27 agosto 2025

ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos de Estêvão e a que igreja que tem a sua fé contestada. Estêvão nos ensina que a fé cristã sempre será questionada, enfrentará oposições e será colocada à prova. Na sequência, falaremos da fé sob ataque. Uma Igreja verdadeiramente cristã, sempre estará sob ataque, pois foi assim com o Senhor Jesus e continuou com os seus apóstolos. Falaremos ainda da disputa dos opositores com Estêvão, que não era um debate honesto, mas uma forma de impor a opinião deles a qualquer custo. Por último, falaremos da falsa narrativa dos opositores contra Estêvão, destacando que a Igreja ao longo da história enfrenta o mesmo problema.


1. Aprendendo com Estêvão. Antes de falarmos do que podemos aprender com a vida e a morte de Estêvão, é importante trazer as poucas informações que temos sobre ele. Estevão aparece pela primeira vez na Bíblia, na ocasião da escolha dos sete diáconos, registrada no capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos, conforme estudamos na lição passada. Um destes sete homens era Estêvão, um homem cheio do Espírito Santo e de fé, que pregava ousadamente a Palavra de Deus e fazia muitos milagres entre o povo. No capítulo 7 de Atos, temos o registro do seu discurso, o levante dos seus opositores e, consequentemente, a sua execução.  

Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão. O seu nome  grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Estêvão falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja, judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam o idioma grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Uma tradição antiga diz que ele fez parte dos setenta discípulos enviados por Jesus, mas não temos nenhuma comprovação disso.

Em seu livro: Estêvão, o primeiro apologista do Evangelho, assim escreveu o pastor Ciro Sanches Zibordi, sobre Estêvão: 


“... O primeiro grande apologista do evangelho e o protomártir da Igreja. Um diácono de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Um pregador que, ao defender o evangelho, foi morto por seus inimigos, mas teve o privilégio de ver o Filho do Homem em pé, à direita de Deus Pai! Enfim, um homem que deixou um legado”.


Estêvão enfrentou uma oposição ferrenha, vinda de judeus helenistas, tomados pelo ódio aos cristãos. Aprendemos aqui, a primeira lição com Estêvão: A fé cristã sempre enfrentará oposição e será confrontada. O cristão não pode ficar em cima do muro e terá que enfrentar as oposições com coragem. Jesus já havia alertado os seus discípulos de que eles seriam odiados por todos os povos, perseguidos e mortos, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33).

Em sua pregação, Estêvão fez um longo discurso, defendendo a sua fé, de forma corajosa e com argumentos bíblicos, tornando-se o primeiro apologista da fé cristã, como veremos no próximo tópico. Com o discurso de Estêvão, aprendemos que todo cristão deve conhecer as doutrinas bíblicas e estar pronto a defender a sua fé, onde for questionado. É claro que isso gera perseguições e prejuízos. Estêvão manteve-se firme na fé, mesmo diante de uma oposição cerrada, que culminou em sua morte. Esta deve ser a postura de todo cristão. 


2. A fé sob ataque. Por causa da sua pregação, Estêvão foi conduzido à presença do sumo sacerdote para ser interrogado. Lucas inicia o seu relato sobre Estêvão, dizendo: “Estêvão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.” (At 6.8). Por causa disto, levantaram-se contra ele vários opositores ferrenhos, tomados pelo ódio, de forma que rangiam os dentes contra ele (At 7.54). 

Entre estes opositores, estavam os que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, que disputavam com Estêvão, mas não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava (At 6.9,10). O jovem Saulo, que era um fariseu, natural de Tarso da Cilícia, estava entre eles. Estes mestres da Lei não conseguiram resistir à sabedoria com que Estêvão falava. Irritados, resolveram subornar alguns homens para o acusarem falsamente de blasfêmia perante o sumo sacerdote. 

O comentarista chama a nossa atenção aqui para o verbo grego anistemi, traduzido em Atos 6.9 por “levantaram”, que é a mesma palavra usada em Marcos 14.57, quando alguns se levantaram [anistemi] e testificaram falsamente contra Jesus. Isto nos mostra que da mesma forma que atacaram Jesus com falsos testemunhos, também irão atacar os seus discípulos, pois, como disse Ele, o discípulo não é maior do que o seu Senhor. No Livro Diário do Pioneiro, Ivar Vingren, filho mais velho do missionário sueco Gunnar Vingren, descreveu com base nas anotações do pai, os mais horrendos ataques e perseguições, que os crentes sofreram no Brasil, no início da Assembleia de Deus. 


