13 junho 2025

A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 11: Intercessão de Jesus pelos seus discípulos). 

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da segunda parte da oração de Jesus, onde Ele ora pelos discípulos. Veremos que Jesus intercedeu ao Pai pela proteção dos seus discípulos. Em seguida, falaremos da afirmação de Jesus ao Pai, dizendo que os discípulos guardaram a Sua Palavra. Por fim, analisaremos a declaração de Jesus ao Pai, dizendo que o mundo odiou os seus discípulos por causa da Sua Palavra e porque eles não são do mundo. 


1. Intercessão pela proteção dos discípulos. Depois de orar ao Pai por Si mesmo, nos versículos 4 a 8, Jesus apresentou ao Pai, um breve relatório de coisas importantes que Ele havia realizado em seu ministério terreno. A exceção foi o versículo 5, onde Jesus reivindicou ao Pai, a glória que Ele tinha antes da fundação do mundo. Neste relatório, Jesus afirmou ao Pai que o havia glorificado na terra, concluindo a Obra para a qual o Pai o havia enviado (v.4). Em seguida, falou que manifestou o Nome do Pai àqueles que o Pai tirou do mundo e lhe deu e que eles guardam a Palavra de Deus  (v.6). Por fim, Jesus declarou que os seus discípulos entenderam que tudo provém do Pai, por causa da Palavra de Deus e, por isso, creram em Jesus (vv. 7 e 8). 

Depois deste relatório, Jesus intercedeu ao Pai pelos seus discípulos e disse: “Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste” (v.9). Os calvinistas se apegam neste versículo de forma isolada, para fundamentar a sua tese de que Jesus não morreu por todos, mas apenas pelos eleitos. Alguns deles chegam a dizer que Deus não ama os que estão no pecado, mas apenas os eleitos. Entretanto, não é isso que o texto está falando. Nesta oração, Jesus não orou pelo mundo, pois a sua intercessão aqui, realmente era pelos discípulos que estavam com Ele naquele momento. Mas, logo a seguir, Ele orou pelos futuros discípulos que ainda estavam no mundo, como veremos no próximo tópico. Em outras ocasiões também Jesus orou pelos pecadores. Na cruz, Ele pediu ao Pai para perdoar os seus algozes, pois não sabiam o que estavam fazendo. 

O comentarista mencionou aqui o pedido de Jesus pela proteção dos discípulos. Jesus pediu ao Pai para guardar os seus discípulos do mal ou do maligno. A nossa proteção vem de Deus, em todos os aspectos. No Salmo 127, o salmista afirmou: “...Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. (Sl 127.1). Evidentemente, precisamos vigiar e cuidar da nossa segurança, mas a verdadeira proteção vem de Deus.

Jesus se referiu aqui, exclusivamente à proteção contra as ações do maligno, para que eles não se perdessem. O inimigo é astuto, enganador, mentiroso e mau. Somente com a proteção divina é possível vencer as suas investidas. Há dois extremos que devemos evitar em relação ao inimigo: a) Subestimar a sua força e capacidade de enganar; b) superestimar o seu potencial, atribuindo-lhe poderes que ele não tem.


2. Os discípulos receberam a Palavra. Observando este relato de Jesus ao Pai sobre os seus discípulos, podemos notar que Ele falou de coisas que ainda não haviam acontecido, como se já fosse algo concluído. Isto aconteceu, porque em Sua presciência, Jesus conhece o futuro antecipadamente e fala dele como algo já realizado. Outro detalhe importante, é que Jesus enfatizou as obras que Ele realizou nos discípulos e o fato deles crerem e guardarem a Palavra de Deus. Em momento algum, Jesus mencionou ao Pai os pecados deles, o fato de que todos iriam abandoná-lo, que Pedro o negaria, que eles disputavam para saber quem era o maior, etc. 

Talvez, se fosse algum de nós diríamos: Pai, esses discípulos tem mania de grandeza; tiveram medo da tempestade, mesmo sabendo que Eu estava no barco; Tomé duvidou de algumas coisas sobre mim; Pedro tentou me desestimular de ir à Cruz, cortou a orelha de um soldado e por fim me negou; Tiago e João queriam que descesse fogo do Céu e consumisse os samaritanos; e assim sucessivamente. Infelizmente, temos esta tendência de dar maior ênfase aos erros das pessoas que aos acertos. Felizmente, Jesus não é assim, senão estaríamos perdidos. 

Apesar de não terem ainda uma compreensão exata de quem Jesus era e a dimensão do seu Reino, os discípulos creram em Jesus e guardaram a sua Palavra. Aqui nós aprendemos com Jesus que é preciso ter paciência com as pessoas que são novas na fé e ainda não tem um conhecimento aprofundado das Escrituras. Aliás, cabe a nós, não apenas pregar o Evangelho aos que estão lá fora, mas também discipular os que vieram a Cristo, orando por eles, ensinando-lhes a Palavra de Deus e acompanhando de perto o seu crescimento espiritual. 


3. Protegidos do mundo. Jesus declarou ao Pai que pelo fato dos discípulos terem recebido a sua Palavra, eles foram odiados pelo mundo, pois não são do mundo, assim como o próprio Jesus também não é deste mundo (Jo 17.14). Na sequência desta afirmação, o Senhor rogou ao Pai, não para tirá-los do mundo, mas que os livrasse do mal. 

Para compreendermos esta parte da oração de Jesus, precisamos entender o significado da palavra mundo na Bíblia. Esta é uma palavra polissêmica, ou seja, possui vários significados. O contexto definirá a qual deles se refere. O mundo pode ser o planeta terra, o universo, a humanidade, os ímpios, ou sistema maligno que é inimigo de Deus. 

Por não terem essa compreensão, muitos crentes no passado se isolavam das pessoas que não eram crentes e até dos prazeres lícitos desta vida, pois diziam que “não podiam amar o mundo ou as coisas do mundo”. Ora, quando a Bíblia diz para não amarmos o mundo, não está se referindo às pessoas, às coisas boas desta vida ou ao planeta terra. É uma referência ao sistema maligno e ao pecado. A própria Bíblia diz que Deus amou o mundo (a humanidade) (Jo 3.16) e que do Senhor é o mundo (Planeta terra) e os que nele habitam (Sl 24.1). 

