(Comentário do 2º tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas).
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos da delegação de tarefas. Inicialmente, falaremos do ministério da oração e da Palavra, que era a tarefa primária dos apóstolos. Veremos também que não há conflito entre este ministério e o ministério do serviço social na Igreja, pois ambos fazem parte da missão da Igreja. Por fim, falaremos da diaconia, identificada no texto bíblico como “servir às mesas” e “este importante negócio”.
1. O ministério da oração e da Palavra. Ao serem informados da murmuração dos judeus helenistas, cujas viúvas foram desprezadas na distribuição dos donativos da assistência social, os apóstolos convocaram uma reunião para resolver o problema e disseram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”. (At 6.2).
Eles não ignoraram o problema, mas não podiam deixar a tarefa que o Senhor Jesus lhes confiou, para cuidar da assistência social, que também é importante e faz parte da missão da Igreja, mas não era esta a função que o Senhor havia lhes confiado.
Quando olhamos para Mateus 28.19,20, Marcos 16.15-18 e Atos 1.8, percebemos que o Senhor lhes deu a missão de proclamar o Evangelho aos pecadores, operar milagres em Seu Nome e ensinar a Palavra de Deus aos convertidos. Para fazer isso, evidentemente, teriam que se dedicar também à oração. Só pode haver salvação de almas se houver pregação do Evangelho: “A Fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”. “(Rm 10.17).
2. Não há conflito entre tarefas. O fato dos apóstolos dizerem que poderiam deixar o ministério da Palavra e da oração para servirem às mesas, tem levado algumas pessoas na Igreja à conclusão equivocada, de que o ministério da palavra se contrapõe ao serviço social ou é superior a este. Mas não foi isso que eles disseram.
A Igreja de modo geral deve pregar o Evangelho, orar, adorar a Deus, ensinar a Palavra de Deus e socorrer aos necessitados. Nenhuma destas tarefas se sobrepõe às outras e uma não dispensa às outras. Entretanto, Deus escolheu pessoas específicas e as capacitou para cada uma destas tarefas.
Jesus chamou vários discípulos. Mas, escolheu um grupo de doze para serem apóstolos, que significa alguém que foi enviado ou um mensageiro. Em sentido mais específico, é alguém que foi enviado para uma missão particular. Este grupo, que é chamado de colégio apostólico, foi chamado diretamente por Jesus para lançar a Doutrina da Igreja, que eles receberam diretamente do Senhor, seja pessoalmente ou por revelação e inspiração do Espírito Santo.
Além dos apóstolos, o Senhor concedeu a outros o dom para serem evangelistas, que é alguém chamado especificamente para pregar o Evangelho aos perdidos. Um evangelista busca a Deus e se prepara para transmitir uma mensagem impactante no coração dos pescadores, para levá-los a Cristo. O evangelista atua também como plantador de Igrejas, onde o Evangelho ainda não chegou.
O Senhor comissionou também outros para serem pastores. A missão do pastor é cuidar das pessoas que vieram a Cristo. O pastor é alguém que cuida de um rebanho que não é dele e deve fazê-lo com amor e dedicação, não como dominador (1 Pe 5.2). É de responsabilidade do pastor, alimentar, cuidar e proteger o rebanho de Deus.
Igualmente, o Senhor estabeleceu mestres na Igreja para serem os doutrinadores daqueles que chegam à Igreja e não conhecem nada do Evangelho. Este dom é uma necessidade urgente da Igreja. Se não houver ensino, os crentes não amadurecem e não tem firmeza.
Sob a direção do Espírito Santo, os apóstolos estabeleceram na Igreja também as funções de diáconos, presbíteros e bispos, para atender as necessidades da igreja local.
Em Atos 20.28, Paulo se refere aos anciãos como “bispos” (episkopos) e diz que “o Espírito Santo os constituiu para apascentarem a Igreja de Deus”, deixando claro que os os bispos e presbíteros eram equivalentes e exerciam a função pastoral. Os bispos eram pastores de uma região e os presbíteros eram pastores de uma igreja local.
3. A Diaconia. Diante do problema apresentado e mediante a impossibilidade dos apóstolos de realizarem esta tarefa, para não prejudicar o ministério da Palavra e da oração, eles sugeriram à Igreja que escolhessem pessoas capacitadas por Deus para realizar este importante trabalho.
A função dos diáconos, quando foi instituída, era única e exclusivamente de cunho social. A tarefa primária dos diáconos era evitar que houvesse discriminação, acepção de pessoas ou favorecimentos na assistência social. Deus é plenamente justo e não faz acepção de pessoas. (At 10.34; Rm 2.11). A sua Igreja também não deve fazer, pois, isso é abominável aos olhos de Deus. (Tg 2.1-5).
Lamentavelmente, criou-se a idéia de que a diaconia é uma função de segunda classe e muitos ao serem separados para o diaconato, enxergam nisso uma progressão ministerial para em breve serem pastores, como se fosse um plano de carreira. Há até pastores que chegam a dizer que o outro “é um simples diácono”, com o intuito de diminuí-lo.
Quando falamos em diaconia nos referimos a um serviço voluntário prestado por alguém à Igreja de Deus. O Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de diaconia. Ele disse que Ele veio a este mundo para servir e dar a sua vida para nos resgatar e que o maior entre nós será o serviçal (Mc 10.43-45).
De modo geral, todos os crentes são diáconos, pois devemos servir a Deus e à sua Igreja, independente da nossa função ministerial. Entretanto, deve haver a função específica do diácono, exercida por pessoas especiais, que se enquadrem em alguns requisitos, como veremos no próximotópico.
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