07 agosto 2025

O CRISTÃO E A MENTIRA

(Comentário do 2° tópico da lição 06: Uma igreja não conivente com a mentira).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da mentira no meio cristão. Em primeiro lugar, veremos que mentir é uma questão de escolha. Mesmo a mentira tendo a sua origem no Diabo, cabe a cada um escolher mentir ou falar a verdade. Na sequência, veremos que Ananias e Safira foram atraídos pela mentira e quiseram se beneficiar dela. Por fim, veremos que a mentira tem consequências drásticas. No caso de Ananias e Safira, custou-lhes a própria vida. 

1. Mentir é uma escolha. Todos nós, seres humanos, nascemos com a natureza pecaminosa, que herdamos dos nossos primeiros pais. Sendo assim, temos a inclinação natural para o pecado. No Salmo 51, ao confessar o seu pecado a Deus, Davi disse: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. (Sl 51.5). Isto não significa que o pecado seja algo automático, que acontece contra a vontade humana. O ser humano peca porque escolhe seguir a sua natureza pecaminosa. 
Embora o pecado tenha a participação do diabo na fase da tentação, a responsabilidade por pecar será sempre do ser humano que tem livre-arbítrio, ou seja, tem liberdade para tomar decisões, e decide pecar. O ser humano não regenerado está morto espiritualmente em seus pecados e ofensas (Ef 2.1) e não tem condições de, por si mesmo, livrar-se da escravidão do pecado. Jesus disse que “todo aquele que peça é escravo do pecado.” (Jo 8.34).
Quando damos ouvidos à voz do Espírito Santo e recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, o Espírito Santo opera em nosso interior o milagre do novo nascimento ou regeneração e nos capacita a viver de acordo com o padrão de Deus. Isso, porém, não significa que estamos completamente isentos de cometer pecados. A velha natureza pecaminosa continua adormecida em nosso interior e se faz necessário mortificá-la diariamente, vigiando em todo tempo, para não ceder às tentações.
No caso da mentira, que é um pecado, também é assim. Ninguém é obrigado a mentir, tampouco nasce predestinado a ser um mentiroso, como dizem os calvinistas. Cada um de nós é responsável pelas próprias escolhas e não podemos fazer como Adão e Eva que, ao serem interrogados por Deus, tentaram transferir a culpa para terceiros. Cada um é responsável pelos seus próprios atos e dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).

2. Atraídos pela mentira. Ananias e Safira eram livres para escolher a mentira ou a verdade, mas escolheram mentir. Pedro deixou bem claro em sua repreensão a Ananias que a propriedade era deles e, portanto, o dinheiro da venda era deles. Ninguém os obrigou a vender, nem tampouco a fazer a doação do dinheiro. Se eles entregassem a metade do dinheiro, trinta por cento, dez por cento, não teria problema algum. O problema estava exatamente em mentir, entregando uma parte do dinheiro, fingindo que era a totalidade do valor da venda. 
O casal Ananias e Safira eram crentes e certamente ouviram muitos ensinos da Palavra de Deus, transmitidos pelos apóstolos. Viram também outras pessoas, movidas pelo amor, venderem as suas propriedades e trazerem o dinheiro, voluntariamente, para ajudar aos necessitados. Mas eles eram avarentos e não quiseram entregar todo o dinheiro. Por outro lado, não queriam ficar mal perante a Igreja e não levar nada, pois todos sabiam que eles tinham condições. 
Por isso, foram atraídos para a mentira, pelas artimanhas do inimigo. Tiago escreveu: “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”. (Tg 1.14). Segundo Myer Pearlman, “houve um tempo em que Ananias e Safira tinham a possibilidade de resistir à tentação”. Entretanto, eles foram seduzidos pela tentação de ficar com uma parte do dinheiro da venda, cederam à tentação e mentiram.
O texto bíblico não diz por que o casal resolveu mentir. Mas podemos deduzir que eles queriam obter vantagem com a mentira. Que tipo de vantagem eles poderiam obter com esta atitude? Se a mentira não tivesse sido desmascarada pelo Espírito Santo, eles teriam sido elogiados pela Igreja, por terem sido “generosos” para com os pobres, como aconteceu com Barnabé. 

3. Mentir tem consequências. A mentira é uma escolha, como vimos acima, mas ela traz consequências trágicas, não apenas para quem mente, mas também para outras pessoas atingidas por ela. Na Bíblia temos exemplos de pessoas que morreram, vítimas de mentiras de outras pessoas: um profeta nos dias de Jeroboão, que foi vítima da mentira de um profeta velho; Nabote, que foi apedrejado por causa de mentirosos contratados por Jezabel para o acusarem de blasfêmia; Estevão, que também foi apedrejado com base em mentiras; etc. 
Temos também na Bíblia casos de pessoas justas, que mentiram por medo ou para obter vantagens pessoais e colheram os frutos amargos da mentira, como Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Jacó. Só não aconteceram tragédias maiores, porque Deus teve misericórdia deles e  as impediu. Abraão, ao ser indagado por Faraó, rei do Egito, e por Abimeleque, rei de Gerar, a respeito de Sara, sua mulher, como medo de morrer, disse que ela era sua irmã. Sara chegou a ser levada para se tornar concubina destes reis (Gn 12.10-19; 20.1-9). O fato só não se consumou, porque Deus entrou em ação e não permitiu. 
Isaque seguiu o exemplo do pai e também mentiu a Abimeleque rei de Gerar, dizendo que Rebeca, sua mulher, era sua irmã (Gn 26.6-10). Na velhice de Isaque, Rebeca induziu o seu filho Jacó a mentir para o seu pai dizendo que era Esaú, para ficar com a benção da primogenitura (Gn 28.6-27). Por causa disso, Esaú quis matá-lo e ele teve que fugir para Padã-Arã, onde passou cerca de vinte anos morando com o seu tio Labão (Gn 6.41-44). Se não fosse a providência divina, teria acontecido um fratricídio naquela família.
Por fim, temos o caso do casal Ananias e Safira, que é o assunto desta lição, os quais foram mortos por causa da própria mentira. Na atualidade também, muitos mentem para obter vantagens e caluniam os outros, para tirá-los da concorrência. Com isso, destroem reputações, semeiam contendas e destroem famílias e ministérios. Estas pessoas até escapam da morte física, mas morrem espiritualmente e, certamente, não escaparão do juízo de Deus, se não se arrependerem. 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, p.64