Portanto, Jesus não pediu ao Pai para retirar os discípulos do mundo (Planeta terra), mas que os livrasse do mal (maligno). Quando Ele diz que os discípulos não são do mundo, é uma referência ao sistema maligno dominado pelo Diabo, que é o príncipe (governante) deste mundo (sistema). O inimigo não governa o mundo (universo ou planeta terra). Estes são governados por Deus.

Outra coisa que Jesus pediu ao Pai é que os santificasse na Verdade, que é a Palavra de. O comentarista não mencionou este ponto na lição, mas é muito importante falar disso. A santificação é um dos aspectos da Salvação, junto da Justificação e da Regeneração. Tudo isso é realizado por Deus, mediante a fé em Cristo. Sem a Santificação, ninguém verá o Senhor (Hb 12.14), pois Ele é absolutamente Santo. Quando recebemos a Cristo como Salvador, somos santificados pelo Espírito Santo e separados do mundo (sistema), que jaz no maligno e é inimigo de Deus. 

12 junho 2025

A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Intercessão de Jesus pelos seus discípulos) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da primeira parte da oração de Jesus, quando Ele orou por Si mesmo, pedindo a Sua glorificação. Inicialmente, faremos uma introdução à oração de Jesus. Na sequência, falaremos do significado do pedido de Jesus pela Sua glorificação. Por último, falaremos do pedido de Jesus para ter de volta a mesma glória que tinha com o Pai, antes que o mundo existisse. 

1. A oração de Jesus. O Senhor Jesus em seu ministério terreno teve uma vida de oração. Em várias ocasiões, lemos nos Evangelhos que o Mestre buscava um lugar isolado para orar. Mesmo sendo Deus, na condição humana, Ele buscou ao Pai em diversas ocasiões. O Mestre orava sem cessar e falava constantemente com o Pai, em público e em particular.

Em algumas situações, Ele orava ao amanhecer, ainda escuro: “Levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Antes de escolher os seus apóstolos, Ele passou a noite em oração: "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus." (Lc 6.12). Que exemplo a liderança da Igreja atual! Se todos os pastores passassem a noite em oração, antes de ordenar alguém ao ministério, certamente a qualidade dos nossos obreiros seria muito mais elevada!

Os discípulos de Jesus tiveram dúvidas sobre como deveriam orar e  pediram para Jesus lhes ensinar: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). Jesus, então, ensinou-lhes o modelo de oração que é conhecido no mundo inteiro, o chamado “Pai nosso”. Os evangelistas Mateus e Lucas registraram esta oração (Mt 6,9-13; Lc 11,2-4). Marcos e João não registraram esta oração. 

João, no entanto, registrou no capítulo 17 do seu livro, a oração de Jesus pelos seus discípulos, que ficou conhecida como "Oração Intercessória”, “Oração Sacerdotal de Jesus” ou “Oração da Consagração”. Alguns estudiosos preferem chamá-la de “Oração Sumo Sacerdotal”, pois Jesus é o Sumo Sacerdote perfeito, conforme a Epístolas aos Hebreus, nos capítulos 7 a 9. “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, 12 nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” (Hb 9.11).

Conforme colocou o comentarista, esta é a oração mais elevada do Senhor Jesus, pois vemos nela o Mestre abrindo o seu coração para o Pai e intercedendo por Si mesmo, por seus discípulos e por aqueles que através deles creriam nele. Nos demais tópicos desta lição, estudaremos cada uma das petições feitas por Jesus ao Pai, como autêntico Sumo Sacerdote, que se colocou na brecha e intercedeu ao Pai pelos seus. Jesus nos deixa aqui mais um exemplo, a ser seguido, principalmente pelos pastores e líderes da Igreja. Em vez de reclamar das pessoas que lideramos na Igreja, ou maltratá-los com palavras, devemos apresentá-los a Deus em oração.

2. A oração de Jesus pela sua glorificação. Na primeira parte da sua oração intercessória, Jesus fez o seguinte pedido ao Pai: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti”. Os críticos do Cristianismo, que desconhecem a Bíblia, podem imaginar que seria um pedido egoísta, pedir para ser glorificado pelo Pai. Entretanto, esta crítica é descabida e demonstra que aqueles que a fazem desconhecem o contexto de glorificação ao qual Jesus se referiu.

É importante destacar que o verbo glorificar e outras variações é o verbo grego doxadzo e aparece oito vezes no capítulo 17 de João, com significados diferentes. Na primeira ocorrência, antes de falar da sua glorificação, Jesus disse que era chegada a hora. A que hora, Ele se referia? À hora do seu sacrifício na Cruz do Calvário. Logo, a glorificação que Jesus pediu aqui era uma referência ao Calvário, onde Ele se ofereceria em sacrifício a Deus pelos nossos pecados, possibilitando a nossa salvação. Esta glorificação seria, portanto, a concretização da sua vitória contra o pecado e a morte. A morte de Cristo por nós, glorifica também ao Pai, pois para isso, Ele enviou o Seu Filho a este mundo.

Falando sobre isso, assim se expressou o ilustre pregador Charles Haddon Spurgeon: 

“[...] Glorioso és tu, de fato, ó Cristo, sobre a tua cruz; mais glorioso do que naquele momento em que com uma palavra abalarás não só a terra, mas também o céu, pois agora o peso do céu irado repousa sobre ti, e tu permaneces firme sob ele. Glorifica-o, amado, tu por quem ele suportou esse peso, glorifica-o por ter sido capaz de suportá-lo […]”.

