não comprometer sua segurança e estabilidade.
Na edificação espiritual, o alicerce do crente é Cristo, e é sobre Ele que o Espírito Santo edifica a nossa fé, conforme declara a Escritura:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (1Co 3.11)
As colunas que sustentam a vida cristã são: a doutrina dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e as orações, conforme lemos:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (At 2.42)
Sem essas colunas, o crente não se mantém firme, ainda que afirme estar fundamentado em Cristo, assim como um edifício, mesmo possuindo um bom alicerce, não se sustenta sem colunas adequadas.
A manutenção do edifício espiritual consiste na prática contínua das disciplinas espirituais, conforme estudado na lição anterior: vigilância, oração, jejum, leitura e meditação na Palavra de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário