(Comentário do 3° tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo).
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja ousada em seu testemunho. Veremos que era uma Igreja que tinha ousadia para enfrentar a oposição ao Evangelho. Eles tinham consciência da perseguição e dos perigos que corriam, mas jamais tentaram se adaptar às exigências dos inimigos do Evangelho para não serem perseguidos. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém tinham ousadia no exercício dos dons espirituais. Os dons são capacitações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo para o cumprimento da missão da Igreja. Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém tinha ousadia na exposição da Palavra de Deus. A pregação do Evangelho não pode se limitar a sermões elaborados com o intelecto humano. Precisa da ousadia do Espírito Santo para transmitir uma mensagem poderosa que fale ao coração dos ouvintes.
1. Ousadia para enfrentar oposição ao Evangelho. Os apóstolos tinham consciência de que enfrentariam grandes opositores. Jesus já havia lhes falado disso, conforme vimos no primeiro tópico. Agora, eles viam esta oposição na prática, com graves ameaças contra eles. Precisavam de ousadia para enfrentar a elite judaica, que eram homens bem preparados na Lei Mosaica. Ora, aqueles homens galileus eram pessoas simples, que não estudaram nas escolas dos rabinos.
De repente foram levados à presença de escribas, fariseus, saduceus e do sumo sacerdote. Além de conhecerem profundamente a lei, eram astutos e poderiam preparar-lhes armadilhas, como tentaram fazer várias vezes com Jesus. Eles não estavam mais na Galiléia, que era uma região pobre e desprezada. Estavam em Jerusalém, no meio da elite religiosa de Israel. Por isso, precisavam da ousadia do Espírito Santo para responder aos questionamentos que lhes fizessem.
Em todas as épocas e lugares, a verdadeira Igreja sempre enfrentará oposição, pois vivemos em um mundo que jaz no maligno e este sistema é inimigo de Deus. Precisamos nos preocupar se o mundo nos aplaudir. Se a Igreja não enfrenta oposição, é porque certamente não está cumprindo o seu papel, nem está incomodando o adversário. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo disse: “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Só não enfrentam oposição, aqueles que são politicamente corretos e se adaptam ao sistema deste mundo. Se pregar o Evangelho de Cristo integralmente, será considerado fanático e fundamentalista religioso. Em muitos países será preso ou morto.
Jesus já havia alertado os seus discípulos, para não se preocuparem quando fossem levados às autoridades, pois “na mesma hora o Espírito Santo lhes ensinaria o que deveriam falar.” (Lc 12.12). É importante esclarecer que aqui Jesus não se referiu à pregação do Evangelho e sim a uma audiência perante autoridades hostis ao Evangelho. Ele não se referiu a não se preocupar quando for pregar ou ensinar a Palavra de Deus na Igreja, esperando que o Espírito Santo conceda a Palavra na hora da mensagem. Nesse caso, Paulo disse a Timóteo para “apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja bem a Palavra da Verdade” (1Tm 2.15).
2. Ousadia no exercício dos dons espirituais. Quando Jesus ordenou aos seus discípulos para irem por todo o mundo e pregarem o Evangelho a toda criatura (Mc 26.15), Ele prometeu em seguida que os sinais (milagres) seguiriam aos que cressem. Estes sinais são a manifestação dos dons espirituais, que confirmam a mensagem pregada (Mc 16.17). Após a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, a Igreja de Jerusalém experimentou a manifestação destes sinais de forma contínua.
Confiando nesta promessa e com a ousadia do Espírito Santo, Pedro disse ao paralítico: olha para nós. Em seguida, declarou que não tinha esmola para lhe dar, mas tinha a autoridade do Espírito Santo para ordenar que se levantasse e andasse. Imediatamente, o homem foi curado e entrou no templo andando, saltando e glorificando a Deus. Glória a Deus!
Uma Igreja cheia do Espírito Santo tem ousadia para orar pelos enfermos, crendo que Jesus cura enfermidades; para expulsar os demônios em nome de Jesus; para impor as mãos sobre os crentes e eles serem batizados no Espírito Santo, etc. Estes dons não cessaram no final da era apostólica, como insistem em dizer os cessacionistas. Não há nenhum texto bíblico que justifique isso. A história da Igreja também comprova que o Espírito Santo continuou operando sinais e maravilhas, onde os crentes o buscaram.
No Livro “Diário do Pioneiro”, escrito por Ivar Vingren, filho do missionário Gunnar Vingren, um dos pioneiros da Assembleia de Deus no Brasil, há vários relatos de milagres que Deus operou por intermédio dos missionários suecos no Brasil. Eles pregavam uma mensagem com ousadia no exercício dons espirituais: “Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará”. Depois deles, o Senhor continuou operando maravilhas no meio da sua Igreja, através de homens e mulheres de Deus.
3. Ousadia na exposição da Palavra. Uma Igreja cheia do Espírito Santo tem ousadia também na exposição da Palavra de Deus, seja em uma mensagem evangelística para os não convertidos, ou em uma mensagem de exortação e ensino aos crentes. Um crente cheio do Espírito Santo tem uma chamada ardente dentro de si que o impulsiona a pregar a Palavra de Deus de forma ousada, com convicção daquilo que está pregando. Podemos perceber isso nos discursos de Pedro, Estevão e Paulo, que foram registrados no livro de Atos.
Esta ousadia não é fruto da habilidade humana para falar em público, com uma boa retórica e eloquência no falar. Isso os camelôs e políticos profissionais também têm. Também não está ligada aos títulos acadêmicos que o pregador tem. Tanto Paulo, que era um doutor da lei judaica, poliglota, versado na cultura grega e romana, quando Pedro, que era um pescador galileu, rude e com pouca instrução, tinham a ousadia do Espírito Santo para expor a Palavra de Deus. Quando a Bíblia fala que Pedro e João eram iletrados, não significa que eles eram analfabetos ou que não conheciam a Palavra de Deus. Significa que não foram alunos dos doutores da Lei como foi Saulo. Mas eles fizeram um curso intensivo com o próprio Jesus, sendo ensinados na teoria e na prática.
É importante desmistificar a ideia de que o poder do Espírito Santo e o conhecimento bíblico são oponentes. Eu já ouvi pessoas ignorantes dizendo que “teologia não expulsa demônios”. Ora, isso é evidente, pois não é esta a finalidade do estudo teológico. O conhecimento da Palavra de Deus não expulsa demônios, da mesma forma que o analfabetismo bíblico também não expulsa. Há muitas pessoas que usam o poder do Espírito como justificativa para não estudar a Palavra de Deus. O conhecimento bíblico pode nos livrar do engano dos falsos mestres e nos preparar para ensinar a Palavra de Deus. Quem não senta para aprender, não pode se levantar para ensinar. O próprio Jesus disse: "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder Deus”. (Mt 22.29). Se o crente tiver a ousadia do Espírito Santo para pregar, mas não se dedicar ao estudo da Palavra, pode ser engaado e se desviar da verdade.
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