3. A mesma glória com o Pai. Nesta segunda ocorrência do verbo glorificar, o sentido é outro. Aqui, Jesus se refere à glória pré-encarnada que Ele tinha com o Pai, antes da criação de todas as coisas. Jesus, sendo Deus, nunca teve princípio e sempre existiu junto do Pai e do Espírito Santo. Este pedido de Jesus ao Pai, demonstra claramente a sua divindade, pois nenhum ser criado poderia jamais fazer um pedido desta natureza, pois ninguém jamais teve a mesma glória do Pai. O próprio Deus declarou: “A minha glória não darei a outrem”. (Is 42.8). 

Antes da encarnação, Jesus sempre existiu como Deus, em perfeita comunhão e igualdade com o Pai e o Espírito Santo. Na encarnação, Jesus tomou a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. Na condição humana, aniquilou-se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. (Fp 2.7,8). O verbo grego kenoō, traduzido na versão Almeida Revista e Corrigida por “aniquilou-se” significa “esvaziar, tornar vazio”. 

Neste texto de Filipenses, é uma referência ao esvaziamento da glória que Jesus tinha como Deus e não à Sua divindade, pois Ele nunca deixou de ser Deus, nem perdeu os seus atributos divinos, como diz a heresia do Kenoticismo. Jesus sendo Deus, humilhou-se, tomando a forma de servo, submetendo-se aos limites do tempo, espaço e sofrimentos inerentes à condição humana, por um período de trinta e três anos. Jesus tornou-se semelhante aos homens em todas as coisas, com exceção do pecado (Hb 4.15). Mas, jamais deixou de ser Deus. Agora, em sua oração, sabendo que era chegado o momento de se entregar pelos nossos pecados, Jesus reivindica ao Pai a restituição da Glória eterna e pré-encarnada que lhe pertence. 


10 junho 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: A INTERCESSÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 

Na lição passada, falamos sobre a promessa que Jesus fez aos seus discípulos de enviar-lhes o Espírito Santo, para ficar para sempre com eles, após a sua ascensão aos céus. Vimos que esta promessa é diferente da promessa do revestimento de poder (Lc 24.49; At 1.8), que se cumpriu no dia de Pentecostes.
Inicialmente, analisamos a promessa do Pai, mencionada por Jesus aos seus discípulos. Falamos do Consolador prometido por Jesus, que é o Espírito Santo; das implicações da expressão grega “Allos Parakletos”, traduzida por “Outro Consolador”; e do significado da promessa de Jesus de que não deixaria os seus discípulos órfãos, após a sua ascensão. 
Falamos também da habitação do Espírito Santo no interior dos discípulos de Jesus. Analisamos o contexto de João 20.22, que diz que Jesus assoprou sobre os discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo”; Falamos do significado do ato de Jesus “assoprar o Espírito” sobre os discípulos; vimos ainda que esta habitação do Espírito Santo nos discípulos é anterior ao que ocorreu no dia de Pentecostes. 
Por último, falamos da promessa do Pai no dia de Pentecostes, que é diferente da promessa do envio do Consolador. Falamos do acontecimento extraordinário do dia de Pentecostes, que veio “de repente” sobre os discípulos, que estavam em oração no cenáculo; Explicamos a expressão bíblica “e todos foram cheios do Espírito Santo”, descrita em Atos 2.4; falamos da expressão “e começaram a falar em outras línguas”, como evidência do batismo no Espírito Santo. 

LIÇÃO 11: INTERCESSÃO DE JESUS PELOS SEUS DISCÍPULOS 

Objetivos da Lição: 
I) Meditar sobre a oração de Jesus pela sua glorificação, que se refere à sua missão redentora; 
II) Examinar a oração pelos discípulos para que sejam protegidos e santificados; 
III) Mostrar a oração por aqueles que futuramente creriam, evidenciando sua perspectiva eterna e inclusiva sobre o Reino de Deus.

Palavra-Chave: INTERCESSÃO

A palavra _“intercessão”_ deriva do latim “intercessio”, palavra formada por dois termos: “inter” (entre) e “cessio” (ceder ou ir). Intercessão, portanto, é o ato de colocar-se entre duas partes e pleitear a causa de uma delas perante a outra. Não deve ser confundida com a palavra "interseção", que embora tenha a mesma pronúncia, tem a grafia e o significado diferente. "Interseção" significa cruzamento entre duas linhas. 

Na Bíblia, o primeiro a aparecer como um intercessor foi Abraão, que intercedeu perante Deus pelas cidades  de Sodoma e Gomorra, por causa do seu sobrinho Ló, que morava na região. Posteriormente, Moisés e os sacerdotes também exerceram este papel. Jesus é o intercessor por excelência, pois Ele é o Único Mediador entre Deus e a humanidade.

INTRODUÇÃO 

Nesta lição estudaremos a oração intercessória de Jesus pelos seus discípulos, que está registrada no capítulo 17, do Evangelho segundo João. Esta oração é conhecida como “Oração sacerdotal de Jesus”, pois o papel do sacerdote era oferecer sacrifícios pelas pessoas e interceder por elas a Deus. Antes de exercerem o seu ofício, os sacerdotes precisavam oferecer sacrifícios por si mesmos e se santificar em, pois eles também tinham pecados. Jesus, no entanto, é o Sumo Sacerdote perfeito, pois nunca pecou e ofereceu-se a Si mesmo em sacrifício por nós. 

No primeiro tópico, falaremos da primeira parte da oração de Jesus, quando Ele orou por Si mesmo, pedindo a Sua glorificação. Inicialmente, faremos uma introdução à oração de Jesus. Na sequência, falaremos do significado do pedido de Jesus pela Sua glorificação. Por último, falaremos do pedido de Jesus para ter de volta a mesma glória que tinha com o Pai, antes que o mundo existisse. 

No segundo tópico, falaremos da segunda parte da oração de Jesus, onde Ele ora pelos discípulos. Veremos que Jesus intercedeu ao Pai pela proteção dos seus discípulos. Em seguida, falaremos da afirmação de Jesus ao Pai, dizendo que os discípulos guardaram a Sua Palavra. Por fim, analisaremos a declaração de Jesus ao Pai, dizendo que o mundo odiou os seus discípulos por causa da Sua Palavra e porque eles não são do mundo. 

No terceiro tópico, falaremos da terceira parte da oração de Jesus, onde Ele ora por aqueles que futuramente creriam nele. Veremos que Jesus intercedeu ao Pai pela unidade da Igreja, assim como existe unidade entre Ele e o Pai. Na sequência, falaremos do propósito da unidade da Igreja, com base na intercessão de Jesus. Por último, falaremos do pedido de Jesus por encorajamento dos discípulos a terem unidade com Ele, a fim de darem testemunho ao mundo. 

REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p.41

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.138,139

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1891

09 junho 2025

A INTERCESSÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS

SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD 

O capítulo 17 do Evangelho de João narra um dos momentos mais pessoais entre o Pai, Jesus e os discípulos. Nesta ocasião, nosso Senhor intercede por eles de modo especial, um momento crucial de Seu ministério terreno que seria intitulado pelos estudiosos como “A oração sacerdotal de Jesus”. Nesta intercessão, além de registrar Sua glorificação pelas mãos do Pai, o Mestre roga pela vida de Seus discípulos, que teriam de enfrentar tempos trabalhosos com Sua partida (Jo 16.33).


Mas nosso Senhor não se limita àqueles dias. Ele ora também por todos os demais discípulos que seriam alcançados pela mensagem do Evangelho, inclusive a igreja dos tempos atuais (Jo 17.20,21). O propósito da intercessão era a unidade cristã com vista a testemunhar ao mundo de que Jesus é o único Salvador enviado pelo Pai (v.21). A obra que Ele consumou na cruz é o ápice da unidade da fé e esta verdade deve ser preservada por Seus discípulos da era atual até o fim dos dias. O cumprimento do propósito ocorre não apenas com vista à unidade entre irmãos, mas, principalmente, à unidade com o próprio Pai por meio de Cristo.


De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia (CPAD), “[...] O relacionamento de Jesus com o Pai é o modelo da unidade para qual Cristo orou. Jesus está no Pai e o Pai nEle (v.21). Eles estão juntos: pela natureza compartilhada, pelo amor mútuo, pela unidade de propósito, por uma vontade única e harmoniosa. Jesus viveu sua vida na terra em união com Deus Pai, e suas ações aqui revelaram Deus a todos nós. E agora, maravilha das maravilhas, Jesus pediu que pudéssemos ter o tipo de relação com Ele que Ele tem com o Pai! Jesus pediu que pudéssemos estar unidos com Ele: que recebêssemos uma nova natureza, como a dEle, uma capacidade de amar que reflita a sua, um lugar no plano e no propósito de Deus, e o conhecimento da vontade de Deus. Equipados com esses dons, estando nEle da mesma maneira como Ele está no Pai, você e eu, como Jesus, podemos ser canais pelos quais Deus se revela aos outros homens” (2012, p.705).


O resultado dessa harmonia é um testemunho cristão autêntico que, de fato, alcance a humanidade pecadora com uma mensagem compreensível da salvação. Não há mensagem mais forte do que o testemunho cristão. Por mais importante que sejam as nossas preleções, ensinamentos e obras sociais, nada é mais impactante do que a unidade da fé praticada com sinceridade pelos irmãos em Cristo (At 2.42,46).


Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p.41

A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES

(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A promessa do Espírito)


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da promessa do Pai no dia de Pentecostes, que é diferente da promessa do envio do Consolador, que vimos no primeiro tópico. Inicialmente, falaremos do acontecimento extraordinário do dia de Pentecostes, que veio “de repente” sobre os discípulos, que estavam em oração no cenáculo. Em seguida, explicaremos a expressão bíblica “e todos foram cheios do Espírito Santo”, descrita em Atos 2.4. Por fim, falaremos da expressão e começaram a falar em outras línguas, como evidência do batismo no Espírito Santo.

1. “De repente”. O comentarista fez menção aqui ao aparecimento do Senhor Jesus aos seus discípulos, no capítulo 20 do Evangelho segundo João e disse que se refere ao período entre a Páscoa e o Dia de Pentecoste. Na verdade, esta aparição de Jesus aos discípulos se deu no domingo da Páscoa à tarde (Jo 20.19) e oito dias depois, quando Tomé também estava presente (Jo 20.26). Houve outras aparições de Jesus aos discípulos, como a pesca milagrosa no capítulo 21 de João e a aparição na Galileia, onde o Mestre incumbiu-os da Grande Comissão (Mt 28.18-20; Mc 16.14-20).

O intervalo entre a festa da Páscoa e o Dia de Pentecostes era de cinquenta dias. No dia de Pentecostes era realizada a festa da colheita ou festa das semanas, que acontecia sete semanas após a páscoa. Sete semanas são quarenta e nove dias. No quinquagésimo dia, realizava-se a festa da colheita e vinham judeus de todas as partes do mundo para esta festa. O nome Pentecostes vem do grego Pentecosté, que significa “quinquagésimo dia”.

O Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos que não se ausentassem de Jerusalém, antes de receberem a promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4). O livro de Atos inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8). Esta promessa se cumpriu dez dias após a ascensão de Jesus.

Os discípulos permaneceram em Jerusalém, seguindo a ordem de Jesus, e continuaram em oração. Após a ressurreição, Jesus apareceu para mais de quinhentos irmãos , como disse Paulo (1 Co 15.6). No capítulo 2 de Atos, temos o cumprimento dessa promessa, quando os discípulos estavam reunidos em oração, no dia de Pentecostes. Dos mais de quinhentos que viram o Cristo ressurreto, só restavam cento e vinte em oração. Isso nos mostra que o número de pessoas que querem ver milagres e receber bênçãos é muito maior que o número dos que permanecem em oração e tem compromisso com Deus.