06 agosto 2025

O DIABO, O PAI DA MENTIRA

(Comentário da Lição 06: Uma Igreja não conivente com a mentira).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, veremos que a mentira tem origem no diabo, que é o pai da mentira, como disse Jesus em João 8.44. Inicialmente, veremos que é da natureza satânica, mentir. Jesus disse que quando o diabo mente, “fala daquilo que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.”  Na sequência, veremos que  a mentira é um ardil maligno. Ele não força ninguém a mentir, mas tem uma capacidade enorme de induzir o ser humano a pecar e está por trás de toda espécie de mentira e engano. Por último, veremos que não devemos superestimar o inimigo, nem tampouco subestimar a sua capacidade de enganar. 


1. É da natureza satânica mentir. Assim como faz parte da natureza de Deus ser verdadeiro, também faz parte da natureza do Diabo, mentir, ser falso e enganar. Jesus disse que o diabo quando mente, fala daquilo que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira. Ou seja, a mentira é um atributo ou caraterística própria do diabo. Aliás, o título “diabo” não é o nome próprio dele. Esta palavra é a transliteração portuguesa do termo grego “diabolos”, que significa “acusador” ou “caluniador”. No hebraico, ele é chamado “satan”, que significa “adversário”.

A mentira teve origem nas regiões celestiais com um ser espiritual, que pertencia à ordem angelical dos querubins, sendo o mais exaltado deles (Ez 28.12,14; Is 14.12-15). Este ser se rebelou contra Deus e convenceu um terço dos anjos a fazerem o mesmo. Para fazer isso, evidentemente, ele inventou muitas mentiras, pois ninguém conseguiria uma coisa dessa, falando a verdade. A primeira mentira registrada na Bíblia foi dita por Satanás: “Certamente não morrereis”. (Gn 3.4). 

Antes de proferir esta mentira ao primeiro casal, o inimigo lançou dúvidas sobre o que Deus havia dito: “...É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do Jardim?...” (Gn 3.1). Ora, mesmo não sendo onipresente, o inimigo é um ser espiritual que observa as ações de Deus. Se ele andava andava pelo Jardim, certamente sabia o que Deus havia falado para o primeiro casal. Mesmo assim, iniciou o diálogo com Eva para criar confusão sobre a ordem de Deus. Finalmente, plantou a mentira no coração dela, que passou a desejar o fruto proibido.


2. A mentira como um ardil maligno. Pedro iniciou a sua repreensão a Ananias, perguntando-lhe: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3). A Nova Versão Transformadora (NVT) traduziu este texto assim: “³ "Ananias, por que você deixou Satanás encher seu coração? Você mentiu para o Espírito Santo quando guardou parte do dinheiro para si”. 

Ananias tramou esta mentira em sua casa com a sua mulher Safira, combinando que ambos diriam a mesma coisa aos apóstolos, quando entregassem o dinheiro. Pedro, cheio do Espírito Santo, recebeu a revelação do que estava acontecendo e identificou nesta mentira uma ação do inimigo. Embora o inimigo não tenha obrigado Ananias a mentir, ele fez o trabalho sujo de convencê-lo a fazer isso.

Não devemos subestimar a capacidade do inimigo de enganar, mentir e convencer as pessoas a fazerem coisas erradas. Ele é especialista no assunto e tem muita experiência, pois começou antes da criação do homem. Ele se transfigura em anjo de luz para enganar os desatentos (2 Co 11.14). O apóstolo Pedro nos alertou dizendo: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8). 


3. Não superestime o Inimigo! Se por um lado não devemos subestimar o inimigo, achando que ele está amarrado e não pode fazer nada contra nós, por outro lado, não devemos superestimá-lo e equipará-lo a Deus. Apesar de ser um estrategista inteligente, astuto e ter exércitos de demônios sob seu comando, o diabo não é onipresente, onisciente e onipotente como Deus é. Ele não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, não conhece pensamentos e intenções dos corações, e o seu poder é limitado por Deus. 

Precisamos tomar cuidado para não incorrermos no erro do dualismo e pensar que Deus e o Diabo são duas forças equivalentes. Ele é criatura e só pode agir até onde Deus permitir. Além disso, ele já foi derrotado na Cruz e já está condenado. Só falta iniciar o cumprimento da pena, mas não há a possibilidade de mudar a sua sentença. 

O inimigo tem métodos e artimanhas para enganar os crentes. Somente com discernimento, vigilância e toda a armadura de Deus podemos vencer os seus enganos. Escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo disse: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Ef 6.11). Conforme explicou o comentarista, a expressão “astutas ciladas”, no grego é methodeias, que significa artifícios, truque, arte, malandragem e deu origem portuguesa método. 

Se o Diabo revelasse a sua verdadeira identidade e aparecesse para as pessoas com chifres, com uma cauda enorme e soltando fogo pelas narinas, como muitos imaginam que ele é, ninguém se deixaria enganar por suas investidas. Mas ele é perigoso, justamente porque age de forma sutil, sem revelar quem realmente é.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp.59,60.
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

04 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 6: UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA

TEXTO ÁUREO:

“Disse, então, Pedro: Ananias, porque encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3).

VERDADE PRÁTICA:
Como toda forma de engano, a mentira é pecado. Devemos, pois, andar sempre na luz da verdade.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 5.1-11.

HINOS SUGERIDOS: 77, 302 e 388 da Harpa Cristã.

Objetivos da Lição: 
I) Apresentar a origem da mentira como uma estratégia de Satanás para enganar os crentes; 
II) Mostrar que mentir é uma escolha moral e que todo crente deve rejeitar o engano; 
III) Valorizar a santidade da Igreja e a necessidade de viver em verdade diante de Deus.

Palavras-Chave: 
MENTIRA e CONIVÊNCIA 

O verbo mentir tem origem no termo latino mentiri, que por sua vez, deriva da raiz ‘mens’, cujo significado é mente, inteligência ou intenção. Portanto, mentir é o ato de construir uma realidade falsa, deturpar a verdade ou falar algo que sabe-se que não é verdadeiro, com intenções diversas. 

A palavra mentira no Antigo Testamento é o termo hebraico é sheker, que significa mentira, engano, desapontamento, falsidade (Ex 20.16). No grego, a palavra traduzida por mentira é pseústēs, que significa mentiroso, sem confiança, falso e sem fé (Jo 8.44). Este termo deu origem à palavra portuguesa “pseudo”. 

Não foi colocado na lição, mas é importante definir também a palavra CONIVÊNCIA, pois ela está no título da lição e está intrinsecamente relacionada ao assunto. A palavra conivência deriva do latim “connivens entis” que significa literalmente “fechar os olhos”. Conivência é o ato de cumplicidade, colaboração, conluio, maquinação, cumplicidade e transigência com os erros de outra pessoa. 

INTRODUÇÃO

A lição desta semana é um desdobramento do assunto que vimos na lição passada, quando estudamos sobre o amor na Igreja de Jerusalém. Em todas as lições anteriores, vimos apenas pontos positivos dessa igreja. Entretanto, conforme já falamos em outras lições, ela não era uma igreja perfeita, pois era formada por seres humanos imperfeitos e tinha em seu meio, naturalmente, pessoas carnais. 

Veremos nesta lição o primeiro problema interno enfrentado pela Igreja de Jerusalém que foi a mentira do casal Ananias e Safira. Este fato aconteceu no contexto em que os cristãos mais abastados vendiam algumas das suas posses e, voluntariamente, entregavam o dinheiro aos apóstolos para o socorro dos necessitados. 

Ao ver os irmãos fazerem isso, Ananias não quis ficar por baixo e vendeu uma das suas propriedades, não movido pelo amor, mas para impressionar. Entretanto, como era avarento, combinou com a sua esposa e entregou apenas uma parte do dinheiro da venda da propriedade. O Espírito Santo revelou o plano a Pedro e o casal morreu depois de serem repreendidos por Pedro.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. O DIABO, O PAI DA MENTIRA

No primeiro tópico, veremos que a mentira tem origem no Diabo, que é o pai da mentira, como disse Jesus em João 8.44. Inicialmente, veremos que é da natureza satânica, mentir. Jesus disse que quando o Diabo mente, “fala daquilo que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Na sequência, veremos que a mentira é um ardil maligno. Ele não força ninguém a mentir, mas tem uma capacidade enorme de induzir o ser humano e está por trás de toda espécie de mentira e engano. Por último, veremos que não devemos superestimar o inimigo, nem tampouco subestimar a sua capacidade de enganar. 

II. O CRISTÃO E A MENTIRA

No segundo tópico, falaremos da mentira no meio cristão. Em primeiro lugar, veremos que mentir é uma questão de escolha e, mesmo aa mentira tendo a sua origem no Diabo, cabe a cada um escolher mentir ou falar a verdade. Na sequência, veremos que Ananias e Safira foram atraídos pela mentira e quiseram se beneficiar dela. Por fim, veremos que a mentira tem consequências drásticas. No caso de Ananias e Safira, custou-lhes a própria vida.

III. A IGREJA QUE REPELE A MENTIRA

No terceiro tópico, falaremos do resultado de uma Igreja que repele a mentira. O primeiro resultado é uma igreja temente a Deus. Após o julgamento divino sobre Ananias e Safira, veio grande temor dentro e fora da Igreja de Jerusalém. O segundo resultado é uma igreja forte. Uma Igreja que não compactua com a mentira em seu seio torna-se forte, pois o Espírito Santo opera maravilhas no meio dela e ela passa a ser respeitada na sociedade em que está inserida. 

Ev. WELIANO PIRES 
AD-BELEM/SÃO CARLOS, SP.

UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD

A lição desta semana trata sobre um comportamento execrado pela Palavra de Deus e que é muito comum no mundo. Estamos falando da prática da mentira, um malefício que resulta em grandes problemas para a vida das pessoas que a tornam um hábito. A igreja primitiva também teve de lidar com esse tipo de atitude. A mentira de Ananias e Safira é um dos grandes exemplos bíblicos que expressam a insatisfação de Deus em relação à mentira (At 5.1-11). As Escrituras classificam o Diabo como pai e autor da mentira (Jo 8.44). Em contrapartida, nosso Senhor é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14.6). Essa declaração comprova o compromisso de Jesus com a verdade.

O pecado da mentira é um mal contumaz que tem feito parte da vida de muitas pessoas. A mentira destrói famílias, relacionamentos, separa os melhores amigos e pode levar até mesmo inocentes a serem injustamente condenados. Em geral, a mentira é praticada por quem não sabe lidar com o medo de encarar a verdade ou pelo constrangimento de ser punido. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, sobre Ananias e Safira, “em um profundo contraste com a falta de egoísmo de outros membros da igreja, eles fingiram dar à igreja o valor total da venda de sua propriedade, mas na realidade estavam separando uma parte para si mesmos. Pedro repreendeu Ananias, que imediatamente caiu morto por um julgamento Divino. Algumas horas mais tarde, Safira foi igualmente julgada pelo mesmo esforço de enganar. É importante perceber que Pedro previa, mas não decretava esses julgamentos, que eram atos exclusivos de Deus. A severidade do julgamento de Deus é um aviso para todos, e não se repetiu em casos posteriores por causa da sua tolerância e do desejo que tem de que nos arrependamos. Esse casal pode não ter sido enviado à punição eterna, como alguns supõem, mas, antes, levados desta vida para que não fossem condenados com os infiéis (1Co 11.29-32).” (2006, p.98).

Não obstante o exemplo de Ananias e Safira, há quem acredite que Deus não atua da mesma maneira hoje em relação à mentira e outros pecados, com tal evento sendo só uma forma de ensinar aos primeiros cristãos sobre a onisciência do Espírito Santo. Na verdade, nosso Deus continua comprometido com a fidelidade a Seu santo Evangelho, bem como Seu Espírito se indigna com a mentira (Pv 6.16,17). Ele espera de nós comprometimento com afinco às verdades basilares do Evangelho. Em tempos de mornidão espiritual, importa sermos cautelosos e reafirmar nosso compromisso com o testemunho cristão para não sermos achados em falta quando o som da trombeta soar. 

01 agosto 2025

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da manifestação do amor através da solidariedade cristã. Inicialmente falaremos da busca pela equidade, que é diferente de igualdade, pois não busca nivelar a todos, mas reconhecer o direito de cada um. Na sequência, falaremos de propriedade e compartilhamento. Diferente da ideologia comunista, a Igreja de Jerusalém não abolia o direito à propriedade, mas compartilhavam parte dos seus bens para socorrer aos necessitados. Por fim, esta atitude dos crentes de Jerusalém foi um exemplo de voluntariedade e ninguém foi constrangido a entregar as suas propriedades. 

1. A busca pela equidade. O amor ao próximo se manifesta na equidade, ou seja no reconhecimento do direito de cada um, considerando as dificuldades particulares. Aqui, o comentarista fez questão de estabelecer a diferença entre igualdade e equidade. Embora sejam parecidas, são coisas diferentes. Há uma adágio popular, usado em tom de crítica aos privilégios concedidos aos poderosos, que diz: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros”. 

Todos devem ser considerados iguais, no sentido de dignidade, respeito, direitos e deveres. Qualquer coisa fora disso seria acepção de pessoas e a Bíblia condena isso. Entretanto, antes de considerar todos iguais, é preciso corrigir as desigualdades entre as partes. Na matemática estudamos sobre valor absoluto e valor relativo. No valor absoluto, o valor de um algarismo é exatamente o seu valor real. No valor relativo, no entanto, o valor deste mesmo número é de acordo com a posição dele. Por exemplo, no numeral 333, o primeiro três vale 300, o segundo vale 30 e o terceiro, vale 3. 

Na Igreja de Jerusalém e na sociedade da época havia muita desigualdade social. Havia escravos, cobradores de impostos, soldados, pecadores, viúvas e órfãos que não tinham previdência social e havia também pessoas abastadas, que tinham mais de uma propriedade. Não se deve tratar a todos da mesma forma em ambiente assim, pois as neves são diferentes. Como acontece em todo o mundo em qualquer época, o número de pobres era maior. Sendo assim, os cristãos que tinham mais condições financeiras, vendo a necessidade dos mais pobres, decidiram voluntariamente vender uma das suas propriedades e doar o valor para que os apóstolos socorressem aos mais necessitados.

2. Propriedade e compartilhamento. Neste ponto, o comentarista faz um esclarecimento necessário sobre a questão da propriedade. Isto é importante porque os adeptos da chamada Teologia da Libertação usam este texto do Livro de Atos, para dizer que a Igreja Cristã era comunista e defende que as propriedades dos ricos sejam divididas. Este movimento surgiu após o Concílio Vaticano II, dentro da Igreja Católica, como oposição aos regimes ditatoriais na América Latina e ao capitalismo. Em 1971, um padre peruano chamado Gustavo Gutiérrez publicou um livro denominado "A Teologia da Libertação”. 

A partir desta publicação teve início um movimento ecumênico, que interpretava os ensinos de Cristo, aplicando-os não à libertação do pecado no aspecto moral, mas a uma suposta libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Além de Gustavo Gutiérrez, os brasileiros Leonardo Boff e Frei Beto, e os Jesuítas Juan Luis Segundo e Jon Sobrino, também foram expoentes desta teologia na América Latina. Foram criadas dentro das igrejas católicas da América Latina, pequenos grupos chamados de Comunidades Eclesiais de Base, que para promover campanhas da fraternidade voltadas para os temas da distribuição de renda, reforma agrária, entre outros. Foi através da Teologia da Libertação que surgiram movimentos políticos de esquerda como o PT, Liga dos Camponeses, Via Campesina, MST, MTST e outros.

Do lado protestante também surgiu uma versão desta teologia, que é chamada Teologia da Missão Integral (TMI). O pioneiro desta teologia foi o pastor Renê Padilha nascido no Equador e radicado na Argentina, onde desenvolveu o seu ministério pastoral. Em 1984, Padilha publicou o livro: O Reino de Deus e a Igreja, que é uma coleção de artigos e palestras dele. Renê Padilha se empenhou em associar o Evangelho às ações sociais e tinha proximidade com os movimentos políticos de esquerda da América Latina. Ele ensinava que Jesus não veio salvar apenas a alma, mas também transformar a sociedade. No Brasil, os pastores Caio Fábio, Ariovaldo Ramos, Ed Renê Kivitz, Ricardo Gondim e outros são expoentes dessa teologia. Alguns destes pastores, posteriormente aderiram também à teologia liberal e ao teísmo aberto. Ed Renê Kivitz chegou a dizer que a Bíblia precisa ser “ressignificada” e “atualizada”. Ricardo Gondim perdeu completamente o rumo. Declarou publicamente que rompeu com os evangélicos e pediu perdão aos homossexuais pelas críticas que fez no passado ao homossexualismo. 

Estas teologias, no entanto, não tem nada a ver com o que aconteceu na Igreja de Jerusalém. Primeiro, porque em lugar algum, a Bíblia condena a propriedade privada. Ao contrário, no Antigo Testamento, as leis protegiam a propriedade e havia duras penas para quem se apropriasse dos bens alheios. No Novo Testamento, nem Jesus nem os seus apóstolos jamais falaram contra o direito de propriedade. Além disso, as propriedades não foram confiscadas pelo governo como se faz no comunismo. As pessoas que tinham mais de uma propriedade, vendia apenas uma e trazia o dinheiro aos apóstolos. Mas continuavam com outras propriedades. 

3. Um exemplo da voluntariedade. Não houve nenhuma exigência dos apóstolos para que os cristãos vendessem as suas propriedades. O apóstolo Pedro ao repreender Ananias, disse: “Vendendo, o dinheiro não era teu?”. O que foi condenado em Ananias e Safira, sua esposa, não foi o fato de não entregarem o dinheiro todo da propriedade, pois o dinheiro era deles. O problema deles foi a mentira ao Espírito Santo, fingindo ser o que não eram, como veremos na próxima lição. 

O que devemos destacar aqui é a voluntariedade dos crentes em ajudar os seus irmãos necessitados. Não se trata de dividir propriedades com os pobres para que todos se tornem iguais. Os ricos continuaram ricos e os pobres continuaram pobres. Houve apenas uma disposição voluntária de alguns irmãos para ajudar, que era fruto da manifestação do amor de Deus. Esta forma de ajuda não foi uma regra estabelecida para as igrejas em todas as épocas. As outras igrejas mencionadas no Novo Testamento não fizeram isso, embora também tenham ajudado aos pobres.

Esta não foi, necessariamente, a melhor forma de ajuda a ser adotada mesmo naquela época e não diminuiu a pobreza. A Igreja de Jerusalém também passou por sérias dificuldades econômicas e precisou ser socorrida por outras Igrejas gentílicas. Por que estou dizendo isso? Porque na atualidade, algumas pessoas dizem que os cristãos devem vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro com os mais pobres. Outros dizem que os pastores devem pegar o dinheiro dos dízimos e ofertas e construir casas populares. 

Claro que devemos socorrer os irmãos necessitados, mas a Igreja não pode assumir as obrigações do poder público, deixando a missão de pregar o Evangelho para fazer obras sociais. Alguém já disse sabiamente que “o melhor programa social é um emprego”. Portanto, podemos ajudar as pessoas pobres, promovendo cursos profissionalizantes, abrindo empresas em áreas crentes, divulgando os seus trabalhos, comprando os seus produtos, para que possam ter independência financeira e viver com dignidade.

30 julho 2025

O AMOR COMO MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos do amor como uma manifestação da Graça de Deus. Inicialmente, falaremos da graça como uma manifestação do Espírito Santo: “Os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus…” (At 4.33a). Muito se fala sobre a manifestação dos dons do Espírito Santo na Igreja, mas eles não podem ser considerados superiores ao amor (1 Co 13). Depois, falaremos da graça, como um favor imerecido de Deus: “...em todos eles havia abundante graça” (At 4.33). O amor dos cristãos de Jerusalém, nada mais era que a manifestação da graça de Deus e não fruto dos seus próprios corações. 

1. A graça como manifestação do Espírito. Quando falamos do significado de graça no meio evangélico, a grande maioria diz que “é um favor não merecido". De fato, esta definição está correta, mas a palavra “graça” na Bíblia tem outras conotações. O termo grego “charis”, significa favor não merecido, benevolência, presente, ou dom. Na literatura grega, o termo “charis” tinha pelo menos 5 significados: 
1) Algo que causa atração, como a beleza física ou fala;
2) Consideração favorável em relação a uma pessoa;
3) Um favor prestado a outra pessoa;
4) Gratidão por um benefício recebido;
5) Locução adverbial em frases como: “charin tinos” (Por amor a alguma coisa). 

A palavra charis aparece cento e sessenta e quatro vezes no Novo Testamento, sendo cento e uma, nos escritos do apóstolo Paulo. No Novo Testamento, a palavra "charis" também significa gratidão a Deus (1 Ts 5.18); dom concedido por Deus (Rm 12.3); ou mesmo simpatia diante das pessoas (At 2.47). O sentido pleno de graça foi revelado na pessoa de Jesus Cristo (2 Co 8.9; Ef 1.7; Tt 2.11).
Aqui, o comentarista se referiu ao texto de Atos 4.33, que diz: “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. Esta abundante graça não se refere à salvação e sim à manifestação do Espírito Santo na vida deles, para testificar com grande poder da ressurreição do Senhor Jesus. 
O comentarista chama a nossa atenção também para o fato de algumas pessoas acharem que o segredo para a manifestação do Espírito Santo está relacionado ao cumprimento de regras e normas estabelecidas pela Igreja. Apesar de regras e normas terem a sua importância para a organização e bom funcionamento da Igreja, o que torna uma Igreja propícia à manifestação do Espírito Santo é a comunhão entre os irmãos. 

2. A graça como favor imerecido. A salvação é fruto da Graça de Deus, pois nenhum ser humano merece ser salvo (Ef 2.8). Aliás, tudo o que recebemos de Deus é fruto da Sua infinita graça. Isto por si só, gera no interior de quem foi salvo por Cristo, um sentimento profundo de gratidão a Deus, que resulta no desejo de ajudar e servir ao próximo, pela consciência que tem de que foi alcançado pelo favor imerecido de Deus. 
Isto não é fruto dos sentimentos naturais do ser humano. Isto porque, após a Queda, a natureza humana foi corrompida pelo pecado. Sendo assim, virtudes como misericórdia, bondade e altruísmo desapareceram do ser humano, pois estas virtudes têm origem em Deus. Em contrapartida, o oposto destas virtudes: crueldade, maldade e egoísmo tomaram conta do coração humano. Somente com a regeneração, o Espírito produz em nosso interior as virtudes do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. (Gl 5.22). 

29 julho 2025

O AMOR MANIFESTADO NA COMUNHÃO CRISTÃ

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico falaremos da manifestação do amor na comunhão cristã. Inicialmente, falaremos do expressivo crescimento da Igreja de Jerusalém, que passou de cento e vinte pessoas para três mil e em seguida para quase cinco mil pessoas. Na sequência, falaremos dos desafios desse crescimento para a Igreja de Jerusalém. Por último, falaremos da vida interior da Igreja de Jerusalém, com base na expressão “era um o coração e a alma” (At 4.32), que mostra a unidade desta Igreja.

1. O crescimento da Igreja Cristã. A Igreja em Jerusalém experimentou um extraordinário crescimento em poucos dias. Logo após a eloquente pregação de Pedro no dia de Pentecostes, Lucas relatou que “naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. (At 2.41). No segundo discurso de Pedro após o Pentecostes, Lucas diz que o número de convertidos chegou a quase cinco mil (At 4.4). Não sabemos quantos dias demorou entre estes dois discursos, mas pelo contexto, podemos concluir que foram poucos dias. 

Este grande número de convertidos na Igreja em Jerusalém não foi de conversões superficiais, como vemos em muitos congressos, onde as pessoas vão à frente pela emoção, ou por insistência dos pregadores. O texto de Atos 2.41-46 deixa muito claro que eram conversões autênticas. Foram batizados os que de bom grado receberam a Palavra. Conforme vimos na lição 2, os convertidos perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão, nas orações e em cada alma havia temor. Estavam todos os dias no templo e comiam juntos nas casas uns dos outros, com alegria e singeleza de coração. Quem não gostaria de congregar em uma Igreja assim? Parecia ser um ensaio do Céu.

2. Os desafios do crescimento. Se por um lado, é maravilhoso ver o crescimento da Igreja, com milhares de pessoas sendo salvas, por outro lado, como disse o comentarista, os desafios de uma Igreja grande também são grandes. Se hoje temos vários problemas em uma Igreja com trezentos membros, imagine uma Igreja com cinco mil pessoas, sob a liderança de doze apóstolos inexperientes, sem nenhuma estrutura administrativa e sem templos para acomodar as reuniões! Inicialmente, eles se reuniam nos arredores do templo judaico e nas casas, mas logo veio a perseguição das autoridades religiosas e eles não podiam mais se reunir no templo.

Não sabemos ao certo como eram feitas as contribuições, pois a Igreja estava iniciando e os dízimos e ofertas dos judeus eram entregues no templo aos levitas. Sendo assim, os apóstolos não tinham dinheiro para custear as próprias despesas e socorrer os necessitados. Como se dedicavam integralmente à pregação do Evangelho e ensino da Palavra de Deus aos novos convertidos, eles também não tinham tempo de trabalhar para se manter. Certamente recebiam contribuições dos irmãos, que os tinham em grande estima (At 5.13). 

É natural em um grupo formado por um grande número de pessoas, surgirem problemas e divergências, pois as pessoas são diferentes e não são perfeitas. O que a Igreja pode fazer para enfrentar estes desafios e manter a união dos seus membros? É importante termos em mente, que mesmo em uma Igreja com conversões genuínas, como era o caso de Jerusalém, pode haver divergências de opiniões e pessoas carnais como Ananias de Safira. Somente através da ação do Espírito Santo, o amor de Deus é derramado nos corações, tanto da liderança quanto dos membros da Igreja e mantém a unidade da Igreja. Onde não há amor, o egoísmo, o individualismo e as confusões tomam conta.

3. A vida interior. A Igreja de Jerusalém era uma Igreja unida em todos os aspectos. O texto áureo desta lição nos diz que “era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (At 4.32). A Nova Versão Transformadora (NVT) traduziu esta frase assim: “Todos os que creram estavam unidos em coração e mente”. De fato, eles formavam uma grande comunidade de irmãos que sentiam prazer em estar juntos, compartilhando bonanças e dificuldades. A Igreja de Cristo precisa unir-se na tarefa de proclamar o Evangelho aos perdidos, mas também manter a comunhão entre os irmãos. De nada adiantará alcançarmos as pessoas que estão lá fora, se elas chegarem ao nosso meio e virem divisões, fofocas, egoísmos, soberbas e falsidades.

Esta união da Igreja em Jerusalém não veio por acaso. Eles não eram super crentes, com uma natureza incorruptível. Os apóstolos mantinham uma rotina diária de oração, pregação e ensino da Palavra de Deus. Com isso, o Espírito Santo convencia milhares de pessoas a se renderam a Cristo, operava sinais e maravilhas e derramava o amor de Deus no coração dos crentes. Onde há oração, evangelismo e ensino da Palavra de Deus não há espaço para obras da carne.

28 julho 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 5: UMA IGREJA CHEIA DE AMOR

TEXTO ÁUREO:

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” (At 4.32).


VERDADE PRÁTICA:

O amor é o elo que mantém a unidade da igreja local. Sem o amor, não existe relacionamento cristão saudável.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 4.32-37.


32 — E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.

33 — E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.

34 — Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos.

35 — E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.

36 — Então, José, cognominado, pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da Consolação), levita, natural de Chipre,

37 — possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.


INTRODUÇÃO


Nesta lição falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja cheia de amor. Este amor não era um sentimento abstrato, que se expressa em palavras vazias, e sim, uma manifestação da graça de Deus nos corações daqueles cristãos, que os levou a enxergarem as necessidades dos mais carentes e, voluntariamente, se dispuseram a socorrê-los.

Não se trata de um ‘evangelho socialista’, como alguns sugerem, reduzindo o papel da Igreja à correção de desigualdades sociais. Os que eles praticavam era filantropia, de forma voluntária, sem nenhuma imposição e não colocavam esta prática como condição para a salvação. 

Na lição 2, falamos da Igreja de Jerusalém como um modelo a ser seguido e no tópico 3 daquela lição, vimos que era uma Igreja acolhedora, onde “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Nesta lição nos aprofundaremos neste assunto e veremos as três formas que o amor se manifestou na Igreja de Jerusalém: a comunhão cristã, a graça de Deus e a solidariedade cristã.


Palavra-Chave: AMOR


A palavra amor esvaziou-se do seu significado e se tornou sinônimo de gostar, ter paixão por alguém e até manter relações sexuais. Entretanto, o amor, do ponto de vista bíblico, não tem nada a ver com estas coisas e não se refere a um sentimento abstrato ou a declarações poéticas como no romantismo. O amor bíblico consiste em desejar e trabalhar pelo bem do outro, independente de quem seja. O amor procede de Deus e é a essência do Cristianismo. O apóstolo João assim escreveu: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo 4.7). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).