3. A disputa com Estêvão. O texto de Atos 6.9, continua dizendo que este opositores que se levantaram contra Estêvão, “disputavam” com ele. A palavra grega traduzida por disputavam é suzéteó que significa discutir, disputar, questionar. A versão Revista e Atualizada a traduziu por “discutiam”. Entretanto, o que estes opositores fizeram não foi um debate honesto de ideias, com respeito às opiniões divergentes. Eles queriam impor a sua opinião a todo custo, silenciando o oponente.

É exatamente isso que acontece hoje em dia nos meios de comunicação, nas universidades e na sociedade em geral, cuja maioria esmagadora é anticristã. Nas escolas, professores atacam o Cristianismo e os seus valores, gratuitamente, sem ter nenhuma relação com o assunto a ser lecionado. E se algum aluno cristão responder aos ataques, passa a ser ridicularizado e perseguido. Por outro lado, fazem questão de enaltecer religiões, ideologias e grupos sociais anticristãos. 

Eu já assisti a alguns debates em programas de televisão, entre pastores e integrantes de outras religiões e ateus. Claramente se vê que o mediador não é imparcial e coloca a fé cristã como intolerante, fundamentalista e retrógrada. Nas reportagens, também, quando se fala de alguém que se diz evangélico e cometeu algum crime, fazem questão de dizer que era evangélico ou pastor, para tentar associar todos os cristãos àquele delito. Muitas vezes, o criminoso nem faz parte mais da Igreja, mas fazem questão de dizer que era evangélico. 


4. A falsa narrativa. Na literatura, a narrativa é um texto em prosa, com personagens que figuram situações fictícias ou imaginárias, como as novelas, contos, crônicas e fábulas. Entretanto, esta palavra ganhou outro significado, que é a construção de uma informação falsa, ou estória a respeito de uma pessoa ou de um grupo, com o objetivo de desconstruir a sua imagem e minar a sua credibilidade. Joseph Goebbels, ministro do governo nazista alemão, se valia desta prática e dizia que “uma mentira dita mil vezes, torna-se uma verdade”.


Ao longo da história, muitos governos totalitários usaram a construção de falsas narrativas contra os seus desafetos, para desconstruir a sua reputação e jogar a população contra eles. Nos dias do rei Acabe, temos o caso de Nabote, o jezreelita, que foi morto por causa de uma narrativa criada por homens inescrupulosos, a mando da rainha Jezabel, dizendo que ele havia blasfemado. O profeta Daniel também foi acusado injustamente de descumprir as leis do império medo-persa e foi parar na cova dos leões. 


No Novo Testamento, temos os registros de várias narrativas criadas pelos judeus contra Jesus, para descredibilizá-lo perante o povo. Diziam que Ele expulsava os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios; que Ele era um falso Messias e enganava o povo; que Ele dizia ser o rei dos judeus; por fim, espalharam a narrativa de que os seus discípulos haviam furtado o seu corpo do sepulcro, com o objetivo de negar a ressurreição. 


Os discípulos de Jesus, após a sua ascensão aos Céus, também foram vítimas de várias narrativas falsas, para os acusarem perante as autoridades romanas. Paulo, Barnabé e Silas, também foram acusados falsamente de desobediência às leis romanas e de afrontar outras religiões. O imperador romano Nero provocou um incêndio em Roma e espalhou a narrativa de que foram os cristãos que causaram este incêndio. Esta acusação causou grande revolta contra os cristãos em todo o império romano.


Da mesma forma, ao longo da história da Igreja os inimigos da fé cristã inventam narrativas para denegrir a imagem dos cristãos e, com isso, minar a sua credibilidade. No início da Assembleia de Deus aqui no Brasil, os católicos espalhavam as mais absurdas mentiras contra os protestantes. Até mesmo jornalistas desonestos publicavam acusações falsas contra os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, para evitar que o povo brasileiro se convertesse à fé evangélica. Ainda hoje, muitos espalham fake news na internet, principalmente contra pastores, acusando-os de serem maçons e de outras coisas. 


REFERÊNCIAS: 


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 20025. Ed. 102, p. 40.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão: O primeiro apologista do Evangelho. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2018.

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

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