2. “E todos foram cheios do Espírito Santo”. O texto de Atos 2.1-4 descreve o evento da descida do Espírito Santo sobre os discípulos. Eles estavam reunidos no mesmo lugar, em oração, aguardando o cumprimento da promessa de Jesus, que eles não sabiam como aconteceria. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu o cenáculo. Todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas e profetizaram, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

A partir deste acontecimento, os discípulos nunca mais foram os mesmos. O Espírito Santo concedeu-lhes ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Também lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária. Em várias ocasiões no Livro de Atos, vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos.

No mesmo dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, a multidão ficou confusa sobre o que teria acontecido. Pedro, cheio do Espírito Santo, levantou-se e fez um eloquente discurso, com a ousadia concedida pelo Espírito Santo, que tocou fortemente o coração dos ouvintes. Ele não precisou fazer nenhum apelo e uma multidão, comovida com aquela poderosa mensagem, veio à frente perguntar-lhe o que deveriam fazer. Pedro respondeu:

- Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38).

O resultado foi fantástico! Quase três mil almas se converteram. No dia seguinte, o número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas. Somente o Espírito Santo pode fazer isso. Argumentos humanos e discursos vazios não são capazes de levar uma multidão a se converter a Cristo.

A expressão “cheios do Espírito Santo”, no Livro de Atos, refere-se na maioria das vezes ao batismo no Espírito Santo. Entretanto, em alguns casos refere-se à conduta piedosa da pessoa, que tem o Fruto do Espírito Santo, como no caso dos diáconos (At 6.3). Refere-se também à pessoa que tem a autoridade, a ousadia e a sabedoria do Espírito Santo, como Barnabé, Estêvão e Paulo.

3. “E começaram a falar em outras línguas”. A Doutrina Pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:

“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4).

É importante esclarecer que há dois tipos de falar em línguas. Há duas palavras gregas, traduzidas por “falar em línguas”. A primeira é “xenolalia” de “xeno” (estrangeiro) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua estrangeira, desconhecida de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. A segunda palavra é “Glossolalia”, de “glossa” (língua) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua desconhecida para quem fala e para quem a ouve.

No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. O termo grego usado em Atos 2.4 é "héteros glossais”, que significa outras línguas, que eram desconhecidas dos que estavam falando. Logo em seguida, o texto diz que algumas pessoas ouviram estas línguas e as entenderam, pois eram as suas próprias línguas.

No capítulo 8 de Atos, após a pregação de Filipe em Samaria, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18).

O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi batizado Espírito Santo. Em Cesaréia, na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e falaram em línguas (At 10.46).

Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6). Comparando com os outros relatos, que dizem que as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas, fica implícito, portanto, que este foi o sinal visível de que a pessoa foi realmente batizada no Espírito Santo.

04 junho 2025

O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 10: A promessa do Espírito). 

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da habitação do Espírito Santo no interior dos discípulos de Jesus. Inicialmente, analisaremos o contexto de João 20.22, que diz que Jesus assoprou sobre os discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo”. Falaremos também do significado do ato de Jesus “assoprar o Espírito” sobre os discípulos. Por fim, veremos que esta habitação do Espírito Santo nos discípulos é anterior ao que ocorreu no dia de Pentecostes. 

1. João 20.22.  Aqui, o comentarista chama a nossa atenção para o contexto de João 20.22, que diz: “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Os primeiros 18 versículos do capítulo 20 de João trazem o relato da ressurreição de Jesus, nas primeiras horas do domingo. João inicia este relato falando da ida de Maria Madalena, Pedro e João ao sepulcro, os quais o encontraram vazio. Depois relata o encontro de Jesus com Maria Madalena após a ressurreição. 

Nos versículos 19 e 20, sendo já a tarde do domingo, os discípulos estavam reunidos, trancados em uma casa, com medo dos judeus, quando Jesus apareceu no meio deles e disse: Paz seja convosco! Em seguida, mostrou-lhes as mãos, os pés e o seu lado que haviam sido feridos durante a crucificação. 

Novamente, Jesus disse: Paz seja convosco! e acrescentou: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”. (Jo 20.21). Após dizer estas palavras, Jesus soprou sobre os seus discípulos e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. (Jo 20.22). Todos estes fatos aconteceram após a ressurreição de Jesus, quando Ele já estava em um corpo glorificado. 

2. O sentido de “assoprou sobre eles” o Espírito.  Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por “soprou” em João 20.22 é “emphusao”, que significa “assoprar” ou “respirar sobre”. Esta palavra foi usada na versão grega Septuaginta para se referir ao ato de Deus, quando soprou nas narinas de Adão e deu-lhe o espírito (Gn 2.7). O texto de Ezequiel 37.9 diz: “E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Jeová: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra (Heb. nâphach) sobre estes mortos, para que vivam”. 

Neste texto de Ezequiel, que fala da visão do vale de ossos secos, os tradutores da Septuaginta usaram a palavra grega emphusao para traduzir o termo hebraico “nâphach”, que segundo a concordância de Strong, significa “respirar, soprar, cheirar, ferver, entregar ou perder (a vida)”. O sentido, portanto, desta palavra na profecia de Ezequiel é soprar e inserir o fôlego de vida em um corpo que está morto. O sopro de Jesus sobre os discípulos, tem o mesmo sentido de dar vida física com o espírito humano, como nos outros casos, mas vida plena com a entrada do Espírito Santo. 

O texto de João 20.22 tem sido alvo de várias polêmicas, com diversas interpretações teológicas. Alguns sugerem que este ato de Jesus soprar sobre os discípulos seria apenas um ato profético, que apontava para o iminente derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Outros dizem que se refere ao batismo no Espírito Santo e seria uma versão joanina do fato relatado por Lucas em Atos 2. Entretanto, são acontecimentos diferentes, como veremos abaixo. 

Não vamos aqui entrar nessa polêmica, pois não é este o objetivo da Escola Dominical. O nosso objetivo aqui é apresentar as doutrinas bíblicas, de forma clara e simples, do ponto de vista da teologia pentecostal, que é a visão da nossa Igreja. A Escola Dominical não é lugar para defender interpretações diferentes da nossa Declaração de Fé. Quem não concorda com a nossa doutrina, deve manifestar-se sobre isso em outro lugar e não trazer confusão aos nossos alunos.