TÓPICOS DA LIÇÃO


I. O AMOR MANIFESTADO NA COMUNHÃO CRISTÃ


No primeiro tópico falaremos da manifestação do amor na comunhão cristã. Inicialmente, falaremos do expressivo crescimento da Igreja de Jerusalém, que passou de cento e vinte pessoas para três mil e em seguida para quase cinco mil pessoas. Na sequência, falaremos dos desafios desse crescimento para a Igreja de Jerusalém. Por último, da vida interior da Igreja de Jerusalém, com base na expressão “era um o coração e a alma” (At 4.32), que mostra a unidade desta Igreja. 


II. O AMOR COMO MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA


No segundo tópico, falaremos do amor como uma manifestação da Graça de Deus. Inicialmente, falaremos da graça como uma manifestação do Espírito Santo: “Os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus…” (At 4.33a). Muito se fala sobre a manifestação dos dons do Espírito Santo na Igreja, mas eles não podem ser considerados superiores ao amor (1 Co 13). Depois, falaremos da graça, como um favor imerecido de Deus: “...em todos eles havia abundante graça” (At 4.33). O amor dos cristãos de Jerusalém, nada mais era que manifestação da graça de Deus e não fruto dos seus próprios corações. 


III. A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ


No terceiro tópico, falaremos da manifestação do amor através da solidariedade cristã. Inicialmente falaremos da busca pela equidade, que é diferente de igualdade, pois não busca nivelar a todos, mas reconhecer o direito de cada um. Na sequência, falaremos de propriedade e compartilhamento. Diferente da ideologia comunista, a Igreja de Jerusalém não abolia o direito à propriedade, mas compartilhavam parte dos seus bens para socorrer aos necessitados. Por fim, esta atitude dos crentes de Jerusalém foi um exemplo de voluntariedade e ninguém foi constrangido a entregar as suas propriedades.


Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 38.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.649.
Comentário Bíblico Beacon: João e Atos. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.236

UMA IGREJA CHEIA DE AMOR

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD)

Nesta rica oportunidade, seus alunos aprenderão sobre um tema primordial para a saúde espiritual da igreja: o amor cristão. O amor é o elo que mantém a igreja do Senhor unida e disposta a cumprir sua missão neste mundo. De modo geral, a igreja tem como missão cumprir o “Ide” ordenado pelo Senhor Jesus. Esse Ide se traduz no trabalho de evangelização e discipulado, mas também na consolidação dos crentes na fé em Cristo. Trata-se de um processo de amadurecimento da vida cristã em que o amor é a pedra fundamental. A Bíblia menciona o amor como “o vínculo da perfeição” (Cl 3.14).

O amor é a marca registrada da igreja de Cristo. Em um mundo contaminado pelo pecado, repleto de maldades, mentiras, egoísmo e violência, a humanidade procura um ambiente onde possa encontrar esperança, acolhimento, verdade, paz e, sobretudo, o amor. Nesse sentido, a igreja de Cristo representa a única porta capaz de oferecer essas virtudes. Para Thom S. Rainer, em sua obra Igreja Acolhedora: Como Criar um Ministério de Acolhimento, editada pela CPAD, “[...] quando as pessoas não crentes se sentem bem-vindas, elas retornam. Quando retornam, elas têm mais oportunidades de ouvir a pregação do Evangelho e desenvolver relacionamento com os crentes da igreja. E, muitas vezes, esses relacionamentos são usados por Deus para levar as pessoas ao seu Filho, Jesus Cristo. [...] Embora devamos, definitivamente, alcançar as pessoas que estão além das paredes de nossas igrejas, imagine a diferença que faríamos se fôssemos eficazes em receber as pessoas que nos visitam. O primeiro grande passo no caminho para se tornar uma igreja acolhedora é entender a importância incrível desse ministério” (2018, p.82).

Nesse sentido, fica evidente que o acolhimento demonstrado pela igreja é reflexo do nível de relacionamento experimentado entre os seus membros. Quando os irmãos de uma igreja são movidos pelo amor de Deus de forma abundante em seus corações, as relações interpessoais, por mais desafiadoras que sejam, são conduzidas em perfeita harmonia. Para tanto, é preciso conscientizar os irmãos acerca do propósito maior para o qual a igreja existe: ganhar almas para o Reino de Deus. Quando o foco maior dos irmãos em Cristo está em cumprir o “Ide”, ordenado por nosso Senhor (Mc 16.15), não haverá espaço para desavenças, divisões, contendas ou animosidades que deterioraram as relações e tornam o testemunho da igreja ineficaz. Que possamos permitir que o Espírito Santo direcione cada coração de acordo com Seu propósito e, assim, seremos uma igreja acolhedora e cheia do amor de Deus.

25 julho 2025

UMA IGREJA OUSADA NO SEU TESTEMUNHO

(Comentário do 3° tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja ousada em seu testemunho. Veremos que era uma Igreja que tinha ousadia para enfrentar a oposição ao Evangelho. Eles tinham consciência da perseguição e dos perigos que corriam, mas jamais tentaram se adaptar às exigências dos inimigos do Evangelho para não serem perseguidos. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém tinham ousadia no exercício dos dons espirituais. Os dons são capacitações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo para o cumprimento da missão da Igreja. Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém tinha ousadia na exposição da Palavra de Deus. A pregação do Evangelho não pode se limitar a sermões elaborados com o intelecto humano. Precisa da ousadia do Espírito Santo para transmitir uma mensagem poderosa que fale ao coração dos ouvintes.

1. Ousadia para enfrentar oposição ao Evangelho. Os apóstolos tinham consciência de que enfrentariam grandes opositores. Jesus já havia lhes falado disso, conforme vimos no primeiro tópico. Agora, eles viam esta oposição na prática, com graves ameaças contra eles. Precisavam de ousadia para enfrentar a elite judaica, que eram homens bem preparados na Lei Mosaica. Ora, aqueles homens galileus eram pessoas simples, que não estudaram nas escolas dos rabinos. 