3. Um episódio anterior ao Pentecostes. Neste subtópico, o comentarista faz uma introdução ao assunto que será tratado no próximo tópico. Este evento de Jesus soprar sobre os discípulos, concedendo-lhe o Espírito Santo, ocorreu no dia da ressurreição de Jesus, cinquenta dias antes do Dia de Pentecostes. Jesus soprou sobre os seus discípulos concedendo-lhes o Espírito Santo para habitar eles, no sentido de preenchê-los, para guiar, confortar, vivificar, ensinar e fazê-los lembrar de tudo o quanto Jesus lhes havia ensinado. O derramamento do Espírito Santo em Atos 2 é outra coisa, pois está relacionado à capacitação do crente para a obra da evangelização, com ousadia e autoridade, como veremos no próximo tópico.

A PROMESSA DO PAI

(Comentário do 1º tópico da Lição 10: A promessa do Espírito) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, analisaremos a promessa do Pai, mencionada por Jesus aos seus discípulos. Inicialmente, falaremos do Consolador prometido por Jesus, que é o Espírito Santo. Na sequência, falaremos das implicações da expressão grega “Allos Parakletos”, traduzida por “Outro Consolador”. Por último, falaremos do significado da promessa de Jesus de que não deixaria os seus discípulos órfãos, após a sua ascensão. 

1. Jesus enviará o Consolador. Nos primeiros 15 versículos de João 14, Jesus consolou os discípulos, pois eles estavam tristes com a notícia de que Jesus voltaria para o Pai, e também esclareceu-lhes algumas dúvidas, conforme vimos na lição passada. No versículo 16, Jesus prometeu que rogaria ao Pai e Ele lhes daria “outro consolador”, para ficar para sempre com eles. No próximo subtópico, traremos o significado desta expressão bíblica. 

No versículo 17, o Mestre completou dizendo que o Consolador é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, pois não o vê, nem o conhece, mas os discípulos o receberiam, porque o Espírito habitava com eles e estaria neles. Este versículo nos traz algumas informações muito importantes sobre o Espírito Santo:

a. Ele é o Espírito da Verdade. O Espírito Santo, assim como o Pai e o Filho, não apenas tem a Verdade, mas é a própria Verdade, pois não há Verdade fora de Deus. Esta afirmação de Jesus nos mostra que o Espírito Santo é Deus e não age diferente do Pai e do Filho, pois não são três deuses, mas um só Deus em três pessoas. 

b. O mundo não pode recebê-lo. O Espírito Santo é dado somente àqueles que crêem em Jesus. Claro que é Ele quem convence o ser humano do pecado e o conduz à fé em Cristo. Mas se alguém rejeita a Cristo, não pode receber o Espírito Santo para morar nele. Portanto, as pessoas que negam ou deturpam as Escrituras e adoram ídolos, podem até imitar os dons espirituais, mas não podem receber o Espírito Santo. 

d. Ele habita convosco. Os discípulos ainda não haviam recebido o Espírito Santo, pois isso só aconteceu após a ressurreição de Jesus. O que significa, então, a afirmação “Ele habita convosco”? Significa que o Espírito Santo habitava com Eles, através da Pessoa de Jesus, mas, não dentro deles. Isso só aconteceria depois, conforme veremos no próximo tópico. 

e. Ele estará em vós. Agora sim, a promessa era de que o Espírito Santo passaria a habitar dentro deles. O Espírito Santo é Onipresente e sempre esteve atuando no Céu e na Terra. Em todo o Antigo Testamento, podemos ver a ação do Espírito Santo, desde a criação. Mas, Ele não habitava nas pessoas. Somente após a ressurreição de Jesus, Ele passou a habitar em seus discípulos.

2. O Consolador. Jesus prometeu aos seus discípulos que iria para o Pai, mas enviaria “outro consolador”, para que ficasse para sempre com eles. Ora, se Ele enviaria outro consolador, é porque já existia um, que era o próprio Jesus. O consolador prometido por Jesus, portanto, seria alguém da mesma natureza dele. A palavra grega traduzida por “outro” neste texto é “allos”, que significa “outro” da mesma natureza”. É diferente de “heteros”, que se refere a “outro diferente”, como nas palavras heterogêneo, heterodoxo e heterossexual. O “outro” Consolador prometido por Jesus, portanto, é alguém igual a Ele em natureza, caráter e poder, mas não é Ele, como dizem os unicistas.

Já a palavra grega traduzida por Consolador, é “parákletos”, que é formada por dois termos gregos: “pará” (ao lado de) e “kaleo” (chamar, convocar). Significa, portanto, um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa em um tribunal. Parakletos é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados e vai muito além de apenas consolar quem está triste. Esta palavra já foi aportuguesada como Paracleto e significa “aquele que defende e protege outra pessoa; mentor, defensor, consolador”. 

A palavra portuguesa consolador é muito limitada para se referir à obra do Espírito Santo e não é a mais adequada. Embora o Espírito Santo também seja o nosso Consolador, a sua atuação vai muito além de consolar quem está triste. Algumas versões bíblicas traduzem o termo "parakletos" por “auxiliador” (NTLH), “Conselheiro” (NVI) e “Encorajador” (NVT). De fato, o Espírito Santo é também o nosso auxiliador, conselheiro e encorajador. Ele nos ajuda em nossas fraquezas e nas nossas orações (Rm 8.26); nos conforta, edifica e consola, através das profecias (1 Co 14.2); e também nos guia na obra de evangelização (At 16.6).

3. “Não vos deixarei órfãos”. Após prometer que enviaria outro consolador, Jesus disse também que não deixaria os seus discípulos “órfãos”, mas voltaria para eles. Aqui, Ele não estava falando da sua segunda vinda, para buscá-los, mas da vinda do Espírito Santo, para permanecer com eles para sempre. Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por “órfãos" neste texto, é “orphanós”. Significa ser privado dos pais, de um mestre, guia, ou tutor.

Era exatamente assim que os discípulos estavam se sentindo, após o anúncio de que Jesus voltaria para o Pai e eles não o veriam por tempo indeterminado. Eles não compreendiam para onde Jesus iria, nem quando voltaria. Sentiam-se completamente abandonados pelo seu Mestre e Guia, que estivera com eles por três anos, ensinando e operando milagres.  

Jesus, no entanto, deu-lhes a garantia de que eles não ficariam desamparados como crianças que perderam os seus pais e não tem ninguém por eles. O Espírito Santo viria para ficar com eles e dentro deles para sempre, para dar continuidade à Obra de Jesus. Portanto, não havia razão para estarem tristes. 

02 junho 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: A PROMESSA DO ESPÍRITO

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 

Na lição passada, iniciamos o estudo do Sermão das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes da sua morte e ressurreição. O tema estudado foi a célebre afirmação de Jesus sobre si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. 

Inicialmente, falamos da dimensão bíblica do consolo e promessas do Senhor Jesus. Na sequência, discorreremos a respeito das dúvidas e incertezas dos apóstolos: Tomé, Pedro e Filipe, e do engano de Judas Iscariotes, o traidor de Jesus. Por último, vimos o significado de cada palavra da afirmação de Jesus de que Ele é o único caminho, a verdade absoluta, e a fonte de vida eterna.

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10

Na lição desta semana, em continuidade ao estudo do Sermão das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, falaremos sobre a promessa que Jesus fez aos seus discípulos de enviar-lhes o Espírito Santo, para ficar para sempre com eles, após a sua ascensão aos céus. No decorrer da lição, estabeleceremos a diferença entre esta promessa e a promessa do revestimento de poder (Lc 24.49; At 1.8), que se cumpriu no dia de Pentecostes.

Conforme falamos na lição passada, o cenário era de angústia e tristeza, pois Jesus havia anunciado aos seus discípulos, que um deles haveria de traí-lo. Depois, anunciou que Ele seria morto, mas iria ressuscitar e voltar para o Pai. Jesus, sendo Deus, sabia tudo o que estava para lhe acontecer e, como homem, angustiou-se. Os discípulos também estavam tristes, porque Jesus havia lhes falado que voltaria para o Pai e, por um pouco de tempo, eles não o veriam. Eles não tinham a compreensão exata de para onde Jesus iria e quanto tempo demoraria para voltar. 

A promessa da lição passada é de que Jesus iria para o Pai, mas voltaria para buscá-los e levá-los às moradas celestiais. Na sequência deste Sermão, Jesus prometeu aos também aos seus discípulos, que não os deixaria órfãos, neste período em que Ele voltaria para o Pai, mas enviaria outro Consolador, para ficar para sempre com eles (Jo 14.16). Após a sua ressurreição, Jesus fez outra promessa aos seus discípulos referente ao Espírito Santo, que é o revestimento de poder, que os capacitaria a cumprir a missão que Jesus lhes confiou. 

Palavra-Chave: ESPÍRITO

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A PROMESSA DO PAI

No primeiro tópico, analisaremos a promessa do Pai, mencionada por Jesus aos seus discípulos. Inicialmente, falaremos do Consolador prometido por Jesus, que é o Espírito Santo. Na sequência, falaremos das implicações da expressão grega “Allos Parakletos”, traduzida por “Outro Consolador”. Por último, falaremos do significado da promessa de Jesus de que não deixaria os seus discípulos órfãos, após a sua ascensão. 

II. O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS

No segundo tópico, falaremos da habitação do Espírito Santo no interior dos discípulos de Jesus. Inicialmente, analisaremos o contexto de João 20.22, que diz que Jesus assoprou sobre os discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo”. Falaremos também do significado do ato de Jesus “assoprar o Espírito” sobre os discípulos. Por fim, veremos que esta habitação do Espírito Santo nos discípulos é anterior ao que ocorreu no dia de Pentecostes. 

III. A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES

No terceiro tópico, falaremos da promessa do Pai no dia de Pentecostes, que é diferente da promessa do envio do Consolador, que vimos no primeiro tópico. Inicialmente, falaremos do acontecimento extraordinário do dia de Pentecostes, que veio “de repente” sobre os discípulos, que estavam em oração no cenáculo. Em seguida, explicaremos a expressão bíblica “e todos foram cheios do Espírito Santo”, descrita em Atos 2.4. Por fim, falaremos da expressão e começaram a falar em outras línguas, como evidência do batismo no Espírito Santo. 

REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p.41
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.611.
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1917

A PROMESSA DO ESPÍRITO


Subsídio da Revista Ensinador Cristão / CPAD 

Nesta lição, veremos a promessa acerca do Espírito Santo como o Consolador que seria enviado a estar com os discípulos após a ascensão de Cristo. Veremos também que este mesmo Espírito operaria na conversão do pecador, convencendo-o a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). O Espírito Santo também capacita o crente com o revestimento de poder do Alto. Nesse sentido, o evento do Dia de Pentecostes corrobora com o início dos trabalhos realizados pela Igreja, conforme está registrado no livro de Atos dos Apóstolos (2-3). A promessa do Espírito Santo, feita pelo Pai e anunciada por Jesus, descreve a vinda de uma outra pessoa que estaria continuamente com os discípulos todos os dias. No Evangelho de João, essa pessoa recebe o título de Consolador (Jo 14.16, título que evidencia a tarefa do Espírito na vida do crente.


De acordo com Stanley M. Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal (CPAD), “O Espírito Santo, dentro de nós, começa a esclarecer as crenças incompletas e errôneas sobre Deus, sua obra, seus propósitos, sua Palavra, o mundo, crenças estas que trazemos conosco ao iniciarmos nosso relacionamento com Deus. Conforme as palavras de Paulo, é uma obra vitalícia, jamais completada neste lado da eternidade (1Co 13.12). Claro está que a obra do Espírito Santo é mais que nos consolar em nossas tristezas; Ele também nos leva à vitória sobre o pecado e sobre a tristeza. O Espírito Santo habita em nós para completar a transformação que iniciou no momento de nossa salvação. Jesus veio para nos salvar dos nossos pecados, e não dentro deles. Ele veio não somente para nos salvar do inferno no além. Veio também para nos salvar do inferno nesta vida terrena — o inferno que criamos com os nossos pecados. Jesus trabalha para realizar essa obra por intermédio do Espírito Santo” (1996, pp.397,398).