De repente foram levados à presença de escribas, fariseus, saduceus e do sumo sacerdote. Além de conhecerem profundamente a lei, eram astutos e poderiam preparar-lhes armadilhas, como tentaram fazer várias vezes com Jesus. Eles não estavam mais na Galiléia, que era uma região pobre e desprezada. Estavam em Jerusalém, no meio da elite religiosa de Israel. Por isso, precisavam da ousadia do Espírito Santo para responder aos questionamentos que lhes fizessem. 

Em todas as épocas e lugares, a verdadeira Igreja sempre enfrentará oposição, pois vivemos em um mundo que jaz no maligno e este sistema é inimigo de Deus. Precisamos nos preocupar se o mundo nos aplaudir. Se a Igreja não enfrenta oposição, é porque certamente não está cumprindo o seu papel, nem está incomodando o adversário. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo disse: “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Só não enfrentam oposição, aqueles que são politicamente corretos e se adaptam ao sistema deste mundo. Se pregar o Evangelho de Cristo integralmente, será considerado fanático e fundamentalista religioso. Em muitos países será preso ou morto.

Jesus já havia alertado os seus discípulos, para não se preocuparem quando fossem levados às autoridades, pois “na mesma hora o Espírito Santo lhes ensinaria o que deveriam falar.” (Lc 12.12). É importante esclarecer que aqui Jesus não se referiu à pregação do Evangelho e sim a uma audiência perante autoridades hostis ao Evangelho. Ele não se referiu a não se preocupar quando for pregar ou ensinar a Palavra de Deus na Igreja, esperando que o Espírito Santo conceda a Palavra na hora da mensagem. Nesse caso, Paulo disse a Timóteo para “apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja bem a Palavra da Verdade” (1Tm 2.15).

2. Ousadia no exercício dos dons espirituais. Quando Jesus ordenou aos seus discípulos para irem por todo o mundo e pregarem o Evangelho a toda criatura (Mc 26.15), Ele prometeu em seguida que os sinais (milagres) seguiriam aos que cressem. Estes sinais são a manifestação dos dons espirituais, que confirmam a mensagem pregada (Mc 16.17). Após a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, a Igreja de Jerusalém experimentou a manifestação destes sinais de forma contínua. 

Confiando nesta promessa e com a ousadia do Espírito Santo, Pedro disse ao paralítico: olha para nós. Em seguida, declarou que não tinha esmola para lhe dar, mas tinha a autoridade do Espírito Santo para ordenar que se levantasse e andasse. Imediatamente, o homem foi curado e entrou no templo andando, saltando e glorificando a Deus. Glória a Deus!

Uma Igreja cheia do Espírito Santo tem ousadia para orar pelos enfermos, crendo que Jesus cura enfermidades; para expulsar os demônios em nome de Jesus; para impor as mãos sobre os crentes e eles serem batizados no Espírito Santo, etc. Estes dons não cessaram no final da era apostólica, como insistem em dizer os cessacionistas. Não há nenhum texto bíblico que justifique isso. A história da Igreja também comprova que o Espírito Santo continuou operando sinais e maravilhas, onde os crentes o buscaram. 

No Livro “Diário do Pioneiro”, escrito por Ivar Vingren, filho do missionário Gunnar Vingren, um dos pioneiros da Assembleia de Deus no Brasil, há vários relatos de milagres que Deus operou por intermédio dos missionários suecos no Brasil. Eles pregavam uma mensagem com ousadia no exercício dons espirituais: “Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará”. Depois deles, o Senhor continuou operando maravilhas no meio da sua Igreja, através de homens e mulheres de Deus. 

3. Ousadia na exposição da Palavra. Uma Igreja cheia do Espírito Santo tem ousadia também na exposição da Palavra de Deus, seja em uma mensagem evangelística para os não convertidos, ou em uma mensagem de exortação e ensino aos crentes. Um crente cheio do Espírito Santo tem uma chamada ardente dentro de si que o impulsiona a pregar a Palavra de Deus de forma ousada, com convicção daquilo que está pregando. Podemos perceber isso nos discursos de Pedro, Estevão e Paulo, que foram registrados no livro de Atos. 

Esta ousadia não é fruto da habilidade humana para falar em público, com uma boa retórica e eloquência no falar. Isso os camelôs e políticos profissionais também têm. Também não está ligada aos títulos acadêmicos que o pregador tem. Tanto Paulo, que era um doutor da lei judaica, poliglota, versado na cultura grega e romana, quando Pedro, que era um pescador galileu, rude e com pouca instrução, tinham a ousadia do Espírito Santo para expor a Palavra de Deus. Quando a Bíblia fala que Pedro e João eram iletrados, não significa que eles eram analfabetos ou que não conheciam a Palavra de Deus. Significa que não foram alunos dos doutores da Lei como foi Saulo. Mas eles fizeram um curso intensivo com o próprio Jesus, sendo ensinados na teoria e na prática. 

É importante desmistificar a ideia de que o poder do Espírito Santo e o conhecimento bíblico são oponentes. Eu já ouvi pessoas ignorantes dizendo que “teologia não expulsa demônios”. Ora, isso é evidente, pois não é esta a finalidade do estudo teológico. O conhecimento da Palavra de Deus não expulsa demônios, da mesma forma que o analfabetismo bíblico também não expulsa. Há muitas pessoas que usam o poder do Espírito como justificativa para não estudar a Palavra de Deus. O conhecimento bíblico pode nos livrar do engano dos falsos mestres e nos preparar para ensinar a Palavra de Deus. Quem não senta para aprender, não pode se levantar para ensinar. O próprio Jesus disse: "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder Deus”. (Mt 22.29). Se o crente tiver a ousadia do Espírito Santo para pregar, mas não se dedicar ao estudo da Palavra, pode ser engaado e se desviar da verdade.  

A DECISÃO DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13: A assembleia de Jerusalém) Ev. WELIANO PIRES  No terceiro tópico, falaremos da decisão da assembleia d...