A obra consoladora do Espírito Santo não se resume a encorajar em momentos de tristeza, mas também a ensinar verdades profundas acerca da fé em Deus nas adversidades. O controle do Espírito Santo sobre a jornada do crente nesta vida terrena está atrelado aos propósitos divinos. Deus não apenas acompanha, mas ensina, adverte e fortalece o crente para o cumprimento da missão para qual o chama a cumprir. Que possamos compreender que a promessa do Espírito não tem a finalidade de preencher nossas necessidades emocionais, embora o Espírito nos conforte em todos os momentos, mas diz respeito a capacitar-nos para o exercício pleno do ministério cristão (2Co 1.4).


Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p.41.

30 maio 2025

CAMINHO, VERDADE E A VIDA

(Comentário do 3º tópico da Lição 9: Eu sou o caminho, a verdade e a vida)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, discorreremos sobre a afirmação de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, que é o título desta lição. Inicialmente abordaremos o significado da afirmação de Jesus de que Ele é o caminho e ninguém vem a Pai senão por Ele. Na sequência, veremos o significado da expressão “Eu sou a Verdade”. Jesus não disse que é uma verdade, ou que tem a verdade. Ele afirmou que é a única verdade. Por fim, falaremos da declaração de Jesus: Eu sou a vida. Esta declaração vai muito além do período de atividade do ser humano entre a concepção e a morte. 


1. “Eu Sou o Caminho”. Um caminho é uma rota que liga dois destinos. Em alguns casos, há mais de um caminho para se chegar a um determinado lugar, com as diferenças de distâncias e condições da estrada. Entretanto, há locais que só há um único caminho para se chegar e se a pessoa sair deste caminho, não chegará a tal local. 

Jesus afirmou aos seus discípulos que eles sabiam para onde Ele iria e conheciam o caminho. Conforme vimos no tópico anterior, Tomé questionou que eles não sabiam para onde Jesus iria, e como poderiam saber o caminho? Foi em resposta a este questionamento que Jesus afirmou que Ele é o caminho para os discípulos chegarem aonde Ele iria. No final do versículo 6, Ele completou: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”

Há duas coisas importantes a se considerar nesta afirmação de Jesus. A primeira é que Ele é “o caminho” que conduz a Deus e não “um dos caminhos”. Há no mundo atual um equívoco de que todos os caminhos levam a Deus, mas Jesus desmonta este ensino, dizendo que Ele é o único caminho. Aliás, todas as afirmações de Jesus sobre si mesmo estão no singular, mostrando que Ele é único: a luz do mundo, o pão da vida, o bom pastor, a porta, o caminho, a videira verdadeira, etc.

A segunda coisa que precisamos considerar nesta afirmação de Jesus, é que Ele disse que “ninguém vem ao Pai”. Ora, se Jesus disse aos discípulos que iria para o Pai, por que Ele disse “vem ao Pai” e não “vai ao Pai”? A palavra vem significa ir ao lugar onde a pessoa que fala está. Se eu digo que alguém “vem a São Carlos”, é porque eu estou em São Carlos, senão eu diria que a pessoa “vai a São Carlos”. Isto nos ensina que mesmo estando na terra, Jesus nunca esteve separado do Pai. Existe um conceito teológico chamado Pericorese, para definir a relação perfeita e inseparável que há entre as três Pessoas da Santíssima Trindade. Os três estão presentes um no outro. Ou seja, o Pai está presente no Filho e no Espírito Santo e vice-versa. 


2. “Eu Sou a Verdade”. Na Lição 5, estudamos sobre a verdade que liberta, com base no capítulo 8 de João. Agora, Jesus afirma que Ele é a própria Verdade. Esta afirmação de Jesus também tem sido contestada na sociedade pós-moderna, que nega a existência de uma verdade absoluta. A verdade mencionada por Jesus no Evangelho segundo João, não é apenas um conceito filosófico abstrato. Não se trata apenas de conformidade com os fatos. 

Sendo Deus, Jesus é a Verdade, porque Ele é a manifestação visível do Deus verdadeiro (Jo 1.18; Cl 1.15). Portanto, não existe outra Verdade além dele. Tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, a Verdade está relacionada às três Pessoas da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.  

O Pai é mencionado como o Deus da Verdade:  “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5); A palavra de Deus é chamada de Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O Espírito Santo também é chamado por Jesus de “o Espírito da Verdade”: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber…” (Jo 14.17).


3. “Eu Sou a Vida”. Na Lição 7, estudamos sobre a afirmação de Jesus, pouco antes de ressuscitar a Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida…”. Jesus não estava falando apenas da vida física e sim, da vida eterna que Ele dá àqueles que nele creem. Por isso, Ele afirmou: “Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá.” 

A palavra grega traduzida no texto de João 11.25 por vida é Zoe, de onde vem a palavra portuguesa zoologia. Vida na Bíblia, vai muito além do intervalo entre a concepção e a morte física. Nem sempre a palavra vida tem o mesmo significado.

Em João 14, Jesus reafirmou aos seus discípulos que Ele é a vida. Ele é o doador da vida, não apenas da existência física mas da vida eterna e plena com Deus. Somente Deus pode fazer uma afirmação desta de Si mesmo, pois vida e a morte estão sob o seu controle. É Ele que dá a vida e a tira (1 Sm 2.6). Fora de Jesus não há vida, mesmo que haja existência, pois o homem sem Deus está morto em seus delitos e pecados. 



CONCLUSÃO DO 2º TRIMESTRE DE 2025

Imagem: CPAD Graças a Deus chegamos ao final de mais um trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. A cada trimestre que estudam...